ZÉ DO TELHADO - Edição Calçada das Letras. Autor: Eugénio Silva.
Aí está, finalmente, o tão desejado e esperado "Zé do Telhado, de Lanceiro a Salteador"!...
Foi, por diversas e desnorteantes circunstâncias, um "parto" difícil e arrastado… O impecável autor levou largo tempo para terminar esta obra, pois volta não volta, esmorecia e quase desistia dela. Não lhe faltaram insistentes incentivos de minha parte (LB), para além de colegas seus, como o argumentista Jorge Magalhães e os desenhistas José Antunes, Artur Correia, Baptista Mendes, Vassalo de Miranda, João Amaral...
Lá terminou, mas após isso, não acertava nas negociações com várias editoras…
Por fim, belo milagre surgiu com a editora Calçada das Letras…
Eugénio tem vivido e sofrido injustas situações que atentam amargamente contra o seu talento, e aí está agora com uma bem merecida vitória.
Sabemos que Eugénio Silva é um esmerado artista e muito exigente, a começar por ele próprio, em relação às suas criações. Ele aposta em si próprio, investiga ao máximo tudo e mais tudo…
Maravilhoso e raro exemplar na sua (e nossa) 9.ª Arte, Eugénio, estamos contigo!
Um caloroso aplauso a Eugénio Silva, à corajosa editora Calçada das Letras e ainda, ao sensato apoio que foi por aqui prestado, pela Câmara Municipal de Penafiel.
Alegrem-se pois, bedéfilos portugueses, que a tão almejada obra aí existe!...
UN HOMME QUI PASSE - Edição Dupuis. Autores: Daniel Lapière (argumento) e na arte. Dany (alias, Daniel Henrotin).
Que obra tão maravilhosa, seja qual for a interpretação que se lhe dê, pois, como diz o povo, "cada cabeça sua "sentença"...
De Daniel Lapière, já conhecíamos alguns argumentos de alto valor… em parceria com outros valorosos desenhistas. Aqui e agora, apostou-se em alta força.
Quanto a Dany, o assunto fia agora mais fino e mais grandioso. Ele, volta não volta, surpreende-nos com a sua arte tão cativante. Na sua bibliografia, constam alguns títulos, alguns infelizmente não editados em português, como a belíssima série "Olivier Rameau" (apenas editada na revista Tintin).
Agora, cilindra-nos com este belo tomo único, "Un Homme Qui Passe". Bravo!
Um homem maduro, pintor e somador de aventuras sexuais, Paul, e uma jovem, Kristen, "conhecem-se" sob uma terrível e assustadora tempestade, nas perigosas margens de uma ilha da Bretanha (França).
É um encontro fabuloso em que, de certo modo, ambos tentam explicar-se e justificar os seus actos… Um encanto de argumento de Lapière, muito bem marcado pela arte de Dany. Tudo numa atmosfera bem dramática, quase violenta.
Conselho: a ler sem perda de tempo em francês, ou talvez em necessária edição portuguesa.
COMANCHE, INTEGRAL/3 - Edição Ala dos Livros. Autores: Greg (1931-1999) no argumento, e arte de Hermann.
Esta novel editora-BD nacional tem força e atenção bem apostada. Bem-haja!
Desta vez, comemorando os 50 anos da vigorosa série "Comanche", a editora apostou com toda a consciência e galhardia, em reeditar integralmente em três tomos, a dita cuja série. Deste terceiro e último tomo (com alguns episódios inéditos), constam: "E o Diabo Gritou de Alegria", "O Corpo de Algernon Brown", "O Prisioneiro", "Lembra-te, Kentucky…", "O Palomino" e duas histórias em prancha única: "Falta de Respeito" e "Casamento Cor-de-Rosa".
E mais: a ideia ultra positiva de reproduzirem estas narrativas de Hermann no fascinante preto-e-branco, donde o melhor e válido sistema de se apreciar devidamente o traço do desenhista, sem as fantasias ofuscantes de hollywoodescas cores…
Sinceros e emotivos parabéns à Ala dos Livros!
O NASCIMENTO DOS DEUSES - Edição Gradiva. Sob orientação do historiador Luc Ferry, tem guião de Clotilde Bruneau, arte de Dim D., Federico Santagati e Scarlett Smulkowski, capa de Fred Vignaux e tradução de Maria de Fátima Carmo.
Devia ser por este tomo, mesmo no original em francês, que esta magnífica série devia ter começado, pois é a Origem. Não foi assim em França nem em Portugal, o que não implica que qualquer um não saiba, com o tempo, ordenar os tomos na sua estante…
Muitas vezes, desde a nossa apardalada infância, que se aprendia que "no princípio era o Verbo" na linguagem judaico-cristã, mas lá se foi corrigindo esta tonteria para "no princípio era o Caos"... Pois, pois!... As prepotências religiosas, praticamente todas, coincidem de um modo mais ou menos fantasista e conveniente num determinado plano…
Por este pertinente tomo da série "A Sabedoria dos Mitos", ou seja, "O Nascimento dos Deuses", a narrativa apaixonante vai do Caos até à tomada do poder no lendário Monte Olimpo, de Zeus (ainda relativamente jovem), como deus dos deuses…
Uma pergunta intrigante se impõe: se no princípio era o Caos, quem criou esse dito cujo Caos?!...
LB