terça-feira, 23 de dezembro de 2014

BOAS FESTAS

Tira de "Garfield", por Jim Davis
O BDBD deseja a todos os seus leitores e amigos um Feliz Natal e um Próspero Ano Novo (com muita banda desenhada, já agora).

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

A VIDA INTERIOR DAS REDAÇÕES DOS JORNAIS INFANTO-JUVENIS na memória de José Ruy (3)


3) AS DECISÕES NA ORIENTAÇÃO DO JORNAL

Como exemplifiquei no artigo anterior, o António Cardoso Lopes, Tiotónio, diretor artístico de «O Mosquito» funcionava como um maestro que perante um naipe de instrumentistas ia dando ordem de entrada a cada um ou a um grupo, conforme achava que a sinfonia ia precisando.
Claro que essas decisões não eram diárias, a redação reunia uma vez por mês, sem dia certo, e estavam presentes além dos diretores, o Eduardo Teixeira Coelho, o José Padiña, a partir da altura em que iniciou a sua colaboração no jornal e o Roussado Pinto depois que o seu jornal «Pluto» acabou e o Tiotónio o acolheu na redação de «O Mosquito». Por vezes reuniam de emergência, como uma vez em que as vendas de «O Mosquito» baixaram numa semana, embora pouco, e era preciso tomar medidas urgentes, novas ideias, novos estímulos.
Foi quando por sugestão do Teixeira Coelho coadjuvado pelo Raul Correia, surgiram rubricas como «Curiosidades de todo o mundo», «A História do Carro», «Secção dos Sábios», «Coisas do Arco-da-Velha» e «Mulheres Celebres».
O Tiotónio, para não sobrecarregar a tipografia, muitas vezes escrevia as legendas
diretamente na chapa de zinco, como nesta página das «Curiosidades».

Mas as novas rubricas não podiam sair logo nessa mesma semana, e quando surgiram à cena já o jornal tinha recuperado as vendas, antes de qualquer alteração. O Tiotónio dizia que o êxito em volume de vendas era uma incógnita. Podia-se planear tudo rigorosamente para dar certo, mas o resultado era imprevisível. Ainda hoje é assim.

A colaboração tinha um avanço de algumas semanas em relação à sua publicação. As provas das histórias inglesas chegavam em pequenos lotes, com irregularidade devido aos efeitos da Segunda Guerra Mundial e alguns episódios perderam-se por terem sido bombardeados os navios que traziam esse correio. Daí as falhas na sua publicação, obrigando a dar pequenos saltos na história, que o Raul Correia compensava num texto a fazer ligação com as cenas anteriores.
Felizmente o autor José Pires de parceria com o Américo Coelho, colecionador, e o José Vilela, editor, têm atualmente publicado essas aventuras completas em livro com as páginas originais que falharam n’ «O Mosquito». E é curioso como tem tido a melhor aceitação da parte dos ingleses.
Capa e prancha do "Fandaventuras Especial" # 1, onde se recupera a 1.ª parte de "O Gavião dos Mares"
Esse avanço permitia ao seu autor evitar a interrupção de uma história se algo lhe acontecesse, mesmo temporariamente. Em 1946 o Teixeira Coelho teve um esgotamento devido ao muito trabalho que desenvolvia. Esteve umas semanas em repouso, mas isso não se sentiu no ritmo da publicação das suas ilustrações. Restabelecido, conseguiu recuperar rapidamente o avanço perdido.
Nessa época não era costume os autores entregarem a história completa antes do início da publicação e acontecia até, embora o argumento estivesse alinhavado desde o princípio, fazerem alterações, às vezes por influência de alguma opinião vinda do público mais chegado que ia acompanhando a história.
Eu próprio tive um percalço na História em Quadrinhos que publiquei nesse jornal. Dei-lhe o título de «O Reino Proibido» e tinha um avanço considerável, pois o jornal continuava a ser bi-semanal.
Aconteceu que nessa época estava a trabalhar no ateliê do Manuel Rodrigues e Sebastião Rodrigues em publicidade, bem como em montras e exposições documentais.
Em dada altura a equipa foi deslocada para Coimbra, pois tínhamos de montar uma exposição na Universidade; o trabalho prolongou-se mais do que o previsto e esgotou-se o avanço que tinha da história sem ter no local condições para continuar a desenhar a continuação.
O Raul Correia estava desesperado e ia escrevendo no jornal, «que por doença do autor ainda não nos é possível neste número…»
Mas só consegui terminar as pranchas em falta quando regressei a Lisboa. Curiosamente, nesse espaço de tempo o formato do jornal havia sido alterado, para o dobro. Valeu-me fazer os originais duas vezes maiores do que o tamanho da publicação.
(Continua)

