quarta-feira, 16 de março de 2016

TALENTOS DA NOSSA EUROPA (3) - VERONIK (Suiça)

Veronik (Saint-Maurice, 1957)
Cidadã suíça, popularizada no panorama francófono pelos anos 80, tanto assinou e/ou assina como Veronik como como Véronique Frossard.
Nasceu a 22 de Maio de 1957.
Absolutamente consciente da sua livre personalidade, é atrevida e bem apostada em ideias nada acanhadas...
Cheguei (eu, LB), por essa época, a trocar breve correspondência com a Veronik. Pelo andar dos tempos, o contacto perdeu-se.
Para além do seu país natal, sabemos da arte de Veronik pela editora francesa Glénat... mesmo assim, pouquíssima coisa. Que pena! No entanto, nesse “pouco”, há muita força, tremenda e ousada: ficção, atrevimento, erotismo e... etc.
Registem-se duas obras bem sedutoras:
- Uma série em dois tomos, com os álbuns “Matricule 45000” e “Neurones Trafic”, ambos com argumento de Jean-Pierre Andrevon.
Capa e prancha de "Matricule 45000"


Capa e prancha de "Neurones Trafic"

- Mais tarde, apenas com um tomo, “Only You”, de uma programada série, “Lou Strass”, com argumento de Jan Boucquoy. Esta série não prosseguiu...
Capa e contra-capa de "Only You"

Duas pranchas de "Only You"

Depois, sinceramente e com tristeza, perdemos o rasto da carreira e da vida de Veronik!... De qualquer modo, é um talento digno de registo.
LB


P.S. - Já este texto estava pronto, quando fui informado de mais “alguma coisa” referente à Véronik, a saber:
Teoricamente, abandonou a Banda Desenhada em 1993, para se dedicar apenas (será?!...) à Pintura, tendo obras suas em colecções de vários países europeus, na Austrália e nos Estados Unidos.

domingo, 13 de março de 2016

OBRAS RARAS (4)

Victor Hubinon (1915-1979)
SURCOUF
Focando a vida e as heróicas proezas do corsário francês
Robert Surcouf, vários têm sido os desenhistas que a ele
dedicaram a sua arte, tal como René Giffey, William Vance e, mais recentemente, o jovem haitiano (radicado em França) Guy Michel. Todavia, a versão talvez mais encantadora, será sem grandes dúvidas, a do grande mestre belga Victor Hubinon (1915-1979).
Este belo “Surcouf” em BD foi publicado no “Cavaleiro Andante” (1957-1959), do nº 302 ao 382. Na versão original em francês (na Bélgica), as Editions Dupuis editaram esta empolgante narrativa em três tomos, em 1951, 1952 e 1953. Depois, em 1975, as Éditions Michel Deligne reeditaram esta história num álbum integral.
Na bibliografia de Victor Hubinon, citam-se obras como as séries “Buck Danny”, “Barbe Rouge”, “Tiger Joe” e “Blodin et Cirage” ou em versão álbum único, “Mermoz”, “Tarawa”, “La Mouette”, “Fifi” e “Stanley”.





Gianni De Luca (1927-1991)
SHAKESPEARE em BD
A vasta obra teatral de William Shakespeare tem sido adaptada à BD pelos mais diversos desenhistas por todo este mundo.Tal já aqui foi focado, mas nunca é demais relembrar este aspecto, tanto mais que ele se integra agora num álbum especial nas “Obras Raras”...
Referi-mo-nos pois ao volume em português (via Brasil), editado em 1977, com a magnífica arte do genial italiano Gianni De Luca (1927-1991), que tem por título “Shakespeare na Banda Desenhada”, e que comporta as tragédias “Hamlet”, “Romeu e Julieta” e “A Tempestade”. Simplesmente maravilhoso!
Da bibliografia de Gianni De Luca, salientam-se títulos como “O Apelo de Roma” e “A Esfinge Negra”, as biografias de “Totó” e de “Marilyn Monroe” e as séries “Comissario Spada” e “”Velthur, o Pacífico”.




Yves Groux (1924)
OS TRÊS MOSQUETEIROS
Os irmãos gémeos franceses William e Yves Groux trabalharam quase sempre em estreita parceria, mas segundo uns “zunzuns”, tudo faz crer que o mais preponderante foi o mano Yves.
A versão que criaram de “Os Três Mosqueteiros” é uma das mais conseguidas adaptações à Banda Desenhada desta famosíssima obra de Alexandre Dumas. Irresistível para leitura e/ou re-leitura!
Em Portugal, num mini-álbum que se pode apelidar de “de luxo”, foi o nº 1 da “Colecção Oásis”, em 1956. Hoje, mesmo nos nossos alfarrabistas, será “milagre” encontrá-lo...
Na bibliografia dos irmãos Groux, registam-se alguns sedutores títulos, como “Capitaine Blood”, “Capitaine Risque-Tout”, “Blanche”, “Les Amours de l’Histoire”, “Les Aventures de Monsieur de la Guerche”, “David Copperfield”, “Guillaume Tell”, “Le Briseur des Banquises”, “Le Pirate”, “Le Comte de Monte-Cristo”, “La Republique des Forbans”, etc.
LB



quinta-feira, 10 de março de 2016

NOVIDADES EDITORIAIS (88)

