Luís Correia (1946) |
Nasceu em Lisboa (onde reside) a 16 de Maio de 1946 e, de nome completo, é Luís Manuel Martins Correia. Um valor da BD Portuguesa!
Começou relativamente cedo, com ilustrações soltas para diversas publicações, como “A Capital”, “Flama” e “O Século Ilustrado”, vindo a assentar por largo tempo, em “O Benfica”.
O grande e belo “estoiro” da sua arte aconteceu pelos anos 70 do século passado, com dois delirantes álbuns da série “As Aventuras de D. Paio e o Principezinho”. Os dois estimáveis e esgotadíssimos álbuns: “As Aventuras de D. Paio e o Principezinho” com argumento de Magalhães dos Santos (ed. Editorial Estúdios Côr) e “O Rapto do Embaixador” com argumento de Carlos Grifo (ed. Hexágono Publicações, Lda.).
Depois, aconteceu um aparentemente forçado silêncio na sua carreira...
Bem mais tarde, em 2009, teve um terceiro álbum publicado, mas num estilo e tema totalmente diferentes. Trata-se de “História e Estórias do ACP”, com argumento de Carlos Morgado e edição do Automóvel Clube de Portugal.
Vamos lá então à nossa conversa.
BDBD - Na sua opinião, o que justifica que tenha andado um tanto “apagado” no mundo da BD do nosso País?
Luís Correia (LC) - Após o 25 de Abril houve um esvaziamento temporal da situação existente, tornando-se pouco próprio e controlável para um D. Paio, seus pares e o matreiro Principezinho...
BDBD - No entanto, criações suas como os dois álbuns desta série, foram de grande força popular. Não a devia ter continuado?
LC - Isso não quer dizer que em algum momento não possa ser solicitado dentro de outro contexto, um novo D.Paio e a sua respectiva companhia... A minha vida profissional na artes gráficas (e não só) foi demasiado preenchida nos últimos 40 anos, não me deixando margem para a BD, de forma directa e executiva, mas houve muita actividade em ilustração infantil.
Vinheta de "D. Paio e o Principezinho" |
LC - Se os leitores assim o entenderem, não me restará outra solução senão começar a trabalhar, inventando qualquer coisa no ideal da cavalaria... (que tal um D. Paio?) que se haveria de encaixar noutro contexto terrível e atroz (actualizado)... para o herói e seus pares de aventuras.
BDBD - Tantos anos volvidos, voltou a editar-se com um álbum, mas desta vez, sobre automóveis...
LC - Sim, foi com a História do ACP, tirada quase como encomenda e muito graças ao meu malogrado amigo José Carlos Morgado (o autor), que voltei às lides dos quadradinhos, quebrando o interregno e também o causador do respectivo álbum com a História do ACP em banda desenhada... Os automóveis foram um acidente de percurso, funcionando como um normal trabalho gráfico, mas dando-me o gozo da BD enquadrada no histórico e mais 8 meses de treino (a desenhar automóveis, que não era o meu forte...) e a prestar ao mesmo tempo a minha homenagem à clássica banda desenhada, porque foi tudo executado pelo processo dos anos 60, 70...(balões à mão no original). Essas pranchas estiveram expostas na Amadora.
LC - Para mim, a Banda Desenhada é uma mensagem/comunicação de uma Arte que não estando sólida (é imaginativa... sempre!) transmite-nos, apesar de flutuante, o seu quê de crítica ao real, quer política quer social, do tempo presente ou em determinado momento da História.
BDBD - Tem acompanhado o que se vai publicando da BD Portuguesa? O que pensa desses exemplos? Encontra aí novos e bons valores?
LC - Como disse, por motivos diversos, não me foi possível fazer um acompanhamento exaustivo da BD actual... mas não andei longe. Recordo uma pequena intervenção crítica que fiz sobre um autor americano na revista “Colóquio Artes”, e constantes visitas aos alfarrabistas para apreciar o panorama corrente e o trabalho de alguns jovens.
BDBD - Que mensagem quer aqui deixar para os seus leitores?
LC - O meu grande abração ao pessoal da BD e em especial a si, Luiz Beira, pelo seu esforço em prol da Arte aos quadradinhos.