quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

TALENTOS DA NOSSA EUROPA (42) - DERIB (Suiça)

Pois a Suíça não é só uma exemplar nação com quatro idiomas oficiais, de queijos, relógios, canivetes, chocolates e afável para turistas e desportistas. Guarda em si uma boa fornada de desenhistas de renome e, de entre eles, o grande Derib. Grande pelo seu talento e pelo seu humanismo, registe-se.
​De nome próprio Claude de Ribaupierre, Derib nasceu em Tour-de-Peilz a 8 de Agosto de 1944. Muito pequeno e encorajado pelo pai, iniciou-se na prática do desenho. Alguns ​anos mais tarde, mudou-se para a Bélgica, onde ingressou nos ​estúdios de Peyo (1928-1992), laborando para a série "Os ​Estrumpfes"...
Mas logo se seguem as curtas para a série ​"As Mais Belas Histórias do Tio Paulo".
​Em 1969 criou a série humorística "Attila", um cão falante e detective.
Capa e prancha de "Le Mystère Z14", por Maurice Rosy (texto) e Derib (desenhos),
Edição Dupuis (1971)
"Attila no Castelo", uma história completa no "Jornal da BD" #107
E pouco depois, regressa à sua Suíça natal ​onde inicia, com textos de André Jobin (dito Job), a série ​"Pythagore", tendo como personagem principal um mocho ​brincalhão e dotado para a Matemática.
"Pythagore et Cie. contre Brazerro", por Derib (desenhos) e Job (texto),
Edição André Jobin (1969)

Em 1976 e com ​argumentos de Charles Jadoul, criou a bela e breve série ​realista na linha histórica, "Arnaud de Casteloup", infelizmente ​quase desconhecida pelos bedéfilos portugueses.​

Capa e prancha de "Arnaud de Casteloup", por Jadoul (texto) e Derib (desenhos)
Colecção Kaléidoscope - Edição Albin Michel (1976)

Capa e prancha de "Arnaud de Casteloup" #2, por Jadoul (texto) e Derib (desenhos)
Edição Bedescope (1980) 

Antes disso, em 1970, Derib (e Job) inicia(m) o seu imparável triunfo, a ultra popular série "Yakari". É aquele indiozinho fraterno, às vezes ​dado a algumas lógicas diabruras, mas que ama sem limites a Natureza e todos os animais. A série, em francês, conta com ​pouco mais de quarenta álbuns.
Capa de "Yakari" (primeiro álbum da série), por Job (texto) e Derib (desenhos) - Edição Dargaud (1973)

 
Capa e prancha de "Le Souffleur de Nuages", por Job (texto) e Derib (desenhos) - Edição Casterman (1995)

Capa e prancha de "Le Lézard de l'Ombre", por Job (texto) e Derib (desenhos) - Edição Le Lombard (2011)

​Apaixonado pelo ambiente do "Far West", Derib não se ficou por ​aqui… Pois em 1971, com argumento de Greg, desenhou uma  ​obra meio-humorística meio-épica e de digna admiração, "Go ​West" (não existe em português!).
Capa e prancha de "Go West", por Greg (texto) e Derib (desenhos) - Edição Le Lombard (1979)

E logo vêm também na linha "​western", os títulos: "L'Homme Qui Croyait à la Californie" (um tomo, sob argumento de Christian Godard)...
Capa e prancha de "L'Homme qui Croyait a la Californie", por Godard (texto) e Derib (desenhos)
Edição Le Lombard (1987)

..."Celui Qui Est Né Deux Fois/Red Road" (sete álbuns e dois integrais)...
Capa e prancha de "Business Rodeo", por Derib - Edição Le Lombard

Capa e prancha de "Bad Lands", por Derib - Edição Le Lombard

...e, obviamente, a série realista que, em popularidade, rivaliza com a de "Yakari", "Buddy Longway", com cerca de uma trintena de álbuns, alguns deles publicados em Portugal, pela Bertrand Editora, pela Editorial Futura e pela parceria Público/Asa (sem esquecer, também, vários episódios publicadas no "Mundo de Aventuras", revista "Tintin", "Almanaque Tintin" e "Selecções Tintin").
Capa do primeiro álbum da série Buddy Longway: "Chinook", por Derib
Edição Le Lombard (1974)
Pranchas de "Chinook", por Derib, in revista "Tintin" #23 (1981)
Numa fase mais recente, Derib agarrou admiravelmente, temas bem mais sérios, pertinentes e contemporâneos, na versão de "álbum único" (one shot), dignos de serem atenciosamente lidos:
"Jo", versando o problema do flagelo SIDA...
Capa e prancha de "Jo", por Derib - Edição "Fondation pour la Vie" (1991)

"Pour Toi, Sandra", abordando o drama da prostituição...
Capa e prancha de "Pour toi Sandra", por Derib - Edição "Mouvement du Nid" (1996)

"No Limits", que nos leva para a rebeldia e a delinquência juvenil...
 
Capa e pranchas de "No Limits", por Derib - Edição Le Lombard (2000)

Mais: "Dérapages", onde por um certo clima de sinistras intrigas, Derib, volta a focar a prostituição.
Capa e prancha de "Dérapage", por Derib - Edição "Mouvement du Nid" (2009)

E ainda: "Le Galop du Silence", uma terna história com equídeos.
Capa e prancha de "Le galop du silence", por Derib - Edição "AS' Créations" (2015)

É fundamental que se conheça e se compreenda a diversificada obra de Derib, doa quem doer, incluindo os sempre lamurientos dos nossos editores. Safa, olhem que em Jerusalém é que existe o "Muro das Lamentações"! E tudo isto, não funciona com as lamechas das lamentações, mas com a coragem e o risco de se saber apostar… No entanto, em Portugal, algumas obras deribeanas foram editadas em álbum, versando em especial, as séries: "Yakari", "Buddy Longwaye "Attila".
Derib chegou a ser convidado para um dos Salões da Sobreda-BD ​e, mais tarde, para uma edição do Amadora-BD (via Verbo Editorial), ​que ele sempre aceitou com entusiasmo, mas de ambas as vezes, ​quase mesmo em cima das respectivas datas, cancelou tais vindas ​por motivos de trabalho(?!!...).
Paciência, ou será que ele tem ​medo de andar de avião?!… Se calhar...
LB
O trabalho de Derib explicado por ele próprio...

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