domingo, 7 de julho de 2019

TALENTOS DA NOSSA EUROPA (36) - ATTILA FUTAKI (Hungria)

Attila Futaki
Parece que o nome Attila (Átila) é muito comum entre os húngaros, embora tal líder homónimo, cruel e violento invasor vindo da Ásia, não tenha sido nada meigo…
Não, não foi!
Neste tema, hoje focamos mais um desenhista húngaro. E é o segundo, também chamado Attila. O primeiro foi aqui  evidenciado a 30 de Agosto de 2016; era (e é) o veterano Attila Fazenkas, também focado na nossa rubrica "Pela BD dos Outros", com o título "A BD da Hungria".
Agora, com toda a justiça bedéfila, registamos e revelamos um jovem valor da 9.ª Arte magiar: Attila Futaki.
Nasceu em Bekescaba a 27 de Novembro de 1984 (olá confrade sagitariano!). Imparável na sua arte, também cursou em Itália, ou seja, na famosa Florença. Mas vive e trabalha na sua capital, Budapeste.
Percebe-se que gosta e que é artisticamente atraído por temas pesados e quiçá, cruéis ou sombrios, onde ele dá muito bem conta do seu valor e saber pela 9.ª Arte.
Attila Futaki já tem obra apreciável e já está editado em diversos países para além da sua natal Hungria. Do que verificámos, pela sua obra mais próxima de nós, ou seja, na versão em francês, registamos:
BANDE À BONNOT, versão álbum único, em parceria com os argumentistas Morvan, Pierce e Vogel.

SPIRAL, com um tomo e com argumento de Gergely Nikoleny.

SEVERED, também com um tomo, com argumento de Scott Tuft e Scott Snyder.

HYPNOS, com um álbum e argumento de Laurent Galadron.

PERCY JACKSON, já com três tomos, com argumentos de Robert Vendetti.

E, mais recentemente, L'ANGE DE BUDAPEST, tomo único, com denunciante argumento de Tallai Gabor.

Vamos então encorajar-nos e viajar por mais este digno exemplo da BD Húngara?
E, porque não?!...
LB

quinta-feira, 4 de julho de 2019

OS ÁLBUNS "ENCALHADOS" (2)... E NÃO SÓ!

​A 12 de Janeiro de 2018, aqui editamos o post OS ÁLBUNS "ENCALHADOS", que agitou um pouco ​certas águas estranhamente adormecidas e plácidas…
​Mas foi dando alguns resultados positivos:
​Ainda em Abril desse ano, a Câmara Municipal de Moura (com a coordenação de Carlos Rico) editou ​o "Cadernos Moura BD" n.º 10, com duas histórias ​inéditas do nosso saudoso ARTUR CORREIA: "Donzela ​que Vai à Guerra" e "A Nau Catrineta".

"Cadernos Moura BD" #10, por Artur Correia - Edição C.M. Moura (2018)

​A tão ansiada obra "Zé do Telhado", por EUGÉNIO SILVA, registou-se bem no interesse de uma editora de Viseu, mas parece que a editora encalhou por sua vez… É um pecado de lesa-BD nacional, este álbum não estar ainda editado!

 Capa e prancha de "Zé do Telhado - de Lanceiro a Salteador"por Eugénio Silva (trabalho ainda inédito)

Entretanto, aproveitando este nosso alerta, JOSÉ RUY começou a colaborar com o BDBD, noticiando o que tem ​iniciado e/ou projectado, porém sem nenhum álbum
​completamente realizado.
Nesta linha, AUGUSTO TRIGO ​tem a ideia da adaptação de alguns contos guineenses, donde o em tempos anunciado "Turu Ban"; e EUGÉNIO ​SILVA vai realizando paulatinamente, a adaptação do ​conto "A Perfeição" de Eça de Queiroz…
Prancha de "A Perfeição", adaptação de Eugénio Silva (trabalho ainda inédito)

​Já neste ano corrente, JOSÉ PIRES editou na sua colecção de fascículos ou mini-álbuns "Fandaventuras", ​a então noticiada "A Morte do Lidador"...
"A Morte do Lidador", adaptação de José Pires, in "Fandaventuras" (2019)

...e, mais adiante, ​o seu álbum inédito "A Portuguesa, História de um Hino", ​será lançado a 25 de Agosto, em Viseu, numa edição da ​Câmara Municipal de Viseu/GICAV.
"A Portuguesa - História de um Hino", por José Pires - Ed. Gicav / CM Viseu (Agosto de 2019)


No 25.º Festival Internacional BD de Beja, a 1 de Junho, foi com todo o entusiasmo e justiça, lançada a terceira ​grande aventura de Pitanga, herói criado por ARLINDO FAGUNDES, "O Colega de Sevilha" (álbum que já aqui foi referenciado em "Novidades Editoriais"), sob edição Arcádia (do grupo editorial Babel).
Capa de "O Colega de Sevilha - Uma Aventura de Pitanga", por Arlindo Fagundes,
com cores de José Pedro Costa - Ed. Arcádia (2019)

