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José Garcês |
José dos Santos Garcês, ou seja, mestre JOSÉ GARCÊS, nasceu em Lisboa a 23 de Julho de 1928 e, ainda no activo, é hoje o decano dos nossos desenhistas.
Cursou na Escola António Arroio de Lisboa.
Para além da sua vasta e admirável obra pela Banda Desenhada, é um notável ilustrador e um meticuloso elaborador de construções de armar (Mosteiro da Batalha, Torre de Belém, Mosteiro dos Jerónimos, etc.).
Construções de armar de Garcês,
in "Passatempos 2" (Ed. SEL - Sociedade Editorial, meados dos anos 70)
Na região da Amadora, onde reside, há uma escola e uma avenida que, merecidamente, têm o seu nome.
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Garcês homenageado em Moura, em 1995 |
Foi homenageado nos Salões de Sobreda, Moura, Viseu, Lisboa, Porto e Amadora. Falta aqui o de Beja e disso lhe perguntámos: "Beja?!... Não, Beja nunca me convidou".
A sua BD espalha-se pelos mais diversos periódicos, havendo muitas criações suas por recuperar e salvaguardar em álbum, donde títulos como "Viriato", "O Sargento-Mor de Vilar", "Xan Tung", "Caramuru", "O Terrível Espadachim", "Rumo ao Oriente", "Os Cavaleiros de Almourol", "Palo Quiri", "A Dama Pé-de-Cabra" e tantas e tantas mais.
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"O Sargento-Mor de Vilar" que estreou, em 1956, no Cavaleiro Andante |
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Prancha 2 de "A Dama Pé-de-Cabra" (revista Tintin, n.º 29, de 29 de Novembro de 1980) |
Deu cursos de Banda Desenhada em Lisboa e nos Açores.
Álbuns com criações suas, há bastantes, como por exemplo: "Através do Deserto", os quatro volumes de "A História de Portugal em BD" (com uma edição em francês), "Bartolomeu Dias" (com uma edição em inglês), "Eurico, o Presbítero" (esgotado), "Jardim Zoológico de Lisboa -125 Anos", "O Lince Ibérico", "O Tambor / A Embaixada", "História de Faro", "História de Olhão", "História da Guarda", "História de Oliveira do Hospital", "História de Ourém", "História do Porto" e "Cristóvão Colombo" (em dois tomos).
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Prancha de "Através do Deserto" |
Participou no álbum colectivo "Salúquia", editado pela Câmara Municipal de Moura.
Duas (de três) pranchas de "A Lenda da Moura Salúquia", do álbum colectivo
"Salúquia: a Lenda de Moura em Banda Desenhada" (Ed. da C.M. Moura, 2009)
Por sua vez, em mini-álbuns (esgotados) foram recuperadas as histórias "O Falcão" (em "Cadernos de Banda Desenhada, Ed.Catarina Labey) e "Picaroto, o Baleeiro / Zé Miúdo" (em "Cadernos SobredaBD", Ed. Grupo Bedéfilo Sobredense).
"O Falcão" ("Cadernos de Banda Desenhada" - Ed. Catarina Labey, 1987)
Este é um panorama geral e necessariamente resumido, da vida e obra deste grande mestre da 9.ª Arte Portuguesa. E agora, a entrevista:
BDBD - Sendo o decano dos nossos desenhistas, o que tem a dizer ante tal "estatuto"?
José Garcês (JG) - Olhe, eu consegui fazer quatro áreas distintas para uma editora do Porto... Por aqui e ante tanta coisa que fiz, penso que tenho "o serviço arrumado". Pouco mais poderei ou terei de fazer...
BDBD - E as obras traduzidas para outros idiomas?
JG - Foram os quatro tomos da "História de Portugal em BD", em francês, e uma edição, em inglês, de "Bartolomeu Dias". Que eu saiba, nada mais.
BDBD - Porque deixou a ficção?
JG - Não, não abandonei a ficção, mas... num plano geral pela BD, prefiro a linha documental, sobretudo os temas ecológicos.
BDBD - Creio que preparava os álbuns sobre "A História de Silves", "Santo António" e "A História de Moura". Como estão estes seus entusiasmos?
JG - Silves e Santo António, estão prontos... mas a "marinar". Moura... acho que está ainda "no ovo". O caso de Silves depende da respectiva Câmara. O "Santo António", também depende da Câmara de Lisboa, mas estou a procurar outros prováveis apoios.
BDBD - Que pensa das novas gerações da nossa BD?
JG - As jovens gerações, e não só, andam muito inflamadas com o computador. O computador "resolve" tudo. Quando pessoal como eu trabalha com o lápis, a pena e o pincel, recuso-me ao computador. O traço manual marca a personalidade do artista. O computador não tem essa personalidade. Aceitei as novas tecnologias, onde o computador faz, de facto, coisas
maravilhosas, mas onde não há "aquela alma" que o traço manual regista. Com o computador perde-se o traço característico de cada artista.
BDBD - A BD Portuguesa está em crise?
JG - O País está em crise... A BD do nosso País reflecte-se nessa mesma crise.
BDBD - Finalizando por hoje e agora, quais são os seus próximos projectos?
JG - (risos)Que boa pergunta!... Projectos há, de acordo com a minha idade e na ideia de fazer alguma coisa de jeito, pois... Olhe, enquanto eu puder e me deixarem fazer, terei muito gosto em não desiludir os meus leitores. É tudo muito problemático...
LB
in "Passatempos 2" (Ed. SEL - Sociedade Editorial, meados dos anos 70)
in "Passatempos 2" (Ed. SEL - Sociedade Editorial, meados dos anos 70)
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Prancha de "Palo Quiri" |
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Prancha de "Eurico, o Presbítero" |
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"José Garcês: as Fases Diversas", de Leonardo De Sá e António Dias de Deus
(Coleccção Nonarte - Ed. Época de Ouro, 2002) |
"História de Faro em BD" (Edições Asa, 2005)
"História de Pinhel - Falcão, Guarda-Mor de Portugal" (Âncora Editora, 2004)
"Lince Ibérico: a sua História em Portugal" (Ed. Liga Para a Protecção da Natureza, 2011)