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Fernão de Magalhães (1480-1521) |
Pela magnífica e ímpar epopeia das navegações-descobertas dos portugueses, há valores que, infelizmente, são “olvidados”, talvez porque, pelas circunstâncias, tenham navegado sob o pavilhão de outro país;
e no entanto, sem abdicarem de ser portugueses.
Sob pavilhão castelhano, apontam-se os exemplos de João Rodrigues Cabrilho, Estêvão Gomes, José Álvaro Fagundes, Pedro Fernandes de Queiroz e João Martins; sob pavilhão holandês, David Melgueiro. E acima de todos, Fernão de Magalhães, que teve o apoio do rei de Castela (Carlos I, dito Carlos V) e recusa caprichosa do rei de Portugal (Manuel I), realizando um feito quase impensável: a primeira viagem de circum-navegação. Com este feito, provou-se definitivamente ao mundo que a Terra é redonda!
Nasceu na região do Porto (em Sabrosa) em 1480 e faleceu heroicamente em combate a 27 de Abril de 1521, em Mactan, região de Cebu, na actual República das Filipinas.
O feito foi glória para Castela, mas também o foi para Portugal, pois Magalhães jamais mudou de nacionalidade. Até o nosso grande Camões, em “Os Lusíadas”, o salientou pelo feito mas não por ter servido Castela (a opinião do Poeta é válida pois ele era um fervoroso amante da Pátria). Assim, nas estrofes 138 e 140, se Camões critica Magalhães, não deixa contudo de o elogiar:
“Mas é também razão que, no Ponente
Dum Lusitano um feito inda vejais
Que, de seu rei mostrando-se agravado
Caminho há-de fazer nunca cuidado”
ou
“O Magalhães, no feito, com verdade
Português, porém não na lealdade”
Pelo Cinema, e até agora, constam: uma produção para a TV húngara, em 1977, sob realização de Ferenc András e com o actor Tibor Szilágyi no papel de Fernão de Magalhães; há ainda dois filmes, com o mesmo título, “Lapu-Lapu”, realizados nas Filipinas em 1955 (por Lamberto Avellano e o actor Oscar Kesse) e em 2002 (por William Mayo e o actor Dante Rivero). O nosso saudoso actor António Vilar (1912-1995), que viveu na tela personagens como Camões, Don Juan, D. Pedro I de Portugal e D. Diniz I de Portugal, etc, bem se empenhou em produzir, realizar e interpretar a epopeia de Magalhães, mas o prometido apoio do governo português, mais uma vez mesquinho, não foi cumprido e o nosso actor que para este projecto gastou a sua fortuna pessoal, acabou por morrer desgostoso e quase na miséria!...
Contudo, pela sempre atenta (felizmente!) Banda Desenhada (e Artes afins), a vida e a epopeia do nosso Fernão de Magalhães têm sido salvaguardadas através de desenhistas de diversos países, a saber:
PORTUGAL:
Fernando Bento e Manuel Alfredo...
"O Homem que deu a Volta ao Mundo", por Manuel Alfredo (texto) e Fernando Bento (desenho),
in "Cavaleiro Andante" #190 (1955)
Vítor Péon...
Baptista Mendes...
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"Fernão de Magalhães", por Baptista Mendes, in álbum #1 dos "Grandes Portugueses", revista "Camarada" |
Eugénio Silva...
Artur Correia e Manuel Pinheiro Chagas...
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"História Alegre de Portugal", por Manuel Pinheiro Chagas (texto) e Artur Correia (adaptação e desenhos), Bertrand Editora (2010)
Fernando Jorge Costa...
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José Ruy...
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"Os Lusíadas", volume III, por José Ruy (adaptação e desenhos), Editorial de Notícias (1984) |
...e José Garcês e A. do Carmo Reis, que num dos quatro volumes da "História de Portugal em Banda Desenhada" se referem ao navegador português, de forma breve, numa só vinheta.
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"História de Portugal em Banda Desenhada", por A. do Carmo Reis (argumento) e José Garcês (desenhos) - Edições Asa |
ITÁLIA: Franco Caprioli...
"A Primeira Volta ao Mundo", por Franco Caprioli, in "Cavaleiro Andante" #227 (1956)
"Fernão de Magalhães", por Guido Buzzelli, álbum #9 da colecção "A Descoberta do Mundo",
Publicações Don Quixote (1982)
BÉLGICA: Albert Weinberg.
FRANÇA: Gal (Georges Langlais)...
...e Christian Clot/Thomas Verget /Bastien Orenge.
"Le Premier Tour du Monde", por Gal (Georges Langlais), in "Spirou" #848 (1954)
...e Christian Clot/Thomas Verget /Bastien Orenge.
Informação à posteriori: este álbum teve uma edição em português, pela Gradiva, lançada em 2018, sob o título "Magalhães Até ao Fim do Mundo".
MÉXICO: há duas versões, “Fernando de Magallanes” e “La 1.ª Vuelta al Mundo”, das quais desconhecemos até agora, os nomes dos respectivos desenhistas, ambas as versões pela Editorial Novaro.
MÉXICO: há duas versões, “Fernando de Magallanes” e “La 1.ª Vuelta al Mundo”, das quais desconhecemos até agora, os nomes dos respectivos desenhistas, ambas as versões pela Editorial Novaro.
“Fernando de Magallanes”, autor desconhecido - Colecção "Aventuras de la Vida Real", Editorial Novaro (México)
ESPANHA: Luis Bermejo (desenho) e Sanchez Abuli (argumento)...
...e Casanovas
URUGUAI: Walter Lemos e Eduardo Barreto. Deste, “Magallanes” foi publicado na revista “Choroná” em Outubro de 1973. Infelizmente, não temos imagens desta versão.
"Fernando de Magallanes", com desenhos de Casanova e capa de J. Chacopino,
Editorial Ferma (1951)
URUGUAI: Walter Lemos e Eduardo Barreto. Deste, “Magallanes” foi publicado na revista “Choroná” em Outubro de 1973. Infelizmente, não temos imagens desta versão.
E, noutras Artes...
Na PINTURA, destacam-se os quadros pelo nosso Carlos Alberto Santos e pelo inglês Ron Embleton.
Na ESCULTURA: a estátua em Sabrosa e em Lisboa, sendo esta uma réplica da que existe em Punta Arenas (no Chile).
Na FILATELIA: há selos postais em diversos países como Portugal, Espanha, Brasil, Ilhas Cook e na ex-república Ciskei (hoje território da África do Sul).
Na LITERATURA: para além da famosa biografia pelo austríaco Stefan Zweig, salientam-se “Who Was Ferdinand Magellan?”, que tem uma edição em castellano, com texto de Sydelle Kramer e ilustrações de Elizabeth Wolf (ed. Turtleback School); “Magellan Autour du Monde”, com texto de Hugues Barthe e ilustrações de Christel Espié (ed. Casterman) e “Chamo-me... Fernão de Magalhães” com texto de José Jorge Letria e ilustrações de Leonor Feijó e Marta Belo (ed. Didáctica Editora).
E, sobre este firme e heróico navegador português, se mais devido assunto houver, aqui tal será acrescentado.