segunda-feira, 15 de outubro de 2012

ENTREVISTAS (3) - EUGÉNIO SILVA

De seu nome completo Eugénio Rafael Pepe da Silva, nasceu a 25 de Fevereiro de 1937, no Barreiro, onde reside. Estudou na famosa Escola António Arroio de Lisboa. Para além de se dedicar também à Pintura, à Ilustração e ao Teatro, Eugénio Silva é um dos grandes e veteranos valores da nossa Banda Desenhada.
Tem exposto a sua 9.ª Arte em várias cidades portugueses, para além de no Japão e na Roménia. Foi homenageado nos Salões da Sobreda, de Moura e de Viseu.
Em teoria, os seus álbuns encontram-se quase todos esgotados, exceptuando-se o último, "O Crime de Arronches" (segundo Henrique Lopes de Mendonça). Os outros, são: "A História do Vidro", "Matias Sandór" (segundo Jules Verne), "Eusébio, o Pantera Negra", "O Príncipe Coelho" (no colectivo "Contos das Ilhas"), "Inês de Castro", "On a Retrouvé la Forêt Perdue " (álbum colectivo internacional editado em França), "O Sonho do Rapaz da Bóina", "História de Seia", "História do Seixal" e "Salúquia: A Lenda de Moura em Banda Desenhada" (álbum colectivo que também ainda não está esgotado).
Há longo tempo que Eugénio Silva está a elaborar uma obra que se prevê será um grande êxito comercial, tanto pelo tema como pelo seu cuidado grafismo, "Zé do Telhado".
E foi por aqui mesmo que encetámos uma breve entrevista:

BDBD - Quando é que te decides a acabar, finalmente, a tua BD sobre o Zé do Telhado?
Eugénio Silva (ES) - Não sei... não sei... Estou a trabalhar nisso com todo o empenho. Vamos ver se consigo que tal aconteça até ao Natal.
BDBD - As más línguas dizem que és um bocado preguiçoso. Confirmas?
ES - Não sou preguiçoso... Tenho é de ter uma certa disposição para trabalhar. E depois, como sou muito minucioso, levo mais tempo, evidentemente. Sou muito exigente para comigo.
BDBD - O teu álbum "Inês de Castro" foi um êxito. Está esgotado?
ES - Acho que sim, não sei... Como faliu a Meribérica (que foi a editora), nunca fui informado do destino das eventuais sobras. Aliás, nunca sei se há álbuns esgotados ou não, porque as respectivas editoras nunca me deram conta disso.
BDBD - Portanto, não é só o caso de "Inês de Castro", pois há também o álbum do "Eusébio", o da "História de Seia", o da "História do Seixal", "O Crime de Arronches"...
ES - Não, calma. "O Crime de Arronches" ainda não está esgotado. Essa obra foi uma encomenda da Câmara de Arronches", que o vende directamente sem passar pelas livrarias. Dos outros, não tenho até agora, qualquer informação.
BDBD - Temos ainda a recordar aqui que o teu álbum "Matias Sandór" não se encontra. Este esgotou mesmo, não foi?
ES - Sim, tudo leva a crer que sim. A editora era a Publica, que também faliu.



BDBD - Mas seria bom que esses teus álbuns fundamentais ("Inês de Castro", "Matias Sandór" e "Eusébio, o Pantera Negra") fossem reeditados, não achas?
ES - Sim, todos eles. Seriam hipóteses de boas vendas, especialmente, o "Inês de Castro" e o "Eusébio". Bom seria que surgisse uma editora que a tal se propusesse, mas agora com a crise... Maldita crise!
BDBD - A crise não será desculpa, pois há países em crise que sabem reeditar o que é válido...
ES - Mas lá fora há outras estruturas, há editoras só de Banda Desenhada.
BDBD - E no plano do estrangeiro, nunca tentaste a tua sorte?
ES - Não, muito a sério, nunca tentei. Uma vez, no Salão de Barcelona, tive um vago contacto com um editor alemão, mas isso não se adiantou. Ficou-se por uma primeira abordagem.
BDBD - E depois do "Zé do Telhado", que projectos estão nos teus sonhos?
ES - Talvez - digo talvez - me dedique ao conto de Eça de Queiroz, "A Perfeição". Vamos a ver...
"Zé do Telhado" - prancha 29 (inédito)

"Amoni", obra de estreia de Eugénio Silva publicada no suplemento do DN "Nau Catrineta", em 1965,
mais tarde reeditada pelo GBS nos Cadernos Sobreda BD n.º 11.



