terça-feira, 31 de março de 2015

NOVIDADES EDITORIAIS (70)

AMARILLO - Edição Arcádia. Argumento de Juan Diáz Canales e arte gráfica de Juanjo Guarnido.
É o quinto tomo da popular série “Blacksad”, série que agora é retomada em português pela Arcádia do grupo Babel.
O álbum recebeu o Premio Nacional de Comic, que é o mais alto galardão atribuído em Espanha a uma obra de Banda Desenhada.
Com o habitual clima policial da série, existe aqui uma boa dose de equívocos e algum humor que precipitam o detective Blacksad para uma bem animada aventura.


LE RESTE DU MONDE - Edição Casterman. Autor: Jean-Christophe Chauzi.
Este autor francês já com vasta obra que tem merecido grandes elogios, atira-se agora a um tema maravilhoso e inquietante. Uma jovem mãe e os seus dois filhos menores, no seu regresso, rumo a Paris, de umas férias na montanha, ficam isolados numa aldeia devido a duas catástrofes quase em simultâneo: uma violenta tempestade e um terramoto. Quase tudo fica destruído e várias vidas são ceifadas. Mas há que sobreviver com toda a coragem e com toda a esperança!... Como manter a sua parte de humanidade no esforço para a sobrevivência?
Uma obra dramática de leitura obrigatória.


 
NAMIBIA / 5 - Edição Dargaud. Argumento de Leo e Rodolphe e traço de Bertrand Marchal.
É o quinto e último tomo do “ciclo Namíbia”, relatando no assustador aspecto insólito e de ficção científica, as aventuras e investigações da agente inglesa Kathy Austin.
Experiências diabólicas de nazis numa aparente clandestinidade e temíveis ameaças de extraterrestres...
O perigo e a aniquilação pairam sobre a Humanidade...


LA COBAYE - Edição Soleil. Argumento de Christophe Bec e traço de Rafa Fonteriz.
“La Cobaye” é o terceiro e último tomo da série “Le Meilleur Job du Monde”.
O jovem inglês Doug Ellis respondeu a um misterioso e sedutor anúncio que ofertava “o melhor trabalho do mundo”. Terá de passar uma larga temporada na paradisíaca “ilha Carpenter”, nas proximidades da Austrália, que pertence ao enigmático casal Mason... Doug terá de zelar por tudo e mais alguma coisa na ilha, inclusivé manter impecável o belo e rico casarão, que receberá turistas e os próprios donos...
Mas quando Doug fica só e deslumbrado, cedo começa a sentir uma fatal derrocada para a sua vida, com pesadelos, alucinações e a enfrentar maquiavélicos nazis (com um laboratório no subsolo da ilha) que executam friamente transplantes de órgãos...
Uma novela trágica e sufocante sem o tradicional final feliz.


LA VEUVE - Edição Soleil. Argumento de Stéphane Betbeder e traço de Erwan Seure-Le Bihan.
“La Veuve” é o quinto tomo da série “Oracle”, onde os humanos desafiam e confrontam os caprichos e desmandos dos deuses do Olimpo.
Sem contemplações no argumento, é de salientar nesta obra o magestoso grafismo de Le Bihan, apoiado nas cores por Élodie Jacquemoire com momentos deslumbrantes
LB

sexta-feira, 27 de março de 2015

EVOCANDO (13)... JOSÉ ANTUNES

José Antunes (1937-2010)
Passam hoje cinco anos desde que José Gomes Antunes nos deixou fisicamente para sempre. Exactamente: tal triste facto aconteceu a 27 de Março de 2010.
Talentoso desenhista e capista, era um autêntico amigo de seu amigo, desinteressado, generoso, optimista, brincalhão, sempre com uma graça na ponta da língua, que a todos divertia.
Foi homenageado ao vivo nos Salões “Sobreda BD/1997” e “Moura BD 2004”.
O GBS (Grupo Bedéfilo Sobredense) há muito que luta para que na freguesia-vila  de Sobreda, o seu nome seja merecidamente dado à toponímia local, mas tem-se arrastado uma estranha apatia de quem de direito...
Incrivelmente, José Antunes, não tem um único álbum com a sua Banda Desenhada, de forma individual!... Para além da bela e invejável colaboração para tantos jornais e revistas, incluindo a "Tintin" belga, registam-se dois álbuns colectivos com o título "Grandes Portugueses" (editados pela revista "Camarada", em meados dos anos 60) e os mini-álbuns "Cadernos Sobreda BD" e "Cadernos Moura BD". 
 
Capas dos "Cadernos Sobreda BD" #12 (1997) e "Cadernos Moura BD" #5 (2004),
únicas publicações dedicadas por completo a José Antunes, por estranho que pareça.

