quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

NOVIDADES EDITORIAIS (190)

BOB MORANE, INTÉGRALE 13 - Edição Lombard. Argumentos de Henri Vernes ​e arte de Felicisimo Coria.
​Continuam a ser reeditadas, via versão integral, as entusiasmantes aventuras de Bob Morane e seu amigo Bill Ballantine. Neste tomo, cinco narrativas: "Trois Petits Singes", "Le Jade de Séoul", "Le Tigre des Lagunes", "L'Arbre de l'Éden" e "Un Parfum d'Ylang-Ylang".
O veterano romancista belga Henri Vernes, sempre imparável nos seus escritos de ​aventuras, onde raros argumentos foram ​fracassos. No entanto, uma bizarra situação ​que também acontece com outros heróis de ​outros autores: neste caso, por exemplo, eles passam dias a fio ​em ambientes distantes e exóticos, muitas vezes em ​perigosas selvas (há outros como o Tex Willer, que ​se ensopam de suor e poeira pelas pradarias) e ​aparecem sempre bem barbeados, "fresquíssimos ​da Silva"!... Lapsos que tiram o realismo aos heróis.
​Mas, parece, era então moda. De qualquer modo, ​Morane e Ballantine, são bem homens feitos e ​de barba rija, ou serão "anormais"?

Outros tantos ​heróis, como Tarzan, Príncipe Valente, Cisco Kid, ​Luc Orient, Flash Gordon, Tomahwak Tom, Porto ​Bomvento, etc., por aqui se filiam numa irrealista ​galeria de faces de imberbes adolescentes!...
Mais ​autêntico, por exemplo, foi Henry Rider Haggard, que no seu célebre romance "As Minas do Rei ​Salomão", coloca o personagem "capitão John ​Good" a barbear-se em plena selva, quando ele ​e os seus companheiros são "capturados" pelos ​guerreiros kakuanas… Uma situação quase ​anedótica, mas bem mais autêntica. Ele há coisas!...


LE TOUR DU MONDE EN 80 JOURS - ​Edição Glénat. Segundo Jules Verne, tem argumento ​e arte de Chrys Millien e capa de Fred Vignaux, e ​pertence à série "Les Grands Classiques de la Littérature ​en Bande Dessinée".
​"A Volta ao Mundo em 80 Dias" é talvez, o mais famoso ​e popular livro de Jules Verne. Várias vezes adaptado à ​Banda Desenhada (donde também uma versão pelo ​nosso saudoso Fernando Bento, em 1942, para a revista ​"Diabrete", do n.º 76 ao 100), a seriados e ao Cinema.
​Pela 7.ª Arte, três realizações se destacam: a fantasiosa ​"Os Três Estarolas na Volta ao Mundo" (1963) por Norman Maurer; "A Volta ao Mundo em 80 Dias" (2004) por Frank Coraci… de certo modo, um "flop"; e com o mesmo título, ​a espectacular e bem conseguida realização de Michael Anderson e produção de Mike Todd, em 1956; nesta ambiciosa e conseguida versão, a força tremenda de um elenco de luxo: David Niven, Mário "Cantinflas" Moreno, Shirley MacLaine, Robert Newton, Charles Boyer, Martine Carol, Charles Coburn, Marlene Dietrich, John Gielgud, Buster "Pamplinas" Keaton, Peter Lorre, Frank Sinatra, ​Red Skelton, etc, etc.
​Aplaudimos esta versão cinematográfica, como, em ​pleno, também o fazemos para esta nova versão ​em Banda Desenhada.