BAPTISTA MENDES mantém na gaveta, por "traição" da prevista editora (a Âncora) "A História de Guimarães"...
Projecto de capa para o álbum "Guimarães", por Carlos Baptista Mendes (trabalho ainda inédito)
...e ​"A Vida de Luiz Vaz de Camões". Como é possível?!...
Projecto de capa para o álbum "A Vida de Luiz Vaz de Camões", por Carlos Baptista Mendes
(trabalho ainda inédito)
​​Aos solavancos, tudo indica que os "encalhados" não enferrujaram a 100%...
​No entanto, consta que a Polvo está interessada em reeditar (haja Deus!) o esgotadíssimo "Matias Sándor" por EUGÉNIO SILVA. Deste nosso estimado e meticuloso desenhista, também ​é urgente a reedição do álbum esgotado e tão procurado, "Inês ​de Castro", em vez da editora provável, a Arcádia, ter apostado ​na reedição de "Eusébio", acto que nos pareceu perdulário e ​oportunista devido à morte do dito Eusébio… 
Edições já esgotadas de "Matias Sándor" e "Inês de Castro", por Eugénio Silva
Também PEDRO ​MASSANO deveria ter reedições dos seus belos álbuns há ​muito esgotados!
​Quanto a obras bem gloriosas e preciosas, não "encalhadas" mas ​perdidas por espalhadas em revistas, temos por exemplo: "As ​Minas de Salomão", "O Pagem do Rei" e a série "Sherlock Holmes" ​por FERNANDO BENTO; e a breve série "O Ponto" e "Alice no ​País das Maravilhas" por FERNANDES SILVA.
E muito mais fica ​aqui por se citar… Talvez eu torne à carga...
​As principais editoras-BD de Portugal não devem ser tão lamurientas ​e precipitadamente calculistas ou assobiar para o lado. Devem ser ​mais sensíveis à Cultura, neste caso, à nossa tão apaixonante e tão ​válida Banda Desenhada.
​Viva a BANDA DESENHADA! Viva a 9.ª ARTE PORTUGUESA!

​LB

segunda-feira, 1 de julho de 2019

AS HISTÓRIAS QUE RESIDEM NA GAVETA (11) por José Ruy

A Lenda Japonesa com o título «As Duas Rãs Curiosas» começou a ser publicada na revista «ESPAÇO ABERTO» editada em Portugal, com redação no Porto, estando programada a publicação de um Almanaque no final do ano de 2013 com umas sete ou oito lendas.
Como descrevi no artigo anterior, durante esse ano esta lenda ia sendo inserida durante cinco números da «Alternativa» como promoção desse Almanaque.
Mas mais uma vez o projeto gorou-se.
A revista, que durante dois anos fora de distribuição gratuita, quando entrou no circuito comercial, o público reagiu mal em ter de compra-la, embora o nível gráfico e o conteúdo fossem da melhor qualidade, e o contributo das empresas que anunciavam não dava para cobrir a edição. Tiveram que suspender a publicação, e as «Lendas japonesas» voltaram para a gaveta onde têm permanecido por mais uns bons seis anos à espera de editor.
Efetivamente hoje em dia deixámos de ter um «Editor» com as características que eu lhe conheci até aos anos 90 do século XX. O empresário analisava com cuidado o original que lhe apresentávamos e se gostava, arriscava a edição. Até dava ao autor um avanço sobre as futuras vendas.
Hoje os editores (raras exceções) avançam com a edição se tiverem previamente a garantia da cobertura da despesa de produção, e nem precisam de ler o original, porque desde que o negócio resulte deixa de interessar o assunto que é publicado.
Portanto as edições, ou têm entidades que garantem a aquisição de exemplares de modo a salvar a despesa, ou o autor cobre antecipadamente esse custo com direito a ficar com uns tantos livros que procurará «vender».
Estas «Lendas Japonesas» ainda não tiveram essa sorte e por isso continuam inéditas.
Mas já que abri a «gaveta» para as arejar, aproveito para mostrar aos leitores do BDBD algumas que tenho prontas.
Volto a mostrar a primeira Lenda, «Amaterasu, a Deusa da Luz do Sol», que só tinham visto a primeira prancha da versão atual e a preto e branco. A história conta como esta Deusa, agastada pelas tropelias de um seu irmão, se recolheu a uma gruta fechando-se por dentro. De repente, a sua luz deixou de iluminar a Terra e o mundo mergulhou numa enorme noite.
O desfecho da história podem os caros leitores saber pelas páginas que se mostram.

