segunda-feira, 29 de outubro de 2018

TALENTOS DA NOSSA EUROPA (28) - TITO (Espanha/França)

Tito
De seu nome completo Tibúrcio de la Llave, Tito nasceu a 4 de Maio de 1957 em Valdeverdeja (região de Toledo). Aos seis anos de idade foi com seus pais viver para França, na região de Paris. Estudou artes gráficas no Lycée de Sèvres.
Pelos anos 70, com o seu colega Jacques de Loustal, fundou o fanzine “Cyclone”, onde publicou os seus primeiros trabalhos.
Por algum tempo a sua arte esteve entregue à publicidade.
Em 1980, dá-se a sua autêntica estreia na Banda Desenhada com a série “Jaunes” (com 7 tomos), a única que teve um outro argumentista que não ele próprio, o controverso belga Jan Boucquoy.
Mas quase em simultâneo, inicia duas séries de pleno êxito: “Soledad” (6 tomos)...
 
...e “Tendre Banlieue (20 tomos, mais um Integral que reúne os episódios “Samantha”, “Les Yeux de Leïla” e “Regarde-moi!”).
Da sua belíssima obra, apenas um(?!) álbum foi em tempos editado em Portugal pela Meribérica: “A Derradeira Felicidade”, da série “Soledad”...
Foi argumentista de “Compagnons/Nouveau Départ” e participou no álbum colectivo “Les Magiciens d’Eau”. A sua obra mais recentemente editada, é “Le Choix d’Ivana”, um tema dramático mais para adultos.
Sempre afável e alegre, Tito esteve em Portugal nas edições da “Sobreda-BD” em 1991 (quando foi homenageado) e 1993. Depois, tornou ao nosso país como turista. E, em 2011, marcou grata presença no Salão-BD de Moura, onde foi também homenageado. Guarda, desde 1991, uma grata estima por Portugal.
Tito enquanto discursava no salão Moura BD 2011, momentos depois de receber o
"Troféu Balanito de Honra". Ao fundo, Monique Roque e Victor Mesquita
Tem um “defeito” divertido: é doido por doçaria e daí, aqui se regista um pândego episódio. Em 1991, num breve tempo livre de passeio a Lisboa, Olga Arriaga (então responsável pelo pelouro da Cultura da Junta de Freguesia da Sobreda), comprou e ofereceu-lhe um pacote com seis pastéis de nata, especialidade que ele, até então, desconhecia. Mal deliciado, provou o primeiro e exclamou: Vocês, Portugueses, são muito gulosos!
E foi uma gargalhada geral. Num ápice, devorou os restantes cinco pastéis!...
A obra diversificada de Tito merece bem ser conhecida e, até certo ponto, analisada. O seu valor, pelo seu humanismo, é indiscutível!
LB
Cartune - gentil colaboração de Tito para o "Almada BD Fanzine" #10 (1992)

sexta-feira, 26 de outubro de 2018

NOVIDADES EDITORIAIS (157)

WATCHERS - Edição Asa. Autor: Luís Louro
É a loucura, loucura, loucura!... Mas uma loucura que merece bons e quentes aplausos.
Em "Watchers", Luís Louro volta a ser autor absoluto dele próprio e apresenta-nos, num futuro alucinado, uma Lisboa muito estranha.
Com uma relativa atmosfera orwelleana, tudo aqui nos diverte e nos inquieta, com momentos e situações em plena virtude de um non sense. Humor, violência, sexo, disparates inimagináveis, etc. Fantástico!
Aspecto importante: esta obra está editada em dois tomos quase iguais, com a diferença que os finais são diferentes, que o leitor deverá escolher ou... optar pelos dois álbuns.
A apresentação deste álbum (bis) será feita no dia 27 de Outubro, no Festival Amadora BD.


SPIROU E A ONU - Edição Dupuis. Autores: diversos.
O heróis Spirou foi escolhido pelas Nações Unidas para ser "Spirou, Défenseur des Droits de l'Homme". Uma encantadora e tão positiva parceria, onde colaboram vários desenhistas, como por exemplo: Émile Bravo, Batem, Dany, Janry, André Juillard, Laurent Verron, Bercovici, Achdé, Derib e outros.
Bravo, Dupuis!