FABRIQUÉ EN BELGIQUE - ​Edição Erika Nagy. Autores: argumento de György ​Smogyi e Iotván Bobó, traço de Szabolcs Tebeli, ​também responsável pelas cores, em parceria com ​Áron Bárány.
​Em edição em inglês, "Fabriqué en Belgique", é o ​primeiro tomo da série "Kittenberg", álbum que nos ​foi gentilmente enviado pelo nosso amigo (não ​propriamente um bedéfilo entusiasta) Zolt Szelenyi, ​residente em Budapeste, que conhece e ama o ​nosso País e que fala português.
​Uma interessante e movimentada narrativa que, curiosamente, se inicia em Luanda (Angola) em ​1907. Eis o ponto de partida…
​Os interessados deverão contactar para: kittenbergertenv@gmail.com
​A Banda Desenhada Húngara (Magiar Képregény) é ​quase nada conhecida em Portugal… infelizmente. No ​entanto também, na "Sobreda-BD/2001", com apoio ​do citado amigo Zsolt, houve exemplos expostos: Attila ​Fazekas, Erno Zorad, Marcell Jankoviks e o fenomenal ​Pál Kocmáros, pormenor este, focado no BDBD, na nossa ​rubrica "Pela BD dos Outros", a 15 de Dezembro/2014.
​Depois, o nosso BDBD, na rubrica "Talentos da Nossa Europa", demarcou os húngaros Attila Fazekas a 30 de Agosto/2016 e Attila Futaki a 7 de Julho/2019.
Aqui e agora, é a vez, pelo menos, do desenhista Szalbocs Tebeli.
​Sob o acompanhamento das fogosas, entusiasmantes e eternas Czardas, vamos olhar melhor por este belo exemplo (entre outros mais) da BD Húngara?


HISTÓRIA DA AMADORA - ​Edição Âncora. Autor: José Ruy.
Com o título "História da Amadora, Levem-me Nesse Novo Sonho", nesta "reedição" (seria assim tão urgente e necessária?!…), a vers​ão ​original foi remodelada e actualizada pelo autor, com ​os heróis "Zé Pacóvio" e "Grilinho", a fazerem de fio ​condutor desta toda narrativa… Alguém imagina que ele vai esgotar?!!!...
Aqui registamos a obra como "novidade" editorial...

LB

sábado, 18 de janeiro de 2020

AS HISTÓRIAS QUE RESIDEM NA GAVETA (18) por José Ruy

Continuamos a contar as peripécias de parte de um projeto que não chegou a ver a luz da edição, a História da Cruz Vermelha Internacional, numa edição mais completa, com meia centena de páginas. 

Portanto o «CICR» resolveu fazer, à frente da história mais desenvolvida, uma obra com menos páginas explicando as ações da Instituição, e que fosse de realização mais rápida, pelo problema da Instituição de me entregar atempadamente as traduções feitas pelos delegados da Cruz Vermelha Internacional. 
Esse livro maior seria realizado com mais calma, conforme a disponibilidade desses delegados em me fornecerem as traduções. 
A sua distribuição está a ser gratuita. 
Ao fim das quatro semanas que Jean-Jacques Surbeck combinara que eu ficasse a trabalhar no CICR, faltava poucochinho para acabarmos esta fase da história, e pediu-me para prolongar a estadia por mais uma semana. Concertei com a editora onde trabalhava em Portugal e consegui terminar a história.
Para simplificar, mostro um apanhado com algumas das línguas editadas. A Itália não esperou pela publicação impressa pelo CICR e editou na sua própria língua, com legendas feitas em computador. 
Mas, entretanto, tive uma surpresa: em dada altura, o diretor dos Festivais de BD na Roménia contactou o Luiz Beira, um dos coordenadores deste blogue, a dizer que havia um autor português pioneiro a publicar uma história em quadrinhos no seu país. E indicou o meu nome. Fiquei espantado, pois embora tivesse já nessa altura alguns títulos editados no estrangeiro, como a História de Macau em cantonense, não tinha conhecimento dessa publicação, que por certo seria uma edição «pirata». 
O Dodo Nitá enviou, então, um recorte comprovativo e verifiquei ser esta história da Cruz Vermelha, que na Roménia tinham traduzido e publicado por sua conta, sem intervenção do CICR.
Neste caso as legendas foram também escritas em computador. 
O Comité International de la Croix-Rouge fez uma tiragem de mais de meio milhão de cópias nas diversas línguas. Os ingleses pediram mais de uma remessa, pois essa língua abrange um público vasto. 
Entretanto, regressado a Portugal continuei a história mais desenvolvida. 
Fui realizando os esboços com muito acabamento, para não deixar dúvidas na apreciação do Comité, do CICR. 
Jean Jacques Surbeck continuava a fazer a tradução para francês, com base na versão em português que lhe enviava, e era a partir daí que as outras traduções iam sendo feitas. 
Só passaria a nankin depois dos espaços dos balões estarem devidamente preparados para as 10 línguas. Tenho toda a história esboçada, como mostro em baixo, incluindo as legendas.
Por essa altura houve o golpe de Estado na Pérsia, e o Aiatola Khomeini resolveu adoptar o Crescente Vermelho em vez do Leão Vermelho antes usado. Isso foi resolver a questão dos símbolos. Por exemplo, em tempo de guerra, as convenções entre os países proíbe bombardearem as barragens e os hospitais. Estes serão assinalados com visibilidade com uma Cruz Vermelha ou um Crescente Vermelho. Se esses símbolos se confundissem com os nacionais de cada país, deixava de servir de aviso aos aviadores beligerantes. 
As marcas visíveis nas páginas são de fita gomada que oxidou com os anos. 