8 comentários:

  1. ...Isto da sincronicidade tem que se lhe diga; é que ainda hoje tive em mãos um religiosamente guardado mapa aéreo ilustrado da Costa Azul, que o sr.Eugénio pintou no final dos anos 80...! Um trabalho de fôlego, tão detalhado como intemporal!
    Gostei da entrevista (apesar de saber a pouco) a um quasi-conterrâneo (eu, do Montijo), que saúdo também pelos contributos recentes no projecto do Infante Portugal, do José de Matos-Cruz.

    Cumprimentos,

    Daniel Maia

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    1. Caro Daniel Maia
      Grato pelas suas palavras sobre o meu bem caro amigo Eugénio Silva.
      Também tenho o mapa que ele desenhou primorosamente.
      Infelizmente, ele tem estado com várias "chatices" a nível de saúde, mas nada de muito grave. E todos esperamos que, ainda este ano, ele conclua finalmente o tão esperado "José de Telhado".
      Quanto ao tamanho das entrevistas, estas nem sempre podem ser longas. Depende das circunstâncias do momento e do tempo disponível em que elas decorrem... O importante e fundamental é o não esquecermos jamais os artistas da nossa Banda Desenhada.
      Um abraço do
      Luiz Beira

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  2. É realmente uma pena não haver facilidade em encontrar Bd deste autor português. Eu desconhecia as suas obras (sem contar com a do Eusébio e da Inês de Castro que já tinha visto de relance numa banca) e não imaginava que tivesse feito tantos albuns. No que toca à arte, pelo que vi nas capas, alguns albuns não me caem muito no gosto, porém outras, o caso do "Amoni" são verdadeiramente espectaculares e ao nivel do que de melhor se faz na Bd Europeia. Fiquei com uma curiosidade imensa de conhecer essa Bd por dentro. Pelo menos a sua capa está excelente (na minha humilde opinião).

    Parabéns também por mais uma entrevista. É sempre interessante saber mais sobre os artistas e autores desta arte que tanto apreciamos :)

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    1. Caro Luís Sanches
      O Eugénio Silva é, na verdade, um dos mais valorosos veteranos, no
      activo, dos criadores da nossa Banda Desenhada, para além de ser
      também um magnífico retratista. Tem quase todos os álbuns esgotados...
      Por sorte, talvez os encontre em algum alfarrabista. "O Crime de Arronches" poderá ser solicitado à Câmara de Arronches, tal como "Salúquia" deve ser para a Câmara de Moura. Ignoro se a Câmara do Seixal ainda tem exemplares de "História do Seixal em BD "... Quanto ao "Cadernos Sobreda-BD" Nº 11, que contém "Amoni" e "A Gruta dos 3 Irmãos", sob edição do GBS--Grupo Bedéfilo Sobredense, está rigorosamente esgotado.
      Um grande abraço
      Luiz Beira

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  3. Boas recordações, que bem podiam ser materializadas em reedições (atenção Edições Asa!).
    O Matias Sándor li há muitos anos por empréstimo da antiga biblioteca ambulante da Fundação Calouste Gulbenkian, mas infelizmente já não me lembro de nada do álbum.
    Venha de lá então esse Zé do Telhado!

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    1. Caro André Azevedo
      O Eugénio Silva, bem como outros valorosos desenhistas da nossa praça, bem merece o apoio dos leitores. E a Asa é, de momento, a editora-BD com mais empenho (ou, pelo menos, assim parece). Da parte dos leitores, poderia haver alguma "pressão", para: mjosepereira@asa.leya.com
      Um abraço do
      Luiz Beira

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  4. Chequei aqui através do fantástico mapa do Sr. Eugénio Silva. Um trabalho destes não tem preço. O Algarve precisa de um mapa assim! O maior dos seus talentos são os mapas ilustrados!!!

    Estou a tentar fazer um mapa ilustrado para o concelho do Algarve onde resido, mas mesmo com os meios informáticos, o trabalho de um génio é impossível de superar... e ainda bem que assim é. Bem haja Sr. Eugénio Silva!

    Excluindo alguns mapas dos descobrimentos, o mapa da Costa Azul é o mais belo que conheço e por isso me serve de inspiração.

    Espero sinceramente ver um mapa do Algarve com a assinatura do Mestre Eugénio Silva!

    Um abraço: Manuel Alves (um aprendiz sentado nos ombros de gigantes)

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    1. Caro Amigo :
      Reencaminhamos o seu comentário ao Eugénio Silva, que nos autorizou a indicar o seu e-mail, caso queira contactar com ele, que é : eugeniosilva.pepe@gmail.com
      Um abraço
      Luiz Beira

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