sábado, 31 de julho de 2021

NOVIDADES EDITORIAIS (221)

MATTÉO, Quarta Época - Edição Ala dos Livros. Autor: Jean-Pierre Gibrat.
O francês Jean-Pierre Gibrat é um caso admirável e muito sério na actual Banda Desenhada europeia. 
Da sua já tão prestigiosa obra, alguns exemplos já foram editados em português, como: "Destino Adiado" (Le Sursis), "Maré Baixa" e, em curso, "Mattéo". Os dois primeiros tomos foram editados pela Vitamina BD e depois, a partir do terceiro, pela Ala dos Livros.
O mundo está em vésperas da catastrófica Segunda Grande Guerra e, pelas terras de Espanha, já decorre a abominável Guerra Civil, onde a sempre sacrificada Catalunha sofre mil e uma amarguras. É neste terrível ambiente que circula Mattéo, corajoso e desencontrado, cercado de violências, intrigas, traições e heroicidades.
Nesta série, o argumento e a arte de Gibrat marcam altos pontos na BD europeia.


HOMO ERECTUS - ​Edição Glénat. Autor: Ralf König.
Este impagável alemão continua imparável na sua implacável ironia através das narrativas que vai elaborando.
Desta vez, com "Homo Erectus" ou "O Maior Mistério da Evolução", transporta-nos com uma maravilhosa paródia, para a caminhada da Humanidade desde os seus primórdios até aos absurdos dos dias de hoje. Desde o caminhar-se na horizontal, como qualquer outro animal, até ao andar-se na vertical, com apostas anedóticas de ideias e erros que vão surgindo.
Um álbum delicioso que bem nos diverte.


O IMPENSÁVEL NAB... - ​Edição Bamboo. Autores: Goulesque e Roger Widenlocher no argumento, com este último também no traço, enquanto as cores são de Annie Gille.
É agora, o quarto álbum da série "Les Nouvelles Aventures de Nabuchodinosaure " (o Nab, para os íntimos).
São tantos e bem achados os disparates, que é impossível ficar-se impávido, sério e sereno. O humor anda à rédea solta e, enquanto o admiramos, fazemos uma salutar pausa ante as nossas angústias do dia-a-dia.
Obrigado, Roger Widenlocher!


MIMI & EUNICE - Mimi & Eunice é um apanhado de tiras de banda desenhada que evidenciam a relação conflituosa da criação artística. Com diálogos curtos e diretos, as personagens Mimi e Eunice convidam-nos a pensar sobre o tema de forma inteligente e bem-humorada.
Da autoria da cartunista norte-americana, animadora e ativista da cultura livre Nina Paley, as tiras possuem um estilo gráfico simples e abordam temas como propriedade intelectual, ironia, hipocrisia e política, num tom sarcástico e humorado.
Disponível em várias lojas e plataformas online, em formato físico e digital. Pontos de venda em: https://fabd.weon.pt/
LB/CR

quinta-feira, 29 de julho de 2021

BREVES (96)

LAMIRÉS E ZUNZUNS
EUGÉNIO SILVA vai ser reeditado. De fonte fidedigna, soubemos que a Câmara Municipal do Seixal está em negociações com este desenhista para lhe reeditar o álbum "A História do Seixal em Banda Desenhada", que está esgotado. Aproveitando esta boa onda, fazemos votos para que alguma atenta e sensível das nossas editoras lhe reedite os álbuns "Inês de Castro" e "Matias Sandór", também esgotados. Será?

Consta que JOSÉ PIRES está a acertar com a Âncora para a edição em álbum de alguns dos seus trabalhos que têm saído no "Fandaventuras". Oxalá!...

​Em Viseu, talvez lá para Novembro, deverá haver uma exposição e a merecida homenagem pública, referente a LUÍS LOURO. Até que enfim!