O tempo foi passando, e a dificuldade em me enviarem as traduções foi-se agravando. O Jean-Jacques Surbeck foi colocado em Nova Iorque e deixou um colega a substitui-lo no acompanhamento do projeto, Charles Pierrat. 
Mas o verdadeiro entusiasta era o Surbeck e a partir de certa altura os envios começaram a ser muito espaçados até que se interromperam. 

Como a edição reduzida estava a ser um êxito, confirmado pelos frequentes pedidos de mais exemplares dos diversos países, ficou-se por aí.
Todo este trabalho foi-me pago, pois fizéramos um contrato escrito.
As Edições Europa-América chegaram a interessar-se na publicação em português mas, entretanto, essa possibilidade gorou-se.
Desde aí muita coisa mudou nas guerras no mundo e também na própria Instituição; se hoje tivesse de voltar a abordar o assunto, precisava de começar tudo do princípio.

No próximo artigo falarei de outra história que tenho nas mesmas condições, à espera de ser editada...

quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

BREVES (78)

INSCRIÇÕES PARA O ALMOÇO "O MOSQUITO" QUASE A FECHAR...


Realiza-se no próximo sábado, 18 de Janeiro, o tradicional almoço de aniversário da saudosa revista "O Mosquito", a partir das 12:30, este ano no Restaurante A Cinderela (na Av. das Forças Armadas, 22, em Lisboa - frente à antiga Feira Popular, em Entrecampos, perto do Metro e outros transportes).
Como já é também habitual, a organização necessita absolutamente da confirmação individual dos participantes, para poder indicar o número total de convivas ao próprio restaurantealguns dias antes do encontro.
Quem quiser ainda tentar inscrever-se ou obter mais informações pode faze-lo para o seguinte endereço: leonardo.de.sa@gmail.com



BDTECA 2020: UMA MOSTRA "ODEMIRÁVEL"...

A Biblioteca Municipal José Saramago promove, em parceria com a Associação Sopa dos Artistas, a 14.ª edição da "BDteca - Mostra de Banda Desenhada de Odemira".
O evento inicia-se com o Concurso Nacional de Banda Desenhada, que já se encontra a decorrer e cujos trabalhos têm como prazo limite de entrega o dia 14 de Fevereiro. 
As normas de participação no concurso e informações adicionais podem ser consultadas aqui.
Entretanto, inaugura no próximo sábado, 18 de Janeiro, a exposição "Tiras de BD - Segura Net". No âmbito do Dia da Internet Segura, que se assinala no início de Fevereiro, pretende-se alertar, através da banda desenhada, para os perigos da Internet (o cyberbullying, as redes sociais, o plágio, a protecção de dados...). A mostra será, também, exibida nas Bibliotecas Escolares.
Entre 8 de Fevereiro e 5 de Março será a vez de ficar patente, também na Biblioteca, a exposição de banda desenhada "A Viagem do Elefante" (adaptação da obra homónima de José Saramago) por João Amaral. O banda-desenhista estará presente, a 21 de Fevereiro, pelas 10:30, para apresentar o álbum.
Iremos acompanhando a programação da "BDteca" e mantendo informados os nossos leitores...


