segunda-feira, 31 de agosto de 2020

BREVES (85)

CORONAVÍRUS COM HUMOR (3)
Tínhamos decidido não voltar mais a este assunto mas o facto é que a pródiga imaginação de inúmeros cartunistas, por esse mundo fora, nos obriga a incluir mais um lote de excelentes cartunes, quanto mais não seja para nos alegrar um pouco a alma, nestes tempos conturbados em que vivemos.
Desfrutem destas pequenas maravilhas, sem nos esquecermos todos de continuar a cumprir com as normas de segurança (distanciamento social, uso de máscara e lavagem regular das mãos) para que, juntos, possamos levar de vencida esta batalha no mais breve período de tempo.  
Cartune de Kléber (Brasil)

Cartune de Kal (EUA)

Cartune de autor desconhecido
Cartune de Bénédicte (Suiça)
Tira de Pietro Soldi (Brasil)
Cartune de Santiago (Portugal)

Cartune de Nuno Saraiva (Portugal)



"O MALHADINHAS" EM VISEU


Continua patente, no Mercado 2 de Maio, em Viseu, a exposição de banda desenhada "O Malhadinhas", de Fernando Santos Costa, uma produção conjunta entre o Gicav - Grupo de Intervenção e Criatividade Artística de Viseu, a Câmara Municipal de Viseu, a Viseu Marca e o Instituto Português do Desporto e Juventude.
Uma outra exposição, sob igual temática, mas na vertente de cartune, complementa a primeira, no mesmo espaço (sito na Rua Direita, n.º 125).
As mostras poderão ser visitadas até 21 de Setembro.



FALECEU ANDRÉ-PAUL DUCHÂTEAU

O grande argumentista belga André-Paul Duchâteau faleceu no passado dia 26 de Agosto, aos 95 anos.
Nascido em Tournai, escreveu romances policiais e radionovelas antes de se estrear na banda desenhada na revista "Bravo", em 1947. Estabeleceu, mais tarde, em 1951, uma prolífica parceria com o desenhador Tibet, escrevendo argumentos para as famosíssimas séries Ric Hochet, Chic Bill, Os 3 Ás ou Alan Chevalier, entre outras, com centenas de álbuns publicados.
Por vezes assinava os seus argumentos como Michel Vasseur.
Foi chefe de redacção e director artístico da revista Tintin. Venceu o Grande Prémio da Literatura Policial (1974) e o Grand Prix Saint-Michel (2003 e 2010).



ANIVERSÁRIOS EM SETEMBRO

Dia 02 - Leonardo de Sá e Gerrit De Jager (holandês)
Dia 04 - Lucien De Gieter (belga)
Dia 05 - Stédo (belga)
Dia 06 - Ricardo Blanco
Dia 08 - Catherine Labey
Dia 09 - José Abrantes, Vicente Segrelles (espanhol) e Valentin Tánase (romeno)
Dia 13 - Luis Filipe Mendes (do GICAV) 
Dia 14 - Puiu Manu (romeno)
Dia 24 - Mara Mendes
Dia 26 - Spiros Derveniotis (grego)
Dia 27 - Pol Leurs (luxemburguês) e Matthias Schultheiss (alemão)

CR/LB

quinta-feira, 27 de agosto de 2020

NOVIDADES EDITORIAIS (200)

TINTIN, C'EST L'AVENTURE / 4 - ​Edição Geo / Moulinsart.
Com um "terrível" atraso, finalmente este número correspondente aos meses de Fevereiro/Março/Abril! 
Anda todo o mundo desnorteado e as culpas não são apenas do Covid-19...
Este n.º 4 centra-se sobretudo na relação de Hergé (e do Tintin) com os Estados Unidos da América do Norte.
Porém, não faltam temas apaixonantes como as entrevistas com o desenhista Johan De Moor e com o aventureiro ecologista Nicolas Vanier, a história verdadeira com o pirata John Rackham, que inspirou Hergé para o personagem "Rackham, o Vermelho", e ainda o destacável exclusivo "La Survivante du Titanic", com argumento de José Luis Bocquet e arte de Catel Müller.
O n.º 5 (Maio-Junho-Julho) já saiu em França a 27 de Maio. Quando estará à venda em Portugal?... Mistério!



LIVRO 1, RUE DE L'ABREUVOIR - ​Edição Ala dos Livros. Autor: François Bourgeon.
O desenhista e argumentista francês François Bourgeon, tem uma grande multidão a admirá-lo, sobretudo pela sua maravilhosa série "Os Passageiros do Vento", com sete álbuns publicados entre nós há algum tempo.
Agora, foi a Ala dos Livros que se empenhou neste gesto em devida continuação, com o díptico "O Sangue das Cerejas", cujo Livro 1 aqui divulgamos.