L´ÉVANGILE D'ARIATHIE - Edição Sóleil. Autores: argumento de Jean-Luc Istin e arte gráfica de Sébastien Grenier.
"L'Évangile d'Ariathie" é o primeiro tomo da série "La Cathédrale des Abymes".
O mundo está separado por uma falha que é a fronteira de dois grandes impérios ancestralmente opostos. Três "loucos" projectam consolidar estes dois impérios construindo uma imensa catedral... segundo uma misteriosa professia.
Espectacular a arte de Sébastien Grenier!...
LB

segunda-feira, 22 de outubro de 2018

HERÓIS INESQUECÍVEIS (58) - JARI

Com o admirável talento (argumentos e arte gráfica) do francês Raymond Reding (1920-1999), o adolescente Jari Lorraine, ou simplesmente, JARI, surge pela primeira vez na edição belga de “Tintin”, a 28 de Agosto de 1957.
A primeira prancha de "Jari" publicada na "Tintin" belga, em 28.08.1957 
A série veio a terminar em 1978, contando com doze álbuns e mais um Integral. O 12.º tomo, “Le Knack”, abrange histórias curtas. Esta série em Portugal, teve alguns episódios publicados em “Nau Catrineta”, “Zorro” e “Almanaque Tintin n.º 7”.
Capa da revista "Zorro" #149 (1965)
Localizada no mundo desportivo, essencialmente na modalidade do Ténis, tem como principais personagens, para além de Jari: o jovem médico inglês, depois também, treinador deste desporto, Jimmy Torrent; Micho jovem parisiense amigo de Jari, e o rico industrial e filantropo, Monsieur Berthault.
O Ténis, tal como o Golfe, era considerado um desporto elitista, praticado e apreciado pela nobreza e a alta burguesia. Com o desenrolar do tempo, foi conquistando uma imensidão de adeptos das mais diversas classes sociais. Terá nascido em Inglaterra no século XIX, mas vários historiadores acham que nasceu em França, no século XII. Em Portugal, com alguns dignos jovens valores (João Sousa, Gastão Elias, João Domingues, Gonçalo Oliveira, Frederico Silva, etc), o nosso Venerando, Prof. Marcelo Rebelo de Sousa, é um ferrenho adepto deste desporto.
Raymond Reding (1920-1999)
Mas, vamos lá ao simpático Jari.
Na sequência de um acidente, o jovem órfão Jarri Lorrain conhece Jimmy Torrent, que o trata, o adopta e resolve fazer dele um grande tenista. Por aqui, o ponto de partida, está no primeiro álbum, “Jari e o Campeão”.
Raymond Reding escreveu para esta série, argumentos com muito saber, onde se misturam, muito bem, o desporto e momentos de aventura e “suspense”.
Tudo muito bem servido com seu elegante traço, sempre dinâmico, preciso e bem documentado.
Mesmo ”acabada” a série, Jari, Jimmy Torrent e o Senhor Berthault, aparecem esporadicamente noutras obras de Reding e até (imagine-se!) figuram numa aventura de Michel Vaillant (de Jean Graton) no segundo episódio da série, “O Piloto Sem Rosto”.
LB
"Pilota senza Volta" ("O Piloto sem Rosto"), episódio onde Michel Vaillant e Jari se encontram,
in "Classici Audacia" #2 (Janeiro de 1964)

 
 

sexta-feira, 19 de outubro de 2018

BREVES (63)

CAPRIOLI RELEMBRADO PELO CPBD
É já amanhã, sábado, dia 20, que inaugura pelas 16:00 horas, na sede do Clube Português de Banda Desenhada a exposição "Franco Caprioli - no Centenário do Desenhador-Poeta", uma produção da Câmara Municipal de Moura e do Grupo de Intervenção e Criatividade Artística de Viseu.
Produzida em 2012 (ano do Centenário do Nascimento de Franco Caprioli), esta exposição - comissariada por Luiz Beira e composta por 16 quadros de grande formato - convida-nos a fazer uma viagem pela obra (magnífica!) de Caprioli publicada em Portugal. 
À venda no local estará também, para os interessados, um excelente fanzine de Jorge Magalhães, com o mesmo título da exposição, editado pela Câmara Municipal de Moura em 2012 (nomeado para os Prémios Nacionais de Banda Desenhada, no Amadora BD desse mesmo ano). 


