sábado, 30 de novembro de 2013

A BD A PRETO E BRANCO (2) - As escolhas de Luiz Beira (2)



BURNE HOGARTH (1911-1996). 
Norte-americano, a sua obra é notória, praticamente pelo que desenhou na série "Tarzan", sendo considerado pelo seu cuidado a desenhar com pleno dinamismo a anatomia do corpo humano e de outros animais.
Vinheta de "Tarzan"
Hogarth foi, para muitos, o melhor de todos os desenhadores de "Tarzan"




CLAUDE AUCLAIR (1943-1990). 
Francês, tem obra de vulto ("Les Naufragés d'Arroyoka", "Simon du Fleuve", "La Saga du Grizzl", "Celui-là", etc). A que nos parece mais admirável e espectacular obra de luxo, é "Bran Ruz", onde explode maravilhosamente o seu grafismo.
Prancha de "Bran Ruz"
Prancha de "Simon du Fleuve"




DIDIER COMÈS (1942-2013).
Cidadão belga. Excluindo os dois primeiros tomos da série "Ergün l'Errant", praticamente só desenhou com toda a perícia, a preto e branco: "L'Arbre-Coeur", "La Belette", "Iris", "Eva", "Les Larmes du Tigre", etc, sendo a notável narrativa "Silence" a sua obra-mor.
Prancha de "Silence"
Prancha de "Dix de Der"


Nota: A rubrica "A BD a Preto e Branco" será subdividida entre as escolhas pessoais de Luiz Beira (10 posts e 30 autores) e de Carlos Rico (idem), num total de 60 autores! As duas imagens que ilustram a obra de cada autor foram criteriosamente escolhidas por Luiz Beira e Carlos Rico e por esta ordem serão sempre apresentadas.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

EVOCANDO (10)... RAYMOND REDING

Raymond Reding (1920-1999)
Exímio no traço firme, dinâmico e elegante, Raymond Reding nasceu em Louviers (Normandia, França) a 23 de Fevereiro de 1920, filho de pai belga e de mãe francesa. Desde muito novo a residir na Bélgica, neste país veio a falecer a 26 de Abril de 1999, em Bruxelas.
Foi pianista de jazz, nadador e tenista. Durante a Grande Guerra, chegou a vender jornais e a ser professor de inglês. Recebeu o título de Cavaleiro da Ordem de Leopold e o Lápis de Oiro, prémio este atribuído pela cidade de Bruxelas.
Como desenhista e argumentista, a sua obra BD centra-se essencialmente em temas desportivos.
Começou a sua carreira em 1944, para a revista "Bravo". Três anos depois, criou Monsieur Cro, um detective, para o jornal "La Dernière Heure". 
Em 1949, trabalha fugazmente para o "L'Aiglon" e, em 1950, ingressa na equipa da revista "Tintin". Estava plenamente aberto o caminho para uma carreira com vastos e belos resultados.
Em 1951, criou "Monsieur Vincent, l'Ami des Pauvres", seguindo-se "Le Pacte de Pashutan" e "Le Chinois au Manteau Rouillé". Passa algum tempo pelas revistas "Spirou" e "Line". Regressa à equipa "Tintin" onde, em 1957, se inicia a sua primeira glória, a série Jari, passada no ambiente do ténis, de que, em breve, aqui faremos a devida referência.
Em 1963, iniciou a série Vincent Larcher, onde aspectos do mundo do futebol e situações insólitas e/ou paranormais funcionam em simbiose.
Vincent Larcher: "O Zoo do Dr. Ketzal"

Em 1972, aparece nova série: "Section R", onde se relatam as rocambolescas aventuras de dois ex-desportistas, Sophie Ravenne e Django Riva, agora a funcionar como jornalistas nos diversos sectores do Desporto.
 

Em 1979, Reding, deixa a revista "Tintin" e passa-se, juntamente com a série "Section R",  para a "Footy", uma revista sobre futebol.
E, neste mesmo ano, com a sua colega argumentista Françoise Hughes, inicia a série Eric Castel, outro futebolista de ficção, campeão do "Barça" e onde dá todo o apoio ao jovem Pablito Varela e seus amigos, os "pablitos".
 

