domingo, 11 de maio de 2014

A BD A PRETO E BRANCO (13) - As escolhas de Carlos Rico (3)



JOE KUBERT (1926-2012)
Nasceu na Polónia mas cedo emigrou para os Estados Unidos onde se tornou num dos maiores autores de histórias em quadradinhos. Foi assistente de Jack Kirby apenas com 16 anos! Depois, o seu espantoso talento espraiou-se por temas muito variados em séries como "Sargent Rock", "Tor", "Enemy Ice", "Flash", "Hawkman", "Tales of the Green Beret" ou "Tarzan" (estas duas últimas foram parcialmente publicadas no nosso "Mundo de Aventuras"). Desenhou também para a colecção "Tex Gigante" uma das melhores histórias deste personagem: "O Cavaleiro Solitário". Criou com a sua esposa Muriel, em 1976, a "Joe Kubert School of Cartooning and Graphics", ainda hoje uma referência entre as escolas de Arte americanas. 
Pranchas de "Cabelos de Fogo"
Pranchas de "Tarzan", que Kubert desenhou magistralmente



WALTER BOOTH (1889-1971)
Inglês, nascido em Walthamstow, foi autor de duas das mais populares séries publicadas em Portugal: "Rob the Rover" (conhecida entre nós como "Pelo Mundo Fora" e tida como a primeira banda desenhada não humorística) e "Captain Moonlight" ("Capitão Meia-Noite", na versão portuguesa). Sendo um autor com obra notoriamente "datada" (com legendas didascálicas, por exemplo) os seus magníficos desenhos, cheios de pormenor, continuam a fascinar-nos. Recentemente, o nosso José Pires encetou uma autêntica odisseia, restaurando prancha a prancha e publicando, em vários volumes, as duas séries. Uma excelente forma, afinal, de homenagear a obra deste grande mestre da banda desenhada a preto e branco. 

Prancha 1 de "Capitão Meia-Noite", restaurada por José Pires
Prancha 12 de "Rob the Rover", igualmente restaurada por José Pires



FRED HARMANN (1902-1982)
Norte-americano, foi ilustrador e editor de revistas e, também, um notável pintor de temática western. Chegou a pertencer aos estúdios de animação de Walt Disney, em Kansas City, mas foi na banda desenhada que teve o reconhecimento merecido ao desenhar durante um quarto de século(!) a série "Red Ryder" (que criou em parceria com o argumentista Stephen Slesinger). Alguns episódios de Red Ryder foram publicados no nosso "Mundo de Aventuras" com êxito assinalável. Em Pagosa Springs (Colorado) o Fred Harmann Art Museum continua a perpetuar a obra deste autor.

Vinheta de "Red Ryder"
A primeira tira de "Red Ryder", publicada a 6 de Novembro de 1938

Nota: A rubrica "A BD a Preto e Branco" será subdividida entre as escolhas pessoais de Luiz Beira (10 posts e 30 autores) e de Carlos Rico (idem), num total de 60 autores! As duas imagens que ilustram a obra de cada autor foram criteriosamente escolhidas por Luiz Beira e Carlos Rico e por esta ordem serão sempre apresentadas.