CARLOS ALMEIDA ESTREOU-SE NO ROMANCE
Carlos Alberto Almeida é um dos enérgicos fundadores do GICAV (Grupo de Intervenção e Criatividade Artística de Viseu). Além de professor, é também poeta, pintor, cronista e, ainda, um entusiasta pela Banda Desenhada e pelo Teatro de Marionetas.
Com edição do próprio, estreou-se agora numa corajosa aposta no romance histórico: "Lafões, o Despontar de um Reino".
Um belíssimo trabalho, onde junta a lenda com uma intensa pesquisa histórica. Uma obra que merece bons aplausos e que, pelos leitores, certamente suscitará algumas salutares divergências.
A capa do livro é da autoria de seu filho Dani Almeida, por norma, ilustrador e desenhista-BD. A ambos, pai e filho, as nossas plenas felicitações.


ANIVERSÁRIOS EM AGOSTO


Dia 01 - Andrei Ariniuchkine (bielorrusso)

Dia 03 - Miguel Montenegro
Dia 06 - Manuel Caldas
Dia 08 - Derib (suíço), Lu Ming (mongol)
Rolf König (alemão)
Dia 10 - João Neves e Chistophe Blain (francês)
Dia 13 - Enrico Marini (italiano)
Dia 15 - Tozé Simões e Pedro Massano
Dia 17 - Álvaro
Dia 18 - Xabel Areces (espanhol)
Dia 27 - Nuno Saraiva
Dia 28 - Joann Sfar (francês)
LB

sábado, 24 de julho de 2021

CAPAS (23) - FERNANDO BENTO (2.ª Parte)

Fernando Bento (1910-1996)
(Continuação do post anterior)

"A Ilha do Tesoiro", teve quatro capas: no álbum pelas Iniciativas Editoriais, na revista "Diabrete", na revista "Mundo de Aventuras" e na reimpressão em álbum pelas edições Futura.
"Serpa Pinto" teve três capas: nas revistas "Diabrete" e "Mundo de Aventuras e na reimpressão em álbum pelas edições GICAV (Viseu).
"O Pequeno Tambor", teve duas capas: na revista "Diabrete" (1949) e na reimpressão no "Almada-BD Fanzine" (1990).
Quanto a "Um Campeão Chamado Joaquim Agostinho", originalmente publicado em 1973 no vespertino lisboeta "A Capital", só ganhou direito a capa num arranjo especial por Carlos Rico, para a edição em álbum em 2010, pelo GICAV.
Muitas e muitas capas criadas pelo belo, magnífico e fino talento de Fernando Bento, aqui não ficaram, logicamente, registadas... Paciência! Mas as que reproduzimos, depois de uma difícil escolha, já são bem admiráveis e sedutoras.
Viva Fernando Bento!
LB

sábado, 17 de julho de 2021

CAPAS (22) - FERNANDO BENTO (1.ª Parte)

Fernando Bento (1910-1996)
Quando da justíssima comemoração do centenário de Fernando Bento (Moura, Sobreda, Viseu e Beja), ​um certo "entendido" e invejoso lisboeta, pleno de ​mentalidade opaca, atirou a sua opinião vazia que tudo ​isso era festejo efémero, pois, daí a um ou dois anos, mais ​ninguém falaria de Fernando Bento!... Como por ali ​não passava nenhuma mosca, da boca dele saiu merda!
​Fernando Bento existe sempre pelas belas obras que nos deixou. É, e será para sempre, aquele imenso e inapagável desenhista e pintor, de entre tantas outras artes em que foi elegantemente perito.
​Pela Banda Desenhada, com capas exemplares e invejáveis, é tudo tão maravilhosamente extenso que aqui no BDBD vamos marcar algumas das suas belíssimas capas por dois posts... 
Não se cingiu apenas a narrativas-BD que elaborou, como as fez com capas alusivas ao Natal, ao Carnaval, à Páscoa e por aí adiante...
No "Cavaleiro Andante", anda teve narrativas como "A Ilha Perdida" ou "Quintino Durward", que não tiveram a honra de uma capa!...
Por sua vez, no saudoso "Diabrete" (que antecedeu o "Cavaleiro Andante"), fez capas (e ilustrações soltas, como num estilo de "folhetim") para "O Sinal do Zorro" e "O Pequeno Lord".
Em "O Mistério do Tibete", publicado no "Cavaleiro Andante" (1952), onde se relata a real aventura do missionário António de Andrade, a narrativa não teve capa e só a ganhou quando reeditada nos "Cadernos Sobreda-BD" #1, em 1991. 
Por sua vez, para "Beau Geste" criou duas capas diferentes: a primeira saiu em 1952, no "Cavaleiro Andante" e a segunda, na reedição em álbum (ed. Futura, 1982).
Em próximo post, aqui registaremos mais algumas das suas capas que adjectivamos... de luxo!