Os nossos bourgeonófilos estão agora em muito boa maré. 
A ler!...



O PENTEADOR - ​Edição Escorpião Azul. Autor: Paulo J. Mendes.
É um álbum incrivelmente divertido, numa sucessão de absurdos hilariantes, com ironias e mordacidades, marcando em força o regresso de Paulo J. Mendes à Banda Desenhada.
Por esta narrativa, tudo é um panorama cheio de humor, a começar pelos nomes dos personagens, como Mafaldo Limparrim (o principal), Manganéfero Alheiro, o papa Dom Ligberto, o anjo Atrofiel, a criada Gasolinda, etc, e, até, o gato Iogurte. E há um restaurante típico que só serve duas especialidades: favas com chicória e chicória com favas!...
"O Penteador" é um positivo e refrescante álbum de aconselhável leitura para estes quentes dias de verão.

LB

segunda-feira, 24 de agosto de 2020

​BD E HISTÓRIA DE PORTUGAL (18) - SALGUEIRO MAIA


De seu nome próprio Fernando José Salgueiro Maia, nasceu em Castelo de Vide (onde, a seu pedido, está sepultado em campa simples) a 1 de Julho de 1944 e faleceu em Lisboa a 3 de Abril de 1992. Era casado com Natércia Maia, donde dois filhos, Catarina e Filipe. Consta, sem provas, que terá um filho ilegítimo, possível fruto de um devaneio amoroso acontecido quando estava destacado na ilha de S. Miguel (Açores).... Em jovem e mesmo já adulto, viveu em Coruche, Tomar, Pombal, Leiria e Santarém. Chegou a integrar numa Companhia de Comandos na Guerra Colonial.
O Povo Português já há muito que ansiava por um gesto militar para o libertar dos sufocos ditatoriais do salazarismo. E, depois de várias tentativas falhadas, a vitória e a liberdade aconteceram a 25 de Abril de 1974. E as glórias máximas deste êxito cabem a Salgueiro Maia!
Humanista e generoso em absoluto, para ele próprio e para os outros, foi um impecável corajoso: teve a adesão total das suas tropas, em Santarém, quando lhes fez um aviso e desafio; enfrentou, firme e desarmado, a histeria de um tal brigadeiro Pais, no Terreiro do Paço (Lisboa), que ordenava que o prendessem ou o abatessem, só que todos os soldados em frente baixaram as armas e passaram-se para o "atrevimento" de Salgueiro Maia.
Depois, foi a grande ocasião em Lisboa, no Quartel do Carmo, cercado por um imenso povo eufórico: ordenou e conseguiu, que não houvesse "sangue". E também foi ele que, em paz, negociou a rendição de Marcelo Caetano (que não foi tão salazarista como isso...) e o protegeu para o avião que o levou ao exílio (Madeira primeiro, Brasil depois).

E a seguir?!... Como reza a História de sempre, as revoluções comem sempre os seus heróis. E ingratamente assim foi: já "invejado", foi transferido para a ilha de S. Miguel, ainda em 1975, voltando para a "sua" Santarém em 1979.
Recusou sempre qualquer cargo político. 

Foi promovido a major em 1981 e, mais tarde, a tenente-coronel.
Em 1989, foi-lhe diagnosticado um cancro e, apesar de cirurgias, faleceu a 3 de Abril de 1992.
Recebeu a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade, o Grau de Grande Oficial da Antiga e Muito Nobre Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito e a Medalha de Ouro de Santarém. E também, já a título póstumo, o Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa agraciou-o com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique, a 25 de Abril de 2016.
Tem uma estátua em Santarém e um busto em Castelo de Vide. 

Estátua de Salgueiro Maia, em Santarém, da autoria de Álvaro França
O seu nome consta na nossa toponímia e a Filatelia também não o esqueceu.
O Cinema Português honra-o com três longas-metragens. 
Em 2000, dois filmes: "Capitães de Abril", dirigido por Maria de Medeiros e com o actor italiano Stefano Accorsi no papel principal, e "A Hora da Liberdade", dirigido por Joana Pontes e com o actor Manuel Wiborg como Salgueiro Maia. 
Para estrear ainda em 2020, Sérgio Graciano realizou "Salgueiro Maia, o Implicado", com Tomás Alves no personagem titular.
Os actores Stefano Accorci, Manuel Wiborg e Tomás Alves

E cá estamos agora na Banda Desenhada... 
Só nos constam, até ao momento, duas obras: "Salgueiro Maia, o Rosto da Liberdade" com texto e traço de António Martins (1949-2012)...

