O Infante D. Henrique visto por Carlos Alberto Santos (capa do n.º 4 da Colecção Mini Histórias da Nossa História) |
Na verdade, o ex-Mestre de Aviz, foi pai de dois filhos bastardos (Afonso,que foi o primeiro Duque de Bragança, e Beatriz) e do casamento com D.Filipa de Lencastre, de oito. Destes, os dois primeiros (Branca e Afonso) morreram crianças. Seguiu-se, pois, a bem notável Ínclita Geração: Duarte, Pedro, Henrique, Isabel, João e Fernando.
Vamos pois agora, à personalidade e ao gesto histórico do Infante D. Henrique, cognominado de "Henrique, o Navegador" (embora quase nada tenha navegado), que tinha como divisa Talant de Bien Faire (Vontade de Bem Fazer), que é também a divisa da nossa Escola Naval, que tem como patrono, precisamente, o Infante D. Henrique.
D. Henrique nasceu no Porto a 4 de Março de 1394 e faleceu em Sagres a 13 de Novembro de 1460. Em 1414, convenceu o pai a conquistar Ceuta, na costa norte marroquina. Na esquadra portuguesa de 200 naus, iam, para além de D. João I e de seus filhos Duarte, Pedro e Henrique, também D. Nuno Álvares Pereira (disposto ainda a combater se fosse preciso...). Ceuta foi tomada a 21 de Agosto de 1415. No final da vitória, D. João I armou cavaleiros esses seus três filhos e, em simultâneo, D. Henrique recebeu os títulos de Senhor da Covilhã e Duque de Viseu.
Foi este o ponto de partida para o glorioso e invejável gesto de Portugal ante o mundo inteiro: a epopeia imensa e heróica das Descobertas, com tudo o que de maravilhoso (e também algumas más consequências) tal valoroso empreendimento vinculou Portugal ao mundo... e para sempre.
D. Henrique, algumas vezes em Lisboa, alguns tempos em Tomar, mas quase sempre na zona Lagos-Sagres, deu todas as suas bem determinadas energias para a fabulosa "expansão". Rodeou-se de notáveis sábios (mesmo estrangeiros) e de corajosos e atrevidos navegantes. A 25 de Maio de 1420, é nomeado Grão-Mestre da Ordem de Cristo (que mais não era que a continuação portuguesa da ilustre Ordem dos Templários... mas isto, é outra História). Este cargo e estes recursos foram decisivos para a sua brilhante aposta ante o que o destino programava para Portugal, embora a tão falada "Escola de Sagres" talvez, na realidade, nunca tenha existido... É nestas espantosas aventuras marítimas que se "inventa" uma preciosa e revolucionária nau, a "caravela".
Em 1437, os portugueses tentam conquistar Tânger. Mas tal falhou e, em terras marroquinas, ficou prisioneiro D. Fernando, o irmão mais novo de D. Henrique. Só seria liberto se Portugal devolvesse Ceuta a Marrocos... D.Henrique, amargurado, recusa. Consta que o próprio D. Fernando (dito, o "Infante Santo") o incentivou a tal recusa...
Em 1437, os portugueses tentam conquistar Tânger. Mas tal falhou e, em terras marroquinas, ficou prisioneiro D. Fernando, o irmão mais novo de D. Henrique. Só seria liberto se Portugal devolvesse Ceuta a Marrocos... D.Henrique, amargurado, recusa. Consta que o próprio D. Fernando (dito, o "Infante Santo") o incentivou a tal recusa...
Quando D. Henrique faleceu, Portugal já povoava os arquipélagos da Madeira, Açores e Cabo Verde, que foram achados desabitados, e havíamos chegado até à costa da actual República da Serra Leoa.
É estranho que até hoje, não se tenha feito um único filme sobre o Infante D. Henrique!!!... Porém, pela Banda Desenhada (e Artes afins ou coladas, como a Pintura), tal está bem registado:
Capa e duas pranchas de "Infante Don Henrique", por José Ruy (edição de autor, 1960)
...e, no álbum "A Casa e o Infante", foca o nascimento desta importante figura da nossa História.
BAPTISTA MENDES - relata D. Henrique, em quatro pranchas sob o título "O Primeiro Inventor dos Descobrimentos", publicado no "Cavaleiro Andante"...
"O Primeiro Inventor dos Descobrimentos", por Baptista Mendes (in "Cavaleiro Andante" #430) |
...nos anos 80, a figura do Infante D. Henrique foi incluída (como não poderia deixar de ser) numa compilação de histórias sobre os descobrimentos portugueses na colecção "Antologia da BD Portuguesa" (Edições Futura)...
