Iniciamos hoje mais um conjunto de artigos da autoria do nosso colaborador e amigo Mestre José Ruy que, numa casual troca de e-mail's ocorrida há poucos dias, respondeu prontamente a um repto que lhe lançámos: escrever sobre uma área do seu trabalho talvez menos (re)conhecida pelo público bedéfilo - a das ilustrações que, ao longo da sua vida profissional, tem criado nas mais diversas temáticas.
Nesta área, incluem-se inúmeras capas e desenhos para o miolo de centenas de livros, revistas ou jornais onde José Ruy espalhou a sua Arte e o seu saber.
As histórias por detrás dessas ilustrações serão agora reveladas em primeira mão para deleite dos admiradores da obra de José Ruy, a quem agradecemos, mais uma vez, a prestimosa colaboração com que nos brinda.
Boas leituras!
Carlos Rico
...
O meu amigo Carlos Rico apresentou-me uma questão pertinente: os leitores conhecem melhor o meu trabalho nas histórias em quadrinhos, desconhecendo em grande parte as ilustrações chamadas soltas, em livros de texto ou em revistas. O facto é que tenho algum trabalho também nesse género de desenho. Mas podem dizer, que as vinhetas são ilustrações. Naturalmente que podemos considerar aplicar esse termo a cada um dos quadrinhos de uma narrativa gráfica, mas há uma diferença.
Na minha aprendizagem não me foi explicado o que difere de uma vinheta em relação a uma ilustração. Descobri isso observando, desde miúdo, primeiro a obra de ETCoelho no início da sua colaboração no jornal «O Mosquito», em comparação com as vinhetas das narrativas gráficas publicadas na mesma publicação, e depois outros autores.
Esta ilustração de Eduardo Teixeira Coelho conta um pedaço de uma história correspondendo rigorosamente ao texto de uma novela.
Aqui o desenho fala por si e corresponde ao que é contado numa parte da novela, apresentando-se intercalada no texto. Estas ilustrações precisam de mostrar não só o que se passa na cena escolhida, mas também pormenores do que é descrito entre imagens, como se uma das personagens usa bigode, se é magro ou forte, baixo ou alto.
Uma vinheta conta na sua sequência o desenvolvimento de um texto que é explicado em cada um desses desenhos, como um fotograma de uma película de filme. Cada desenho não é autónomo, precisa dos seguintes para contar a aventura e inclui o texto no seu próprio espaço.
Para fazer entender melhor a minha ideia, mostro agora uma prancha em quadrinhos do mesmo autor, E. T. Coelho, e da mesma época.
Aqui o desenho fala por si e corresponde ao que é contado numa parte da novela, apresentando-se intercalada no texto. Estas ilustrações precisam de mostrar não só o que se passa na cena escolhida, mas também pormenores do que é descrito entre imagens, como se uma das personagens usa bigode, se é magro ou forte, baixo ou alto.
Uma vinheta conta na sua sequência o desenvolvimento de um texto que é explicado em cada um desses desenhos, como um fotograma de uma película de filme. Cada desenho não é autónomo, precisa dos seguintes para contar a aventura e inclui o texto no seu próprio espaço.
Para fazer entender melhor a minha ideia, mostro agora uma prancha em quadrinhos do mesmo autor, E. T. Coelho, e da mesma época.
As legendas não estão ainda incluídas, mas tem os espaços reservados para elas.
Aqui, não é o desenho que está fora do texto, mas, pelo contrário, o texto vem dentro da sua área. A vinheta conta sempre uma fração de algo que se quer descrever.
Naturalmente que a técnica da narrativa gráfica, quando bem feita, resulta em conseguir que o leitor entenda o que se passa vendo só as vinhetas, sem precisar do texto, e este funciona depois como complemento de pormenor do argumento. Mas isso é outra história e, neste caso, interessa-nos falar das ilustrações soltas.
Quando iniciei a minha carreira, publicando o primeiro trabalho no jornal «O Papagaio» em 1944, curiosamente comecei como argumentista a escrever novelas com uma ou duas ilustrações.
Esta novela foi publicada em princípios de 1945.
Embora a minha colaboração fosse maioritariamente de narrativas gráficas, três anos mais tarde continuei a publicar contos e novelas no mesmo jornal.
No próximo artigo:
Aqui, não é o desenho que está fora do texto, mas, pelo contrário, o texto vem dentro da sua área. A vinheta conta sempre uma fração de algo que se quer descrever.
Naturalmente que a técnica da narrativa gráfica, quando bem feita, resulta em conseguir que o leitor entenda o que se passa vendo só as vinhetas, sem precisar do texto, e este funciona depois como complemento de pormenor do argumento. Mas isso é outra história e, neste caso, interessa-nos falar das ilustrações soltas.
Quando iniciei a minha carreira, publicando o primeiro trabalho no jornal «O Papagaio» em 1944, curiosamente comecei como argumentista a escrever novelas com uma ou duas ilustrações.
Esta novela foi publicada em princípios de 1945.
Embora a minha colaboração fosse maioritariamente de narrativas gráficas, três anos mais tarde continuei a publicar contos e novelas no mesmo jornal.
Mas abordemos o tema que o Carlos Rico me propôs, mostrar as minhas ilustrações que foram ficando dentro de livros, portanto com menos visibilidade.
No próximo artigo:
Colaboração com Adolfo Simões Müller
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