sexta-feira, 11 de outubro de 2019

CENTENÁRIO DE UM GIGANTE: ETCOELHO (9)

Por: José Ruy

Chegado o mês de outubro, o Clube Português de Banda Desenhada inaugura a exposição comemorativa do centenário do nascimento de Eduardo Teixeira Coelho sob o tema: «O Grafismo e as Armaduras na obra de ETC».
ETCoelho, no seu princípio de carreira, teve de estudar intensamente a estrutura da letra, o que era fundamental nas décadas de 30, 40 e 50 do século XX. A letra tinha de ser desenhada para tudo que precisasse de explicação, em exposições, títulos em revistas, jornais e livros.
ETC iniciou entre nós os cabeçalhos desenhados, em que a par do título inseria elementos do desenrolar da novela ou do conto escrito em baixo.
Quando em fins de 1939 ele entrou para as «Edições O Mosquito» e se tornou o principal colaborador da revista «Engenhocas e Coisas Práticas» criou, para as muitas secções, títulos sugestivos e bem delineados. Não se limitou a desenhar as letras, escolheu também o tipo e forma a condizer com o assunto, sugerindo o conteúdo da secção.

Depois, quando passou a colaborar permanentemente no próprio jornal «O Mosquito», deu largas à sua imaginação nos títulos das novelas que ilustrava.
Quando por volta das décadas de 1960 e 1970 se dedicou profundamente à pesquisa das Armaduras e Armas Brancas do século XII a XV, vindo a tornar-se numa das maiores autoridades no assunto, a nível mundial, conseguiu um trabalho notável que publicou em livros, de parceria com um outro especialista que tratava do texto, o arquiteto Lionello Giorgio Bocccia.
ETCoelho não se limitou a reconstituir as armaduras que, entretanto, se haviam perdido no tempo, e de que em muitos casos tinham sobrevivido peças soltas que já ninguém sabia como eram articuladas; inteligentemente pesquisou e encontrou o seu funcionamento.
Juntamos, na exposição, imagens onde aparece um baixo relevo da época, portanto credível, e a partir daí a ligação que ETCoelho fez com as peças existentes. E fez muitas descobertas que trouxe luz às muitas questões que os estudiosos apresentavam.

Junto uma das muitas cartas que ETC me dirigiu, na troca de correspondência que mantivemos sempre, onde se pode ler a sua preocupação em prosseguir as suas buscas, que se espraiavam pelos museus de toda a Europa.
ETC explica na sua carta, porque é importante o estudo da «história do armamento»: primeiro a evolução da defesa, e em segundo lugar a indústria criada pela utilização de couros, tecidos e metais. O ferro era a grande indústria da época, e compara-a com a indústria dos automóveis hoje em dia. Depois, a quantidade de mão de obra especializada para realizar todo esse material

Mas este génio não se limitou às armaduras europeias, dedicou-se também ao estudo da armadura asiática. 
Nesta exposição mostro croquis que ele foi fazendo nos museus, e chamo a atenção para a pesquisa de pormenores ínfimos, como as argolas das cotas de malha, e como eram cravadas depois de enfiadas na seguinte, para criar a trama.
Mais uma exposição a não perder. 

CPBD - Avenida do Brasil, Nº 52 - A nas duas salas do piso menos um, a sete minutos a pé da estação Metro e CP da Reboleira, AMADORA.
Todos os sábados do mês a partir das 15:30 horas

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