ANGOULÊME 2020 QUASE A ABRIR PORTAS

A 47.ª edição do Festival BD de Angoulême prepara-se para abrir portas entre 30 de Janeiro e 2 de Fevereiro próximos.
O Festival continua a confiar a concepção do(s) cartaz(es) a três artistas de diferentes nacionalidades, celebrando simbolicamente toda a riqueza dos quadrinhos: Rumiko Takahashi (vencedor do Grande Prémio, em 2019), Charles Burns e Catherine Meurisse. O tema comum a essas ilustrações continua sendo o iniciado no ano passado: "um auto-retrato do artista quando criança, descobrindo as histórias em quadrinhos que originaram a sua paixão e a sua vocação".
Todas as informações sobre o Festival de Angoulême (a programação, os autores convidados, os prémios, venda de bilhetes, alojamento, acessibilidades, etc) podem ser consultadas clicando aqui.


ANIVERSÁRIOS EM FEVEREIRO



Dia 07 - Alejandro Jodorowsky (chileno)
Dia 08 - Victor Drujiniu (romeno)
​Dia 09 - José de Matos-Cruz e Zeu
​Dia 11 - Pedro Morais
​Dia 14 - Fernando Santos Costa
Dia 15 - Matt Groening (estado-unidense)
​Dia 17 - Alejandro Jodorowski (chileno)
​Dia 20 - Sergei e Sanchez Abuli (francês)
​Dia 21 - Luís Pinto-Coelho
​Dia 25 - Eugénio Silva
Dia 28 - Benjamin Bénéteau (francês)
Dia 29 - Paolo Eleuteri Serpieri (italiano)

CR/LB

sábado, 11 de janeiro de 2020

ENTREVISTAS (30) - LANÇA GUERREIRO

Lança Guerreiro
António Lança Guerreiro nasceu em Vila Nova ​da Barquinha (tal como a Isabel Lobinho) a 31 ​de Julho de 1964.
Casado e pai de uma filha, ​cursou Línguas e Literaturas Clássicas, residindo ​em Torres Vedras, onde é professor de Português.
Desenhistas favoritos que, mais ou menos, têm sido seus "guias" na Arte que veio a abraçar: Zé Manel, Artur Correia, Eugénio Silva, Dany, Walthèry e Frank Cho.
É assíduo nos Salões de Beja, Viseu, Amadora e nos encontros texianos em Anadia.
Colaborou para diversos fanzines e revistas da 9.ª Arte, e ilustrou alguns livros de Poesia. Sendo também caricaturista e/ou retratista, tem participado nas exposições organizadas pelo GICAV (Viseu).
Finalmente, em 2018, foi editado no álbum colectivo "Humanus" e no ano seguinte, o seu "verdadeiro" inicial álbum, o primeiro tomo de "Homo Inventor", ambos editados pela Escorpião Azul.
Abreviando, vamos à entrevista:

BDBD - Quando começaste a descobrir em ti a paixão pela Banda Desenhada?
Lança Guerreiro (LG) - Sempre tive uma ligação com as imagens que ​ilustravam os livros da escola ou da biblioteca escolar, ​mais tarde a municipal, que frequentava assiduamente ​para devorar páginas de aventuras, umas ilustradas, ​outras somente imaginadas e recriadas em imagens, ​enquanto saboreava a leitura dos "Júlio Verne" ou dos "Salgari".
Mas o meu encontro com as bandas desenhadas das revistas, que então podia ler na escola primária, com autorização especial da professora, foi o momento mais fascinante e o despertar do meu gosto ​pela 9.ª Arte, que desde então passei a ler e a coleccionar.
Para minha felicidade, nessa altura da minha infância, revistas de BD era coisa que abundava, graças à Agência Portuguesa de Revistas e ao amor incondicional que o ​editor Roussado Pinto teve pela divulgação de todos ​aqueles heróis de papel que preencheram esta fase da ​minha existência e foram motivo de grandes aventuras ​imitativas, e também alguns ralhetes dos progenitores, ​quando a Banda Desenhada era ainda vista como uma ​arte menor e desviante do recto caminho a que um jovem
​tinha de se dedicar para ser homem. Eram outros tempos...