segunda-feira, 5 de maio de 2014

PELA BD DOS OUTROS (11) - A BD SUL-AFRICANA

A Républica da África do Sul, ou República Sul-Africana, situa-se obviamente no sul de África, fazendo fronteiras com a Namíbia, o Botsuana, o Zimbábuè, Moçambique, o Reino da Suazilândia e ainda com o Reino do Lesoto (este, todo cercado pela África do Sul, como se fosse uma ilha). Tem como capital executiva a cidade de Pretória e como Moeda o Rand. Com vários povos mais ou menos autóctones, os portugueses sob o comando de Bartolomeu Dias, foram os primeiros europeus a aí chegar e a dobrar o famoso Cabo das Tormentas (depois, da Boa Esperança) em 1488. Muito mais tarde, foram chegando os holandeses e depois, os ingleses. Com o tempo, os holandeses assimilaram-se a colonos refugiados flamengos, franceses e alemães, dando origem ao povo e idioma bôer... 
Hoje nação moderna, rica e multirracial, é certamente o grande país, em todos os sentidos, do continente africano. Num passado recente, aqui viveram temporariamente o líder pacifista indiano Mahatma Gandhi (aliás, Mohandas Karamchand Gandhi) e o poeta português Fernando Pessoa.
Tem valorosos nomes ligados à política (Nelson Mandela, o bispo Desmond Tutu...), ao desporto (o atleta Oscar Pretorius, o jogador de râguebi François Pienaar, o futebolista Aaron Mokvena, o surfista Jordi Smith...), à canção (Miriam Makeba), ao cinema (o actor Sidney James, o realizador Peter Prowse...) e à literatura (Solomon T. Plaatje, Alan Paton, Athol Fugard e, entre muitos outros mais, os nobelizados Nadine Gordimer e John Maxwell Coetzee). É um infindável universo de valores!
E claro, também tem magníficos autores da sua Banda Desenhada, dos quais aqui se salientam alguns dos principais:
Enquanto Thomas Ochse Honiball (1905-1990) é um dos mais famosos veteranos, Daniel Mark Nel, é um dos representantes da nova geração, especialmente dedicado aos murais. De permeio e entre muitos outros, temos: Rayaan Cassiem, N.D. Mazin, Anton Kannemeyer e Williem Samuel.
Por fim, talvez os mais notáveis: 
Mogorosi Mothsumi...

...Conrad Botes...

...Roberto Millan...

...Karlien De Villiers (uma autora traduzida e editada em diversos países)...

...Zapiro (aliás, Jonathan Shapiro)...

...e Rico Schachrel (nascido na Áustria) que, em parceria  com Stephen Francis e Harry Dugmore, é o responsável da fenomenal série de tiras, "Madam & Eve" (A Senhora e Eva).
Esta série, verdadeiro delírio de popularidade, tem sido editada em vários países (sobretudo na Europa, excepto e por enquanto, em Portugal!!!...) e já deu origem a uma série televisiva sul-africana (iniciada em 2000), com as actrizes Val Donald-Bell (Madame) e Tina Jaxa (Eva), com  direcção de Andre Odentaal e Raymond Sargeant. Mais ainda: em Joanesburgo, foi levada à cena numa bem conseguida adaptação ao teatro musical.
"Madame & Eve", por Rico Schachrel, Stephen Francis e Harry Dugmore

É estranhamente curioso (ou será... incompreensível?) que Portugal, que por diversas razões está unido à África do Sul, continue casmurramente a desconhecer a Banda Desenhada Sul-Africana!...
LB

sexta-feira, 2 de maio de 2014

NOVIDADES EDITORIAIS (53)

MIDNIGHT NATION - Edição Delcourt. Embora originalmente norte-americana, foi pela edição francesa que lemos esta obra extraordinária e inquietante. E muito bela também! O argumento, quase "aterrador" ante o que indica ou pergunta à Humanidade, é de Joe Michael Straczynski e o maravilhoso grafismo é de Gary Frank e a sua equipa de coloristas.
O herói David Grey - se é que este personagem pode ser adjectivado de herói - morre baleado em Los Angeles, quando cumpria o seu dever de inspector da polícia. Ao acordar, está num estranho plano de existência, entre a vida e a morte... Tem de viajar a pé até Nova Iorque para recuperar a sua alma. E tudo isso se torna numa odisseia sufocante. Tem como guia uma perigosa e enigmática mulher, a bela Laurel. E há encontros bizarros, como os vorazes andarilhos, uma espécie de diabólicos zombies e o famoso Lázaro que busca a morte, pois não sabe porque foi ressuscitado e depois nunca mais falaram dele... E há ainda o poderoso "chefe" dos andarilhos (Lúcifer, ou seja, o anjo caído Samael?), que explica a Grey certos aspectos "aterradores" sobre tudo o que existe (e como tudo surgiu e porquê), até o conceito da esperança, que não passa de uma mentira vazia e conveniente...
Uma obra fantástica para ser lida e discutida. E, sobretudo, para ser urgentemente traduzida e editada em português.


