quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

BOAS FESTAS

 
O BDBD deseja a todos os seus leitores, amigos e colaboradores um Feliz Natal e um Ano Novo com saúde, paz e... muita BD.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2022

NOVIDADES EDITORIAIS (245)

BOOTBLACK, INTEGRAL - Edição Ala dos Livros. Autor: Mikaël.
Maravilhosa e angustiante obra narrando o dia-a-dia sofredor e extenuante dos "miseráveis" que iam construindo a cidade de Nova Iorque.
Nestes construtores com muita esperança e poucas alegrias, em "Bootblack" (Engraxador de Botas), enfileiram imensos migrantes europeus, sobretudo italianos e irlandeses. Um terrível e real desafio constante dos pobres, ainda por cima
vigiados e chantageados por poderosos e mafiosos.
Uma notável obra a agitar as consciências aparentemente vaidosas e/ou apáticas.


JUDE - Edição Asa. Autor: Jean-Yves Dolitte. Tradução de Pedro Vidal.
Neste tomo, o penúltimo da série "U- Boot", adensa-se, cada vez mais, toda a situação de sufoco, mistério e estranhas mortes...
Breve série cuja leitura nos entusiasma plenamente.
Quanto mais avança a narrativa, mais avançam os mistérios interligados através de vários tempos "recentes" e de apaixonantes geografias com muita política a funcionar...


AS MIL E UMA NOITES - Edição RTP/Levoir. Autores "admitidos": argumento de Daniel Bardet, traço de Rachid Nawa e cores de Julien Ducaese. Tradução de Sandra Alvarez.
É uma abordagem relativa à famosíssima, digna e clássica obra da Literatura da antiga Pérsia (hoje, o fundamentalista Irão).
Muitos sabem deste título, mas poucos sabem da sua história. É assim: na histórica e deslumbrante Pérsia, terá existido um tarado rei, sultão ou coisa que o valha, que todas as noites exigia ter relações sexuais com uma bela donzela... Satisfeito ou não, a desgraçada era decapitada na manhã seguinte!... 
belíssima Xerazade, astuta, oferece-se para consolar o tontinho do sultão, mas antes pede-lhe para escutar as suas belas histórias... que foram funcionando durante mil e uma noites, pois, entretanto, o sultão (gordo e parvo) adormecia e, ao fim das mil e uma noites, finalmente morreu. Isto, reza a crónica geral desta admirável obra.
Sempre parcialmente, algumas das "noites" de Xerazade, têm sido adaptadas ao Cinema, ao Teatro e à Banda Desenhada. Neste álbum aqui citado, há apenas duas "noites". Porém, também parcialmente, o nosso saudoso Fernando Bento, teve o belo gesto e saber, de adaptar algumas dessas clássicas "noites"... Sabiam?
LB

sábado, 10 de dezembro de 2022

ILUSTRAÇÕES E HISTÓRIAS EM QUADRINHOS por José Ruy (18)

Vou apresentar agora umas ilustrações que fiz em 1976 quando trabalhava nas Publicações Europa-América.
Foi com os livros de Emilio Salgari e os de Júlio Verne que tive o meu primeiro contacto com a literatura juvenil, era eu rapazinho. Por isso, quando a Europa-América resolveu adquirir os direitos de publicação das aventuras de Sandokan, foi para mim um reviver da infância. Desta vez, era o texto integral, pois os livros da «Romano Torres Editor» eram resumos, para tornar a leitura mais acessível à juventude da época.
Empenhei-me nessa coleção e realizei capas que liguei à contracapa passando também pela lombada.

O ritmo de trabalho na minha secção na Europa-América era acelerado. Fazia 30 capas por mês para as «novidades» a sair, e mais algumas reedições de títulos antigos com capas novas. Mas, além disso, fazia ilustrações e anúncios para jornais, dos livros mais importantes que se publicavam, e, de dois em dois meses, uns grandes cartazes presos a placas dispostas na frente do edifício, de modo a verem-se da estrada.
Tinha uma ajudante que se encarregava dos acabamentos de letragem e arranjos gráficos.
Só com uma grande organização e distribuição do tempo era possível dar resposta a esta solicitação, sem horas extraordinárias, que estipulara quando da minha entrada na editora, pois precisava desse tempo para realizar as minhas Histórias em Quadrinhos.
Nunca usei tipos convencionais para os títulos, o que outras editoras utilizavam, para criar uma personalidade nas edições, e por isso era tudo desenhado. O mesmo para o «Sandokan».
Cada volume tinha cerca de 170 páginas, com letra em corpo 9, por isso eram volumes compactos. Para amenizar a leitura, o Lyon de Castro, filho do editor, alvitrou-me fazer algumas ilustrações. Isso ultrapassava o limite disponível de tempo, mas agarrei a ideia e resolvi fazer uns desenhos muito rápidos a lápis, com meias-tintas, e reproduzi-los mesmo assim para poupar tempo de cobrir a tinta.

