terça-feira, 30 de abril de 2019

NOVIDADES EDITORIAIS (169)

EUROPA BENZILOR DESENATE - ​Edição Editura Pavcon. Autor: Dumitru-Dodo Nitá.
​Mais uma vez o nosso amigo romeno Dodo Nitá nos surpreendeu com esta preciosa obra que nos transporta com pleno entusiasmo pela Banda Desenhada da Europa.
​E, como era de esperar, não faltam capítulos específicos em relação a Portugal: os salões-BD da Sobreda, de Viseu ​e de Beja, a Bedeteca de Lisboa e Paulo Monteiro (o grande ​líder do Festival de Beja, que já tem obra editada na Roménia).
​Em notáveis passagens, também são mencionados os Salões ​da Amadora, de Moura e do Porto.
Quanto a desenhistas, dos ​quais alguns conheceu pessoalmente nas diversas vezes que ​veio até nós, ou outros dos quais apreciou trabalhos expostos, ​indica Eduardo Teixeira Coelho, Fernando Bento, ​José Ruy, Eugénio Silva, Artur Correia, Mara Mendes, Carlos ​Rico, Vítor Péon, Pedro Massano, Hugo Teixeira, Baptista ​Mendes, João Amaral, Luís Louro, Miguel Montenegro, Susa ​Monteiro, entre outros. E regista ainda outras entidades da BD ​Portuguesa, como: Jorge Magalhães, Geraldes Lino, Jartur ​Mamede, A. Dias de Deus, Luiz Beira e Leonardo de Sá.
​Recorda-se que Dodo Nitá, que é o organizador do grande festival anual de BD na Roménia, já aí expôs trabalhos de ​Fernando Bento, José Ruy e Artur Correia, entre outros; e ​que numa dessas edições, fez uma grande exposição dedicada ​a Eugénio Silva.
​Obrigado, Dodo Nitá!


LE PROCÈS DE GILLES DE RAIS - ​Edição Casterman. Autores, segundo Jacques Martin, grafismo ​de Jean Pleyers, argumento de Néjib Kacem e cores de Corinne ​Pleyers. É o 17.º tomo da escaldante série "Jhen", ainda inédita em Portugal.
Neste tomo se narra o processo e a execução de Gilles de Rais, bravo marechal do exército francês na Guerra dos Cem Anos, tendo combatido ao lado de Jeanne d'Arc, de quem era amigo.
Mas este destemido e implacável herói, tinha tanto de valente como foi autor de abomináveis e cruéis actos… Era doentiamente pedófilo e, depois de abusar das crianças, ela eram mortas e quase sempre queimadas. Seu amigo Jhen, sempre o tentou trazer ao bom caminho, mas em vão.
Gilles de Rais é apanhado pela justiça, com todo o ódio da Igreja Católica: não só pelas centenas de crianças de que abusou e matou, como também é acusado por ter insultado e agredido um bispo e que pactuava com o Diabo. Sem apelo nem agravo, é condenado à forca e a ser queimado vivo, o que aconteceu em Nantes a 26 de Outubro de 1440. Nesta história, seu fiel amigo Jhen (personagem fictício) não teve qualquer hipótese de salvar o herói e criminoso da execução decretada.


LE PHARE - Edição Mosquito. Autor: Joan Boix. Surpreendente e belo álbum a preto-e-branco com a arte de mestre do catalão Joan Boix.
São doze  histórias curtas narradas por Jonathan Struppy. É um velho faroleiro que vive absolutamente só no seu farol, agarrando-se ao seu cachimbo, ao rum e a reler a vasta biblioteca onde se regista toda a história da sua família com notáveis lobos do mar. Jonathan, frustrado, é o único que nunca navegou. Sente que a sua vida está a chegar ao fim, com a certeza que com ele termina a saga da família Struppy, pois não tem descendentes.
Nestes relatos de aventuras no mar sedutor, em várias abordagens, a intervenção do insólito e do fantástico.
"Le Phare " (O Farol), é uma obra a não perder, de jeito nenhum.