NI DIEU NI MAÎTRE - Edição Casterman. Argumento de Loïc Locatelli Kournwsky e grafismo de Maximilien Le Roy.
Uma obra de peso relatando a vida de Auguste Blanqui, um revolucionário e político do século XIX, que passou a maior parte da sua vida pelas prisões francesas, sem jamais abdicar dos seus ideais de socialista radical.
Sem dúvida, uma obra de qualidade.


GÉNIE DE L'INSOMNIE - Edição Lombard. Argumento de Bob de Groot e arte gráfica de Turk.
É o 45.º álbum desta série tão popular quão hilariante.
O sábio e inventor Léonard (uma bizarra caricatura a Leonardo da Vinci?) continua "sadicamente" a dar cabo dos nervos do seu humilde e ingénuo discípulo Basile.
São loucuras atrás de loucuras, onde aparecem os notáveis secundários desta série: a cozinheira Mathurine, o irónico gato Raoul, a ratinha Bernardette e a incrível caveira Yorik.
Um convite à risota em série. Um álbum muito aconselhável para nos aliviar do peso das nossas angústias quotidianas.


CELUI QUI N'EXISTAIT PLUS - Edição Vents d'Ouest. Argumento de Rodolphe e arte gráfica de Georges Van Linthout.
Será possível, por auto desafio, abdicarmos de tudo, mas mesmo de tudo, e recomeçarmos a viver? Por quanto tempo? E que consequências, quiçá trágicas, nos pode trazer tal aposta?
Norman Jones é um cidadão norte-americano com 40 anos de idade, que está muito bem na vida: tem um alto cargo numa empresa em Nova Iorque, ganha bem, tem esposa, dois filhos e uma amante. Mas um estranho tédio há muito que lhe corrói toda a sua vivência. Tudo lhe é cinzento e rotineiro e lhe dá a sensação de ser um inútil, que não saboreia a vida na sua autenticidade.
A 11 de Setembro de 2011, quando da hecatombe terrorista às Torres Gémeas (onde ele tinha o seu local de trabalho), por acaso, estava com a sua amante e não fora trabalhar. Não foi tarde nem cedo: aproveitando essa tragédia, de imediato abandona tudo (mas mesmo tudo!), programando-se como uma das vítimas do atentado ao World Trade Center. Só a sua amante fica a par desta sua decisão.
Uma obra muito bela e muito emotiva, onde o sonho e o dramatismo temperam fortemente a vontade de cada um de querer sentir a Vida!... Mais uma obra de leitura obrigatória!


L'OCÉAN - Edição Lombard. Argumento de Jean Dufaux, traço de Olivier Grenson e cores de Benoît Bekaert.
Depois de uma vaga pausa, eis o 12.º álbum, "L'Océan", da série "Niklos Koda".
Este herói, ex-diplomata e espião francês, está desaparecido... Que é feito dele?!...
Esta série, a pouco e pouco, foi descambando para os ambientes da magia, em especial, para a vertente sinistra da "magia negra".
Koda está por aqui muito envolvido. Por sua vez, a sua filha adolescente, Sélénie, que tem capacidades plenas para actuar nestes campos, mesmo que involuntariamente às vezes, anda numa incansável busca para reencontrar o seu progenitor...
Aqui temos pois, espionagem, política, interesses obscuros e magia, como ingredientes fortes neste novo capítulo da série.

