segunda-feira, 30 de julho de 2012

HERÓIS INESQUECÍVEIS (1) - BARBA RUIVA



RECORDANDO UM HERÓI CLÁSSICO: BARBA RUIVA
A 29 de Outubro de 1959, nasceu esta série/herói na revista francesa "Pilote", que iria rivalizar com as revistas belgas "Tintin" e "Spirou". 
O entusiasmo dos leitores logo se afirmou por Barba Ruiva (Barbe Rougeno nome original), com guiões de Jean-Michel Charlier e arte de Victor Hubinon, amigos de longa data e que já haviam colaborado para as séries "Buck Danny" e "Surcouf". Um êxito pleno, imediato e merecido.

Victor Hubinon e Jean-Michel Charlier



Barba Ruiva tem o seu famoso navio "Falcão Negro" e por companheiros e cúmplices próximos, o atlético negro Babá e o astuto e filósofo coxo Pata Tripla... Não muito mais tarde, surge o bonitote Éric, que o terrível pirata salvou em criança e que adopta e educa como seu filho.
Barba Ruiva devassa todos os mares e chega, como corsário, a servir a coroa francesa, atacando sobretudo os ingleses e os espanhóis. 
Pelo período em que Hubinon adoeceu, o grafismo foi continuado por Jijé e Lorg (aliás, Laurent Gillain, filho de Jijé). Mas Hubinon vem a falecer e, depois, Jijé.

Então, em vias paralelas, a série continua, agora desenhada por Christian Gaty e por Patrice Pellerin. E é a vez de Charlier também falecer, sucedendo-lhe Jean Ollivier. Ainda surgiu um álbum desenhado pelo filipino Nestor Redondo, com guião de Christian Perissin. 
Todas estas mudanças não travam a tão admirada série. 
Didier Convard escreveu um guião que André Juillard desenhou. 
E assim prosseguindo, os guiões ficam-se por Perissin e o grafismo passa para Marc Bourgne.

Uma série de 26 episódios, em Cinema de Animação, foi realizada em 1997 sob direcção de Jean Chuband. 
Na série-BD "Astérix", Barba Ruiva e os seus companheiros, são frequentemente parodiados.

Em Portugal, este herói tem sido um tanto maltratado. 
Parcas aventuras saíram em algumas publicações e apenas cinco álbuns foram editados, uns pela Íbis e outros pela Meribérica-Líber, editoras hoje extintas. 
Entretanto, a Dargau já publicou, em onze álbuns, a versão integral.

sábado, 28 de julho de 2012

NOVIDADES EDITORIAIS (7)

LA DOUCEUR DE L'ENFER / 2 - Pelo talento de Olivier Grenson, este é o segundo e último tomo de uma dramática narrativa, onde muito se recordam situações amargas da guerrra e da política, com cenas angustiantes passadas na Coreia do Norte. Uma obra já premiada e muito elogiada pelo público.Tem edição Lombard.


RÉVISE UN MAX! - Mais um divertidíssimo tomo, o décimo oitavo, da série "L'Élève Ducobu", com guião de Zidrou e arte gráfica de Godi.
Com edição Lombard, o terrível cábula, Ducobu, continua irritantemente hilariante. E desta vez, o bizarro "esqueleto Néness" tem direito a pândegas intervenções muito especiais.


LE VILLAGE MAUDIT - Também com edição Lombard, "Le Village Maudit", é o 24.º álbum da popular série "Vasco", localizada nos tempos da Renascença. O criador, o malogrado Gilles Chaillet, é o autor do guião, sendo Frédéric Toublanc o respectivo desenhista.
Saliente-se, precisamente, que este é o derradeiro argumento assinado por Chaillet.


NAMIBIA / 3 - Neste terceiro tomo da série "Namibia", o texto é do brasileiro Leo e de Rodolphe, enquanto a arte gráfica é de Bertrand Marchal, sendo a edição da Dargaud.
Tudo pode acontecer nesse exótico território africano: aventura de alta espionagem, seres mutantes, refugiados activos e perigosos do regime de Hitler, a presença de extraterrestres e... o aparecimento de uma seita dita religiosa, "Os Filhos de Ezequiel", sob coordenação de um bem enigmático líder que se proclama como o novo Messias... Uma série entusiasmante.


