Nota prévia:
Depois de "A Vida Interior das Redações dos Jornais Infanto-Juvenis", iniciamos hoje uma nova rubrica da responsabilidade do nosso querido amigo José Ruy.
Trata-se de uma espécie de "diário de campo", onde José Ruy nos manterá ao corrente de um trabalho que, neste momento, está a desenvolver sobre a Ilha do Corvo (Açores), situação sem dúvida invulgar na nossa blogosfera, pelo menos no que concerne a um autor tão consagrado.
Depois de "A Vida Interior das Redações dos Jornais Infanto-Juvenis", iniciamos hoje uma nova rubrica da responsabilidade do nosso querido amigo José Ruy.
Trata-se de uma espécie de "diário de campo", onde José Ruy nos manterá ao corrente de um trabalho que, neste momento, está a desenvolver sobre a Ilha do Corvo (Açores), situação sem dúvida invulgar na nossa blogosfera, pelo menos no que concerne a um autor tão consagrado.
Ao longo destes artigos, José Ruy mostrar-nos-á pranchas ainda em esboço, esquiços, apontamentos, notas e muitas curiosidades que recolheu na Ilha, até chegar ao resultado final, isto é, ao álbum pronto para ser lido pelo público.
Não duvidamos que esta será mais uma rubrica de sucesso no nosso blogue, em especial entre os corvinos (assim se chamam os habitantes da Ilha do Corvo) que, por certo, seguirão estes artigos com redobrado interesse.
Sem mais delongas, vamos, então, começar.
Sem mais delongas, vamos, então, começar.
BDBD
A Ilha do Corvo que venceu os Piratas
O cocoordenador do Ecomuseu
do Corvo, Dr. Eduardo Guimarães, conhecedor e colecionador da minha obra,
contactou-me para um desafio: desenvolver em Banda Desenhada um episódio
histórico que celebrizou a Ilha do Corvo em 1632.
Explanou-me então o que é um Ecomuseu, por meio de um gráfico simples e claro que partilho convosco.
Palavras suas:
"O Ecomuseu do Corvo é um
projeto de intervenção museológica que visa garantir a salvaguarda e a
afirmação do património natural, histórico, paisagístico e cultural da ilha do
Corvo, nas suas dimensões tangível e intangível, e, concomitantemente, promover
o desenvolvimento local e a qualidade de vida da população. Quer
dizer, não se
trata de preservar de forma cristalizada e inerte o património mas sim de o
mobilizar na construção de um presente e de um futuro melhor para a ilha do
Corvo. O desenvolvimento local é um processo voluntário de domínio da mudança
cultural, social e económica, enraizado num património vivenciado, nutrindo-se
deste e gerando património.
O Ecomuseu do Corvo estrutura-se
como um sistema de redes multirrelacionais que articula pólos, recursos e
complexos de valor patrimonial, geridos nos respetivos contextos ecológicos e
numa perspetiva de desenvolvimento social e local. A Banda Desenhada que José
Ruy tem em curso insere-se neste plano".Eduardo Guimarães, numa das muitas visitas guiadas que me fez aos locais importantes para a banda desenhada a realizar. |
O Arquipélago dos Açores
era habitualmente assolado por piratas argelinos que faziam escravos e roubavam
bens.
Numa dessas investidas, os
corvinos resolveram fazer frente aos atacantes defendendo-se unicamente com
pedras e rudimentares alfaias agrícolas. E de tal sorte que as dez naus pejadas
de piratas foram literalmente derrotadas atribuindo-se o feito a milagre da
Santa Padroeira.
Este episódio foi escrito
pelo padre que testemunhou o sucedido e passado depois a letra de imprensa. O documento
chegou aos nossos dias.
Empolgado com mais este
desafio criei um argumento, não me circunscrevendo ao episódio histórico, mas aproveitando
para descrever a maneira sub-humana como os corvinos no século XVII viviam. O Dr.
