domingo, 2 de abril de 2017

BD E HISTÓRIA DE PORTUGAL (12) - O "SOLDADO MILHÕES"

Aníbal Augusto Milhais,
o "Soldado Milhões",

condecorado e ainda nas
trincheiras
Homem autenticamente honroso e honrador da coragem de ser português, Aníbal Augusto Milhais é um brilhante herói das glórias das nossa Pátria.
Nasceu a 9 de Julho de 1895, em Valongo (Murça), e faleceu nessa região, Valongo de Milhais, a 3 de Junho de 1970.
Profissionalmente era um humilde agricultor. Um invejável e respeitável agricultor, diga-se de passagem. Simples e naturalmente sem vaidades, ele foi de uma bravura incrível nas trincheiras infernais da Primeira Grande Guerra Mundial, destacando-se, para além do seu sempre corajoso espírito de valoroso soldado português, na famosa e violenta Batalha de La Lys, em 1918.
Sem medos, valente e astuto, destacou-se em acção temerária contra os seus adversários alemães, permitindo, sozinho e com a sua tão querida metralhadora, salvar os cobardolas (em fuga apavorada) soldados ingleses tendo ainda a ocasião, no meio de tal barafunda de guerra, de salvar da morte um médico escocês.
Foi nessa altura que ele, Aníbal Augusto Milhais, logo foi saudado pelo seu comandante Ferreira do Amaral que lhe disse: "Tu és Milhais, mas vales Milhões". E como MILHÕES se ficou e se celebrizou para todo o sempre!
Na sua região, Murça, existe um busto da autoria do escultor Laureano Eduardo Pinto Guedes.
O nosso Cinema, até agora, esqueceu-o imbecilmente!!!... Pela 7.ª Arte, há apenas um filme versando a nossa sacrificada participação na cruel Primeira Grande Guerra: o filme “João Ratão” (1940) pelo realizador Brum do Canto e com Óscar de Lemos, António Silva, Teresa Casal, Costinha, Manuel dos Santos Carvalho, etc. O argumento e o cenário são disso jogo de cena, mas do “Soldado Milhões”, nada feito!...
Por aqui, os nossos cineastas são amorfos e todas as nossas entidades culturais são ceguetas!... Dixit!
Em memória do exemplar e admirável “Soldado Milhões”, que nos valham os autores de outras tão dignas Artes, a saber:
Na Pintura, um valoroso quadro pelo nosso saudoso Carlos Alberto Santos (às vezes, M. Gustavo).
O Soldado Milhões, numa pintura de Carlos Alberto Santos
Na Literatura, o livro “Aníbal Milhais - Um Herói Chamado Milhões”, sob edição Pato Lógico - Imprensa Nacional/Casa da Moeda, com texto de José Jorge Letria e capa e ilustrações de Nuno Saraiva.
Capa de"Anibal Milhais - Um Herói Chamado Milhões",
por José Jorge Letria (texto) e Nuno Saraiva (desenho), Ed. Pato Lógico
E, aqui sim, pela Banda Desenhada:
Por José Garcês e A. do Carmo Reis, na “História de Portugal em BD”, a referência à Batalha de La Lys.
"História de Portugal em Banda Deenhada" (Vol. 4 - "A Revolução da Liberdade"),
por A. do Carmo Reis (texto) e José Garcês (desenho), Ed. Asa (1989)
A aplaudível versão humorística de mestre Artur Correia, “O Super-Soldado Milhões”, com texto de António Gomes de Almeida.
"O Super-Soldado Milhões", por António Gomes de Almeida (texto) e Artur Correia (desenho),
in "Super-Heróis da História de Portugal", Bertrand Editora (2004)

E, num plano mais apaixonantemente realista, as versões desenhadas por Carlos Baptista Mendes...
"O Soldado Milhões", por Carlos Baptista Mendes,
in "Portugueses na Grande Guerra (1914-1918)"Ed. Arcádia (2014)


...e Augusto Trigo / Guilhermino Pires.
"O Soldado Milhões", por Augusto Trigo (desenho). Adaptação de um texto
de Guilhermino Pires. 1.ª publicação no "Jornal do Exército" (#334 a #337 - 1988).
Reeditado no #1 dos Cadernos Moura BD (Ed. Câmara Municipal de Moura - 1999)

Pelo invejável “Soldado Milhões”, glória e aplausos aos nossos artistas da Pintura e da Banda Desenhada!
LB

3 comentários:

  1. Calma. Que o "Milhões" terá sido um herói, sim. Terá. Pelo que foi referido, de, enquanto muitos fugiam, ele ficou e foi dando cobertura à fuga dos outros. Mas La Lys foi uma enorme derrota do exército português e os soldados em fuga, eram na sua grande maioria Portugueses. E o ataque alemão foi rechaçado pelas forças inglesas qe cobriram o buraco que se tinha formado na frente de combate pela queda das linhas portuguesas. Há razões que explicam a quebra das linhas portuguesas. Falta de material, Falta de rotação dos soldados da frente (os ingleses rodavam +- de três em três meses. Os portugueses... não rodavam). Por muito que nos doa, La Lys não foi uma batclaha honrosa para Portugal.

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    1. Em verdade não. Os alemães atacaram com uma brutal superioridade numérica (CINCO para um!) e contavam que a resistência portuguesa cederia rapidamente. Não foi o caso e isso foi um factor preponderante na derrota germânica nessa batalha e na Kaiserschlacht como um todo. Repare que a 40ª divisão britânica, que defendia o flanco da força portuguesa, cedeu antes e permitiu que os alemães envolvessem os portugueses. Era uma formação mais poderosa e descansada do que a lusa...

      Na situação em que os portugueses estavam, teriam sido derrotados de qualquer forma. A culpa não foi nossa e sim do comando aliado que não previu uma segunda ofensiva alemã tão pouco tempo após a anterior (Batalha de Villers-Bretonneux). Não imaginavam que o louco do Ludendorff tinha decidido queimar todas as suas reservas estratégicas em ofensivas desesperadas que, no fim, resultaram apenas no colapso alemão.

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  2. Heróis foram todos aqueles que foram e lutaram nesta carnificina. Não tirando o mérito do referido soldado Milhais, a verdade nua e crua será outra. Quando afirma que segurou sozinho a linha de defesa contra a investida Alemã. Na realidade a linha era bem mais extensa para ser defendida por um único elemento. Um pequeno à parte, na foto em que aparece com a condecoração. Sabem quem são os outros elementos? Para quem vê a 1ª vez, é só mais uma foto antiga, de antigos soldados Portugueses. Mais uma vez a realidade é outra. O 1º soldado da direita, parte de cima, é o meu Bisavô. Ele e todos os outros foram condecorados com a Cruz de Guerra. Voltando à história da retirada. Poucos foram os que se ofereceram como voluntários para cobrir a retirada do grosso das tropas. Pouco mais que meia dúzia. A reunirem armamento e munições, iam colocando em posições estratégicas da linha de trincheira. O resto é fácil perceber. Cada um tinha um determinado sector a cobrir. Com esta tática os opositores pensavam tratar-se de algumas centenas de defensores. Fazendo-os recuar diversas vezes. Só quando as munições acabaram é que os poucos que sobreviveram, retiraram para locais diversos uns dos outros. O resto é conhecido.

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