...e, na série "Os Super-Heróis da História de Portugal", o fascículo "Salgueiro Maia", com texto de António Gomes de Almeida (1933) e arte de Artur Correia (1932-2018).

E por hoje, ficamo-nos por aqui, com a plena gratidão ao heróico Fernando Salgueiro Maia.
LB

terça-feira, 18 de agosto de 2020

A INFLUÊNCIA DA CENSURA NAS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS, EM PORTUGAL (4) - por José Ruy

Vou contar-vos os pormenores de um grande desafio que tive em 1972 com a censura, então em funções para as publicações infantojuvenis.

Para melhor compreenderem o ambiente criado que levou a essa situação, começarei por relatar factos anteriores.
Recuemos aos anos 1968...

Quando se iniciou a publicação da revista Tintin em Portugal, constava do contrato o preenchimento das suas páginas com material de origem belga e francesa, ficando uma proporção de 20% destinado à colaboração portuguesa.
Foi entregue ao Vítor Péon essa colaboração, que executou com o seu saber e experiência, também com textos de sua autoria. 
Eu achei muito bem, pois escolheu episódios da nossa história pátria, já que 80% da revista era preenchida por histórias estrangeiras. 
Foi uma maneira de marcar presença junto do nosso público jovem.
E nessa linha, foi publicando a «Batalha de Aljubarrota», «Os Lusitanos», «Sertório», as «Descobertas Marítimas», «Diogo Cão», «Pedro Álvares Cabral e o Brasil», «A Travessia do Atlântico Sul», tudo muito bem documentado e desenhado com rigor.
Prosseguiu com «A presença portuguesa em Macau», «Fernão de Magalhães», «O Infante D. Henrique», «Gorongosa e outras reservas de caça em Moçambique». 
E enveredou pelas campanhas portuguesas em África. 
Mas aí surgiu um problema. Não com a censura em Portugal, mas com os responsáveis pelas revistas Tintin e Spirou, que protestaram, pois nessa altura os belgas tinham perdido o Congo, e considerando que as colónias em África estavam a acabar, não achavam bem que em Portugal, que mantinha teimosamente as suas, fizessem alarde disso.
As administrações da Bertrand Editora e da Íbis, associadas nesta edição portuguesa do Tintin, entraram em pânico, e temendo que anulassem o contrato, resolveram, não só suspender essas histórias, mas até a colaboração portuguesa, preenchendo o espaço com mais material franco belga.
Como devem calcular, isso motivou grande apreensão da nossa parte, operadores da Bertrand e Íbis, respetivamente do Dinis Machado, do Paulo Madeira Rodrigues, do Teixeira Abreu e eu próprio. Habitualmente íamos almoçar juntos numas tasquinhas na periferia da redação, e aí comentávamos esta medida de censura interior, pois a decisão mais acertada teria sido controlar os temas da colaboração portuguesa, mas nunca cortá-la definitivamente. Dessa maneira a revista ficou totalmente estrangeira.
E comentando a atitude que podíamos ter para com a nossa censura, afirmei que a única maneira de ludibriar os censores, seria pelo humor, como o Goscini e o Uderzo conseguiam nas Aventuras de Asterix. Para além da comicidade das situações criadas, eles caricaturavam personagens da política francesa, o que atraia o público adulto, que percebia as piadas com o seu segundo sentido, oportunas e acutilantes. 
E avancei, que na linha do «Asterix», podíamos contar uma história dos «Lusitansos», tirando partido do trocadilho, gozando com a política. Isso dava motivo para sãs gargalhadas nas nossas horas de almoço.
O Madeira Rodrigues avançava com ideias para personagens que podiam fazer parte dessa história impossível. Criou um «Lusibanco», personagem meio deficiente, que não conseguia andar muito, uma espécie de Pina Manique e Salazar, que inventara o «escudo», a moeda padrão, a partir das cetras, (escudos de defesa).
Eu ia fazendo apontamentos num bloco e dando volume às personagens, em rabiscos rápidos sobre o joelho.

Achei então que todas as personagens a criar se chamariam «Lusis», a partir da palavra Lusitanos, e assim criei a Lusidia, mulher obesa, inspirada nas estatuetas encontradas nas exumações de castros.
O Madeira Rodrigues acrescentava ideias que eu registava, para que não nos esquecêssemos.