Reedição de "O Primeiro Inventor dos Descobrimentos", por Baptista Mendes, no n.º 4 da colecção "Antologia da BD Portuguesa" (Editorial Futura, 1983) |
...e por fim publica, com texto de MARGARIDA BRANDÃO, o álbum "Infante D. Henrique", inserido na colecção Navegadores Portugueses das Edições Asa.
Capa e prancha de "O Infante D. Henrique",
por Margarida Brandão e Baptista Mendes (Edições Asa, 1989)
FRED FUNCKEN - o casal belga Liliane e Fred Funcken criou, em quatro pranchas, "Henrique, o Navegador", narrativa publicada em português no "Mundo de Aventuras" n.º 504.
"Henrique, o Navegador", por Liliane e Fred Funcken
(in Mundo de Aventuras #504)
RAMÓN LLAMPAYAS - nascido em Espanha, cedo emigrou para o Brasil, sendo mesmo considerado como um desenhista brasileiro (talvez por hipotética naturalização). Tem um álbum, neste país, editado em 1960 pela EBAL, sob o título "Dom Henrique, o Navegador - História de um Príncipe de Portugal".
Duas pranchas de "Dom Henrique, o Navegador - História de um Príncipe de Portugal",
por Ramón Llampayas (edição EBAL, 1960)
PEDRO CASTRO - retrata a figura do Infante D. Henrique em dois números da colecção de fascículos "Herói"...
"A Ínclita Geração", por Pedro Castro (in Colecção "Herói", #5)
"D. Henrique", por Pedro Castro (in Colecção "Herói", #6)
FERNANDO BENTO - não nos consta nenhuma BD usando D. Henrique por este nosso admirável artista. Mas, em compensação, registamos uma sua pintura-ilustração que figura em "A Minha Primeira História de Portugal" (Ed. Verbo), sob texto de ANTÓNIO MANUEL COUTO VIANA.
"A Minha Primeira História de Portugal", por A. M. Couto Viana e Fernando Bento (Edições Verbo, 1984) |
CARLOS ALBERTO SANTOS - quase sempre assinando sem o apelido, publicou em cinco pranchas no V volume (n.º 1 ao 5) da "Colecção Audácia", a breve BD "O Infante Santo", onde D. Henrique figura na primeira prancha.
Claro que o "Navegador" existe também na preciosa colecção/caderneta de cromos "História de Portugal".
Mas, é na sua espectacular Pintura (onde chegou a assinar como M. Gustavo), que se realçam vários quadros a óleo versando o Infante D. Henrique...
...e, também, no n.º 4 da Colecção "Mini Histórias da Nossa História", com texto de MÁRIO COSTA.
Contra-capa e página da caderneta de cromos "História de Portugal",
com ilustrações de Carlos Alberto
Mas, é na sua espectacular Pintura (onde chegou a assinar como M. Gustavo), que se realçam vários quadros a óleo versando o Infante D. Henrique...
...e, também, no n.º 4 da Colecção "Mini Histórias da Nossa História", com texto de MÁRIO COSTA.
Páginas do n.º 4 da colecção "Mini Histórias da Nossa História",
por Carlos Alberto e Mário Costa (Edições Fada do Lar, Ld.ª, 1976)
JOSÉ GARCÊS - abordou D. Henrique por três vezes.
Com texto de HELENA SABÓIA realizou "O Príncipe e o Mar" (prancha única no n.º 18 de "Camarada", 2.ª série, em 1959)...
Com texto de HELENA SABÓIA realizou "O Príncipe e o Mar" (prancha única no n.º 18 de "Camarada", 2.ª série, em 1959)...
"O Príncipe e o Mar", de Helena Sabóia (texto) e José Garcês (desenho), in "Camarada" #18 (2.ª série), 1959 |
..."Dom Henrique, o Navegador" (em 18 pranchas, no "Camarada", em 1960, com argumento de ANTÓNIO MANUEL COUTO VIANA)...
...e no tomo "A Grande Aventura" (o segundo dos quatro de "A História de Portugal em BD") com argumento de A. DO CARMO REIS.
"Dom Henrique, o Navegador", por A. M. Couto Viana e José Garcês (in Camarada, 1960)
Pranchas de "A Grande Aventura", 2.º tomo da História de Portugal em Banda Desenhada,
por A. do Carmo Reis e José Garcês (Edições Asa)
por A. do Carmo Reis e José Garcês (Edições Asa)
ARTUR CORREIA - no seu delicioso traço humorístico, coloca D. Henrique em "A História Alegre de Portugal", com argumento de MANUEL PINHEIRO CHAGAS...