ENSAIO SOBRE A INCOERÊNCIA ESTILÍSTICA - Edição Escorpião Azul, em parceria com o Clube Português de Banda Desenhada. Autora: Rita Alfaiate.
"Banda Desenhada, Ensaio Sobre a Incoerência Estilística" é um livro especial, baseado no estudo aturado que a autora fez, e que serviu de alicerce quase total da tese do seu mestrado na Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa.
Um trabalho louvável e, quiçá, discutível.
LB

sábado, 27 de abril de 2019

AS HISTÓRIAS QUE RESIDEM NA GAVETA (9) por José Ruy

Caros leitores do BDBDBlogue, destaco mais uma das minhas histórias que esperam edição em livro, mas desta vez em condições diferentes. Esta, foi em parte já publicada em revista. Trata-se das «Lendas Japonesas».
Em 1950 iniciei a série na revista Flama, no suplemento «O Papagaio», no seguimento de uma recolha que fiz dos textos de Wenceslau de Morais sobre lendas do Japão.
A primeira foi «Amaterasu, a Deusa da Luz do Sol».
Portanto, estamos numa situação diferente das outras histórias. Mas por achar curioso o facto de por mais de uma vez ter estado na iminência de ser editada em livro e manter-se ainda nessa posição, incluo-a nesta rubrica.
Durante três anos publiquei nove dessas lendas na Flama. Para que o seu aspecto se aproximasse mais das publicações japonesas, apresentei-as no sentido vertical.
Mas o suplemento onde eram inseridas mudou de formato e passei a faze-las com outro enquadramento e na ordem de leitura normal no Ocidente.
Nessa altura de mudança fui contactado pela Agência UPI, que me propôs entregar-lhe a distribuição dos originais, para serem publicados em vários jornais e revistas.
A Flama era a primeira a publicar e depois seria em África e noutras paragens.
A ideia era depois reunir em livro toda a série, que estava programada para bastantes títulos. Mas o dono da Agência deslocou-se ao Brasil e nunca mais voltou a Portugal.
Passados uns anos, a minha amiga Catherine Labey que editava os «Cadernos de Banda Desenhada» pediu-me para lhe ceder algumas lendas já publicadas.
Foram publicadas três lendas. Os «Cadernos» também não continuaram e mais uma vez este trabalho voltou à sombra da «gaveta».
Continuei com outros projetos e durante muitos anos não voltei a este tema.
Mas o meu saudoso e estimado amigo Jorge Magalhães de vez em quando insistia para que continuasse essas lendas que eram muito do seu agrado. E quando dirigia a revista «Seleções BD», na sua segunda série, achou ser a ocasião propícia.
Por também ser para mim um assunto com carinho especial, pelo exotismo e conteúdo, resolvi continuar com os títulos que ainda não tinha desenhado, e que são bastantes.
Mas como iniciara o trabalho na Flama, com o título «Amaterasu, a Deusa da Luz do Sol», decidi refaze-la com a técnica e a evolução que entretanto adquirira nas décadas decorridas.
Transformei também a maneira de narrar, e incluí balões. Saíram a preto e branco, nas páginas disponíveis da revista.
Foram levadas à estampa duas lendas.
A segunda era inédita, «As Duas Rãs Curiosas».
Acontece que a revista suspendeu a sua publicação e as «Lendas» não tiveram seguimento. Mas eu havia já desenhado algumas mais, pois costumo ter um avanço para garantir a cadência no caso de surgir algum impedimento.
Passados uns bons anos, em 2012, o meu amigo Maurício de Sousa, que no Brasil acompanhara nas «Seleções BD» estas  «Lendas», falou-me  que estava a colaborar numa revista do Japão, mas em português do Brasil, com o título «Alternativa» e que essas histórias faziam lá todo o sentido. Deu-me o endereço do editor.
Para tirar um melhor partido da apresentação, resolvi colorir as pranchas que se mantinham até aí a preto e branco.
Enviei-as para o Senhor Ewerthon Tobace, o editor.
Pouco tempo depois tive a resposta.
Mas a seguir descobri uma coisa estranha quando consultava o Google.
Mas essa revelação ficará para o próximo artigo.