JOSÉ RUY APRESENTA ÁLBUM
No próximo dia 24 de Outubro, na Biblioteca Municipal Fernando Piteira Santos (Amadora), José Ruy fará a apresentação pública do álbum "Nascida das Águas e o 16 de Março de 1974" (trabalho ao qual já aqui fizemos referência, em devido tempo). A sessão decorre a partir das 18:00 horas e conta com a presença de Otelo Saraiva de Carvalho.
A 6 de Novembro, no mesmo local e à mesma hora, será a vez de apresentar "A Ilha do Corvo que Venceu os Piratas", último álbum de José Ruy que teve, como bem se recordam, uma longa série de artigos, aqui no BDBD.


AMADORA BD QUASE A ABRIR PORTAS
A pouco mais de uma semana da abertura de portas do 29.º Amadora BD, chega-nos um vislumbre da imagem gráfica do certame...
O Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora está de volta, entre 26 de Outubro e 11 de Novembro. O núcleo da programação acontece, como é habitual, no Fórum Luís de Camões, onde a par das exposições haverá visitas guiadas, apresentações, lançamentos, sessões de cinema e oficinas para crianças e adultos. Este ano o destaque vai para um convidado muito especial: o Brasil.
Mais informações podem ser consultadas aqui.


PROGRAMAÇÃO DA BEDETECA DE BEJA

A Bedeteca de Beja, dinamizada pela Câmara Municipal daquela cidade, sob a entusiastica e competente direcção de Paulo Monteiro, enviou-nos a sua programação para Outubro.
A juntar ao belo acervo de álbuns/revistas BD e às exposições temporárias, outras valências como os ateliês ou o apoio a professores e alunos mantêm a Bedeteca "viva" todo o ano e convidam-nos para uma visita atenta e demorada, mesmo fora da época do Festival.

Exposições:
Banda Desenhada Portuguesa - 22 autores contemporâneos
Até 31 de dezembro - Exposição de Banda Desenhada.
Com André Oliveira, António Jorge Gonçalves, Diniz Conefrey, Fernando Relvas, Filipe Abranches, Francisco Sousa Lobo, Joana Afonso, João Sequeira, Jorge Coelho, Marco Mendes, Maria João Worm, Marta Teives, Miguel Rocha, Mosi, Nuno Duarte, Nuno Saraiva, Osvaldo Medina, Pedro Leitão, Pedro Moura, Ricardo Cabral, Sofia Neto e Sónia Oliveira.
Nota: esta exposição esteve patente no Pavilhão Internacional da Fête de la BD/Strip Feest - Festival de Banda Desenhada de Bruxelas, entre os dias 14 e 16 de setembro do ano corrente. A exposição resultou de uma parceria entre a Embaixada de Portugal, o Instituto Camões, e o Município de Beja, representado pela Bedeteca de Beja.

Nas trincheiras - Histórias da Primeira Guerra
Até 31 de dezembro - Exposição de Banda Desenhada.
Com Carlos Baptista Mendes, David B., Filipe Abranches, Gipi, Jacques Tardi, Jean-Pierre Gibrat e José Mota.

Tarzan dos Macacos
Até 12 de dezembro - Exposição de Banda Desenhada.
Com Burne Hogarth, Harold Foster, Joe Kubert e Russ Manning.

Ateliês:
Banda Desenhada - Com Paulo Monteiro. Quartas-feiras, 21:30 / 23:00.
Desenho e Pintura - Com Isa Carolina. Terças e quintas-feiras, 15:00 / 18:00.
Ilustração - Com Paulo Monteiro. Quartas-feiras, 21:30 / 23:00.
Jogos de Tabuleiro - Com Pedro Felício. Sábados, 14:00 / 20:00.
Modelismo Estático - Com Simão Matos e João Calado. Sábados, 14:30 / 17:30.

Livros do Mês na Bedeteca:
Cinco mil quilómetros por segundo (Devir), de Manuele Fior
O Espião Acácio (Turbina/Mundo Fantasma), de Fernando Relvas
Os Regressos (Polvo), de Marta Teives e Pedro Moura (argumento)

Apoio a alunos e professores:
Apoio a alunos e professores para a realização de projetos específicos na área da banda desenhada ou da ilustração.


