quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

NOVIDADES EDITORIAIS (210)

ALICE, 25 ANOS - ​Edição Ala dos Livros. Autor: Luís Louro.
Num gesto bem atento pela nossa Banda Desenhada, esta jovem e bem apostada editora fez agora duas edições especiais, em simultâneo, de "Alice", cada uma com a sua aparência específica.
Foi em 1995 que o nosso admirável Luís Louro criou o fenómeno que foi a série "Alice". Para além da série "Jim del Monaco", com o argumentista Tozé Simões, tão popular e sempre de apetecível leitura, o Luís Louro atreveu-se sozinho
(argumento e arte) com outras e ocasionais séries. Destas, "Alice", logo marcou um tremendo entusiasmo pela parte dos nossos bedéfilos. Uma imensa e delirante doideira, que bem merecia ter edições em francês, inglês, italiano e castelhano, pelo menos. Mas, até lá (não há impossíveis...), existe desde agora a comemorar os seus 25 anos esta especial e luxuosa edição, que inclui um belo e espectacular "poster". A não perder!
Parabenizando o nosso absoluto afecto à Ala dos Livros e ao Luís Louro: Força sempre!...


O GRITO DE MOLOCH - Edição Asa. Autores, segundo Edgar-Pierre Jacobs: argumento de Jean Dufaux, grafismo de Christian Caulleaux e Étienne Schreider, côr de Laurence Croix e tradução de Paula Caetano.
Ora cá temos um feliz regresso da série "Blake & Mortimer
", com o entusiasmo que sempre a todos agita.
Duas figuras mitológicas aqui são mencionadas com a sua força simbólica: Orfeu e Moloch (leia-se Moloque). Orfeu foi um grande encantador (em todos os sentidos) com a sua voz e na mestria divina como tocava a sua lira... Aqui, o seu nome
é aplicado às naves extraterrestres por decisão dos serviços secretos ingleses, enquanto Moloch, uma divindade implacável e infernal, é o nome que é dado ao extraterrestre "apanhado" pelos ingleses, uma vez que tais naves se encontravam no subsolo londrino. Apenas a sétima escapou temporariamente, com este Moloch a destruir tudo quanto baste!...
O famoso e complicado Orlik é a chave para resolver a crise. Será ele o salvador do mundo?... Que bizarro, que o álbum explica!...
Jean Dufaux esmerou-se num argumento fantástico onde há
referências e ligações a narrativas anteriores, como "O Segredo do Espadão", "O Mistério da Grande Pirâmide", "Marca Amarela" e/ou ​"A Onda Septimus". Com muita ficção-científica, aspectos de pavor e estranhas e tenebrosas complicações para a Humanidade em fatal perigo. Quase um sufoco!
Um empolgante e apaixonante álbum!


BLACK PROGRAM - 2 - Edição Gradiva. Autores, segundo a saudosa parceria de Greg e Vance, tem argumento de Laurent-Frédéric Bollée, traço de Philippe Aymond, côr de Didier Ray e tradução de Jorge Lima. Série: "As Novas Aventuras de Bruno Brazil".
Depois da primeira parte, ou seja, do tomo anterior, esperava-se em pleno pela continuação, que aí está agora. E muito bem!... 
A alucinação é quase absoluta e galvaniza-nos. Aos elementos que restam do heróico "Comando Caimão" (Bruno Brazil, Whip Rafale, Gaúcho Morales e Tony Nómada), o chefão Coronel L revela, para espanto total, que os EUA já há muito haviam poisado em Marte!!!...
Mas tão épico, fantástico e secretíssimo feito desencadeou umas terríveis consequências, donde uma situação de amarga loucura. Dos dois astronautas, um está a sobreviver artificialmente, quase como um sofredor zombie. O outro, tresloucou-se e é um ambicioso e feroz a programar-se para destruir a "ínfima" Terra e projecta-se para uma imperial conquista do Cosmos!... Tornou-se num bem perigoso doido varrido. Mas ele escapa-se para o imenso espaço...
A concluir este tomo, outro bizarro mistério: Bruno Brazil tem um filho, Adam, gerado com a sua terrível e agora incapacitada inimiga Rebelle!...
Como é?!... A série continua...


UM COWBOY NO NEGÓCIO DO ALGODÃO - ​Edição Asa. Autores, segundo Morris: argumento de Jul (aliás, Julien Berjaut) e arte de Achdé ( aliás, Hervé Darmenton). Uma hilariante aventura de Lucky Luke.
Imagine-se que este vaqueiro e justiceiro, que dispara mais rápido que a sua própria sombra, de repente, por inesperada herança (por testamento de uma rica e idosa admiradora) toma posse de uma imensa herdade!... E que herdade: extensos terrenos onde se cultiva o algodão, com um luxuoso palacete e uma infinidade de serviçais (ex-escravos) negros. Que loucura!
Ao princípio, os serviçais desconfiam dele, já que é um estranho branco que que veio do Oeste para a Luisiana, onde toda esta estranha fortuna se localiza.
Como e que fazer? O tão pândego cavalo Joly Jumper lá vai fazendo os seus notáveis comentários irónico-filosóficos. Mas há quem queira abater este tão inesperado herdeiro: os desastrosos irmão Dalton (claro!) ​e a sinistra Ku-Klux-Klan, que "esconde" os afrancesados e prepotentes ex-esclavagistas.
Um personagem autêntico aqui figura: Bass Reeves, amigo de Luke e que foi o primeiro "Marsall" negro, sendo um atirador de excepção e impecável incorruptível.
Interessante o encontro de Lucky Luke com os gaiatos rebeldes (da Literatura) Tom Sawyer e Huckleberry Finn, e de nomes alusivos à famosa jornalista Oprah Winfrey e ao presidente Barak Obama, enquanto miúdos sonhadores, e a certas palavras históricas de Martin Luther King...


AO SOM DO FADO - Edição Levoir. Autores: Nicolas Barral, com apoio nas cores de Marie Barral. Tradução de João Miguel Lameiras.
Uma obra que é bem emotiva e fenomenal. Com a conveniente ficção e o marcante registo de uma nossa História. Um álbum que, quando se começa a ler, não admite pausas. Lê-se de uma assentada, tal é a sua força que logo nos envolve.
E, sem dúvida, a grande vedeta desta belíssima novela gráfica é a cidade de Lisboa no seu todo, primorosamente registada pela arte do francês Nicolas Barral. Não é uma obra doce, pois, sempre de passagem, lá estão os registos de situações de amizade, dos amores, de amarguras políticas e, até, as frequentes figurações de um meigo e belo gato branco (porquê sem nome, ò Barral?!...) em 2020.
Mas há também todo um mal estar de violência da política salazarista, mesmo que o famigerado "Botas" já estivesse incapaz de governar, uma vez que o "destino" o fez cair de uma cadeira abaixo...
Esta obra, editada em português, foi publicada ainda em 2020, pois a versão original em francês só será editada em 2021. Que bênção!
Será que a convencida dona da nossa (salvo seja !) Ministra da Cultura (ai, é?!....), a "Senhora Fonseca dos Drink's" percebe alguma coisa destas realidades?
O argumento e a arte de Barral merecem plenos e totais aplausos e, sem qualquer dúvida, exigem que a obra seja lida.
LB

1 comentário:

  1. Boas, belas, interessantes novidades... já li Ao som do fado e gostei muito (da história, da narrativa, da arte, de alguns pormenores da Lisboa onde nasci em 1960... recomendado.

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