Foram no entanto publicados três álbuns isolados: "Fondation King", "Le Grand Chelem" e "Pytha" que, pressupostamente, seriam os primeiros tomos para novas séries...

Como cita o crítico e de certo modo biógrafo, Michel Denni: "Reding construiu um universo profundamente original, com um grafismo simples, dinâmico e preciso".
Raymond Reding é um talento da 9.ª Arte europeia que merece ser condignamente descoberto ou redescoberto.
LB

Prancha de "Monsieur Vincent"

Prancha de "Le Grand Chelem"
Prancha de "Pytha"

 
O Anderlecht (o maior clube do futebol belga) e os
"Diabos Vermelhos" (alcunha da selecção belga), sob o traço de R. Reding

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

NOVIDADES EDITORIAIS (43)

LA MORT, SOUS TOUTES LES FORMES - Edição Lombard. Argumento de Stephen Desberg e traço de Bernard Vrancken. Trata-se do primeiro tomo da série "H.ELL" (claro, um jogo com o termo inglês "hell", que significa inferno).
Num país e num tempo imaginados, o nobre e tão respeitado cavaleiro Harmond Ellander, de repente, cai em desgraça e é banido da corte e despojado de tudo. Até sua esposa Erline, logo o abandona e o jovem nobre fica mesmo proibido de ver os seus filhos, Arthaud (que aceita com entusiasmo sir Allaman, amante de sua mãe) e Helmia (que sofre por não ver o pai).
Mas Ellmander não é condenado à morte nem encerrado numa masmorra. É nomeado pelo rei como questor, encarregado de fazer justiça (ou coisa que o valha) ante os piores criminosos da ralé da cidade. Acerta com as letras do seu nome, e adopta o "nome de guerra" H.ELL. E assim começa a sua turbulenta lenda com muita violência e muito conveniente erotismo.
Maravilhosa arte gráfica complementada com as cores de Mikl.


BD JORNAL / 30 - Edição BD Jornal, sob coordenação de J. Machado-Dias. Este exemplar foi lançado durante o recente Festival da Amadora e vem recheado de belíssimos artigos, contendo também uma entrevista com Nuno Saraiva. E, claro, mais uma vez, uma viagem (já cansativa) ao mundo do herói "Tex", com dezassete páginas, quando, como soe dizer-se, "o que é demais, farta!"...


KAH-ANIEL - Edição Lombard. Com argumento de Yves Sente e a belíssima arte gráfica de Grzegorz Rosinski, "Kah-Aniel", é o 34.º álbum da série "de culto" (assim merecidamente adjectivada pelas maiorias), "Thorgal".
O misterioso (extraterrestre?) Thorgal, feito viquingue por adopção, desta vez embrenha-se pelos desertos escaldantes de zonas mais ou menos arábicas... Acima de tudo, quer salvar e recuperar o seu filho mais novo, o pequenote Ariel, que foi "docemente" raptado pela fanática seita dos "Magos Vermelhos", sendo preparado para ser sacrificado e ser incorporado pelo líder abatido Abdel El Hal...
Curiosos aspectos que aqui se encontram: a bela Shazade terá sido inspirada na famosa Xerazade. A mangnífica cidade Bag Dadh, é muito certamente buscada na actual Bagdad (capital do também actual Iraque).
E, num plano mais sério e cruel, o confronto hipócrita e sinistro entre o Califa Ahmed Al Walond e o Grão Vizir Idriss Bin Hofar será certamente repescado da tão divertida série "Iznogoud"... Estes aspectos serão apenas má interpretação nossa?... Todavia, é um álbum espectacular e a merecer aplausos.


L'OMBRE DES CATHARES - Edição Casterman. Da série "Jhen", criada pelo saudoso mestre Jacques Martin, este é o 13.º tomo, tendo Hugues Payen no argumento e Jean Pleyers no traço e Corinne Pleyers nas cores. Bizarramente, esta vigorosa e controversa (pelos enredos) série, mantém-se rigorosamente inédita em Portugal! Estranha desatenção da parte dos nossos editores de Banda Desenhada!...