MASS EFFECT - Esta edição em francês é da Delcourt. A versão original norte-americana foi da Dark Horse Comics.
Das narrativas de Mac Walters, o álbum inclui uma história longa ("Évolution") e duas curtas ("Incursion" e "Inquisition"). "Évolution" tem guião de John Jackson Miller e no traço, o argentino Omar Francia e um tal Manuel Silva (será português?!...). Em "Incursion", o grafismo é de Eduardo Francisco (outro português?!...) e "Inquisition" tem grafismo de Jean Diaz.
Até ao momento, não conseguimos apurar se Manuel Silva e Eduardo Francisco são portugueses ou brasileiros ou ainda, de qualquer outra nacionalidade lusófona...

quarta-feira, 25 de julho de 2012

NOVIDADES EDITORIAIS (6)

LE PEUPLE DE LA MER - Com edição Soleil, "Le Peuple de la Mer",dá início a uma vigorosa e apaixonante série apostada nos mitos históricos e mitológicos da Antiguidade Clássica, sobretudo encaminhados para a famosa Guerra de Tróia que, em particular Homero, registou na "Ilíada".
E não são só os homens e seus povos que brigam. Também há invejas e violências entre os deuses...
Este primeiro tomo da série "Troie", tem argumento de Nicolas Jarry e grafismo de Erion Campanella Ardisha.


QRN SOBRE BRETZELBURGO - Por Franquin e Greg, com edição Asa, "QRN Sobre Bretzelburgo", é o décimo oitavo (em português) álbum da sempre divertida série "As Aventuras de Spirou e Fantásio", onde não falta esse impagável animalesco que dá pelo nome de Marsupilami.
Situações bem cómicas para nos animar e fazer rir.


LES INVISIBLES - É o primeiro tomo da trilogia " Au Royaume des Aveugles", com edição Lombard, guião de Olivier Jouvray e traço de Frédérik Salsedo.
Num futuro bem próximo, entre as redes sociais e o sistema automático de vigilância, a noção de vida privada não passa de uma distante recordação. E quase toda a gente se acomoda... Mas Laurette Morisson, filha de um polícia reformado, decide agir e passar das manifestações à acção directa... Subitamente, ela desaparece, mas tudo faz crer que escapou aos olhos omnipresentes do século XXI ...


MARECHAL, NOUS VOILÁ - As angústias, os medos, as bravuras e as astúcias dos resistente á ocupação da França pelas forças nazis. Um tema sempre dramático, um tema sempre emocionante, mostrando a coragem (às vezes,mera temeridade) de homens e mulheres pugnando pela libertação da sua pátria.
Com edição Delcourt, está série, "Les Combattants", tem guião de Laurent Rullier e grafismo de Hervé Duphot. Este, é o segundo tomo da série.


CONQUISTADOR / 1 - Uma epopeia que se completará com o anunciado segundo tomo. Tudo se passa, com astúcia e ferocidade humana, no ano de 1520...em Tenochtitlan (hoje, Cidade do México) e na sua impiedosa selva envolvente.
Os "conquistadores" (ou seja, os espanhóis) buscam o tesoiro dos azetecas, mas ignoram que o Guardião vigia. É nessa selva de oiro e de sangue,que tem lugar esta epopeia, com guião de Jean Dufaux, traço de Philippe Xavier e edição Glénat.
Obra imperdível!

segunda-feira, 23 de julho de 2012

PELA BD DOS OUTROS (1) - A BD DE CHIPRE

Chipre é uma ilha-república com uma notável e agitada História através dos séculos.
Em 1960 tornou-se independente do domínio inglês. Em 1974, a Turquia invadiu o país e forjou a norte uma estranha República Turca do Chipre do Norte!... Como se fosse um estado fantasma, até hoje, essa bizarria só é reconhecida pelo governo de Ancara. A parte norte é maioritariamente turcófona, enquanto que a do sul é grecófona.
Em 2004, ingressou na União Europeia e em 2008 adoptou o euro como moeda. O grande apoio económico reside no turismo.
Na sua Cultura, destacam-se o famoso realizador Micalis Cacoyannis e os cantores Loukas Giorkas e Christos Mylordos.
E a Banda Desenhada?... Também existe, embora curta na sua expansão e divulgação. Dois nomes-valores se destacam: Chris Achilleos e Christopher Malapitan.
 