sábado, 26 de abril de 2014

APRESENTANDO: SÉRA

Séra
Séra (aliás, Phoussera Ing) nasceu em Phnom Penh (capital do Reino do Camboja) a 24 de Junho de 1961. 
Filho de mãe francesa e de pai cambojano, sofreu os horrores da guerra civil no seu país natal e tinha 14 anos de idade quando o seu progenitor foi assassinado pela gentalha do cruel e sanguinário ditador Pol Pot.
Ele, a mãe e os irmãos, refugiaram-se na embaixada de França e pouco depois foram residir para Paris. Este "inferno", amargamente por ele vivido, marcou a sua personalidade e tem marcado em geral a sua obra, onde denuncia horrores, mas onde também há uma doce e nostálgica poesia.
No entanto, é um cidadão jovial e bem sociável e, uma vez, disse-nos: "Sou um revoltado positivo".
Já esteve em Portugal. A última vez foi quando foi homenageado no salão "Sobreda-BD / 2002". Ultimamente, reparte-se entre a França e o "seu" Camboja (em acções relativas à Banda Desenhada).
Com um estilo muito pessoal e inusitado, na sua bibliografia, já bem vasta, contam-se obras como:
Uma biografia da inolvidável actriz Rita Hayworth; os dramáticos e admiráveis temas cambojanos "Impasse et Rouge", "L'Eau et la Terre", "Lendemains de Cendres" e "3 Pas dans le Pagode Bleue"...
 

...a enigmática trilogia "Les Processionaires", com argumento de Philippe Saimbert; o segundo tomo da trilogia draculiana "Sur les Traces de Dracula", sob argumento de Yves Huppen, " Bram  Stoker"...
Capa e prancha de "Bram Stoker" (da série "Sur les traces de Dracula"), 
com argumento de Yves Huppen (Ed. Casterman, 2006)

...e, entre outros mais álbuns, "Antichambre de la Nuit", "Flic", "H.K.O.", "Secteur 7", "Sortie de Route", "Le Temps de Vivre", etc, tendo bem no topo, o maravilhoso, terno e poético, "Mon Frère, le Fou".

Dado a nossa plena amizade com Séra (pronuncia-se, sêrá), enviámos-lhe uma boa dose de questões para uma entrevista. Respondeu-nos que estava muito ocupado no Camboja, e que nos enviaria as respostas logo que pudesse... Se ele não se esquecer e o vier a fazer, aqui marcaremos um post com a programada entrevista.
Até lá, o nosso desafio aos leitores bedéfilos para que leiam (em francês) a sua obra e a todas as nossas corajosas editoras-BD para que o publiquem em português.
Vai uma vertical aposta?...
LB
Prancha de "Impasse et Rouge"

Prancha de "Dans la Pagode Bleue"

Prancha de "HKO"

Prancha de "Sortie de Route"

Capa de "Secteur 7"

terça-feira, 22 de abril de 2014

A BD A PRETO E BRANCO (12) - As escolhas de Carlos Rico (2)

JORDI BERNET (1944). 
Outro dos grandes mestres do preto e branco é o genial desenhador espanhol Jordi Bernet, que tem como obra de vulto "Torpedo 1936", com argumentos de Enrique Sanchéz Abuli (série publicada entre nós, nos anos 80, numa colecção de seis álbuns da Editorial Futura e, também, na revista "Mosquito"). Outras séries importantes de Bernet são "Clara de Noche", "Custer", "Jonah Hex", "Light and Bold", "Sarvan", "Historias Negras", etc. 
Fez também um episódio de Tex ("L'uomo di Atlanta") para a Bonelli Comics
Em 1991 foi-lhe atribuído o Grande Prémio do Salon del Comic de Barcelona, como reconhecimento pela sua obra.