GAUGUIN - Edição Lombard. Argumento de Maximien Le Roy e arte gráfica de Christophe Gaultier. Tema: de certo modo, é a biografia do grande pintor (e não só) Paul Gauguin (1848-1903), sobretudo no seu exílio voluntário nas Ilhas Marquesas no Pacífico do Sul, tendo-se então afastado de sua esposa e dos seus cinco filhos, que ficaram em França.
Sempre irreverente e contestatário foi, até ao fim da sua vida, um corajoso rebelde contra muitos aspectos da sociedade, como a polícia, a religião, o casamento, etc. No Pacífico do Sul sentia-se livre, inspirado e feliz, no meio da Natureza e do povo local que bem o estimava.
LB

domingo, 17 de novembro de 2013

HERÓIS INESQUECÍVEIS (21) - TANGUY E LAVERDURE

As aventuras desta dupla de pilotos da Força Aérea Francesa nasceu na revista "Pilote", a 29 de Outubro de 1959. Foi criada para rivalizar com outros heróis semelhantes: "Buck Danny" (por Victor Hubinon, na revista "Spirou") e "Dan Cooper" (por Albert Weinberg, na revista "Tintin"). O argumentista era Jean-Michel Charlier (também argumentista de"Buck Danny") e o artista gráfico, Albert Uderzo. A primeira aventura: "L'École des Aigles" (A Escola das Águias). 
"L'École des Aigles", a primeira aventura
Amigos inseparáveis, têm personalidades diferentes. Michel Tanguy é sério, honesto e dedicado; Ernest Laverdure é excêntrico, trapalhão e desajeitado. No entanto, impecáveis pilotos, parceiros unidos e bem capazes de enfrentar situações difíceis e missões perigosas. 
O facto de Charlier ser o argumentista, tanto de "Buck Danny" como de "Tanguy e Laverdure", permitiu que, ocasionalmente, estes heróis se encontrassem e colaborassem em determinados episódios.
Até ao oitavo tomo, o duo de autores manteve-se, se bem que nesta última aventura, "Pirates du Ciel", houvesse também o "dedinho" de Marcel Uderzo e de Jean Giraud.
Em 1966, Albert Uderzo, demasiado ocupado com o "seu" Astérix, passa a pasta ao seu colega Jijé, que dá novo estilo, vigoroso e dinâmico, à série. 
Prancha de Mission "Derniére Chance", por Jean-Michel Charlier (argumento) e Jijé (desenho)
Entre 1973 e 1979, a série esteve parada temporariamente. Prossegue, tendo Jijé o apoio de Patrice Serres e Daniel Chauvin. Com o falecimento de Jijé, Patrice Serres continua a desenhar estas aventuras por mais dois álbuns.
Em 1988, surge o 25.º álbum, agora desenhado por Alexandre Coutelis. E acontece nova paragem, até que, em 2002, a série reaparece dando vazão a mais três álbuns (vinte e oito no total, até agora), desta vez com argumentos de Jean-Claude Laidin e arte de Yvan Fernandez (o 26.º e o 28.º) e de Renaud Garreta (o 27.º).
Christian Marin e Jacques Santi
Entretanto, de 1959 a 1962, a série foi adaptada a folhetim radiofónico pela Radio Luxembourg. 
A partir de 1967, François Villiers realizou a respectiva série televisiva, com Jacques Santi (Tanguy) e Christian Marin (Laverdure), sob o título "Os Cavaleiros do Céu". 


"Os Cavaleiros do Céu" (1967)

Thierry Redler e Christian Vadim
Em 1988, nova versão televisiva (que não teve grande impacto), "Les Nouveaux Chevaliers du Ciel", com episódios dirigidos por Patrick Jaiman, Jean-Pierre Desagnat e Jean-Jacques Lagrange, com os actores Thierry Redler (Laverdure) e Christian Vadim (mais tarde substituído por Marc Maury) no papel de Michel Tanguy
Em 2005, Gérard Pirès realizou uma fraca longa-metragem em adaptação livre, onde até estes heróis-BD têm outros nomes.
Em Portugal, para além de onze álbuns (dois pela Íbis e os restantes pela Meribérica-Líber), "Tanguy e Laverdure" estrearam-se na revista "Foguetão" n.º 1, a 4 de Maio de 1961. Avulsamente, alguns episódios da série foram também publicados em: "Jornal da BD", "Cavaleiro Andante", "Tintin" (edição portuguesa), "Selecções BD" e "Zorro".
LB
Com o traço de Uderzo no "Cavaleiro Andante", n.º 554



Prancha de "Mission Speciale", com traço de Jijé
 

A edição integral da série "Les Chevaliers du Ciel".