Chris Achilleos
 Achilleos nasceu em Famagusta em 1947. A sua arte tem renome internacional. Reside, há várias décadas, em Londres.



















Ilustrações de Achilleos

Por sua vez, Malapitan, reside e trabalha em Chipre, se bem que conste que a sua origem é de um país da América do Sul, sendo famosa a sua obra-BD, "O Túnel", editada em 2010.
Grafismo de Malapitan

sábado, 21 de julho de 2012

NOVIDADES EDITORIAIS (5)


12 MILLIARDS SOUS LES TROPIQUES - É o segundo e último tomo de "L'Or de France", sob edição Lombard.
Argumento de Jean-Pierre Pécau e Denis Lefebvre e arte do sérvio Tibery.
Narra um épico episódio autêntico da História de França durante a Segunda Grande Guerra, então parcialmente ocupada pelas tropas de Hitler. De um modo audacioso, esse ouro nacional foi embarcado e o navio andou por um estranho cruzeiro... Todos querem apossar-se de tamanha fortuna: os nazis, os franceses que pactuam com Berlim, os franceses comunistas da Resistência, os franceses apoiantes de De Gaulle, os ingleses e os norte-americanos. Quase ninguém confia em ninguém!... Mas o ouro de França acaba por ser salvo e devidamente recuperado.

YSEUT, LA BLONDE - Com argumento de Rodolphe, grafismo de François Allot e edição Delcourt, "Yseut la Blonde", é o primeiro tomo da série "Tintagel". Uma bela aventura medieval, inspirada nas lendas celtas e nos amores de "Tristão e Isolda", os ditos, amantes malditos.
Guerras, intrigas e paixões num rodopiar típico das tradicionais lendas dessas distantes épocas.

L'APOLLON DE SANG - Com edição Casterman, é o quinto tomo da série "Loïs", imaginada pelo saudoso mestre Jacques Martin. Este tomo tem guião de Patrick Weber e grafismo de Oilvier Pâques.
Um cardeal ambicioso e intriguista, corrompe e toma atitudes bem longe de serem cristãs. Não é dos melhores álbuns da série.

DANS LES MURAILLES DE TYR - Estranhas e bravas coisas iam acontecendo pela Terra Santa, com os Cruzados e as forças de Saladino em épicas batalhas. No meio da situação, a firme acção dos Templários, buscando para além das glórias bélicas, descobrir e conhecer certos mistérios bem bizarros...
Com edição Soleil (colecção "Ésoterique"), "Dans les Murailles de Tyr" é o primeiro tomo da série "Templier", com guião de Jean-Luc Istin e traço de Mirko Colak e Lucio Alberto Leoni.

ANTONIN 1937 - Prevê-se que a série "La Lignée", pelas Éditions Bamboo, seja composta por quatro tomos. "Antonin 1937", é o título do primeiro, com guião de Olivier Berlion (também responsável pelo grafismo), Jêrôme Félix, Laurent Galandon e Damien Marie.
Numa certa família, de geração em geração, o mais velho morre sempre aos 33 anos. Qual desta estirpe porá fim a tão funesta maldição?...