No próximo artigo: A TERTÚLIA NA REDAÇÃO DE «O MOSQUITO»

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

PELA BD DOS OUTROS(13): A BD DA HUNGRIA

Localização da Hungria na Europa
Nação no leste europeu, a Hungria tem por capital a cidade de Budapeste e como moeda o florim húngaro. 
Pertence à União Europeia e à OTAN. 
É um país maioritariamente católico.
Tem uma História muito rica e um tanto acidentada também, e uma enorme força cultural e científica nos mais diversos aspectos. Pela Literatura, como valorosos exemplos, apontam-se alguns dos muitos e notáveis poetas, como Ferenc Juhász, Lászlo Nagy, Zoltán Zelk e, sobretudo, o poeta da liberdade Sándor Petöfi (1823-1849). Deste, ficou famoso o seu grito "Talpra Magyar!" (Àvante, Húngaros!). Inspirado nesta mensagem final, o magnífico desenhista italiano Franco Caprioli criou "O Hussardo da Morte", história publicada em Dezembro de 1956 no "Álbum do Cavaleiro Andante" n.º 31.
Pelo Desporto, destacam-se o nadador Tamás Darnyi, o futebolista Ferenc Puskás, a tenista Zsofia Jacab e a xadrezista Judit Polgar. Pela Música, temos entre outros, os compositores Ferenc Liszt, Béla Bartók, Miklós Rózsa e Zoltán Kodály. Pelo mundo do Cinema, o maior destaque vai para o realizador Miklós Jancsó ("O Salmo Vermelho", "Vícios Privados, Virtudes Públicas", etc)falecido com 92 anos em Janeiro de 2014. E os actores: as famosas irmãs Eva e Zsa Zsa Gabor, Peter Lorre, Béla Lugosi, Paul Lukas e Lajos Balázsovits.
E chega-se enfim à vastíssima e brilhante galeria dos banda desenhistas húgaros, dos quais só vamos salientar alguns...
Destes, um dos mais antigos será János Jankó (1833-1896)...
Á esquerda, retrato de János Janko; à direita, um exemplo do seu trabalho

...e, saltando alguns bons anos, temos: György Szitás, István Endrödi, Attila Dargay, Endre Sarlós, Sandor Gusi, Sebök Imre, Téjlor, Imre Fekete, Marcell Jankovics e, talvez os três maiores, Attila Fazekas, Ernö Zorad e Pal Korcmaros. Deste, é notável um dos seus últimos trabalhos, o álbum "A Gemini Jalentés " (O Relatório Gémini), com argumento de Antal Bayer.
Capa e pranchas de "A Gemini Jalentés"

A Banda Desenhada (Képregény, no idioma magiar) Húngara está para ser descoberta e admirada pelos bedéfilos portugueses. Ao que consta, apenas foi parcialmente exposta no salão "SobredaBD 2001", com exemplos das obras de Attila Fazenkas, Erno Zorad, Marcell Jankoviks e Pál Korcmáros. 
Edições em português? Parece que ainda não há nenhuma!
Hamarosan találkozunk, magyar képregény! Até breve, Banda Desenhada Húngara!
LB




Prancha de "Rocambole" por György Szitás
Arte de Endre Sarlós
Prancha de "México", por Sebök Imre
Capa do álbum "Villa SM", de Lezli Téjlor
Duas pranchas de "Tragédia", por Sebök Imre
Arte de Attila Dargay
Arte de Attila Fazekas
Prancha de "Robin Hood", por Atilla Fazekas
Prancha de "Cyrano de Bergerac", por Ernö Zorad
Prancha de "Alaska" por Ernö Zorad
Prancha de "A Gemini Jalentés" por Antal Bayer e Pal Korcmaros