terça-feira, 23 de abril de 2019

BREVES (69)

6.ª MOSTRA DO CLUBE TEX PORTUGAL INAUGURA SÁBADO
No próximo fim de semana (26 e 27 de Abril) decorre no Museu do Vinho Bairrada, em Anadia, a 6.ª Mostra do Clube Tex Portugal. 
O destaque vai para a presença dos desenhadores italianos Bruno Brindisi e Roberto De Angelis. Mas o programa engloba, como habitualmente, outros motivos de interesse. A começar pelas exposições dedicadas aos autores convidados - dois excelentes desenhadores que enfileiram, sem favor, a galeria dos grandes desenhadores de Tex.
Uma terceira exposição - esta produzida pela organização - intitula-se "71 anos, 71 rostos", e mostrará, como o título faz perceber, 71 rostos de Tex, cada um deles desenhado por um autor diferente do staff da Bonelli. Sem dúvida uma perspectiva diferente de apreciar as aventuras do Ranger.
Sessões de autógrafos, workshops, conferências, um jantar-tertúlia e um almoço-convívio completam um programa recheado de bons motivos para uma visita e que vão tornando esta Mostra do Clube Tex Portugal num evento obrigatório para os bedéfilos nacionais (e não só)...
Estão de parabéns os nossos amigos do Clube Tex Portugal, sem dúvida.
Mais informações podem ser solicitadas aqui.


JOSÉ PIRES EM MOURA: A FOTO-REPORTAGEM 
Inaugurou no passado dia 30 de Março, na cidade de Moura, a exposição de banda desenhada "A Portuguesa: história de um hino", de José Pires.
Integrada na XXXIX edição da Feira do Livro, a exposição - composta por doze painéis de grande formato - esteve patente até 7 de Abril, último dia do certame.
Antes da abertura de portas, fotografámos o átrio do Cine-Teatro Caridade. 




Durante a inauguração, o Presidente da Câmara Municipal de Moura, Álvaro Azedo, teve oportunidade de tecer rasgados elogios ao trabalho do autor, José Pires, deixando, também, uma palavra de grande apreço para o Gicav - representado por Carlos Almeida - que colaborou na produção desta exposição com a autarquia mourense, mantendo viva uma parceria já antiga entre estas duas entidades.
Carlos Rico explicou, depois, ao público presente a forma como foi produzida esta mostra que, depois de Moura, segue para Viseu onde será exposta na Feira de São Mateus, em Agosto próximo.
José Pires - que tinha sido homenageado naquele mesmo Cine-Teatro Caridade, durante o salão Moura BD 1998 - esclareceu, depois, o público presente de que forma surgiu este trabalho e quais as dificuldades que se lhe depararam para o levar a bom porto.
Finalmente, Carlos Almeida, representante do Gicav, reforçou a convicção de que a parceria Moura-Viseu é para continuar e deixou o convite para uma visita à cidade de Viriato onde, em Agosto próximo, como já dissemos, esta exposição estará patente e - em simultâneo - será lançado o álbum BD.
Da esquerda para a direita: Álvaro Azedo (Presidente da Câmara de Moura), José Pires e três Carlos:
Carlos Rico (da CMM); Carlos Almeida (do Gicav) e Carlos Gonçalves (em representação do
Clube Português de Banda Desenhada)
A sessão terminou com uma visita mais atenta a cada painel  que José Pires apreciou demoradamente.
A um canto, numa vitrine, um exemplar do álbum que o Gicav irá lançar em Viseu aguçava o apetite aos mais curiosos. Em Agosto poderão, finalmente, saciar essa curiosidade, quando se der o lançamento oficial.
À esquerda, a vitrine com o álbum. À direita, os dois últimos paineis da exposição, onde se reproduzia
a entrevista que fizemos a José Pires, no BDBD e que pode ser consultada aqui aqui.
No fim de semana do encerramento, foi a vez de recebermos a visita do nosso amigo Luís Filipe Mendes, do Gicav, que, como é habitual, aproveitou a deslocação para levar para Viseu a dúzia de painéis que compõem esta mostra.
Aqui deixamos, também, o convite aos nossos leitores para uma visita à bela cidade de Viseu em Agosto próximo. 