sexta-feira, 20 de julho de 2012

NOVO LUTO NA BANDA DESENHADA: EDDY PAAPE


Com quase 91 anos (pois nasceu a 3 de Julho de 1920) faleceu a 12 de Maio, o grande mestre belga Eddy Paape. Não demos por tal notícia por cá, nem nos periódicos nem na televisão, o que não admira nada, pois o importante é falar-se apenas de futebol e do sinistro ambiente socio-político em que chafurdamos.
Aos 15 anos, Paape, entrou para o famoso Institut Saint-Luc (onde veio depois a ser professor), por pressão encorajadora de Hergé e de André Franquin. 
Conviveu e colaborou também, com Jijé, Morris, Peyo e Hubinon. Durante a ocupação da Bélgica pelas forças nazis, em 1942, trabalhou em animação para a CBA - Compagnie Belge d'Actualités, que era um estúdio (em Liège) com actividades clandestinas com ligações à resistência.
É em 1945, quando a CBA fecha, que se passa para a Banda Desenhada, numa carreira brilhante e imparável.
A revista "dBD" n.º 64 (Junho) publicou a derradeira entrevista com ele. E é na mesma revista, no n.º 65 (Julho/Agosto), que deparámos com a notícia amarga do seu falecimento, com mais indicações que logo procurámos na Internet.
A bibliografia de Paape é vasta e variada, abordando os mais diversos géneros, incluindo o humorístico. 
Na série de histórias curtas (4 pranchas) "Les Belles Histoires de l'Oncle Paul", com guião de Octave Jolly, a revista "Spirou" n.º 1252 (de 12 de Abril de 1962), publicou a sua versão gráfica sobre as aparições em Fátima, com o título "Le Soleil Danse à Fatima". E ainda nas histórias curtas (5 pranchas), para a revista "Tintin" (n.º 21, de Maio/ 1969), desenhou "A Primeira Travessia Aérea do Atlântico Sul", com guião de Yves Duval, publicada no "Mundo de Aventuras" n.º 372, em 1980. Adaptou "Os Miseráveis" de Victor Hugo e fez também uma biografia de Winston Churchill. Colaborou, em destaque, para séries de colegas seus: "Barbe Rouge", de Hubinon, e "Jean Valhardi", de Jijé.
Tem vários heróis, se bem que alguns com carreira efémera: "André Lefort", "Carol Detective", "Tommy Banco", "Val", "Johnny Congo", "Udolfo", "Marc Dacier" (de quem em breve falaremos), "Yorik" e, como seu herói por excelência, "Luc Orient", uma espécie de "Flash Gordon" à europeia. Esta série, com algumas histórias curtas, comporta 18 álbuns, já todos também em versão integral. A 19.ª aventura ficou incompleta, dado o falecimento do argumentista Greg a 29 de Outubro de 1999.
Prancha de "Le Mur", aventura inacabada de Luc Orient

Poucas criações de Paape foram publicadas em português, o que é pena. Em Portugal, a qualidade raras vezes importa...
Em 2008, as Éditions du Lombard publicaram um precioso álbum biográfico, "Eddy Paape, la Passion de la Page d'Après" por Alain De Kuyssche. Na sua derradeira entrevista, na revista atràs citada, ele afirmou: "Não corro atrás de honras. A única coisa que me interessa é poder trabalhar".

Descanse em paz, mestre Eddy Paape!

quarta-feira, 18 de julho de 2012

NOVIDADES EDITORIAIS (4)

LÉONARD, O SÁBIO LOUCO - O 42.º tomo da série "Léonard", tem por título "Le Génie des Grandeurs", com autoria, terrível e alucinante, de Bob de Groot no guião e de Turk no grafismo. É uma edição Lombard.
O irrascível e pândego sábio-inventor Léonard não nos cansa com os seus disparates, sempre secundado pelo ingénuo discípulo Basile, pelo atento e inteligente gato Raoul, pela ratinha Bernardette e a cozinheira Mathurine.
Neste tomo, participam também o polvo Georges e o amável urso Martin...
Que grande balbúrdia!


LE LION DE NUBIE - No sempre fascinante ambiente do Império Romano, a nova série "L'Expédition", sob edição Dargaud. O primeiro tomo tem por título "Le Lion de Nubie", com guião de Richard Mazarano e grafismo de Marcelo Frusin.
Uma embarcação, à deriva pelo rio Nilo, encalha junto à cidade de Tebas. Dentro dela, e já sem vida, está um homem com estranhas pinturas, rodeado de jóias e de documentos numa língua desconhecida. Que rica e estranha civilização existirá lá mais para o sul? O centurião Caius Bracca organiza uma expedição secreta sob o comando de Marcus Livius. E começa então a grande aventura...


L'OMBRE DE L'AIGLE - Sob edição Casterman, esta bela série, "Kraa", é criação do talentoso Benoît Sokal. Como vedeta, o deslumbrante cenário da Natureza e nela, os confrontos e as adaptações do homem, que nem sempre a respeita minimamente.
Uma história (série) que, de certo modo, é uma denúncia feroz a certos comportamentos mesquinhos do bicho-homem. "L'Ombre de l'Aigle" é o segundo tomo.


