quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

BD PORTUGUESA SEM HERÓIS... ESSA AGORA?!

     
Há dias, num ambiente de bedéfilos que, uns mais outros menos, se encontram todos os sábados pela hora do almoço, em Lisboa, o afável anfitrião, ditou uma atoarda escabrosa:
Não há heróis na BD portuguesa!
Ficou todo o mundo pasmado!... Nós, dessa vez estávamos presentes e logo repontámos:
- É falso! Queres uma lista deles?...
E, de memória um tanto apressada, citámos alguns deles. Mas, o bom do anfitrião, que na verdade é óptima pessoa e que peca apenas por largar atoardas tontas como se fosse um deus a decretar, ainda retorquiu:
- Mas "esse" ou "aquele", só tem uma aventura!
Que disparate! Como se os heróis da BD se medissem pelo número de aventuras ou de álbuns!...
"O Ponto", por Fernades Silva
Ora então, citámos, agora aqui com mais alguns acrescidos: "Falcão Negro" por Eduardo Teixeira Coelho (que também desenhou outros heróis, mas noutras fronteiras), "Tomahwak Tom", "Ted Kirk" e "Pirro" por Vítor Péon (que também criou outros heróis quando vivia no Estrangeiro), "O Pontopor Fernandes Silva, "Tónius" por André e Tito, "Porto Bomvento" por José Ruy, "Tufão" e "D.João e Cebolinha" por Artur Correia, "Jim del Mónaco" (com argumento de Tó Zé Simões) e "O Corvopor Luís Louro, "Dakar, o minossauro" por Luís Diferr e José Abrantes, "Morgana", "Tobias" e "Quim" por José Abrantes, "Tom Vitoín" por Luís Pinto-Coelho, "D.Paio e o Principezinho" por Luís Correia, "Zeca" por José Manuel Soares e Raul de Oliveira Cosme, "Manegas" por Pedro Manaças, "O Espião Acácio" por Fernando Relvas, "Quim e Manecas" por Stuart de Carvalhais, "Zé Pacóvio e Grilinho" por António Cardoso Lopes, "Pitanga" por Arlindo Fagundes...
Quim e Manecas, por Stuart Carvalhais
Certamente que há outros mais, cujos nomes não nos ocorrem de momento.
E ainda, se quisermos "forçar a barra" ante a ambiguidade da situação, há também a série "Sherlock Holmes", primorosamente desenhada por Fernando Bento para a revista "Cavaleiro Andante".
O tal nosso anfitrião, também editor de BD, em vez de atirar para o ar ideias muito convencidas, sensacionalistas e sem nenhum sentido, devia medir bem as suas opiniões ao desbarato, antes de as proferir. E, em vez de editar praticamente e apenas, a BD norte-americana (é pago em dólares?!...), bem podia apostar também nesta imensa BD Portuguesa que está por ser recuperada e salvaguardada como parte do nosso património cultural.
Cabe aos bedéfilos portugueses, dos leitores aos editores, pugnarem pelo que é nosso, antes de nos acocorarmos à BD dos outros. Já nos basta a infinidade dos nossos sucessivos "governantes" que são broncos e atávicos!
Isto não implica que a BD estrangeira não deva ser publicada entre nós. Mas deve ter qualidade, sem nunca passar à frente do que é nosso.
A BD portuguesa não tem heróis?! Essa agora?!...
Dixit!


"Ted Kirk", por Vítor Péon

«Aventuras de D. João e Cebolinha», por Artur Correia

"Tónius, o Lusitano", por Tito (argumento) e André (desenho)

"Porto Bomvento", por José Ruy

"Zeca", por José Manuel Soares (desenho) e Raúl de Oliveira Cosme (texto)
"Pitanga", por Arlindo Fagundes

Os "Heróis Portugueses de Banda Desenhada", foram, inclusive, tema
 para a emissão de uma colecção de 8 selos pelos CTT, em 8.10.2004.

7 comentários:

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    1. Caro Nuno:
      Para começar, digo-te que acho lamentável este comentário. Ainda que tivesses razão, nada justificava que, passadas tão poucas horas desde o teu primeiro comentário (no post anterior), optasses por um tom irónico e arrogante como o que agora usaste. Uma das regras da boa educação é, também, a de saber esperar, Nuno.
      Até hoje, ninguém que tenha colocado alguma questão no BDBD ficou sem resposta. Umas são dadas mais depressa do que outras pelo simples motivo de que este blogue não é a única e exclusiva preocupação dos seus dois responsáveis. Qualquer deles tem vida própria para além do blogue e nem todos os dias é possivel dedicar-lhe a mesma atenção.
      Além disso, e por sermos dois coordenadores, temos sempre a saudável preocupação de trocar impressões um com o outro antes de respondermos ao que quer que seja. O que por vezes dificulta e faz demorar a resposta, porque nem sempre é fácil chegarmos a um consenso.
      Posto isto, devo dizer-te que, em relação ao teu primeiro comentário, a nossa resposta é não por uma razão muito simples: consideramos que esse tipo de concursos não vem trazer vantagens de maior à BD. Ou quererás convencer-nos que, por se abrir uma categoria de Banda Desenhada num concurso de blogues, a BD vai passar a ter muitos mais leitores? É dificil acreditar nisso, Nuno. Acreditamos, sim, que esses concursos, na maior parte das vezes, se transformam em espelhos, onde alguns gostam de se contemplar e admirar, de forma mais ou menos narcisista, o que não é decididamente o nosso caso. No BDBD, ao contrário do que possas pensar, não olhamos para o nosso umbigo. Preferimos gastar as nossas energias tentando, da melhor maneira possível, divulgar uma Arte nobre como é a BD. Não sei se o fazemos bem ou mal. O que sei é que nos dá uma satisfação enorme. E isso chega-nos.
      Quanto à demora na resposta, para além das razões que apontei no início, acrescente-se que, infelizmente, estive ontem praticamente o dia inteiro em Lisboa, no Hospital de Santa Maria, por razões de saúde. Deve chegar para justificar alguma da má educação de que me acusas...
      Saudações
      Carlos Rico