ANIVERSÁRIOS EM MAIO


Dia 04 - Tito (espanhol) e Cristina Amaral
Dia 09 - José Ruy e Rui Lacas
Dia 15 - Dani Almeida
Dia 22 - Veronik Frossard (suíça)
Dia 26 - Luís Diferr
Dia 28 - Joann Sfar (francês)
​Dia 31 - Miguel Rebelo



CR/LB

sexta-feira, 19 de abril de 2019

SÉRGIO LUIZ & GÜY MANUEL

São dois irmãos, conhecidos como "os jovens​ de Leiria", eternamente históricos na Banda Desenhada Portuguesa. Inapagáveis! Faleceram ​ambos no mesmo ano... em 1943.
​Além de irmãos, eram bem amigos e cúmplices ​na arte ilustrativa (com a BD incluída), de apelido ​Fernandes.
Estão registados em textos dos nossos ​investigadores-cronistas, o veteraníssimo
A. J. Ferreira e António Dias de Deus (este último falecido em 2018).
SÉRGIO LUIZ ​nasceu em Praia da Granja a 30 de Setembro de 1921.
De 1923 a 1939, viveu em Leiria, onde o pai, o escultor Luís Fernandes, fora colocado como professor na Escola Comercial e Industrial Domingos Sequeira. Entusiasmado pela Cultura, Sérgio Luiz dedicou-se também à Linguística, à Música e ao Xadrez. Todavia - ò cruel destino! - já com 13 anos de idade, começou a sofrer de uma tuberculosa renal. Por este facto inquietante e por razões de clima, a família mudou-se para Lisboa, onde Sérgio Luiz, com 21 anos de idade, vem a falecer a 24 de Janeiro de 1943.
GÜY MANUEL era seu irmão "caçula". Nasceu a 24 de Março de 1923, em Leiria, falecendo com vinte anos, também vítima de uma complicada tuberculose. Terrível e angustiante esta dupla verdade: no mesmo ano, em curtíssimo espaço de meses, dois irmãos talentosos e vintões, deixam para sempre de luto e no vazio, não só a própria família, como a Banda Desenhada Portuguesa.
Adolfo Simões Müller (1909-1989), que dirigiu "O Papagaio", "Diabrete", "Cavaleiro Andante", "Foguetão", etc., cedo deu a mão a estes jovens irmãos Fernandes. Obrigado, atento director!
A seu tempo, Sérgio Luiz e Güy Manuel (às vezes com textos de Zé João) colaboraram, em conjunto e/ou isoladamente, em publicações como "O Papagaio", "Diabrete" "O Faísca" ou no suplemento "Pim-Pam-Pum", do extinto diário "O Século".
A breve e trágica vida de Sérgio Luiz e Güy Manuel é um exemplo valoroso e talvez "incómodo", sobretudo para as novas gerações bedistas, que sabem tudo e que, salvo raríssimas excepções, garatujam mais do que desenham.
A Câmara Municipal de Leiria / Museu de Leiria, após uma bela exposição alusiva que esteve patente de Abri-2017 a Dezembro-2018, arrojou-se, corajosa e exemplarmente, à edição em conjunto de luxo, de cinco álbuns da autoria destas jovens desenhistas: "Aventuras do Boneco Rebelde", "O Livro Mágico", "O Boneco Torna a Sair do Frasco", "A Ilha Misteriosa" e "Rebeldes".


Não há mais palavras por este gesto imenso de justa sensibilidade. É um ardente e magnífico exemplo para tantos outros Municípios e para a vaidade gananciosa de algumas editoras-BD do nosso País…
​Viva Leiria! Obrigado Leiria!

LB