domingo, 5 de julho de 2015

EVOCANDO (16)... JAYME CORTEZ

Jayme Cortez (1926-1987)
É com grata admiração que hoje evocamos o nosso desenhista Jayme Cortez, pois faleceu precisamente a 5 de Julho de 1987, em S. Paulo (Brasil), vítima de paragem cardíaca.
Nasceu no Bairro Alto (Lisboa) a 8 de Setembro de 1926, sendo então Jaime Cortez Martins, de nome.
No início de 1947 estabeleceu-se no Brasil, pais que o tem em alta consideração e no qual veio a naturalizar-se, tendo também casado com uma cidadã brasileira.
Directa ou indirectamente, foi discípulo de Eduardo Teixeira Coelho, vindo depois a criar os seus próprios e variados estilos gráficos e pictóricos. Tive (eu, LB) a glória de ter convivido com ele, se bem que efémeramente, num jantar bedéfilo em Lisboa em 1986 (a última vez que visitou a sua cidade natal).
Jayme Cortez é um caso muito especial na Banda Desenhada Portuguesa, embora, tal como seus colegas Eduardo Teixeira Coelho e Vítor Péon, tenha desandado do nosso País (só Péon tornou para entre nós vir a falecer).
Cortez começou a sua carreira de desenhista e cartunista em Portugal... aos onze anos de idade (!!) no suplemento infantil do matutino lisboeta “O Século”.
Nos inícios dos anos 40 do século passado, estreou-se em “O Mosquito”, com a história “Uma Espantosa Aventura”. Mas é no imenso e consciente Brasil que ele é considerado com respeito e admiração. Aqui desenvolveu toda a sua carreira (BD, Ilustração, Capas, Pintura, etc.), valorizando bastante as H.Q. no país onde foi adoptado.
Foi mestre de consagrados desenhistas brasileiros, como Eugenio Colonnese, Messias de Melo e Rodolfo Zalla. Chegou a colaborar com o português António Lopes Cardoso, aparentemente esquecido em Portugal e estranhamente “perdido” também pelo imenso Brasil...
Com Álvaro de Moya, Miguel Penteado e Syllas Roberg, Jayme Cortez foi um dos co-organizadores da primeira exposição internacional de Banda Desenhada do mundo, inaugurada a 18 de Junho de 1951 em São Paulo.
Colaborou nas edições do famoso Maurício de Sousa.
É autor de vários livros didácticos: “A Técnica do Desenho”, “Mestres da Ilustração”, “Manual Prático da Ilustração”, etc.
Alguns dos livros técnicos de Jayme Cortez

Foi actor em três filmes de José Mojica Martins: “Delírios de um Anormal”, “Mundo, Mercado do Sexo” e “Perversão-Estupro”.
Foi premiado pela sua carreira de desenhista no Festival de Lucca (1986 - Itália), tendo antes, em 1984, recebido o Prémio Ângelo Agostini (Brasil).
E é neste mesmo Brasil que é criado o “Troféu Jayme Cortez” para determinados e honrosos fins.
Salientam-se ainda as admiráveis capas que Jayme Cortez elaborou para os fascículos ou mini-álbuns, publicados no Brasil, versando as séries-BD “Oscarito e Grande Otelo” e “Mazzaropi”...
Capas de "Oscarito e Grande Otelo" e "Mazzaropi"

...e as edições locais dos textos de Eça de Queiroz adaptados por Eduardo Teixeira Coelho.
Capas de "A Torre de D. Ramires" e de "O Tesouro" (in "Aventuras Heróicas", Edições La Selva)

Da sua curta obra criada em Portugal, sobretudo para o público juvenil, salientam-se “Uma Espantosa Aventura”, “O Vale da Morte”, “Os Dois Amigos na Cidade dos Monstros Marinhos” e “Os Espíritos Assassinos” (esta, reeditada nos “Cadernos de Banda Desenhada” #2, em Março de 1987).
Prancha de "Os 2 Amigos na Cidade dos Monstros Marinhos"

No Brasil, da sua extraordinária carreira, demarcam-se as suas duas primeiras histórias, “O Guarani” e “Caça aos Tubarões”.
Depois, Cortez avançou muito no seu estilo e aprofundou-se notavelmente em temas do insólito e do terror, donde obras como “Zodíaco”, “O Retrato do Mal”, etc, até “Saga do Terror”, publicado postumamente pela Editora Martins Fontes.
Primeira prancha de "O Retrato do Mal"
Prancha final de "O Retrato do Mal"
Que o mundo bedéfilo português não esqueça também este grande valor que foi (e é) Jayme Cortez.
LB


Pranchas de "Os Seis Terríveis" (in "O Mosquito")

Capa e pranchas de "Os Espíritos Assassinos", in "Cadernos de Banda Desenhada" (1987)
Capa para "O Defunto" (in "Aventuras Heróicas" #7 , Edições La Selva)
Capa para "A Aia" (in "Aventuras Heróicas" #10 , Edições La Selva)
Capa para a revista "Capitão Radar" 
Capa para "Almanaque de o Terror Negro"
Capa para a revista "Os 3 Patetas" (Edição Seleções Juvenis)

Capa para o álbum "Zodíaco"
Da esquerda para a direita: António Barata, José Abrantes, Jayme Cortez, José Ruy, Luiz Beira e Differ
(na última vez que Jayme Cortez esteve em Portugal, em 1986)

2 comentários:

  1. Agradeço pela homenagem a memoria do nosso mestre. O link para esta página estará disponível na página oficial Jayme Cortez, no Facebook. Abraços cortezes.
    Fabio Moraes

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    1. Caro Fábio
      Muito obrigado pelas suas amáveis palavras.
      O Jayme Cortez foi e é um grande artista, pelo que mereceu bem a nossa, embora humilde,
      evocação.
      Um forte abraço
      Luiz Beira

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