Capa e pranchas de "História Alegre de Portugal", com texto de Manuel Pinheiro Chagas e desenhos de Artur Correia (Bertrand Editora) |
Capa e pranchas de "Os Descobrimentos a Passo de Cágado", por António Gomes de Almeida e Artur Correia (Bertrand Editora) |
EUGÉNIO SILVA E PEDRO CARVALHO - na obra "Lições de História Pátria", dedicam ao "Navegador" dois capítulos: "D. Filipa de Lencastre"...
SERGIO TOPPI - o genial artista italiano, no seu traço peculiar desenhou "Algarve 1460", em quinze pranchas, publicadas no n.º 8 da revista "Selecções BD".
JOSÉ PIRES - inclui o Infante D. Henrique no álbum publicado em 1998, "As Portas do Mito - Gil Eanes e o Bojador", edição patrocinada pelo Ministério da Cultura.
Pranchas de "As Portas do Mito - Gil Eanes e o Bojador",
por José Pires (edição Ministério da Cultura, 1998)
FERRAND - um jovem autor que trabalhou, também, esta temática tendo publicado o "Infante Don Henrique"
E por fim, VÍTOR PÉON, em "Gesta Heróica", não esqueceu, obviamente, este ínclito príncipe de Portugal...
"Infante Don Henrique", por Ferrand (Ed. JRS - Publicidade)
E por fim, VÍTOR PÉON, em "Gesta Heróica", não esqueceu, obviamente, este ínclito príncipe de Portugal...
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... bem como numa versão, em duas pranchas, publicada na revista "Tintin" portuguesa.
Vítor Péon desenhou, também, uma caderneta de cromos sob o tema dos Descobrimentos Portugueses, onde a figura do Infante teve natural destaque.
Uma nota final para JOSÉ MANUEL SOARES, banda desenhista de renome, que ilustrou, também, uma pequena publicação sobre a "Ínclita Geração"...
...e para ZÉ MANEL, artista de traço refinado que desenhou este cartune.
Capa da revista "Tintim", ano 1, #19, de 5.10.1968... |
...e a prancha dupla, com a História do Infante. |
Vítor Péon desenhou, também, uma caderneta de cromos sob o tema dos Descobrimentos Portugueses, onde a figura do Infante teve natural destaque.
Capa e contra-capa da colecção de cromos "História das Descobertas", Bertrand (irmãos), Ld.ª (1968)
Duas páginas da colecção "História das Descobertas", com ilustrações de Vítor Péon |
Uma nota final para JOSÉ MANUEL SOARES, banda desenhista de renome, que ilustrou, também, uma pequena publicação sobre a "Ínclita Geração"...
"Os Quatro Cavaleiros Invenciveis", por José Manuel Soares (Colecçõa "Manecas", edição Romano Torres) |
Cartune de Zé Manel, parodiando a Gioconda |
Se mais dados e "achegas" nos chegarem, eles aqui serão postados (como é bem de nosso gesto). Para já, em relação a este post, agradecemos com pleno reconhecimento, os apoios que nos foram prestados por José Garcês, José Ruy, José Pires, Artur Correia, Jorge Machado Dias, Eugénio Silva, Carlos Gonçalves, João Manuel Mimoso, Paulo Viegas e Rui Bana e Costa.
LB
Boa tarde, desde já muitos parabéns pelo vosso blog.
ResponderEliminarEstou a realizar uma tese de mestrado relacionada com a utilização da BD, no ensino da História e Geografia de Portugal, como possível recurso educativo. Nesse sentido, esta secção da História de Portugal na BD, tem chamado mais a minha atenção.
No entanto, gostaria, se possível, fazer-lhe algumas questões.
Durante o "estado novo" passar a ideologia do mesmo, era um dos principais objetivos, acontecendo mesmo nos manuais do ensino básico. Poderia informa-se se nesses manuais, existia o recurso à BD, como forma de chegar mais perto das crianças? Já tentei pesquisar sobre isso, li algures que sim, mas não sei em que manuais, nem em que anos, pois não consigo encontrar. Se sim, esse recurso incidia mais na parte de relato dos factos da história de Portugal, ou dos valores?
Para já, gostaria se possível obter esta ajuda. Muito obrigado.
Caro Amigo
EliminarInfelizmente, não temos dados concretos e seguros para a sua questão... Sugerimos que contacte com o Clube Português de Banda Desenhada ou tente abordar um dos nossos grandes peritos da BD: Geraldes Lino (geraldes.lino@gmail.com), que eventualmente o poderá ajudar ante a informação que necessita.
Saudações bedéfilas
Luiz Beira
Ok, muito obrigado, assim o farei ;)
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