Participou ainda no álbum colectivo “Salúquia”, editado pela Câmara Municipal de Moura, em 2009. Foi este, aliás, o seu derradeiro contributo para a banda desenhada.
Pranchas 1 e 2 de "A Lenda da Moura Salúquia" (Ed. Câmara Municipal de Moura, 2009)

Esboços para "A Lenda da Moura Salúquia"

Elaborou o cartaz da “Sobreda BD/1999”, cuja ilustração foi estampada em t-shirts, distribuídas nesse ano. Aliás, foi a única vez em que o GBS e a Junta de Freguesia de Sobreda, “mandaram” fazer camisetas alusivas ao salãoBD local.
O BDBD regista hoje e aqui, com muita saudade, a data em questão, com alguns exemplos do seu traço (ou traços, pois com os anos, ele foi mudando o estilo).
JOSÉ ANTUNES,  tal como Fernando Bento, Vítor Péon, Manuela Torres, Eduardo Teixeira Coelho, José Batista (Jobat), Fernandes Silva, António Barata e Carlos Roque, está e estará sempre connosco!
 LB
Capa e prancha de "Geraldo Sem Pavor", in "Mundo de Aventuras" #369 a #380 (1956-57)

Capa e prancha de "Tonecas no Jardim Zoológico",
in "Mundo de Aventuras" #386 a #405 (1957)
"Martim de Freitas", in "Camarada" (2.ª série) #9 (1961)
"Duarte de Almeida, o Decepado", in "Camarada" (2.ª série) #9 (1962)
"Liberdade, Liberdade", in "Camarada" (2.ª série) #24 (1963)
Vinheta inédita para uma história de cowboys, projecto que acabou por ficar na gaveta
Ilustração original e capa da revista Pisca-Pisca #27 (1970)
Ilustração original para a capa de um romance clássico: "O Cão dos Baskerville"
Três capas, das muitas que José Antunes produziu,
para a "Biblioteca RTP - Clássicos em Banda Desenhada"
Três magníficas capas que José Antunes criou para "O Conde de Monte Cristo"
(Edição Romano Torres, 1980)
José Antunes, recebendo o "Troféu Balanito de Honra",
durante a homenagem de que foi alvo no salão Moura BD 2004.
José Antunes ladeado por Artur Correia e pela sua companheira, Margarida, durante o lançamento do álbum "Salúquia - a Lenda de Moura em Banda Desenhada", em Junho de 2009. Uns meses depois deixar-nos-ia.

terça-feira, 24 de março de 2015

A BD A PRETO E BRANCO (22) - As escolhas de Luiz Beira (12)

EUGÉNIO SILVA (1937).
Nasceu e reside no Barreiro. Cursou na Escola de Artes Decorativas António Arroio (Lisboa). Colaborou para  muitos periódicos e para livros escolares. Está também muito ligado à Pintura e ao Teatro amador. Foi homenageado em diversos Salões-BD. Da sua bibliografia, salienta-se "Amoni", "Matias Sandór", "A Gruta dos Três Irmãos", "Eusébio, o Pantera Negra", "Inês de Castro" e "José do Telhado" (inédito).
Prancha de "Amoni"
Prancha de "Matias Sandór"



FERNANDES SILVA (1931-2010)
Nasceu em Lisboa e estudou, como diversos colegas seus da BD, na Escola António Arroio. Tem ilustrações e banda desenhada dispersa por várias publicações. Foi homenageado na Salão "Sobreda-BD 2000".
Maravilhoso na sua 9.ª Arte pela linha do "absurdo", os pontos altos da sua curta, mas espantosa, obra, residem essencialmente na série do seu herói "O Ponto, o Detective Sem Rosto" e na magnifica adaptação que fez  do clássico literário "Alice no País das Maravilhas".
Prancha de "Alice no País das Maravilhas"
Prancha de "O Ponto"


FERNANDO RELVAS (1954).
Nasceu em Lisboa. É um dos mais notáveis da "nova geração". Colaborou para diversas publicações e tem alguns belos álbuns editados. Viveu alguns anos na Croácia. A sua arte vigorosa é, às vezes, controversa. No entanto, a sua "obra de honra" regista-se indelevelmente com as aventuras do "Espião Acácio". Uma deliciosa loucura num fino traço a preto-e-branco.
Prancha dupla de "O Espião Acácio"
Prancha de "Rosa Delta sem Saída"