LB

quinta-feira, 8 de julho de 2021

NOVIDADES EDITORIAIS (220)

ORWELL - ​Edição Ala dos Livros. Autores: Pierre Christin e Sebastien Verdier e pontuais colaborações de alguns famosos, como André Juillard, Blutch, Juanjo Guarnido, Enki Bilal e outros.
Esta monumental edição relata a vida do famosíssimo britânico George Orwell (aliás, Eric Arthur Blair), que também chegou a assinar como John Freeman. Nasceu na então Índia Inglesa, a 25 de Junho de 1903 e faleceu perto de Londres a 21 de Janeiro de 1950.
Aventureiro por excelência e bem viajado, fez de tudo um pouco na vida, mas a sua notável celebridade firma-se e afirma-se pelo seu jornalismo e pelos livros que escreveu. Destes, os mais célebres são "O Triunfo dos Porcos" (Animal Farm), que é uma implacável denúncia às ditaduras, e o terrível, sufocante e visionário "1984" ou "O Grande Irmão" (Nineteen Eighty-Fourt), do qual resultou e belo e angustiante filme homónimo com John Hurt e Richard Burton, em 1984, com realização de Michael Radford.
Este belíssimo álbum-BD exige uma atenta e obrigatória leitura.


AS ÁGUIAS DE SANGUE - ​Edição Gradiva. Autores​: com base na famosa série "Alix" criada por Jacques Martin, tem agora Valérie Mangin no argumento e Thierry Démarez na arte gráfica. Tradução de Jorge Lima. "As Águias de Sangue" é o primeiro tomo da série paralela alixiana "Alix Senator".
Estávamos a ver que esta belíssima série ia passar ao lado no nosso panorama editorial, mas, em boa hora, ela aí está por gesto empenhado e consciente da Gradiva, que desde já felicitamos.
Para quem não domina o idioma francês, agora já pode ler e coleccionar esta poderosa série na língua portuguesa. E com os nossos plenos aplausos!
Roma, se bem que sempre bela, devassa e colo de constantes intrigas de sexo e de política (com assassinatos) tem "agora" como imperador Octávio Augusto.....
"Alix" está agora na casa dos cinquenta e é senador. Educa seu filho "Tito" e "Khefren", filho do príncipe egípcio "Enak" (que não aparece neste tomo).
Estranhamente, águias treinadas e com garras envoltas em lâminas de oiro, provocam mortes. Porquê e por quem?!...
É esse bizarro e inquietante mistério que "Alix" vai ter de resolver...


OLIVER TWIST - ​Edição RTP/Levoir. Autores: segundo Charles Dickens, em argumento de Philippe Chanoinat e arte de David Cerqueira. Conta ainda com um dossiê final de Danielle Brouzet. A tradução é de Pedro Cleto.
Será talvez o mais belo e comovente romance de Dickens, uma denúncia frontal aos maus tratos que sofriam os órfãos, que eram bem usados e explorados em trabalhos condenáveis. O sofredor garoto Oliver acabará por encontrar um lar feliz...
Várias vezes adaptado a BD e ao Cinema, pois por esta 7.ª Arte chama-se a atenção para o musical "Oliver!", realizado por Carol Reed, em 1968, onde brilha de todo o elenco, o actor Ron Moody (1924-2015) no papel de "Fagin"...