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

DE ACTORES A HERÓIS DE PAPEL (5) - TOTÒ

Totò (1898-1967)
Idolatrado em Itália, nasceu em Nápoles a 15 de Fevereiro de 1898 e faleceu em Roma a 15 de Abril de 1967. É sem dúvida um dos maiores actores cómicos de todos os tempos, tendo passado pelo Teatro, a Televisão e, obviamente, o Cinema, vertente que o tornou justificadamente célebre em todo o mundo.
Recebeu o nome de Antonio Vincenzo Stefano Clemente, mas também se fez conhecer como Antonio de Curtis, sendo Totó o seu nome artístico.
Após  a Grande Guerra 1939-1945, o tribunal de Nápoles reconheceu-lhe o seu verdadeiro e extenso nome, bem como os diversos títulos nobiliárquicos a que se dizia com direito. Recentemente porém, com razão ou sem ela, estudos feitos por Giovanni Grimaldi e pelo Marquês Camillo de Curtis, indicam que não há fundamento para a pretensa nobreza de Totò... Verdade ou intriga invejosa?...
Nobre ou não, tanto faz, o que importa, é o seu gigantesco e inultrapassável talento!
Tendo-se estreado no Cinema no filme "Fermo Con le Mani!", sob realizão de Gero Zambuto, tem uma honrosa e grande filmografia, donde salientamos filmes como "Totò Procura Casa", "Totò Tarzan", "Totò Cheique", "O Imperador de Capri", "Polícias e Ladrões", "Onde Está a Liberdade?", "O Turco Napolitano", "Miséria e Nobreza", "O Oiro de Nápoles", "Totò, Fernandel e a Lei", "Totò Diabólico", "Totò e Cleópatra", "Totò da Arábia", "A Mandrágola", "Passarinhos e Passarões " (extraordináriamente irresistível!) e "Operação San Gennaro".
Alguns dos filmes de Totó...

...e uma hilariante cena da película "Miséria e Nobreza"

Foi dirigido na 7.ª Arte por famosos realizadores como Steno, Mario Monicelli, Roberto Rosselini, Mario Mattòli, Vittorio De Sica, Christian-Jaque, Alberto Lattuada, Pier Paolo Pasolini e Dino Risi, de entre outros.
A Banda Desenhada (fumetti, em italiano) não o esqueceu. Em 1953, as Edizioni Diana di Roma, publicaram uma colecção de doze mini-álbuns desenhados por A. L. Castellari. Uma colecção esgotadíssima!... Buscávamos há muito, para este post, algum  exemplo (de prancha), mas era quase impossível, para desgosto nosso... Um amigo nosso italiano e residente em Portugal, foi a Itália de férias. A nosso pedido, logo se prestou a tentar safar-nos este assunto. Lá conseguiu que lhe dessem um contacto de um coleccionador que tinha apenas oito dos doze números (os que foram editados) e que só venderia esse conjunto (oito números) pela módica quantia de... 900 euros!... Que piranha!... Felizmente conseguimos depois algumas ilustrações, embora com pouca resolução... 
Capa de "Totò e il Segreto Atomico"
Duas pranchas de "Totò e il Segreto Atomico", por A. L. Castellari

Outras abordagens a Totò pela Banda Desenhada italiana:

Com arte de Lapis Lapone e texto de Giorgio Figus, na obra "La Livella - Omaggio a Totò"...
Pranchas de "La Livella - Omaggio a Totò", por Giorgio Figus e Lapis Lapone


"Lo Scunizzo del Rione Sanitá", com texto de Marco M. Di Tillo e traço do impecável e bem saudoso Gianni De Luca.
Totò em "Lo Scunizzo del Rione Sanitá", por Marco Di Tillo e Gianni De Lucca 

Se há mais exemplos, por ora, desconhecemos...
Por outro lado, em merecidas honras a Totò, em Itália, foram impressos quatro selos e cunhadas medalhas (de oiro e de prata) em homenagem a este grande senhor da Cena, o palco e a tela.
Regista-se agora, a terminar, que em 1984, a Cinemateca Portuguesa, com apoios da Embaixada de Itália e o Instituto Italiano de Cultura, editou um precioso álbum monográfico dedicado a Totò. Há que conhecer esta obra... se não estiver esgotada.
Por outro lado, o televisivo Canal Memória, se fosse mais positivo e inteligente e menos "chulo", deveria exibir os principais filmes de Totò, em vez de estar sempre a exibir as mesmas e fossilizadas fitas que já todos conhecem. Oh, santa incompetência!...
LB

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

NOVIDADES EDITORIAIS (65)