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

A BD A PRETO E BRANCO (1) - As escolhas de Luiz Beira (1)

Com jeito vai... a preto e branco

Quando eu (LB) fui desafiado pelo meu sócio (CR) do BDBD para abordar o tema da Banda Desenhada a preto e branco, logo disse que sim. Todavia, caí em mim, mas já era tarde para recuar... É que o tema é muitíssimo vasto e comporta uma multidão de maravilhosos desenhistas a trabalhar assim o seu grafismo. Teria de escrever um Tratado sobre o assunto e não um post.
Após desgastante pesquisa, houve ainda a devida selecção dos exemplos...
E lá acabei por optar por uns quantos, segundo a minha pessoal admiração e o meu pessoalíssimo gosto. Portanto, este post é apenas uma achega ao que tanto se tem escrito sobre este tema.
De resto, não sou contra a côr. Há muita BD valorosa e especificamente assim criada e apresentada. Mesmo assim, é preciso cuidado, pois frequentes vezes, o aparente deslumbramento do technicolour, esconde as insuficiências ou mediocridades de verdadeiro e capaz grafismo.
Em certos exemplos aqui registados, optei, em vez da prancha inteira, pela sequência ou pela vinheta. Sem agrupar pelas nacionalidades dos desenhistas, os nomes surgem por ordem alfabética e, dos vivos, indico apenas o ano de nascimento. Mesmo assim, por conveniência, os textos são curtos, estilo telegrama... O importante é o observarmos, com humildade, a beleza notável do grafismo destes desenhistas. A muitas criações surgidas a preto e branco, mais tarde, foi-lhes criminosamente dada a côr!...(Tudo estragado!).
Ora então, vamos lá com os primeiros três autores:


ALBERTO BRECCIA (1918-1993). Dado como argentino, nasceu porém no vizinho Uruguai e não nos consta que tenha optado pela nacionalidade do país de adopção... É um dos "intocáveis" mestres da Banda Desenhada mundial, com vastíssima obra ("El Eternauta", "Sancho Lopez", "Puno Blanco", etc), mas a sua indiscutível obra-prima, que criou com o argumentista Héctor Oesterheld, é "Mort Cinder".
"Mort Cinder", por Alberto Breccia
Vinheta de "Mort Cinder"



ALEX RAYMOND (1909-1956). Um incontornável "peso pesado" da BD norte-americana. Criou diversas e famosas séries, depois continuadas por outros, como "Jungle Jim", "Rip Kirby" e "Secret Agent X9". De qualquer modo, das séries que iniciou, a que está no topo do pódio é, sem dúvida, "Flash Gordon".
Vinheta de "Flash Gordon"
Prancha de "Flash Gordon"


AUGUSTO TRIGO (1938). Nascido na cidade de Bolama (na actual República da Guiné-Bissau), tem cidadania portuguesa. O seu traço, bem cuidado e preciso, é sempre digno de admiração. Na sua obra, constam, entre outras, as narrativas "O Visitante Maldito", "A Sombra do Gavião", "Kumalo" e, talvez no topo, "Luz do Oriente".


Prancha de "Luz do Oriente"
Prancha de "Kumalo"

Nota: A rubrica "A BD a Preto e Branco" que hoje iniciamos, será subdividida entre as escolhas pessoais de Luiz Beira (10 posts e 30 autores) e de Carlos Rico (idem), num total de 60 autores! As duas imagens que ilustram a obra de cada autor foram criteriosamente escolhidas por Luiz Beira e Carlos Rico e por esta ordem serão sempre apresentadas.