LB

domingo, 4 de julho de 2021

ILUSTRAÇÕES E HISTÓRIAS EM QUADRINHOS por José Ruy (1)

Iniciamos hoje mais um conjunto de artigos da autoria do nosso colaborador e amigo Mestre José Ruy que, numa casual troca de e-mail's ocorrida há poucos dias, respondeu prontamente a um repto que lhe lançámos: escrever sobre uma área do seu trabalho talvez menos (re)conhecida pelo público bedéfilo - a das ilustrações que, ao longo da sua vida profissional, tem criado nas mais diversas temáticas.
Nesta área, incluem-se inúmeras capas e desenhos para o miolo de centenas de livros, revistas ou jornais onde José Ruy espalhou a sua Arte e o seu saber.
As histórias por detrás dessas ilustrações serão agora reveladas em primeira mão para deleite dos admiradores da obra de José Ruy, a quem agradecemos, mais uma vez, a prestimosa colaboração com que nos brinda.
Boas leituras!
Carlos Rico

...

O meu amigo Carlos Rico apresentou-me uma questão pertinente: os leitores conhecem melhor o meu trabalho nas histórias em quadrinhos, desconhecendo em grande parte as ilustrações chamadas soltas, em livros de texto ou em revistas. O facto é que tenho algum trabalho também nesse género de desenho. Mas podem dizer, que as vinhetas são ilustrações. Naturalmente que podemos considerar aplicar esse termo a cada um dos quadrinhos de uma narrativa gráfica, mas há uma diferença.
Na minha aprendizagem não me foi explicado o que difere de uma vinheta em relação a uma ilustração. Descobri isso observando, desde miúdo, primeiro a obra de ETCoelho no início da sua colaboração no jornal «O Mosquito», em comparação com as vinhetas das narrativas gráficas publicadas na mesma publicação, e depois outros autores.

Esta ilustração de Eduardo Teixeira Coelho conta um pedaço de uma história correspondendo rigorosamente ao texto de uma novela.
Aqui o desenho fala por si e corresponde ao que é contado numa parte da novela, apresentando-se intercalada no texto. Estas ilustrações precisam de mostrar não só o que se passa na cena escolhida, mas também pormenores do que é descrito entre imagens, como se uma das personagens usa bigode, se é magro ou forte, baixo ou alto.
Uma vinheta conta na sua sequência o desenvolvimento de um texto que é explicado em cada um desses desenhos, como um fotograma de uma película de filme. Cada desenho não é autónomo, precisa dos seguintes para contar a aventura e inclui o texto no seu próprio espaço.
Para fazer entender melhor a minha ideia, mostro agora uma prancha em quadrinhos do mesmo autor, E. T. Coelho, e da mesma época.
As legendas não estão ainda incluídas, mas tem os espaços reservados para elas.
Aqui, não é o desenho que está fora do texto, mas, pelo contrário, o texto vem dentro da sua área. A vinheta conta sempre uma fração de algo que se quer descrever.
Naturalmente que a técnica da narrativa gráfica, quando bem feita, resulta em conseguir que o leitor entenda o que se passa vendo só as vinhetas, sem precisar do texto, e este funciona depois como complemento de pormenor do argumento. Mas isso é outra história e, neste caso, interessa-nos falar das ilustrações soltas.
Quando iniciei a minha carreira, publicando o primeiro trabalho no jornal «O Papagaio» em 1944, curiosamente comecei como argumentista a escrever novelas com uma ou duas ilustrações.
Esta novela foi publicada em princípios de 1945.
Embora a minha colaboração fosse maioritariamente de narrativas gráficas, três anos mais tarde continuei a publicar contos e novelas no mesmo jornal.
Mas abordemos o tema que o Carlos Rico me propôs, mostrar as minhas ilustrações que foram ficando dentro de livros, portanto com menos visibilidade.

No próximo artigo:
Colaboração com Adolfo Simões Müller