E as piadas seguiam-se dia após dia, entre mim e o Madeira Rodrigues como que num desafio, para gozo dos colegas de nós próprios.
Era a construção de personagens para uma história que nunca seria publicada, mas que nos dava muita satisfação em cria-la.

No próximo episódio: 
O avolumar de uma utopia

sexta-feira, 14 de agosto de 2020

HERÓIS INESQUECÍVEIS (71) - D. JOÃO E CEBOLINHA


Em 1956 (ai, como o tempo nos devora!...), o saudoso mestre Artur Correia, teve a belíssima inspiração de criar para a revista "Cavaleiro Andante", do #220 ao #234, a primeira - que se ficou por única - narrativa com uma impagável parceria de heróis: D. João e Cebolinha.
Foi um delirante estoiro que logo agarrou o entusiasmo total dos nossos bedéfilos.
Uma inesperada paródia…
Considere-se que D. João é uma caricatura bem achada àquele galã corajoso, aventureiro e "conquistador", quiçá com atitudes um tanto gabarolas… Cebolinha é o contraponto e também o mais divertido.
Os actores António Vilar (1912-1995), que até foi o protagonista, em 1950, do filme espanhol "D.Juan", e Costinha (1891-1976), cremos, inspiraram voluntária ​ou por acaso, em genial caricatura na nossa BD, estes ​inapagáveis personagens.
​Esta narrativa foi republicada na íntegra no #14 da ​colecção "Antologia da BD Portuguesa" (Ed. Futura), que ​cedo se finou…

Capa e pranchas de "Aventuras de D. João e Cebolinha", por Artur Correia
in Coleccção Antologia da BD Portuguesa #14, Editorial Futura (1985)

​D. João e Cebolinha, de qualquer modo e graças à arte e ao humor de Artur Correia, e ainda pelo imediato êxito que ​obtiveram, ficaram para sempre registados na lista dos nossos inolvidáveis heróis-BD.
​Atenção: o álbum citado parece que está mais do que esgotado!... Alguém o reedita?...
LB

sábado, 8 de agosto de 2020

TALENTOS DA NOSSA EUROPA (48) - ​JORDI PLANELLAS ​(Andorra)

É quase incrível, mas é verdade - quando por isto e por aqueloutro, se fala da europeia Península Ibérica, salvo raras excepções, só se mencionam dois países: Portugal e Espanha!...Então, o pequeno país, o famoso Principado de Andorra, para cá dos Pirinéus e portanto também ibérico, fica onde?!...
Ao que consta, é uma bela e pequena nação, com muitos residentes portugueses, plenamente apontada para actividades culturais e desportivas, com dois (?!) Chefes de Estado: o espanhol Bispo de Urgel e o Presidente da República Francesa (seja ele qual for). Que bizarria!...

Jordi Planellas
Mas Andorra também tem os seus valores na BD, sendo o mais notório, Jordi Planellas Moral, de seu nome completo.
Nasceu a 19 de Julho de 1975.
Tem a sua arte gráfica bem firmada e está editado, sobretudo, em Andorra, Espanha (Catalunha) e França.
Em 2004, deu-nos o gosto da sua presença e convívio na edição da "Sobreda-BD" desse ano. Impecável na sua simpatia, por cá deixou saudades. Mesmo assim, nesse mesmo ano, alguns dos seus trabalhos foram também expostos nos salões de Moura e de Viseu.
Entretanto, o BDBD, fez-lhe uma brevíssima entrevista a 23 de Setembro de 2012. Pouco tempo antes, Jordi Planellas, casou, procriou e tem também "procriado" na sua banda desenhada, estranhamente, ainda inédita em português.

Da sua obra, salientamos:
Na linha da ficção-científica, em 2002, a narrativa "Estacion Orbital", na revista espanhola "Reverso" #1.

Focando o Desporto (o Boxe): "Acte 1", primeiro tomo da série "Zigeuner", com argumento de Nathaniel Legendre e edição 12bis.
 

Outra vez com o Desporto, mas com paródia, o álbum "Bienveneux au JO", uma delirante ironia aos Jogos Olímpicos de Pequim, sob argumento de Benjamin Leduc.

"Bimbos", até agora com um único tomo, cheio de paródia e de erotismo.
 

"Historia Digital d'Andorra (2013) e "Historia Digital de Catalunya" (2015), sob edição Aloma.

Finalizando, lembramos que em Andorra, a moeda oficial, com cunho próprio, é o euro, e o idioma correcto e próprio, é o catalão, muito embora aí se fale fluentemente, o castelhano, o francês e, até, o português.
LB