Eduardo Guimarães forneceu-me vastíssima documentação e delineou deslocar-me à
Ilha, que não conhecia, para colher elementos indispensáveis para a obra, o que
aconteceu neste janeiro de 2016.
E como um Ecomuseu funciona
envolvendo a população, tive a grata oportunidade de interagir com os
simpáticos corvinos e corvinas, não só beneficiando do seu generoso contributo
para o conhecimento de práticas laborais, como na escolha dos nomes para as
personagens, e até nas decisões destas no decorrer do argumento. Também,
pacientemente, deixaram-se desenhar, servindo de modelo para as figuras, embora
as cenas se passem no século XVII. E foram muitos os preciosos depoimentos que
registei.
Eis a mesma página ainda em esboço, em duplicado, mas a do
lado direito tem já o enquadramento real da paisagem conforme a observei no
local.
Percorri os trilhos que as personagens que criei fazem na história, reconstituindo a vila como era no século XVII, com a ajuda preciosa do Coordenador do Ecomuseu e dos especialistas contactados por ele.
Percorri os trilhos que as personagens que criei fazem na história, reconstituindo a vila como era no século XVII, com a ajuda preciosa do Coordenador do Ecomuseu e dos especialistas contactados por ele.
Por exemplo, na parte final da página da esquerda há o enterro
da personagem que morre; fiz uma alteração na página da direita, pois disseram-me
que na época, o caixão era levado em ombros e não por meio de um carro de bois,
como mais tarde acontecia.
Irei mostrando aos
nossos leitores do BDBD como este trabalho vai decorrendo, e a
participação da população da Ilha.
José Ruy
27 janeiro 2016
Para quem julga que fazer BD é só desenhar "bonecos", aqui está um exemplo do trabalho por detrás de uma obra!...
ResponderEliminarASantos
Caro A. Santos, obrigado por dar uma opinião sobre o meu trabalho, o que mostra que viu com atenção esta preparação para a obra.
EliminarTem razão, sob o que fica visível na arte final, há um «iceberg» de muito suor.
Só quem faz, como é o seu caso, dá valor.
Mais uma vez, grato pela atenção.
Abraço
José Ruy
Caro José Ruy
ResponderEliminarÉ possível saber quando será publicada a obra?
obrigado,
Mário Lisboa
Meu caro Mário Lisboa, este livro sobre o Corvo está previsto sair ainda este ano de 2016, por volta de setembro ou outubro. Da minha parte terminarei em agosto.
ResponderEliminarEstamos a prever uma distribuição inédita simultaneamente por todo o Arquipélago, além do continente.
Poderá entretanto ir acompanhando a eVolução da produção neste BDBD Blogue.
FOrte abraço
José Ruy
Meu caro José Ruy, mais de dois anos passados e nada. Ouvi falar nuns problemas de falta de subsídios que estavam a empacar a edição... sniff sniff, os amantes de BD ardem de curiosidade por ver a obra, e eu, como seu fã dedicado, ainda mais. Correndo o risco de repetir uma pergunta, avista-se "luz ao fundo do túnel" ou nem por isso?
ResponderEliminarAbraço, José Paula Santos
Caro José Paula Santos
ResponderEliminarPois a saída deste livro tem sido demorada, mas temos já data para o seu lançamento, e a edição está em marcha, finalmente.
Vai ser no próximo mês de julho de 2018 entre os dias 13, 14, 15 e 16, na Ilha do Corvo. É lançada a edição em português e outra em inglês da América. A RTP2 deve acompanhar-me para fazer a cobertura, e ser transmitido no programa «Literaturaqui».
O BDBDBlogue poderá na altura alertar os leitores que não acompanham esse canal TV.
A impressão do livro vai ser feita nos Açores, mas a chancela mantém-se da Âncora Editora.
Depois faremos apresentações do livro no continente, o que será divulgado, e vai estar distribuído nos postos de venda do país.
E são as novidades. Obrigado pelo seu interesse. Um forte abraço
José Ruy