quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

HERÓIS INESQUECÍVEIS (10) - RIC HOCHET


Na linha de heróis-BD jornalistas, que tão em voga estiveram (e alguns ainda estão), em popularidade, Ric Hochet, está logo a seguir a Tintin.
Tibet e Duchâteau
Criado pelo argumentista André-Paul Duchâteau e pelo saudoso desenhista Tibet (aliás, Gilbet Gascard), tendo este estado em Portugal uma vez única, para ser homenageado ao vivo no Salão Internacional SobredaBD 1995, Ric Hochet, então ainda um garoto e a funcionar como um ardina do jornal (fictício) "La Rafale", estreou-se numa história curta, "Ric Hochet Mene le Jeu", a 30 de Março de 1955, na edição belga da revista "Tintin".
Capa da Revista "Tintin" (30.Março.1955)
marcando a estreia de Ric Hochet
Em Portugal, essa estreia aconteceu no "Cavaleiro Andante" n.º183, a 2 de Julho desse mesmo ano, com a mesma narrativa, então intitulada "Qual dos Três?".
Seguiram-se, pelo menos, mais duas histórias curtas (no futuro, outras iriam surgir...), em 1956 e em 1959 (é nesta que Ric conhece o comissário Segismond Bourdon. que virá a ser seu constante parceiro) e, onde se vai notando, graficamente, um natural crescimento do personagem
O êxito é tremendo e daí, Raymond Leblanc (um dos fundadores das Éditions du Lombard/ Bélgica) pede aos autores que avancem para uma série... E a primeira grande narrativa surge em 1961, com "Signé Caméleon". Imparável depois, as aventuras de Hochet (com algumas narrativas curtas e médias, de permeio).
Por aqui, outras figuras notáveis figurando com uma certa constância (referimo-nos só aos "bons"): Nadine (sobrinha de Bourdon, que acaba por se tornar a noiva de Hochet), o inspector Ledru, o misterioso pai de Hochet (Richard), o sempre refilão sábio (mas divertido) Prof. Hermelin, e até, o fiel e terno gato de Hochet... cremos que de nome Nadar...
Como acessórios de marca, em Ric Hochet, a sua gabardina, o seu casaco branco com pintinhas negras (modelo único!) e o seu carro Porsche amarelo...
Há incursões diversas na Rádio e na Televisão, destes personagens. Todavia, em 1968, Raymond Leblanc e a Belvision, produziram uma média metragem(experiência piloto), adaptação do álbum "Signé Caméléon", que até participou então no famoso Festival de Cannes... Mireille Baert foi Nadine, Jacques Lippe foi Bourdon e Ric Hochet foi vivido pelo actor Daniel Vigo (falecido em França há pouco menos de dois anos) e onde, os próprios Duchâteau e Tibet, divertidos, participaram como "polícias"...
Sobre Daniel Vigo, o próprio Tibet afirmou: "Era um talentoso jovem actor belga que se parecia muito com o personagem".
Porém, as crianças assustavam-se muito com a máscara do "Camaleão" e o filme foi retirado de qualquer exibição, de tal modo  que a ideia não teve continuação e "nem se sabe" onde existe o original ou eventuais cópias!... Nem o próprio Tibet, conforme nos disse  na Sobreda em 1995, sabia do destino deste filme, pois nem ele tinha sequer uma merecida cópia!...


Ric Hochet e o actor Daniel Vigo que encarnou o personagem em 1968 

Entretanto, noticiou-se que em 2003, terá começado a rodagem de treze episódios televisivos com o actor Yann Sundberg. Não conseguimos saber se tal foi mesmo conseguido...
Álbuns com as aventuras de Hochet, são em muitas dezenas. A própra Éditions du Lombard, na versão integral, editou em completo tal série, em vinte álbuns.
Por sua vez, quase logo a seguir, a exigente Hachette, também reeditou (ou está a reeditar) tudo sobre Ric Hochet.
Apesar da notável e incontestável celebridade (e popularidade), em Portugal, este herói-BD tem sido "maltratado", apenas publicado em edições avulsas. Em álbuns empenharam-se, sem uma devida regra e sensibilidade ao herói, aos autores e ao nosso público bedéfilo, a Bertrand, o Correio da Manhã, a Futura, a Dom Quixote e a Asa/Público. As responsáveis editoras de BD, no Portugal de hoje, não gostam nem percebem NADA de Banda Desenhada! Publicam aquilo que lhes pode dar fáceis cífrões... mas como quem arrota por um estranho empaturranço... Amen!
Em publicações, sairam aventuras de Ric Hochet  no "Cavaleiro Andante", "Mundo de Aventuras", "Tintin " (edição portuguesa), "Zorro" e "Cadernos Sobreda-BD".

   
Tibet (natural de Marselha) faleceu a 3 de Janeiro de 2010, mas por sua vontade, a série deve continuar. Esperemos que o argumentista Duchâteau encontre rápidamente um grafista digno de continuar Hochet e Tibet.

A terminar: em Bruxelas, na Rue du Bon Secours, há edifícios decorados exteriormente com motivos desta série. E, em 2002, em  Les Issambres, bairro de Roquebrune-Sur-Argens (sul de França) e onde Tibet passava habitualmente as suas férias, foi inaugurada a Alameda Ric Hochet. E esta?!...
 
Ric Hochet numa rua de Bruxelas
Prancha de "O Traidor Contrafeito"
 
 
 
 

 
 
 
 

2 comentários:

  1. Viva.
    É de facto lamentável que não se publique cá esta série.
    Tenho a dúzia de álbuns em português publicados cá e um em português do Brasil. Escrevi algumas vezes para o Público a sugerir que publicassem o Ric Hochet juntamente com a Asa mas até hoje nunca recebi qualquer resposta. Típico. Podiam fazer como já fizeram e juntavam duas aventuras por cada livro ...
    Saudações,

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    1. Caro PB
      Obrigado pelas suas palavras. Também sou um grande admirador deste herói e, mais ainda, quando conheci e convivi por breves dias com o saudoso Tibet. Não há álbuns como deve ser deste herói-BD em Portugal porque as nossas editoras são opacas. Não há nada a fazer!...
      Um abraço
      Luiz Beira

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