Prancha de "L'uomo di Atlanta" (com argumento de Claudio Nizzi)
Prancha de "Torpedo 1936"




RUSS MANNING (1929-1981). 
Autor norte-americano, dono de um traço "limpo" e elegante, é reconhecido pelo seu trabalho em séries como "Magnus, Robot Fighter" (histórias de ficção científica, passadas no ano 4.000), "Tarzan" (de que Manning foi um dos melhores desenhadores), "Korak" ou "Star Wars" (escreveu e desenhou as tiras, de 1979-80).


Prancha de "Ricky Nelson"
Prancha de "Star Wars"


SERGIO TOPPI (1932-2013).
Italiano, nascido em Milão, fez publicidade, ilustração e desenho animado antes de se estrear na BD, em 1960. 
A qualidade do desenho aliada à soberba planificação que aplicava em cada prancha, fizeram de Toppi um nome incontornável da banda desenhada.
Em Portugal, tem obra publicada nas revistas "Jacto", "Jornal do Cuto" e Selecções BD", para além de alguns episódios da excelente série "À Descoberta do Mundo" (colecção de álbuns editados pela Dom Quixote).
Da sua obra imensa destacamos "Sharaz-De", adaptação dos Contos das Mil e Uma Noites de que apresentamos duas pranchas.

Pranchas da série "Sheraz-De"


Nota: A rubrica "A BD a Preto e Branco" será subdividida entre as escolhas pessoais de Luiz Beira (10 posts e 30 autores) e de Carlos Rico (idem), num total de 60 autores! As duas imagens que ilustram a obra de cada autor foram criteriosamente escolhidas por Luiz Beira e Carlos Rico e por esta ordem serão sempre apresentadas.

quarta-feira, 16 de abril de 2014

ENTREVISTAS (14) - JOSÉ GARCÊS

José Garcês
José dos Santos Garcês, ou seja, mestre JOSÉ GARCÊSnasceu em Lisboa a 23 de Julho de 1928 e, ainda no activo, é hoje o decano dos nossos desenhistas. 
Cursou na Escola António Arroio de Lisboa.
Para além da sua vasta e admirável obra pela Banda Desenhada, é um notável ilustrador e um meticuloso elaborador de construções de armar (Mosteiro da Batalha, Torre de Belém, Mosteiro dos Jerónimos, etc.)


Construções de armar de Garcês,
in "Passatempos 2" (Ed. SEL - Sociedade Editorial, meados dos anos 70) 

Na região da Amadora, onde reside, há uma escola e uma avenida que, merecidamente, têm o seu nome.
Garcês homenageado em Moura, em 1995
Foi homenageado nos Salões de Sobreda, Moura, Viseu, Lisboa, Porto e Amadora. Falta aqui o de Beja e disso lhe perguntámos: "Beja?!... Não, Beja nunca me convidou".
A sua BD espalha-se pelos mais diversos periódicos, havendo muitas criações suas por recuperar e salvaguardar em álbum, donde títulos como "Viriato", "O Sargento-Mor de Vilar", "Xan Tung", "Caramuru", "O Terrível Espadachim", "Rumo ao Oriente", "Os Cavaleiros de Almourol", "Palo Quiri", "A Dama Pé-de-Cabra" e tantas e tantas mais.
"O Sargento-Mor de Vilar" que estreou, em 1956, no Cavaleiro Andante
Prancha 2 de "A Dama Pé-de-Cabra" (revista Tintin, n.º 29, de 29 de Novembro de 1980)

Deu cursos de Banda Desenhada em Lisboa e nos Açores.
Álbuns com criações suas, há bastantes, como por exemplo: "Através do Deserto", os quatro volumes de "A História de Portugal em BD" (com uma edição em francês), "Bartolomeu Dias" (com uma edição em inglês), "Eurico, o Presbítero" (esgotado),  "Jardim Zoológico de Lisboa -125 Anos", "O Lince Ibérico", "O Tambor / A Embaixada", "História de Faro", "História de Olhão", "História da Guarda", "História de Oliveira do Hospital", "História de Ourém", "História do Porto" e "Cristóvão Colombo" (em dois tomos).
Prancha de "Através do Deserto"

