segunda-feira, 24 de agosto de 2020

​BD E HISTÓRIA DE PORTUGAL (18) - SALGUEIRO MAIA


De seu nome próprio Fernando José Salgueiro Maia, nasceu em Castelo de Vide (onde, a seu pedido, está sepultado em campa simples) a 1 de Julho de 1944 e faleceu em Lisboa a 3 de Abril de 1992. Era casado com Natércia Maia, donde dois filhos, Catarina e Filipe. Consta, sem provas, que terá um filho ilegítimo, possível fruto de um devaneio amoroso acontecido quando estava destacado na ilha de S. Miguel (Açores).... Em jovem e mesmo já adulto, viveu em Coruche, Tomar, Pombal, Leiria e Santarém. Chegou a integrar numa Companhia de Comandos na Guerra Colonial.
O Povo Português já há muito que ansiava por um gesto militar para o libertar dos sufocos ditatoriais do salazarismo. E, depois de várias tentativas falhadas, a vitória e a liberdade aconteceram a 25 de Abril de 1974. E as glórias máximas deste êxito cabem a Salgueiro Maia!
Humanista e generoso em absoluto, para ele próprio e para os outros, foi um impecável corajoso: teve a adesão total das suas tropas, em Santarém, quando lhes fez um aviso e desafio; enfrentou, firme e desarmado, a histeria de um tal brigadeiro Pais, no Terreiro do Paço (Lisboa), que ordenava que o prendessem ou o abatessem, só que todos os soldados em frente baixaram as armas e passaram-se para o "atrevimento" de Salgueiro Maia.
Depois, foi a grande ocasião em Lisboa, no Quartel do Carmo, cercado por um imenso povo eufórico: ordenou e conseguiu, que não houvesse "sangue". E também foi ele que, em paz, negociou a rendição de Marcelo Caetano (que não foi tão salazarista como isso...) e o protegeu para o avião que o levou ao exílio (Madeira primeiro, Brasil depois).

E a seguir?!... Como reza a História de sempre, as revoluções comem sempre os seus heróis. E ingratamente assim foi: já "invejado", foi transferido para a ilha de S. Miguel, ainda em 1975, voltando para a "sua" Santarém em 1979.
Recusou sempre qualquer cargo político. 

Foi promovido a major em 1981 e, mais tarde, a tenente-coronel.
Em 1989, foi-lhe diagnosticado um cancro e, apesar de cirurgias, faleceu a 3 de Abril de 1992.
Recebeu a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade, o Grau de Grande Oficial da Antiga e Muito Nobre Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito e a Medalha de Ouro de Santarém. E também, já a título póstumo, o Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa agraciou-o com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique, a 25 de Abril de 2016.
Tem uma estátua em Santarém e um busto em Castelo de Vide. 

Estátua de Salgueiro Maia, em Santarém, da autoria de Álvaro França
O seu nome consta na nossa toponímia e a Filatelia também não o esqueceu.
O Cinema Português honra-o com três longas-metragens. 
Em 2000, dois filmes: "Capitães de Abril", dirigido por Maria de Medeiros e com o actor italiano Stefano Accorsi no papel principal, e "A Hora da Liberdade", dirigido por Joana Pontes e com o actor Manuel Wiborg como Salgueiro Maia. 
Para estrear ainda em 2020, Sérgio Graciano realizou "Salgueiro Maia, o Implicado", com Tomás Alves no personagem titular.
Os actores Stefano Accorci, Manuel Wiborg e Tomás Alves

E cá estamos agora na Banda Desenhada... 
Só nos constam, até ao momento, duas obras: "Salgueiro Maia, o Rosto da Liberdade" com texto e traço de António Martins (1949-2012)...

...e, na série "Os Super-Heróis da História de Portugal", o fascículo "Salgueiro Maia", com texto de António Gomes de Almeida (1933) e arte de Artur Correia (1932-2018).

E por hoje, ficamo-nos por aqui, com a plena gratidão ao heróico Fernando Salgueiro Maia.
LB

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