O HUMOR DE MIRANDA
"Humor de Miranda: do mental ao metal" é o título de uma exposição de cartune que inaugura hoje, dia 19, pelas 18:30, no Museu e Igreja da Misericórdia do Porto.
O célebre Miranda do Jornal de Notícias, cartunista portuense que trabalhou no humor durante seis décadas, tem nesta exposição uma bem merecida retrospectiva da sua obra. A mostra inclui, também, visões de outros artistas sobre a obra de Miranda e pode ser visitada até 25 de Novembro.


RAFAEL SALES EXPÕE EM VISEU





Inaugura no próximo dia 3 de Novembro, na Biblioteca Municipal D. Miguel da Silva, em Viseu, a exposição "Aventuras de um Super Beirão na BD", do jovem Rafael Sales, autor que tem três álbuns publicados até ao momento: "Detective Raton" e "Beirão" (pela Escorpião Azul) e "Real" (uma edição da Junta de Freguesia de Real - Penalva do Castelo).
Produzida pela Câmara Municipal de Viseu e pelo Gicav - Grupo de Intervenção e Cristividade Artística de Viseu, a exposição encerra a 30 de Novembro. 



ANIVERSÁRIOS  EM  NOVEMBRO

Dia 04 - Pedro Brito
Dia 08 - Paulo Monteiro
Dia 10 - Neil Gaiman (inglês)
Dia 14 - João Amaral
Dia 16 - Clarke (belga) e Maikel (espanhol)
Dia 18 - Rui Brito, Ricardo Neto e Alan Moore (inglês)
Dia 21 - Vassalo de Miranda
Dia 22 - Ciryl Pedrosa (francês) e Vítor Teodósio
Dia 24 - Carlos Laranjeira e Horacio Altuna (argentino)
Dia 25 - Jorge Deodato, Luiz Beira e José Vítor Silva
Dia 26 - Juan Giménez (argentino)
Dia 27 - Humberto Ramos (mexicano)
Dia 30 - Marcello de Moraes
LB

domingo, 14 de outubro de 2018

AS HISTÓRIAS QUE RESIDEM NA GAVETA (3) - por José Ruy

«História de uma História Búlgara» foi o título acertado com a agência nacional da Bulgária, «Sófia Presse», que me convidou a visitar o país para fazer o levantamento histórico de modo a desenhar a HQ. A intenção não era fazer uma ronda turística, mas contar a realidade (na altura) do país e o seu atribulado percurso histórico através de uma «aventura» ficcionada mas com base na verdade.
No artigo anterior mostrei as primeiras três páginas esboçadas. Damos agora um salto para a página 12. O enredo está aqui já em pleno desenvolvimento; a narrativa inicia-se na Feira Anual de Tecnologia Informática em Plovdiv, onde um engenheiro português é enviado pela firma onde exerce a sua profissão, para adquirir material técnico.
Desconhecedor da realidade deste país, o português vai ficando espantado com a evolução da Bulgária nessa área. É-lhe destinado uma intérprete e desenvolve-se um romance entre eles, ao mesmo tempo que uma trama de espionagem vai complicar o trabalho do jovem engenheiro naquele país.
A personagem percorre o país, numa visita que o vai encantando cada vez mais, tal como eu o fiz, e todos os seus passos coincidem com o meu percurso e descobertas durante as semanas que estive na Bulgária a investigar.

Este monumento dedicado ao Soldado Desconhecido, em Sófia, despertou-me também a atenção, por ser um leão, muito bem esculpido. O leão é o símbolo da Bulgária.

Nos muitos Museus que visitei, recolhi elementos como os que mostro na imagem em baixo, de fardamentos, armas, selas de cavalos ou penas de escrever com um recipiente para as guardar em viagem.

A intenção era que o livro pudesse funcionar como um guia, e que o leitor com ele na mão, pudesse percorrer o país visitando o que havia de maior interesse, tomando também conhecimento da História através dos monumentos, dos museus e dos magníficos edifícios.
Na página 28 o drama ficcional atinge o seu auge, com violentos confrontos
que culminam numa clarificação das situações criadas.

No próximo artigo:
«Os apontamentos feitos do natural, e porque em desenho e não em fotografia».