sexta-feira, 20 de março de 2015

PELA BD DOS OUTROS (15) - A BD DA POLÓNIA

Localização da Polónia na Europa
A 9.ª Arte polaca não se restringe apenas ao famoso e consagrado Grzegorz Rosinski, seguido de perto pelo seu amigo Kas. Há muitíssimos outros valores... mas já lá iremos.
A Polónia é uma república no norte-leste europeu, com a capital em Varsóvia, que pertence à União Europeia e à OTAN, tendo como moeda o zloty.
É um dos países mais religiosos da Europa, com uma maioria notória de católicos e até com um Papa, na pessoa de João Paulo II.
Nação com origens muito antigas, tem uma rica e conturbada História. Foi invadida, por exemplo, de um modo devastador, por Adölf Hitler. Acabou por ficar dominada pelo imperialismo soviético até 1989, quando voltou a ser totalmente livre e independente, após as intensas e patrióticas "lutas" do sindicato "Solidariedade", liderado por Lech Walesa.
Pela Ciência, Literatura, Música, Cinema, Desporto, Banda Desenhada, etc, registam-se imensos valores, dos quais registamos breves exemplos.
Pela Ciência: Maria Sklodowska-Curie, que foi Prémio Nobel da Física, em 1903, e Prémio Nobel da Química, em 1911. Entre vários outros valores, o notável matemático Antoni Zygmund.
Pela Literatura: o romancista Henryk Sienkiewicz, que recebeu o Prémio Nobel da Literatura em 1905, de cuja obra se salientam os famosos romances "Quo Vadis" e "Através do Deserto" (que teve uma brilhante adaptação à BD pelo nosso mestre José Garcês). Registam-se os dramaturgos Slawomir Mrozek e Ryszard Cieslak e poetas como Bruno Jasienski ou Adam Mickiewicz.
Pelo Desporto: os grandes nomes são os de Robert Kubica, o primeiro piloto polaco de Fórmula Um, e o futebolista Zbigniew Boniek.
Pela Música: o grande e incontornável exemplo é o de Fryderyk Franciszek Chopin (nascido  na Polónia, filho de mãe polaca e pai francês exilado). Mas contam-se ainda outros talentos como Krzysztof Penderecki, Josef Hofmann, Ignaz Friedman, etc.
Pelo Cinema: dois nomes especiais se demarcam, o realizador Jerzy Kawalerowicz e o actor Jerzy Zelnik, ambos conotados com o belíssimo filme (uma obra-prima!), "O Faraó".
E chegamos enfim à Banda Desenhada.
No vasto universo da Banda Desenhada polaca (os brasileiros diziam polonesa... Como será agora nesse disparatado "acordês"?), há valores que merecem toda a nossa admiração, estejam ou não suas criações publicadas em português, uma vez que muitas existem em francês e/ou inglês.
Citam-se pois: January Misiak, Jakub Rebelka, Tadeusz Baranowski, Szarlota Pawel (pelas desenhistas polacas é a mais famosa), Rafal Szlapa, Janusz Christa (1934-2008), Henryk Chmielewski, Jacek Fras e, entre muitos outros, um exemplo da nova geração, Krzysztof Gawronkiewiz. 
Prancha de Tadeusz Baranowski
Arte de Krzysztof Gawronkiewiz 
Prancha de Jacek Fras
Tira desenhada por Rafal Szlapa
Por fim, então:
Kas (Zbigniew Kasprzak)
KAS, de nome próprio Zbigniew Kasprzak, nascido em Cracóvia em 1955, onde cursou na respectiva universidade, artes gráficas e arquitectura de interiores. Um dia conheceu Rosinski, de quem se tornou amigo, e este propôs-lhe que continuasse a série "Hans", que Kas passou a desenhar a partir do sexto tomo. Na sua obra, com destaque, contam-se também, uma biografia de Marilyn Monroe e as séries "La Fille de Paname" e "Halloween Blues".
Prancha de "La Princesse d'Ultis", 9.º tomo da série Hans", com desenho de Kas
Capa e prancha do álbum "Shooting Star", biografia de Marylin Monroe publicada pela Casterman
Prancha de "La Fille de Paname"

G. Rosinski
G. ROSINSKI , nascido em 1941 em Stalowa Wola, descobre acidentalmente a Banda Desenhada quando, no seu país, deparou com exemplares da revista francesa "Vaillant". E foi aos 16 anos que se atreveu a criar para a 9.ª Arte. Passou-se para a Bélgica e hoje é um dos incontornáveis gigantes da BD europeia.
Já esteve em Portugal numa das edições do Festival da Amadora. Das suas deslumbrantes criações, contam-se as séries "Hans", "Thorgal", "La Vengeance du Comte Skarbek", "La Complainte des Landes Perdues" e o álbum único, "Western". Muito embora haja uma idolatração pelo seu herói-série "Thorgal", a nosso ver, a sua obra por absoluta excelência e até agora, continua a ser "Le Grand Pouvoir du Chninkel", também com edição portuguesa.
LB
Alguns exemplos da arte de Rosinski
Prancha de Janusz Christa
Prancha de Tadeusz Baranowski
Arte de Jacek Fras
Prancha de January Misiak