Uma homenagem-paródia a Tex
BDBD - E depois?
LG - Tomei contacto com muitos heróis de papel, dos mais diversos: os personagens da Disney (da Abril), os clássicos americanos do "Mundo de Aventuras", do "Jornal do Cuto" ​e de "O Grilo", a escola franco-belga com as revistas "Tintin" ​e "Spirou", e também na revista portuguesa "Pisca-Pisca", onde havia especialmente, as ilustrações de Artur Correia, Zé Manel, ​José Garcês, Eugénio Silva, José Antunes, José Ruy, etc. E ainda, ​os "comics" da Marvel e da DC (via Brasil), e também nos ​italianos "fumetti", com o "Tex", o Zagor" e o "Mister No", que ​se destacavam de entre aqueles a que chamávamos "os livros ​de Cowboys", dos muitos que havia.


BDBD - Foi só a leitura de histórias ou também a vontade de as ​criares?
LG - Talvez tenha sido este meu fascínio pela Banda Desenhada que me tenha levado ao gosto de desenhar "os meus bonecos", que carinhosamente ainda guardo como lembrança desses tempos de juventude. Assim, acho que primeiro foi a leitura, mas, mais tarde, apareceu o desejo de também poder vir a fazer parte daquela miríade de "fazedores de histórias e de sonhos", influenciado por um tal Constantino que também os tinha, para além da sua profissão, facto que hoje acontece comigo.

BDBD - No "AmadoraBD/2019", foi lançado o teu primeiro álbum, "Homo Inventor". É para prosseguir como uma série?
LG - Foi a editora Escorpião Azul que me deu a possibilidade de, ao fim de todos estes anos, editar o primeiro volume do "Homo Inventor", episódios que contam, num traço semi-realista e humorístico, algumas das grandes invenções da Humanidade, que era um dos meus projectos esquecidos na gaveta (como diria o mestre José Ruy no BDBD). Não tinha previsto fazer uma série do "Homo Inventor", mas tão-somente, contar os dez episódios que tinha planeado fazer. Como o primeiro volume tem cinco desses episódios, estou a contar concluir os outros cinco para o segundo volume, para que fique completo este "Homo Inventor".
Duas pranchas de "Homo Inventor" 

BDBD - No entanto, já um ano antes, foste incluído pela mesma editora, no ​colectivo "Humanus", com uma narrativa ​em seis pranchas, "A Grande Banhoca dos ​Pergaminhos de Camões". Como te surgiu ​esta ideia, bem irónica?
LG - Quando concorri ao "AmadoraBD", o tema do concurso desse ano era "Ser repórter por ​um dia. Então surgiu-me a ideia de um estilo ​pseudo-investigativo, tratar de assuntos pseudo-​míticos. Como a minha formação é a área da Literatura ​Portuguesa, achei que o nosso ilustre Luiz de Camões ​e o seu salvamento do manuscrito de "Os Lusíadas" ​seria uma ideia gira de trabalhar e que se enquadraria dentro do pretendido. Aliás, depois ​desta pequena história em BD, surgiu-me a ideia ​de fazer uma série sobre heróis e casos da nossa ​história literária, dentro da mesma toada irónica ​e levemente sarcástica. Mas primeiro, há que acabar ​o 2.º volume de "Homo Inventor"; depois se verá…
Duas pranchas de "A Grande Banhoca dos Pergaminhos de Camões"

BDBD - É a tua linha preferencial o sarcasmo, mesmo que subtil?
LG - Gosto de fazer histórias com algum humor, seja ​ele subtil ou até por vezes, um pouco cínico. Acho ​que as primeiras histórias que criei foram humorísticas, ​talvez por influências do Artur Correia, embora também ​as faça num estilo mais realista. Mas terá de haver em ​todas elas sempre um pouco de humor, porque assim ​é que tem piada. Julgo que todos os meus projectos ​que estão "encalhados", têm sempre um tom humorístico, ​por isso acho que esse toque de humor, com sarcasmo ​ou sem ele, é o que mais me agrada nas histórias que ​faço.

