quinta-feira, 14 de novembro de 2019

NOVIDADES EDITORIAIS (184)

CHAPLIN -Edição Dupuis. Autores: argumento de Bernard Swysen ​e arte de Bruno Bazile. E prefácio (emocionante) do cineasta Claude Lelouch.
​Um álbum, bem especial, que relata a vida e obra do genial Charles Chaplin (homónimo de seu pai), conhecido em Portugal e nos países francófonos (por exemplo) como "Charlot". Esta biografia em Banda Desenhada é extraordinária, revelando aspectos inéditos da vida do pluri-artista gigantesco que ele foi. Magnífico!
Filho de Hannah e Charles Chaplin, Charles (Charlie) Sidney Chaplin, nasceu em Londres a 16 de Abril de 1889, havendo já da parte de seus progenitores, um outro filho, Sydney. O pai, normalmente sempre ébrio e artista medíocre, duvidava que um destes dois rebentos fosse dele!... A mãe, garantia que sim… Hannah cantava num cabaré e cedo veio a perder a voz, o que complicou mais a vida doméstica.
Foi depois, uma saga de amarguras, onde a grande força residia na estima fraterna de Sydney e Charles. Sobreviviam, mais a mãe sempre doente e que veio a perder o tino, num mundo de aflições e pobreza.
Ainda garoto, ele terá dito: "Detesto a escola! A História é só violência, a Geografia apenas mapas, a Poesia é uma ginástica para a memória e a ​Aritmética é enjoativa..."

O Destino leva Charles a ingressar ​no Teatro. Um dia, na Companhia onde estava, parte para ​os Estados Unidos… Nessa viagem, trava amizade com o ​colega Stan Laurel (o futuro e famoso "Estica"). Depois, ​tudo vai funcionando, com alegrias e triunfos, mas também ​com marcantes amarguras.
​Charles (Charlie) Chaplin acaba por se firmar e afirmar, e cada vez mais, pelo futuro adiante, como um diverso e ​genial artista. Foi, inclusive, perseguido pela política ​fascistóide de um tal McCarthy norte-americano. Dos seus ​diversos amores, só foi verdadeiramente feliz e até ao ​fim da vida, com Oona O'Neil.
Vivendo vários anos na ​Suíça, ali faleceu no Dia de Natal, a 25 de Dezembro ​de 1977.
​Fez e continuará a fazer rir (e a puxar também a uma certa lágrima) pelos seus filmes eternos.
Foi agraciado com o  ​título de "Sir" em 1975, pela rainha de Inglaterra (Elizabeth II), e apesar ​de banido no "país" norte-americano, em 1972, recebeu o ​famoso "Oscar" pela sua carreira.
No final deste justo e belo álbum, está toda a cronológica filmografia de Chaplin (com especiais fotos intercaladas).
Esta é uma obra-BD tão preciosa como útil ​a ​qualquer um. Topam onde quero chegar?... É obrigatório ler ​esta obra-BD!
​Acréscimos de mera rotina conveniente: o nosso José Ruy também ​forjou em BD a biografia de "Charlot", que após publicar em revistas, ​teve esta sua "A Vida Maravilhosa de Charlie Chaplin", editada em ​álbum em 1988, pela Editorial Notícias. Outro pertinente exemplo: o ​saudoso belga François Craenhals, em 1953, criou uma "curta" (em ​quatro pranchas, mais capa), editada na célebre revista "Tintin"...
Estas e outras versões podem ser consultadas no post que lhe dedicámos, aqui no BDBD. 
​Viva Charles (Charlie-Charlot) Chaplin!


