domingo, 30 de setembro de 2018

AS HISTÓRIAS QUE RESIDEM NA GAVETA (2) - por José Ruy

Pois ao abrir a «gaveta» onde guardo as histórias que não tiveram ainda oportunidade de serem editadas, e depois de vos mostrar a vida de «Francisco Grandella» no artigo anterior, cabe agora apresentar-vos uma outra.
É a «História de uma História Búlgara», que como o título indica, conta a História da Bulgária. Estas são as três primeiras páginas, em esboço, só para enquadramentos e estudo da sequência da narrativa.

Mas vou contar como surgiu a hipótese de criar esta HQ.
Em 1989 existia em Lisboa a «Associação Amizade Portugal Bulgária», e fui contactado pelo seu dirigente sensibilizando-me a fazer em narrativa gráfica a história dramática deste país.
Pela documentação que colhi, a Bulgária era na altura o único país com um comunismo puro e saudável. O seu Parlamento tinha uma maioria do sexo feminino, as Artes eram acarinhadas a 100% e a educação atingia um expoente máximo.
A sua tecnologia era de primeira água e muito do material usado nos satélites da União Soviética era de origem búlgara, bem como alguns astronautas.
Foi-me proposta uma visita por todo o território para colher elementos e poder assim desenvolver o argumento.
A ideia era fazer edições em francês, inglês, italiano e espanhol, e coloca-las nesses países, de modo a divulgar a realidade da Bulgária, a sua História, e assim sensibilizar turistas a visitá-la.
Não se destinava ao mercado interno, porque todos os búlgaros conheciam bem as suas origens bem como a história pátria.
Nessa altura eu fazia parte dos quadros da ASA Editora, onde apresentei a proposta que foi logo aceite. Programou-se a viagem em que durante umas semanas percorri o país de ponta a ponta. A Bulgária tem uma área próxima à de Portugal e pesquisei em pormenor todas as Cidades importantes.
Criei, como é meu hábito, um argumento romanceado em que através da trama entre personagens, o leitor se vai apercebendo dos factos históricos, do ambiente e da vivência no país.
Munido de bloco, e acompanhado da minha mulher, fui fazendo compulsivamente apontamentos de tudo que ia observando, nos museus, nas ruas e nos interiores das habitações, guiado por uma búlgara que falava corretamente o português.
Para além dos aspetos exteriores, interessavam-me os interiores, como de uma casa moderna, mas também antiga, o mobiliário, os pormenores dos estores de uma janela ou das coberturas das camas, com uma abertura circular na colcha. Tinha já observado isso também na Áustria. Tudo isto para que as personagens ao circularem e viverem no seu ambiente, transmitam ao leitor que visite os locais, a verdade existente.
 

Encontrava sempre curiosidades que mereciam ser destacadas, como o sino de uma igreja montado numa árvore no jardim contíguo.
Para quê construir uma torre, se a árvore centenária pode fazer o mesmo efeito? Além disso há uma explicação histórica que vem dos tempos primitivos.
E são estes pormenores que enriquecem a narrativa e que poderão despertar o interesse dos leitores.
A história que criei, tem quanto a mim, os ingredientes indispensáveis para captar a atenção de quem a começar a ler.




No próximo artigo:
«Uma espreitadela ao argumento».

1 comentário:

  1. Carlos Rico. Estou agradavelmente agradado por esta sua descrição. Cada vez mais o admiro como homem da 9ª Arte.

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