sexta-feira, 20 de julho de 2012

NOVO LUTO NA BANDA DESENHADA: EDDY PAAPE


Com quase 91 anos (pois nasceu a 3 de Julho de 1920) faleceu a 12 de Maio, o grande mestre belga Eddy Paape. Não demos por tal notícia por cá, nem nos periódicos nem na televisão, o que não admira nada, pois o importante é falar-se apenas de futebol e do sinistro ambiente socio-político em que chafurdamos.
Aos 15 anos, Paape, entrou para o famoso Institut Saint-Luc (onde veio depois a ser professor), por pressão encorajadora de Hergé e de André Franquin. 
Conviveu e colaborou também, com Jijé, Morris, Peyo e Hubinon. Durante a ocupação da Bélgica pelas forças nazis, em 1942, trabalhou em animação para a CBA - Compagnie Belge d'Actualités, que era um estúdio (em Liège) com actividades clandestinas com ligações à resistência.
É em 1945, quando a CBA fecha, que se passa para a Banda Desenhada, numa carreira brilhante e imparável.
A revista "dBD" n.º 64 (Junho) publicou a derradeira entrevista com ele. E é na mesma revista, no n.º 65 (Julho/Agosto), que deparámos com a notícia amarga do seu falecimento, com mais indicações que logo procurámos na Internet.
A bibliografia de Paape é vasta e variada, abordando os mais diversos géneros, incluindo o humorístico. 
Na série de histórias curtas (4 pranchas) "Les Belles Histoires de l'Oncle Paul", com guião de Octave Jolly, a revista "Spirou" n.º 1252 (de 12 de Abril de 1962), publicou a sua versão gráfica sobre as aparições em Fátima, com o título "Le Soleil Danse à Fatima". E ainda nas histórias curtas (5 pranchas), para a revista "Tintin" (n.º 21, de Maio/ 1969), desenhou "A Primeira Travessia Aérea do Atlântico Sul", com guião de Yves Duval, publicada no "Mundo de Aventuras" n.º 372, em 1980. Adaptou "Os Miseráveis" de Victor Hugo e fez também uma biografia de Winston Churchill. Colaborou, em destaque, para séries de colegas seus: "Barbe Rouge", de Hubinon, e "Jean Valhardi", de Jijé.
Tem vários heróis, se bem que alguns com carreira efémera: "André Lefort", "Carol Detective", "Tommy Banco", "Val", "Johnny Congo", "Udolfo", "Marc Dacier" (de quem em breve falaremos), "Yorik" e, como seu herói por excelência, "Luc Orient", uma espécie de "Flash Gordon" à europeia. Esta série, com algumas histórias curtas, comporta 18 álbuns, já todos também em versão integral. A 19.ª aventura ficou incompleta, dado o falecimento do argumentista Greg a 29 de Outubro de 1999.
Prancha de "Le Mur", aventura inacabada de Luc Orient

Poucas criações de Paape foram publicadas em português, o que é pena. Em Portugal, a qualidade raras vezes importa...
Em 2008, as Éditions du Lombard publicaram um precioso álbum biográfico, "Eddy Paape, la Passion de la Page d'Après" por Alain De Kuyssche. Na sua derradeira entrevista, na revista atràs citada, ele afirmou: "Não corro atrás de honras. A única coisa que me interessa é poder trabalhar".

Descanse em paz, mestre Eddy Paape!

2 comentários:

  1. Obrigado, Dr. Luís Beira, pelo excelente trabalho e pelo BDBD!...

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    1. Obrigado,amigo João Neves,pelas tuas palavras de incentivo.
      Mas,friso-te,o blog é também,em pé de igualdade,do Carlos Rico.E essa de me tratares por "Dr." é de luxo,se bem que a minha longa frequência pelo ambiente, me dê o direito de ser Dr. em Banda Desenhada...
      Um grande abraço
      Luiz Beira

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