A FILHA DE VERCINGETORIX - ​Edição Asa. Autores: segundo René Goscinny e ​Albert Uderzo, tem argumento de Jean-Yves ​Ferry, traço de Didier Conrad e cores de Thierry Mébarki. A tradução para a edição portuguesa é de ​Maria José Pereira e Paula Caetano.
​A feitura deste 38.º álbum da série "Astérix" muito ​deve ter divertido os seus responsáveis, tanto como ​nos diverte a nós, leitores.
Em "A Filha de Vercingétorix" ​há uma certa reviravolta no tradicional desenrolar dos ​enredos… Adrenalina é uma pressuposta filha do ​grande e bravo líder gaulês Vercingétorix. Júlio César ​quer capturá-la para a "romanizar" mas ela, escoltada ​por uns outros fiéis gauleses (que falam com um ​bizarro sotaque, assim a modos que o mesmo idioma, ​mas tipo "o português" e "o galego"), é entregue ​à protecção da famosa aldeia irredutível que todos conhecemos. O tema cedo salta para o confronto de gerações e é um ver se te avias na balbúrdia de acertadas ironias que se vão desenrolando.
​Adrenalina é rebelde, corajosa e frontal. Enfrenta tudo e todos e o seu ego de "nariz arrebitado" a todos confunde. Seus mais directos parceiros são dois adolescentes da aldeia, o Blinix e o seu irmão mais petiz, Surimix, e o ​Selfix. Astérix, Obélix e o cachorrito Ideiafix, são quase secundários… De resto, Adrenalina, pensa escapar-se para bem longe desse mundo "antigo, estagnado e ​acabado"... Escapa-se dos Romanos (que, volta não ​volta, levam uns bons sopapos da parte de quem ​sabemos), enfrenta um certo gaulês (bruto e espião ​de César) e, pela sua firmeza, quase "domestica" os ​sempre infelizes piratas…
Ilesa de "todos os perigos", ​apaixona-se por um ecologista bretão, um tal Letitbix ​(nome inspirado na canção "Let It Be" dos Beatles), e ​ambos navegando e abordando pelas mais diversas ​geografias, adoptando crianças desvalidas pelo caminho ​(tipo gesto de Josephine Baker ou do breve casal Angeline ​Jolie/ Brad Pitt)...
​Indica-se, numa certa conveniência de "marketing, que é a obra da série onde uma figura feminina se demarca. É ​uma meia-verdade apenas, pois há pelo menos três ​mulheres que são frequentes: Bonemine (a "primeira dama" ​da famosa aldeia), a boazona da Sra. Agecanomix e a bela ​Falbala (por quem Obélix chegou a estar apaixonado) que ​veio a casar com Tragicomix. Outros personagens ​femininos existem na série, mas são, na verdade, de menor ​relevo.
​Um belo e conveniente álbum, com múltiplas alusões, da série que todos amamos, mesmo aqueles de fígados amargos… Bravo!


HOMO INVENTOR - ​Edição Escorpião Azul. Autor: Lança Guerreiro.
​Finalmente, o primeiro álbum da autoria de António ​Lança Guerreiro!... Já não era sem tempo! Em "formato italiano", o "Homo Inventor, Quando o ​Homem se Pôs a Inventar", agradou-nos plenamente.
​Com a ironia característica de Lança Guerreiro, narra as aventuras de uma família troglodita (um casal e três filhos, mais o avô que tudo confunde, sobretudo com os ursos) e que, ante situações drásticas, vai inventando o progresso: a pesca, a roda, a aplicação do fogo, o vestuário, a jangada para navegar, o domar dos cavalos, os primórdios da medicina, etc.
Para além de divertir, o álbum tem também uma positiva linha didáctica, em especial para os mais novos.
Este álbum foi lançado no Festival "Amadora-BD/2019".
​Parabéns, Lança Guerreiro!

LB

2 comentários:

  1. Três álbuns que me parecem excelentes e que, salvo o do Chaplin, estarão brevemente na minha estante. Digo "salvo o do" porque não acredito que vá ter uma versão em português (pode ser que me engane, por felicidade).
    Relativamente ao Homo Inventor, parece-me ser uma boa aposta da Escorpião Azul, cuja "picada", que em vez de adormecer desperta, está a fazer bem à BD portuguesa. E, é claro, parabéns ao Lança Guerreiro, que tem um traço inconfundível e assume a coragem de publicar em formato italiano.

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    1. Caro Amigo e Autor-BD:
      ​Tens razões em todas a frentes… ​São belas ​e justas palavras neste teu comentário. O ​citado álbum, "Chaplin" em português, depende do não autismo "scroogeano" de ​alguma das nossas editoras-BD...
      Quanto ​ao Lança Guerreiro, que ele prossiga em força!
      ​Um abraço do
      ​Luiz Beira

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