Nos orgulhosos feitos dos portugueses (de ontem, pois tudo isso se vai esfumando em estranhas brumas da memória), aconteceram peculiares situações após a nossa “descoberta” da ilha de Ceilão.
Camões, seguindo a linha poético-romântica, citou este país-ilha como Taprobana, na base de lendárias e mitológicas histórias de um certo antigamente...
Hoje, tal território é uma república um tanto abaixo do subcontinente indiano e chama-se agora Sri Lanca, cujo embaixador para Portugal tem residência em Paris...
Porquê, hoje e aqui, o registo da nobre relação entre o Ceilão e o nosso Portugal? Pontos de honra!
Muitos cingaleses (os naturais dessa nação) ainda têm orgulho nos apelidos portugueses que aí se registaram. Segundo o douto historiador Damião Peres, naqueles tempos, já pelos 1500, o jovem e valoroso D. Lourenço de Almeida (que veio a ter morte heróica na defesa de Diu), foi dos primeiros portugueses a fazer contactos concretos nesse território.
Curioso: Portugal não conquistou esse país-ilha. Assinou apenas um pacto de feitoria e comércio, e os cingaleses cedo passaram a estimar a nossa gente. O pior, foram os ambiciosos e vorazes holandeses, e depois os ingleses, que tudo fizeram para nos arrebatar tal território, tão doces e amigos eles eram de nós!...
Exemplos sobre Portugal-Ceilão na nossa Literatura temos duas belas prosas: “A Rendição de Columbo”, por Henrique Lopes de Mendonça, e “Alma Lusitana”, por António de Campos Júnior, num episódio solto no final do quarto volume da sua obra “Luiz de Camões”.
Há a registar agora os dois únicos (até ao momento) exemplos desta relação Portugal-Ceilão, na Banda Desenhada:
1 - OS SETENTA DE CEILÃO, por Carlos Baptista Mendes, em apenas duas pranchas. Mas aqui, a guerra era com os árabes que queriam de lá expulsar os portugueses e explorar os cingaleses, pois julgavam-se donos dessas áreas...
Saiu-lhes o tiro pela culatra!
Saiu-lhes o tiro pela culatra!
"Os setenta de Ceilão", por Baptista Mendes (texto e desenhos),
in "Mundo de Aventuras" (2.ª fase) #244 (1978)
2 - OS PESCADORES DE PÉROLAS, por Franco Caprioli e Roudolph, narrativa publicada na saudosa revista “Cavaleiro Andante”, do n.º 1 ao n.º 18. Uma bela e emotiva narrativa, onde, fraternalmente, portugueses e cingaleses enfrentam os poderosos e ambiciosos holandeses. Que história!...
"Os Pescadores de Pérolas" por Roudolph (texto) e Caprioli (desenhos),
in "Cavaleiro Andante" #1 a #18 (1952)
Só não se entende porque bizarros caprichos da Diplomacia, o Ceilão (ou Sri Lanca) não tem embaixador residente em Lisboa e Portugal não tem embaixada na capital cingalesa!... Mais escandaloso, é sabermos daquele povo, na Malásia, que está totalmente abandonado por Lisboa (ou seja, por nós, portugueses), que tem apelidos portugueses, que usa em pleno a religião católica, a culinária portuguesa (conforme se vai recordando), palavras soltas do nosso idioma, usa nas festas o nosso belo, colorido e musical folclore, que sonha sempre pelo nosso distante país...
Mas isso é outra História!
LB
O que eu tenho dúvidas é sobre a nacionalidade portuguesa dos heróis relatados no Cavaleiro Andante por Caprioli. Nesse tempo, a censura obrigava a "nacionalizar" todos os heróis das histórias aos quadradinhos.
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