O  ESTRANGEIRO - Edição Arcádia. Segundo a exemplar obra literária de Albert Camus, este belíssimo álbum-BD tem a arte total de Jacques Ferrandez.
Antes de mais: tudo tem o perfume, amargo ou não, da Argélia, quando ainda território francês - a narrativa está aí integralmente localizada, e Albert Camus e Jacques Ferrandez, considerados cidadãos franceses, nasceram ambos nesse território no norte de África.
Lembrarmos aqui o extraordinário e controverso Albert Camus (1913-1960), Prémio Nobel da Literatura de 1957, não terá agora cabimento devido. Há porém  que conhecê-lo e o saber interpretar sem juízos errados, pelos seus livros (romances, teatro, ensaios) com que nos brindou, como “O Estrangeiro”, “O Mito de Sísifo”, “Calígula”, “O Equívoco”, “A Peste”, “Os Justos”, “O Estado de Sítio”, “O Avesso e o Direito”, etc. A sua “incómoda” e atenta filosofia perturba tanta gente frouxa que deambula por este real e perdido mundo...
Por sua vez, Jacques Ferrandez, é um artista soberbo e encantador, notável não só pela sua 9.ª Arte como pelas suas belas aguarelas. Agarrou muito bem este texto de Camus.
Parabéns às edições Arcádia/Babel por esta publicação.
Curiosidade: pelo Cinema, “O Estrangeiro” foi adaptado em 1967 por Luchino Visconti, com Marcello Mastroiani no principal papel, mas teve também conotações, ambas em 2001, com o filme turco “Yazgi”  de Zeki Demirkubuz e com “O Barbeiro”(The Man Who Wasn’t There), realizado por Joel Coen.

A VIAGEM DO ELEFANTE - Edição Porto Editora. Autor: João Amaral, segundo José Saramago. Prefácio de Pilar del Rio.
Não vamos falar mais uma vez do nosso Prémio Nobel da Literatura, pois muito se tem dito e escrito (e vai continuar...) sobre este romancista. O que aqui importa agora, é registar a arte gráfica de João Amaral que se atreveu a adaptar “A Viagem do Elefante” de José Saramago à Banda Desenhada.
O álbum que deu um trabalho exaustivo ao desenhista está muito bem concebido e marca um belo salto em frente na carreira de João Amaral. Felicitamo-lo por esta corajosa e conseguida obra. E felicitamos também a Porto Editora pela sua publicação

CHAPUNGO - Edição Mosquito. Autor: Sergio Toppi.
Num deslumbrante preto-e-branco, pela primeira vez reunidas em álbum, as narrativas “Tzoacotlan 1521”, “San Isidro Maxtlacigo 1850” e, a que dá o título álbum, “Chipungo”.
Sergio Toppi (1932-2012), é um dos mais notáveis valores da BD italiana, embora (tristemente) pouco publicado em Portugal: duas narrativas no “Jacto”, uma no “Jornal do Cuto” e outra nas “Selecções BD”, esta localizada em Portugal e com o título “Algarve 1460”.
Com este álbum, “Chapungo” (em francês), vamos tombar no tremendo e magnifico traço de Toppi. Aqui, o autor transporta-nos com arte e sem piedade, ao mundo histórico-lendário dos Aztecas, cujos deuses, mesmo mortos, estão sempre presentes...
Uma obra belíssima que urge ter edição em português!

LES TAXIS ROUGES - Edição Lombard. Autor: Peyo (grafismo e enredo), com o apoio de Will para os cenários de fundo.
Trata-se de uma reedição muito especial. Muito terna e divertida. O herói, o petiz Benoît Brisefer (já por aqui o referenciámos há pouco tempo) pelo talento criativo de Peyo (aliás, Pierre Culliford, 1928-992), é um super-herói anti super-herói!... Ah, pois é!
Agora adaptado ao Cinema, “Les Taxis Rouges” (Os Táxis Vermelhos) e enquanto não virmos o filme , com vários actores portugueses e rodado em grande percentagem no nosso País, o álbum não perde o seu original encanto e, mais, tem momentos que se situam no Minho e na cidade do Porto. Uma delícia!
LB

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

HERÓIS INESQUECÍVEIS (33) - BUCK RYAN

As suas  aventuras / investigações começaram no periódico britânico "Daily Mirror" a 22 de Março de 1937 e terminaram a 3 de Julho de 1962.
O argumentista foi Don Freeman (1903-1972), sendo Jack Monk (1904-1976) o desenhista, que era perito na banda desenhada a preto-e-branco.
Tipicamente "cavalheiro inglês", Buck Ryan, é um detective sempre elegante e bem trajado e com o cabelo bem arranjado e abrilhantinado (como se usava na época).  Os temas das histórias versavam sobretudo casos de raptos e/ou corrupções, mas também o combate aos espiões alemães.
Muito popular nos países anglófonos, foi também famoso junto de outro público bedéfilo, mormente o português, com aventuras publicadas em "O Mosquito" nos anos 50, donde a notável história "O Regresso de Mary Crepúsculo".
Prancha de "O Regresso de Mary Crepúsculo" (in "O Mosquito" #1166, de 26.08.1950)