Participou no álbum colectivo "Salúquia", editado pela Câmara Municipal de Moura. 
Duas (de três) pranchas de "A Lenda da Moura Salúquia", do álbum colectivo
"Salúquia: a Lenda de Moura em Banda Desenhada" (Ed. da C.M. Moura, 2009)

Por sua vez, em mini-álbuns (esgotados) foram recuperadas as histórias "O Falcão" (em "Cadernos de Banda Desenhada, Ed.Catarina Labey) e "Picaroto, o Baleeiro / Zé Miúdo" (em "Cadernos SobredaBD", Ed. Grupo Bedéfilo Sobredense). 


"O Falcão" ("Cadernos de Banda Desenhada" - Ed. Catarina Labey, 1987)

Este é um panorama geral e necessariamente resumido, da vida e obra deste grande mestre da 9.ª Arte Portuguesa. E agora, a entrevista:


BDBD - Sendo o decano dos nossos desenhistas, o que tem a dizer ante tal "estatuto"?
José Garcês (JG) - Olhe, eu consegui fazer quatro áreas distintas para uma editora do Porto... Por aqui e ante tanta coisa que fiz, penso que tenho "o serviço arrumado". Pouco mais poderei ou terei de fazer...


BDBD - E as obras traduzidas para outros idiomas?
JG - Foram os quatro tomos da "História de Portugal em BD", em francês, e uma edição, em inglês, de "Bartolomeu Dias". Que eu saiba, nada mais.

BDBD - Porque deixou a ficção?
JG - Não, não abandonei a ficção, mas... num plano geral pela BD, prefiro a linha documental, sobretudo os temas ecológicos.

BDBD - Creio que preparava os álbuns sobre "A História de Silves", "Santo António" e "A História de Moura". Como estão estes seus entusiasmos?
JG - Silves e Santo António, estão prontos... mas a "marinar". Moura... acho que está ainda "no ovo". O caso de Silves depende da respectiva Câmara. O "Santo António", também depende da Câmara de Lisboa, mas estou a procurar outros prováveis apoios.

BDBD - Que pensa das novas gerações da nossa BD?
JG - As jovens gerações, e não só, andam muito inflamadas com o computador. O computador "resolve" tudo. Quando pessoal como eu trabalha com o lápis, a pena e o pincel, recuso-me ao computador. O traço manual marca a personalidade do artista. O computador não tem essa personalidade. Aceitei as novas tecnologias, onde o computador faz, de facto, coisas
maravilhosas, mas onde não há "aquela alma" que o traço manual regista. Com o computador perde-se o traço característico de cada artista.

BDBD - A BD Portuguesa está em crise?
JG - O País está em crise... A BD do nosso País reflecte-se nessa mesma crise.

BDBD - Finalizando por hoje e agora, quais são os seus próximos projectos?
JG - (risos)Que boa pergunta!... Projectos há, de acordo com a minha idade e na ideia de fazer alguma coisa de jeito, pois... Olhe, enquanto eu puder e me deixarem fazer, terei  muito gosto em não desiludir os meus leitores. É tudo muito problemático...
LB


in "Passatempos 2" (Ed. SEL - Sociedade Editorial, meados dos anos 70)


in "Passatempos 2" (Ed. SEL - Sociedade Editorial, meados dos anos 70)


Prancha de "Palo Quiri"
Prancha de "Eurico, o Presbítero"
"José Garcês: as Fases Diversas", de Leonardo De Sá e António Dias de Deus
(Coleccção Nonarte - Ed. Época de Ouro, 2002)

"História de Faro em BD" (Edições Asa, 2005)


"História de Pinhel - Falcão, Guarda-Mor de Portugal" (Âncora Editora, 2004)


"Lince Ibérico: a sua História em Portugal" (Ed. Liga Para a Protecção da Natureza, 2011)