ESCLAVE - É o terceiro tomo da série "Rani", sob edição Lombard, com grafismo de Francis Vallès e argumento de Jean Van Hamme e Didier Alcante.
Jolanne de Valcourt, traída pelo seu ambicioso meio-irmão, é tornada escrava e deportada para a então Índia Francesa. Aqui, é comprada por um homem misterioso e colocada num degradante bordel. Mas Jolanne, que usa agora o nome de Jeanne Dubois, sem ligar a ameaças, jura a ela própria que viverá livre, não importa a que preço...
Esta série-BD foi recentemente adaptada, com pleno êxito, a uma série-TV para o canal France2.


HERÓIS DO MAR - Na temática "Combates Navais", acaba de ser impresso pelas Edições Culturais da Marinha, o álbum "Heróis do Mar, Contra os Canhões... Lutar... Lutar..." por A. Vassalo de Miranda. Brilhante registo em Banda Desenhada dos combates navais em 1961, em Diu e em Goa, marcando uma corajosa resistência dos portugueses naquelas regiões da Índia. São momentos reais e emocionantes da nossa História. Pena é que o álbum não esteja, por enquanto, nos escaparates comerciais e deve ser solicitado à Comissão Cultural da Marinha (Praça do Império – 1400.206 LISBOA).

segunda-feira, 16 de julho de 2012

UM TALENTO "ARGELINO"


Jacques Ferrandez

É cidadão francês, mas nasceu em Argel a 12 de Dezembro de 1955. Ainda na infância, Jacques Ferrandez, veio viver com os pais para o sul de França.
Desde 1977 que passou a fazer parceria, frequentes vezes, com o argumentista Rodolphe (aliás, Rodolphe Jacquette), mas tem trabalhado também a solo ou com outros guionistas, como Tonino Benacquista e Patrick Raynal ou ainda, em adaptações de obras de escritores famosos como Marcel Pagnol ("Jean de la Florette" e "Manon des Sources") e Albert Camus ("L'Hôte"). Tem colaborado para as mais diversas revistas francófonas de Banda Desenhada.
Apaixonado pelo jazz, fundou o grupo musical Mille Sabords.
Da sua extensa e notável bibliografia, salientam-se os títulos: "Arrière-Pays", "La Boîte Noire", "L'Heure du Loup", "Cuba Père et Fils" (em colaboração com seu filho Pierre), "Outremanger", "Raffini" (série), para além das obras atrás citadas.
Recentemente, as Éditions Casterman publicaram dois álbuns muito dignos com a arte gráfica de Ferrandez:


ALGER LA NOIRE (segundo o romance de Maurice Attia), um policial vigoroso que se desenrola no clima escaldante de uma Argélia bem próxima de chegar à sua independência. Há pois aqui, todo o clima de violência e o furor do racismo imbecil. Amores, ódios, medos, esperanças e traições... Um álbum dramático e magnífico!


LE VICOMTE et Autres Récits, tem guiões de Rodolphe. "Le Vicomte", em sete breves episódios, é a principal narrativa do álbum, com um final misterioso e intrigante... Seguem-se outras curtas histórias independentes, onde se abordam temas diversos: o policial, o fantástico, a narrativa histórica, a crónica musical e a ficção científica, enquanto que em "O Visconde", deparamos com as golpadas de um astuto escroque.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

ALEXANDRE, O HERCULANO


Depois das ações que decorreram em torno do Centenário de Franco Caprioli (que incluíram uma exposição e o lançamento de um fanzine sobre a obra do grande mestre italiano), nova iniciativa de banda desenhada vai ser dinamizada em Moura, no Espaço Inovinter.
Trata-se da exposição “Alexandre, o Herculano”, com exemplos de todas as adaptações, em banda desenhada, da obra de um dos maiores vultos da cultura portuguesa realizadas até hoje.
Estarão representados nomes grandes da BD portuguesa como E.T. Coelho, Fernando Bento, José Garcês, José Ruy, Augusto Trigo, Baptista Mendes, José Pires, entre outros.
A inauguração ocorre hoje, durante o primeiro dia das Festas da cidade. A exposição prolonga-se até 22 de Julho no seguinte horário: das 9:30 às 12:30 h, das 17:00 às 19:30 h e das 21:00 às 23:30 h.
A organização é repartida entre a Câmara Municipal de Moura e o Grupo de Intervenção e Criatividade Artística de Viseu (Gicav).