NÉMÉSIS - Edição Lombard. Autores: argumento de Juanra Fernandez, traço de  Mateo Guerrero e cores de Javi Montes.
“Némésis” é o terceiro tomo da série “Gloria Victis”.
O jovem Aelio prossegue a sua viagem, desde a sua natal região hispânica, rumo a desafios maiores e talvez bem mais perigosos... Não busca apenas  a glória nas corridas de quadrigas, mas também, terminar a sua vingança.
A sombra de Némesis, bela deusa (da vingança?) da Mitologia Greco-Romana, acompanha o destemido jovem, que nessa caminhada vai ter de vencer sinistras trapaças e seduções da parte dos humanos...


AS MISTERIOSAS BOLAS  BRANCAS - Edição Gailivro (do grupo Leya). Autor: Pedro Leitão. É o 9.º  tomo da série “As Aventuras de Zé Leitão e Maria Cavalinho”.
Divertido e ingénuo, é uma narrativa dedicada em especial ao público infantil, aliás como toda a série. Fantasias interessantes para alegrar e fazer sonhar a pequenada. E certamente são bem conseguidos os objectivos do autor.


ALEXANDRE DE BASTAN - Edição Delcourt. Autores: o argumentista Fred Duval e o desenhista Florent Calvez. É o primeiro tomo da série “Mousquetaire”.
As narrativas de capa-e-espada continuam a entusiasmar leitores e criadores, sobretudo pela inspiração marcante de “Os Três Mosqueteiros” de Alexandre Dumas. Acontece que este romance, seguido de “Vinte Anos Depois” e “O Visconde de Bragelone”, são altamente fantasiosos.
No entanto, D’Artagnan existiu mesmo, serviu bravamente o rei Louis XIV e foi ferido mortalmente em 1673, na Batalha de Maastricht, entre franceses e holandeses.
Alexandre de Bastan é um jovem mosqueteiro que idolatra o seu comandante, D’Artagnan, agora já um tanto avançado na idade, mas sempre o mesmo valente militar.
Não faltam intrigas, mortes e duelos...
LB

terça-feira, 8 de março de 2016

A ILHA DO CORVO QUE VENCEU OS PIRATAS (2)




A Ilha do Corvo (Açores)



A Ilha do Corvo é a mais pequena e a que está situada mais ao Norte do Arquipélago dos Açores, sendo talvez a mais isolada da Europa. Tem uma área de 17 quilómetros quadrados e é formada por um só vulcão.
Foi descoberta por volta de 1450, mas o seu povoamento só se iniciou no século XVI, por não ter um porto seguro. A sua linha costeira é extremamente rochosa formada por falésias escarpadas. Os bancos de areia e recifes sempre constituíram um perigo para a navegação.
Era com frequência assolada por piratas, que em certa época a utilizavam como refúgio, exigindo dos corvinos assistência aos seus barcos e alimentação em troca de «proteção».
Mas no século XVII os ilhéus fizeram frente a um forte ataque de 10 naus turcas vindas da Argélia, o que deu origem a uma história fantástica, que o vigário nessa altura a residir na Ilha passou a escrito, sendo logo pouco depois impressa em folheto avulso. Parece tratar-se de um dos primeiros documentos históricos redigidos na própria Ilha do Corvo.
O documento, que chegou aos nossos dias, é este:
E é este acontecimento que o coordenador do Ecomuseu do Corvo, Eduardo Guimarães, me desafiou a fazer em Banda Desenhada, numa iniciativa apoiada por várias entidades para materializar este projeto. São elas a Biblioteca Municipal do Corvo, Câmara Municipal do Corvo, Santa Casa da Misericórdia do Corvo e a Direção Regional da Cultura.
Mas ao tomar conhecimento de como viviam os corvinos no século XVII propus-me, para além de narrar o acontecimento criar um romance, conseguindo assim a oportunidade para mostrar a situação tão desprotegida da população, cuja sobrevivência era uma verdadeira epopeia.
E assim nasceu «A Ilha do Corvo, que venceu os Piratas».
Mostro a seguir a segunda prancha ainda só esboçada, remodelada com o resultado da minha deslocação à Ilha, devido aos novos elementos que ali colhi.