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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    1. Caro Nuno:
      Poderia responder, ponto por ponto, a este teu comentário e argumentar com as minhas razões, mas prefiro apenas esclarecer melhor uma coisa: nunca disse que eras uma pessoa arrogante. Não te conheço ao ponto de te catalogar dessa maneira. O que disse foi que usaste um comentário “em tom irónico e arrogante”, o que é diferente.
      De qualquer maneira, Nuno, não estou interessado em prolongar mais este conflito que, bem vistas as coisas, não tem pés nem cabeça. Penso mesmo que nunca deveria ter acontecido. Proponho- te, por isso, que terminemos por aqui, sem ressentimentos, até porque há coisas bem mais importantes onde eu e tu podemos gastar o nosso tempo.
      Obrigado pelos votos de melhoras (que sei que foram sinceros).
      Desejo, sinceramente também, um Bom Natal para ti e para os teus e que 2013 seja um ano melhor para todos nós.

      Saudações bedéfilas,

      Carlos Rico

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  3. Não querendo ser do contra, eu concordo um pouco com o vosso anfitrião. Acho que não há herois na Bd portuguesa. Acho que já houve, alguns muito bons mesmo, e isso para mim é uma das razões porque às vezes os leitores de Bd em geral não se chegam tanto à Bd Nacional.

    De todos os nomes avançados penso que o Manecas foi o unico que teve um livro a sair recentemente. Mas não lhe chamava heroi, não no verdadeiro sentido da palavra. De qualquer forma, penso que o que levou os livros do "Dog Mendonça" a suscitarem tanto interesse foi mesmo isso, uma aventura com um(a espécie) de heroi.

    Relamente não considero o argumento " Mas "esse" ou "aquele", só tem uma aventura!" válido, mas acho que o facto de não haver herois portugueses a serem publicados na actualidade só faz com que tenhamos que olhar para outras décadas à procura deles. Por isso é que digo, Não há, Houve. Penso que precisamos de os ter.

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    1. Caro Luís Sanches
      Com respeito, aceito o seu parecer como sua opinião pessoal.
      Mas, logicamente, desta vez, não concordo. E, resumidamente, explico-me: dos nossos heróis-BD focados (claro que falharam alguns, como o Toni Tormenta pelo saudoso José Antunes), todos foram publicados em revistas afins e alguns em álbum. Alguns mais recentes, como Manegas e Dog Mendonça (por exemplo), estão ainda "em rodagem", mas já são heróis da nossa BD. Posto isto, a minha frontal discordância é que você diz "não há heróis, houve"!... Como?!... Os nascidos no passado foram pulverizados?!... Eles não foram, eles são! Pertencem, intemporal e indelevelmente, à BD Portuguesa (mesmo com cronologia). Em analogia: Eça de Queiroz ou José Saramago são romancistas (não foram) da Literatura
      Portuguesa. E como heróis da nossa História (outra vez por exemplo), Nuno Álvares Pereira ou Salgueiro Maia, não foram; são Heróis da História de Portugal, doa a quem doer, e por muito que alguns que por aí andam queiram acabar com a nossa Pátria. Como alguém disse, "os homens passam,a obra fica", neste sentido atento, sensível e pertinente, a força está no que fica (não ficou) na Literatura, no Cinema, na História, no Fado, na Banda Desenhada, etc. Que nenhum português tenha o desplante precipitado de atirar bolor e/ou verdete ao que tantos valores nossos construiram. Não concorda, caro Luís Sanches? Não estou, penso, a ser agressivo, mas apenas a dar-lhe uma resposta frontal sobre o que de valor nunca devemos "deixar cair"... As obras não se devem conjugar com passado, presente e futuro, pois elas ESTÃO sempre.
      Um abraço amigo do
      Luiz Beira

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  4. Após os esclarecimentos vários dos 4 post acima, numa opinião pessoal, creio que deveriam ser eliminados pois não adiantam nada para a BD e já tiveram o seu 'tempo útil'....

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