BDBD - Que outras séries preparas para eventual edição?
LG - Neste momento, estou a trabalhar numa história de homenagem ao Geraldes Lino, que a editora Escorpião ​Azul está a pensar editar. Será uma história que fará ​parte de uma coletânea, à semelhança do que ​aconteceu com o álbum "Humanus".


Dany e Lança Guerreiro em Beja
BDBD - Também te dedicas a ilustrações soltas, inclusive na base de caricaturas e/ou retratos. Por aqui, no "BejaBD/2019", ofereceste um belo desenho de ​homenagem ao Dany… Que significou para ti ​esse encontro?
LG - Esse encontro com o Dany, ainda que breve, foi sublime. Ele é uma das minhas referências gráficas ​e um autor que eu aprecio desde sempre. Por isso, ​ter tido o privilégio de lhe oferecer a minha singela ​homenagem, foi um momento muito importante ​para mim e que nunca esquecerei.
À esquerda: o desenho que Lança Guerreiro ofereceu a Dany. À direita: uma homenagem a Eddy Paape

BDBD - Como vês a importância dos salões de Banda Desenhada?
LG - Os salões de Banda Desenhada são importantes para o encontro com todos aqueles que amam e ​fazem BD, possibilitando momentos inolvidáveis, ​como o que aconteceu no "BejaBD/2019" com o ​Dany, ou outros grandes artistas-BD, nacionais e ​estrangeiros, da velha geração e da nova geração.

Lança Guerreiro conversando com Pedro Massano
na exposição dedicada a Viriato, em Viseu (2015)
Antes, eu pensava neles unicamente como fã, ​amante e colecionador de Banda Desenhada; hoje, ​considero que também estes eventos servem para ​que eu possa encontrar-me com eventuais leitores ​das minhas histórias, trocar experiências com outros ​artistas, e deste modo, também assim poder dar o ​meu modesto contributo para o todo da grande ​família da 9.ª Arte.

BDBD - Obrigado amigo Lança Guerreiro por esta tua entrevista.

LB


Jantando com Luiz Beira e o Presidente da Câmara de Moura, Álvaro Azedo,
em Viseu, após a inauguração da exposição de José Pires (2019)

segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

TALENTOS DA NOSSA EUROPA (43) - JEAN BASTIDE (França)

Nasceu em Albi, a 17 de Dezembro de 1982.
É um dos grandes novos valores da BD francófona.
Em 2003, recebeu o Prémio Alpha-Art da Banda Desenhada escolar.
Em 2004, instalou-se em Bruxelas, inscrevendo-se na Escola Superior de Artes Saint-Luc.
Reparado por Bernard Yslaire, este chamou-o para colaborar com ele e com Vincent Mézil, na série "La Guerre des Sambre".
 

Depois, inicia em parceria com Robin Brecht, a série "Notre Dame de Paris", segundo Victor Hugo.

Em 2016, substitui Laurent Verron, que havia sucedido a Jean Roba, após a morte deste, na divertida e popular série "Boule et Bill".

Independentemente da sua função como desenhista, Jean Bastide, foi também colorista e/ou capista de outras séries, como: "Elric", "Griffe Blanche", "Katanga", "Le Bourreau", "Le Cinquième Évangile", "Devil My Cry", etc.

Infelizmente e até agora, não nos consta nenhum dos seus trabalhos em edição portuguesa. Vale porém a pena, reparar nas suas criações.

L.B.