Durante a permanência nessa acolhedora Ilha do Corvo, a equipa do Ecomuseu assinalou a minha atividade no local de uma maneira curiosa e cheia de humor, também à maneira de Banda Desenhada:


Tal como eu, os corvinos divertiram-se com este arranjo gráfico, e realmente participaram calorosamente, como vos contarei neste local, nos próximos episódios.

José Ruy
30 de janeiro de 2016 

sábado, 5 de março de 2016

TALENTOS DA NOSSA EUROPA (2) - CINZIA GHIGLIANO (Itália)

Cinzia Ghigliano (1952)
Talentosa desenhista, Cinzia Ghigliano (leia-se, pelo apelido "Guigliano"), nasceu a 1 de Janeiro de 1952, em Cunec (Itália).
Foi projectada, e em bela força, ao “mundo BD” através das suas obras editadas na versão francófona: a bela série cheia de aventura “Solange”; o álbum, como obra um tanto intimista, “Nora” (segundo o drama escrito por Ibsen); e a sua bela e pedagógica obra, “Histoire de la Chimie en Bande Dessinée”.







Não sejamos “avestruzes” com o toutiço enfiado na areia e a sufocar por falta de tino! No género feminino, como autora-BD, a italiana Cinzia é uma força nesta Arte. Afirmação com provas dadas!
Seu argumentista, quase constante, tem sido o marido, Marco Tomatis.
Para o tomo pedagógico-científico  versando a história da Química, o autor do texto foi Luca Novelli.
Querem ler e admirar a obra da Cinzia? Nós, também... mas só em italiano ou em francês, porque em português... népia!
LB

terça-feira, 1 de março de 2016

DE ACTORES A HERÓIS DE PAPEL (11) - ABBOTT E COSTELLO

Bud Abbott (1895-1974) e Lou Costello (1906-1959)
Via espectáculo cénico, a dupla “Abbott e Costello” foi a grande rival e concorrente à de “Bucha e Estica” (que já por aqui referimos), sem no entanto conseguir ultrapassar esta no “talento”.
Mas há um gesto de justiça a registar: enquanto nas actuações de “Bucha e Estica”, tanto Oliver Hardy como Stan Laurel, tinham ambos absoluta graça, em “Abbott e Costello”, apenas o gorduchito Lou Costello (do qual consta, teria alguma dose de sangue português nas veias) tinha divertida graça, pois Bud Abbott sempre não passou de um “verbo de encher” e bem canastrão.
Ora vamos lá:
LOU COSTELLO (aliás, Louis Francis Costello) nasceu em Paterson (New Jersey) a 6 de Março de 1906. Faleceu em Beverly Hills (na Califórnia) a 3 de Março de 1959.
BUD ABBOTT nasceu em Asbury Park (New Jersey) a 2 de Outubro de 1895 e faleceu em Woodland Hills (Califórnia) a 24 de Abril de 1974.
Frequentemente, pelo Cinema, glosaram temas que também foram abordados por “Bucha e Estica”. Para a época, até se compreende...
Mais: “Abbott e Costello” até vieram a ter o seu impacto em seriados próprios na Televisão norte-americana, que a nossa RTP chegou a exibir.
É também pelos Estados Unidos que a Banda Desenhada os regista.
Lily Renée (aliás, Lily Renée Wilheim), nascida na austríaca Viena e que depois emigrou para Londres para fugir ao nazismo e depois para Nova Iorque, terá sido a primeira a pôr em “heróis de papel” os cómicos Abbott e Costello...
Pranchas de "About Space", ambas desenhadas por Lilly Reneé com colaboração de Eric Peters
Pranchas de "Chic Sheiks" e "Hail, Hail, the Gangplank's Here", também desenhadas por Lilly Reneé em colaboração com Eric Peters

A popularidade destes actores do Cinema e da Televisão continuou pela Banda Desenhada, facilitada por um público menos exigente.
Notificamos alguns desenhistas desta série: Al Bare, Henry Scarpelli, Richard “Grass” Green, Steve Skeates, George Wildman, Mort Drucker, etc.
Prancha de "On Trial", desenhada por Al Bare



Capa e prancha com arte de Henry Scarpelli
Pranchas de "The Octopus", por Mort Drucker


Algumas das melhores capas da revista "Abbott and Costello"

Esta dupla cómica teve, também, uma divertida série de desenhos animados produzida pelos Estúdios Hanna-Barbera (EUA), entre 1967 e 1968, e denominada "Abbott & Costello Cartoon Show".
"Gadzooka", episódio da série de animação de "Abbott e Costello"


De qualquer modo, a dupla “Abbott e Costello” sempre nos divertiu mais no Cinema do que através das suas actuações pela Banda Desenhada.
Registo devido feito!
LB

Cartazes de alguns dos filmes desta dupla de humoristas


BD de Cravath
Nos anos 40, a revista "Funny Comic Strip" também publicou bandas desenhadas de "Abbott e Costello"