quarta-feira, 11 de julho de 2012

ENTREVISTAS (1) - ENRICO MARINI

Enrico Marini

Digamos que é quase "uma lança em África" termos conseguido uma entrevista, se bem que necessariamente curta, com o extraordinário e magnífico criador de Banda Desenhada que é Enrico Marini. Não porque ele se faça difícil ou vaidoso, mas porque está sempre tão ocupado que quase não lhe sobra tempo para as conversas. Propusemos-lhe apenas meia dúzia de questões e ele, bem gentil, foi rápido a responder.
Ora digamos: Enrico Marini é cidadão italiano nascido em Liestal (Suíça) a 13 de Agosto de 1969. Cursou Artes Gráficas na Escola de Belas Artes de Basileia. Aos catorze anos já participava em vários concursos de BD. Em 1987, no Festival de Banda Desenhada de Sierre, é bem notado e logo contratado pelas Éditions Alpen.
E a sua carreira sobe à vontade, com firmeza, com as séries: "Os Dossiês de Olivier Varèse" (1990), "Gipsy" (1993), "A Estrela do Deserto" (1996), "Rapaces" (1998) e "O Escorpião" (2000), onde emparceirou com os argumentistas Thierry Smolderen, Stephen Desberg e Jean Dufaux. Em 2007, como autor absoluto, inicia a avassaladora série "As Águias de Roma". Com "um estilo próprio, rico e realista", como cita o crítico Laurent Turpin, a obra de Marini está quase toda traduzida e editada em Portugal.
E vamos à entrevista que nos honrou conceder :

BDBD - No mundo da BD, como se considera o artista Enrico Marini? Melhor: quem é o artista Enrico Marini?
Enrico Marini (EM) - Gosto que me contem histórias e gosto de contar histórias. Faço-o principalmente através da Banda Desenhada, que é para mim um meio quase perfeito entre o filme e o livro. Sou um apaixonado pelo Cinema e por livros: policiais, romances históricos e biografias. Tenho uma grande biblioteca e uma data de DVD's em casa.
BDBD - Resides na Suíça, onde nasceste. Neste caso, é difícil para ti trabalhar para editoras francesas?
EM - Não, de modo algum. Há, na verdade, o constrangimento de não ver, com mais frequência, o editor, o argumentista ou os colegas mas hoje, com a Internet, isso não é grande problema.
BDBD - És fortemente admirado e popular em Portugal. Quando virás tu a Portugal, ao menos para um salão BD?
EM - Assim que o meu tempo de trabalho tal permita. Há muito que desejo visitar o vosso país. Infelizmente, estou sempre em atraso com o meu trabalho, sobretudo desde que a minha família aumentou.
BDBD - Das tuas obras, sempre magníficas, qual é a tua série preferida?
EM - Em especial, não tenho uma série preferida, mas estou muito agarrado ao personagem "Gipsy", série que está agora em "stand by". E estou muito orgulhoso por ter encetado "As Águias de Roma", meu bebé de sorte, um projecto muito apaixonante a realizar.




BDBD - E depois desta grandiosa série, "As Águias de Roma", já tens outra obra projectada?
EM - Tenho em mente um policial situado nos anos quarenta. Sou um tanto nostálgico, enquanto o contemporâneo e o futuro me inspiram menos.
BDBD - Que palavras queres aqui deixar para os teus imensos admiradores portugueses?
EM - Espero que tenham ainda um pouco de paciência, mas conto bem ir ver-vos um dia, enfim, o mais cedo possível.

Muito obrigado, Enrico, pela gentileza desta entrevista. Força!

domingo, 8 de julho de 2012

SURCOUF, O " REI DOS CORSÁRIOS"


Antes de mais, é preciso não confundir pirata com corsário, se bem que, uns e outros, funcionassem de um modo mais ou menos semelhante. 
Consultando uma boa enciclopédia ou até mesmo a internet, aí se encontram definições. Os piratas eram cruéis ladrões e assassinos dos mares para proveito próprio. Os corsários serviam (e eram protegidos) os países a que pertenciam.