A extinta editora Futura publicou um álbum com este herói na colecção "Antologia da BD Clássica", contendo a aventura "O Bandido das Quatro Caras".
Capa e prancha do n.º 21 da colecção "Antologia da BD Clássica" (Edições Futura), dedicado a Buck Ryan

Buck Ryan colaborava com a Scotland Yard com o Inspector Page e teve como seu jovem assistente Slipper, algum tempo depois substituído pela bela e sedutora Zola Andersen.
Curiosamente, não consta algum filme nem série televisiva com este então tão popular herói-BD!...
LB


Prancha de "As Gémeas" (in "O Mosquito" #1317, 1950)
Prancha de "A Árvore Ôca" (in "O Mosquito" # 1348, 1952)

Prancha de "O Bandido das Quatro Caras" (in "Antologia da BD Clássica" #21, Edições Futura) 

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

NOVIDADES EDITORIAIS (64)

OS TIOS DALTON - Edição Asa. Argumento de Laurent Gerra e Jacques Pessis e arte gráfica de Achdé, segundo Morris. Este, "Os Tios Dalton", é o mais recente tomo da série "Lucky Luke".
Um delírio! É mesmo um dos mais hilariantes álbuns desta tão popular série.
Pondo de parte três personagens fundamentais e em estreia (o notário Blanchini, o mordomo Bobby "Winchester" e o "puto reguila e birrento" Emmett Dalton Junior), por esta narrativa desfilam em pleno os habituais personagens da série: Lucky Luke, o cavalo Joly Jumper, o canino imbecil Rantanplan, os quatro irmãos Dalton, a Mã Dalton e o seu matreiro gato Sweety, o director da penitenciária de Muffin Junction... Um festival!
Há ainda dois irmãos bandidos que se atrevem a querer ser piores que o quarteto Dalton! Que inconsciência!...
Claro que tudo gira em redor do petiz Júnior, mas isso não cabe aqui ser divulgado. Leiam o álbum e divirtam-se!

OMBRES AU TABLEAU - Edição Delcourt. Argumento e traço de Makyo e cores por Antoine Quaresma.
"Ombres au Tableau" é o primeiro tomo da série "Les Pierres Rouges", uma bela e pesada obra, plena de inquietações e aspectos insólitos. Uma narrativa dramática com situações tão obscuras como cativantes. 
Que terá programado o Destino ao jovem Ismael de 14 anos e à solitária Esther de 29 anos?... Na solidão amarga de ambos, vão encontrar-se numa bizarra noite de inverno. Depois, depois é a história...

VÉRITÉS TOXIQUES - Edição Dargaud. Argumento de Pierre Boisserie e Philippe Guillaume, traço de Erik Juszezak e cores de Amélie Vidal.
"Vérités Toxiques" é o oitavo tomo da série "Dantès". A série está no entanto a descambar, talvez porque a estão desnecessariamente a esticar, o que não é inédito, pois tal já aconteceu, por exemplo, com a série "Jugurta"...
"Dantès" surgiu como uma brilhante adaptação e aos tempos de hoje, do clássico literário "O Conde de Monte-Cristo" (tal como a série televisiva norte-americana "Revenge"), de Alexandre Dumas.
Agora na 9.ª Arte, a editora e os autores avançam, sem correcta aprovação, por bizarras continuações, quando tudo teria ficado muito bem pelos seis primeiros tomos. Pior: a série parece que vai prosseguir. Paciência!

LIGAÇÃO PERIGOSA - Edição Asa. Argumento de Philippe Graton e Denis Lapierre, traço de Marc Bourgne e Benjamin Benéteau e côr de Christian Lerolle, segundo Jean Graton.
Da nova fase das aventuras de Michel Vaillant, este é o tão esperado terceiro tomo. Afroxou um tanto o enredo em relação aos dois tomos precedentes. O clima tenso e entusiasmante "esfriou" um pouco... Mas há dois aspectos que espevitam a nossa curiosidade: a "traição" de Michel Vaillant a sua esposa Françoise com um beijo sensual à "estranha" Carole Quessant, e a pressuposta vigarice, por desvio de dinheiros, de Jean-Pierre Vaillant, o irmão de Michel.
Aguardemos pois pelo quarto e próximo tomo.
LB