Esta composição aproveitei-a de um pormenor da contracapa.

Este é um dos cinco desenhos que fiz a lápis.

Se fosse reproduzido em Offset, como muitos dos outros livros, resultaria bem. Mas o interior foi composto e impresso numa tipografia do Norte do país e os bonecos foram reproduzidos em fotogravura. O papel era de fraca qualidade, com alguma transparência, e o efeito que idealizara perdeu-se. A trama na fotogravura mantém ponto mesmo nos brancos da imagem, ao inverso do Offset que deixa essa claridade aberta. Isso deu um «fosco» geral nas ilustrações, como podem ver.

Mas dessa coleção apenas tenho os dois primeiros volumes, e sete das capas, dos onze publicados. E são esses que vos vou mostrar.

Simultaneamente a Televisão apresentou uma série com estas aventuras, o que foi uma mais valia para a editora. Procurei fazer a feição do Sandokan parecida com a do ator, para que houvesse uma identificação da parte do leitor.

Durante o decorrer destas capas e ilustrações, aconteceu um episódio inusitado, que contarei no próximo post do BDBDBlogue...


Nota do BDBD: E pronto... terminam aqui - abruptamente - os artigos de José Ruy, que tivemos a sorte e o privilégio de ir regularmente publicando no blogue ao longo dos últimos oito anos (desde 24.10.2014).
José Ruy, nosso queridíssimo Amigo, partiu para a sua última viagem, deixando-nos (tal como a esta série de artigos) com tanta coisa ainda por contar e por dizer... Mas todos sabemos que é assim a lei da vida. 
Apenas nos resta celebrar a sua prolífica e brilhante obra, estarmos gratos pela oportunidade que nos deu de partilhar connosco tanto conhecimento, e recordar os muitos e bons momentos que passámos juntos.
Obrigado por tudo, José Ruy! Até um dia!

domingo, 4 de dezembro de 2022

NO ESVAZIAMENTO DA GRANDE GERAÇÃO...


No passado dia 23 de Novembro, mestre José Ruy deixou-nos fisicamente aumentando assim, e para nossa mágoa, a lista do esvaziamento da geração de oiro dos desenhistas portugueses.
José Ruy Matias Pinto, nascido e falecido na Amadora, tinha 92 anos e era o decano dos nossos tão admiráveis desenhistas. E um grande amigo também!
Incansável e sempre extraordinariamente activo, é já neste 2022 que um súbito problema oncológico o arrastou para a viagem sem regresso que deixou uma grande tristeza em todos os que, ao longo do tempo, com ele privaram.
Nunca gostei dos números pares, e muito menos do número 2. E neste ano par e terminado em 2, já antes, a 15 de Julho, outro grande desenhista, José Pires, também nos deixou. Cruel e abominável senda esta do destino de cada um!... 
Há já  mais de uma dezena de altos valores desta geração de desenhistas portugueses inscritos neste ignóbil esvaziamento, como: Fernando Bento, Vítor Péon, Eduardo Teixeira Coelho, Fernandes Silva, Artur Correia, Bixa, Jobat, José Antunes, José Garcês, José Manuel Soares, André, Carlos Alberto, Manuela Torres, etc., ao qual, neste ano, se juntaram José Pires e José Ruy.
Pela casa dos oitenta estão agora (pelo menos) e por ordem de idades: Eugénio Silva (que ascende a decano), Carlos Baptista Mendes, Augusto Trigo, Victor Mesquita e Vassalo de Miranda.
José Ruy foi homenageado, ao menos, em salões-BD da Sobreda, Moura, Amadora, Beja e Viseu.
Muita obra de José Ruy ficou por se editar (mas irão saindo...), como "Lendas Japonesas" (em versão integral e segundo Wenceslau de Moraes), "Os Templários" (inédito) e ainda, inédito e incompleto, "David Melgueiro" (o último navegador português). Salienta-se na sua imensa e valorosa obra, as que ele adaptou, com talento e coragem, com textos de Gil Vicente, Luiz de Camões, Fernão Mendes Pinto, Alexandre Herculano e Alves Redol.
Os Artistas de todos os ramos, os Escritores e os Filósofos, jamais deveriam morrer. São os autênticos e únicos heróis da nossa Cultura, pois sem ela somos país perdido!
Paz à sua alma, estimado José Ruy!
LB
Eu e José Ruy em Viseu (2016)