Robert Charles Surcouf, é um dos mais notáveis corsários franceses. Nasceu a 12 de Dezembro de 1773 em Saint-Malo e faleceu, aos 53 anos, em Saint-Servan, a 8 de Julho de 1827.E faleceu bem rico, com uma garatida vasta descendência e com o título de barão.Pela sua França, serviu-a enquanto monarquia, enquanto república e enquanto império. Actuou mais pelas águas e zonas costeiras do Oceano Índico. Atacava sobetudo os navios ingleses e portugueses (já que Portugal, servilmente, estava "aliado" à Inglaterra)e arrebatou escravos em Moçambique, embora tais actos lhe causassem repulsa, mas obedecia a ordens superiores e políticas. Amado pelas suas tripulações e admirado pelas damas, sempre cavalheiro no trato em qualquer circunstância, pelas suas bravuras foi cognominado o "rei dos corsários".
No Cinema, três longas metragens se fizeram sobre a sua figura: em 1924, com realização de Luitz-Morat e o actor Jean Angelo ; em 1966, em duas partes, com realização de Sergio Bergonzelli e Roy Rowland, tendo o actor Gérard Barray no papel principal.


E, na Banda Desenhada, nos anos 50, as Éditions Dupuis (Bélgica) publicaram os três álbuns com guião de Jean-Michel Charlier e o impecável traço de Victor Hubinon. Cremos que só as duas primeiras partes se editaram em português no "Cavaleiro Andante", do nº 302 ao 382... 



Em 1975, em versão integral num só álbum, as Éditions Michel Deligne reeditaram esta obra.

Neste 2012, as Éditions 12 Bis iniciaram a série "Surcouf" (agora a cores), cujo primeiro tomo tem por título, "La Naissance d'une Légende". No guião, estão Arnaud Delalande e Erik Surcouf (um sobrinho-bisneto do famoso corsário) e no grafismo, a marcante arte de Guy Michel, jovem talento do Haiti, residente em França desde 1986.
Uma versão-BD muito interessante, pois na necessária ficção incluída, quem narra a vida de Surcouf é um astuto espião inglês infiltrado.
E, ante as duas versões, a de Hubinon e a de Michel, a escolher a melhor, o nosso parecer, pura e simplesmente empata. São ambas grandiosas e dignas de quentes aplausos.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

RELOM , IRREVERENTE E ENCANTADOR


Relom

Normalmente ele assina com o seu pseudónimo, Relom. Mas trata-se de Olivier Morel, nascido em Tours (França) a 7 de Abril de 1973.
A sua vida tem sido animadamente agitada. É aos vinte e quatro anos que decide ser banda desenhista. E em boa hora tomou esta decisão.
As suas primeiras pranchas ("Dirty Karl") apareceram na publicação "Psikopat". 


Depois, em 2000, inicia a delirante e impiedosa série "Andy & Gina" para a revista "Fluide Glacial". 


Numa linha jovem, underground e mordaz, Relom é, na verdade, encantadoramente irreverente.
Recentemente, foi "agarrado" pelas Éditions du Lombard, onde se estreia com uma obra imperdível, "Les Fabuleuses Aventures Autobiographiques de John Relom", onde, supostamente com aspectos autobiogáficos, nos narra o mundo sem piedade das editoras de banda desenhada. Aqui, a própria Lombard é caricaturada como "Editora Bombard". Atenção pois editoras portuguesas de BD que caprichem na obra de Relom: tenham o estofo digno para aceitar a paródia!


Mas quem é "John Relom"? Um autor de Banda Desenhada! E neste relato, nada há a conotar-se com os super-heróis ou com os pilotos interestelares. Com origens trágicas, adversários perniciosos, aventuras em altas cores, nada falta aqui. Este álbum, quiçá cínico e cómico, concentra-se em situações grotescas e despropositadas, animadas por personagens desesperadas e desesperantes.
Na bibliografia de Relom, para além desta novidade agora divulgada e das obras acima citadas ("Andy & Gina" e "Dirty Karl"),contam-se ainda "Cité d'la Balle", "Dingo Jack" e "Les Contre-Experts à Brooklin".