No próximo artigo continuarei a mostrar outras lendas «engavetadas», como a que junto em esboço, só para vos dar um «cheirinho».

sexta-feira, 28 de junho de 2019

NOVIDADES EDITORIAIS (172)

LUNE ROUGE - Edição Casterman. Autores (segundo Jacques Martin): argumento de François Corteggiani, traço de  Christophe Alvès e cores de Bonaventure.
Muito bem concebido este "Lune Rouge" (Lua Vermelha), que é o 30.º tomo da série "Lefranc".
O repórter-detective Guy Lefranc é encarregado pelo "Le Globe" de fazer uma investigação sobre os engenhos espaciais experimentais. Tem um ​contacto com o cientista Lukas Eugen Messner, que ​é raptado logo a seguir a tal entrevista… Daí, Lefranc, ​viaja de Paris para a Coreia do Norte e a União Soviética, ​com sérias ameaças para com a sua integridade. Claro ​que o seu eterno inimigo (mas, às vezes, até seu aliado) ​Axel Borg, também está metido neste escaldante enredo.
​E por aqui, a corrida para o espaço está lançada…

Um ​álbum da série "Lefranc", muito bem elaborado.



TANTALE ET AUTRES MYTHES - ​Edição Glénat. Autores: argumento de Clotilde Bruneau, ​traço e guião de Carlos Rafael Duarte (brasileiro), cores ​de Simon Champelovier e capa de Fred Vignaux.
​"Tantale et Autres Mythes de l'Orgueil" (Tântalo e Outros Mitos do Orgulho), é mais um apaixonante tomo da ​série "La Sagesse des Mythes" (A Sabedoria dos Mitos), brilhantemente concebida por Luc Ferry, série esta ​que, lamentavelmente, se mantém ignorada pelas nossas
​editoras-BD, factor a que já nos habituámos…
​Segundo as lendas mitológicas da Grécia Clássica, alguns
​humanos abusaram das deferências dos deuses olímpicos ​e daí, terríveis castigos caíram sobre eles, pois Zeus não ​tinha paciência para quem o desafiava! Aqui, interligados ​no mesmo enredo, estão: Tântalo, Íxion, Niobe e Faéton…
​Saiu-lhes bem caro o terem usado o Híbris: orgulho que ​leva a agir de maneira desmesurada contra as leis divinas!...


​​SI DEUS PRO NOBIS... - ​Edição Delcourt. Autores: argumento de Thierry Gloris, ​traço de Jaime Calderón e cores de Felidus.
​"Si Deus Pro Nobis, Quid Contra Nos?", é o segundo ​tomo da vigorosa série, mais ou menos histórica, ​"Valois".
​Tardou muitíssimo a publicação deste segundo tomo!...
​A ​editora e/ou os seus "construtores", devem ser mais ​lestos e menos lerdos!... Haja respeito pelos leitores, ​tanto mais que a série, no género, entusiasmou os ​bedéfilos atentos logo ao primeiro tomo. Pois na verdade, ​a época da Renascença, abraça em força quem é culto ou ​pretende sê-lo, mas a demora da publicação dos tomos ​desta bela série, é quase imperdoável.
​Claro que "Valois" não terminou neste segundo tomo...

LB

terça-feira, 25 de junho de 2019

HERÓIS INESQUECÍVEIS (64) - RAMIRO

Mestre William Vance (1935-2018), enquanto imparável a criar séries e heróis, por esta fogosa senda ansiava realizar algo no apaixonante ambiente medieval. Nasceu assim Rodric (1973) - depois, na versão álbum, como Roderic (1979) -, com argumentos de Lucien Meys. Foi uma efémera série, apenas com dois episódios, que não resultou como Vance esperava...
Mas o mestre belga não esmoreceu pois a 8 de Maio de 1974, com argumento de Jacques Stoquart, surgiu a primeira aventura do bravo Ramiro, donde nove álbuns de 1977 a 1989. Stoquart escreveu até ao sexto episódio, tendo depois o próprio Vance tomado conta dos argumentos, embora se conste que, anonimamente, André-Paul Duchâteau deu uma achega a estas três aventuras últimas de Ramiro.
Cedo também, a partir da segunda aventura, as cores foram da responsabilidade de Petra Van Cutsen, esposa de Vance e irmã de Felicisimo Coria.
Quatro destes álbuns foram editados entre nós pela Meribérica-Líber: “O Bastardo” (1974), “Cilada em Conques” (1977), “O Segredo do Bretão” (1979) e “Os Guardas de Bierzo” (1980).
Mesmo assim, nesta parca situação, aventuras de Ramiro também foram publicadas em páginas de “Flecha 2000”, “Jornal da BD” e TV Guia”.
Quase toda a acção da série se desenrola no centro e norte da Espanha de então (dividida em vários reinos), no tempo da chamada e célebre Reconquista, onde Portugal também deu a sua colaboração.
Afonso VIII foi um dos mais batalhadores reis de Castela/Leão. Ramiro, sempre acompanhado pelo seu fiel escudeiro Jos, é um filho bastardo do citado monarca, que lhe confia missões bem arrojadas e difíceis.
A primeira tarefa de Ramiro consistiu em acompanhar e proteger os peregrinos a Santiago de Compostela. Depois, deveria apoderar-se de um tesoiro visigodo, que era escoltado pelos moiros... E as aventuras vão acontecendo.
De notar a grande riqueza gráfica por Petra e Vance, que reproduz fielmente a Espanha medieval.
 
Ramiro (e a respectiva série) é um herói criado com muita classe, admirável mesmo, assim de pode dizer.
LB