quarta-feira, 5 de novembro de 2014

EVOCANDO (12)... VÍTOR PÉON

Vítor Péon (1923-1991)
Foi precisamente num 5 de Novembro, como hoje, mas do ano de 1991, que a cruel e inultrapassável morte nos arrebatou esse gigante imenso da Banda Desenhada Portuguesa, Vítor Péonque então residia em Carnaxide.
Nascido em Luanda (Angola) a 3 de Abril de 1923, Vítor Amadeu Batista Péon Mourão, veio para Portugal quando tinha dez anos de idade. 
Aos 14 anos, iniciou-se como aprendiz de retocador de fotogramas... Assim foi o princípio de uma magnífica e brilhante carreira pelo mundo das Artes.
Positivamente sonhador, foi espantosamente intenso em criações suas: ilustrador, capista, banda desenhista, caricaturista, fundador e/ou co-fundador de publicações, pintor (o que lhe valeu belos conselhos estimulantes de mestre Almada Negreiros), criador de colecções de cromos, tendo abordado ainda o Cinema de Animação. Deu aulas de Banda Desenhada no IADE (Instuto de Artes, Design e Empresa) e elaborou os fascículos de "História da Banda Desenhada" e "A Banda Desenhada Como Arte", com edição do FAOJ (Fundo de Apoio aos Organismos Juvenis).
Pela 9.ª Arte, abordou os mais diversos temas, com histórias isoladas e com heróis-séries, indo a sua preferência para o "western", aventuras nos mares e a História de Portugal. Ocasionalmente, passou também pela linha humorística.
Colaborou praticamente para todas as publicações do género, mas é em "O Mosquito" e "Mundo de Aventuras", que mais vasta criação sua foi publicada. No entanto, não se podem olvidar as revistas "Pluto", "Diabrete", "Titã", "Cavaleiro Andante", "Tintin" (edição portuguesa), "Jornal do Cuto", etc,etc. 
Capa de "O Mosquito" #1165, de 23.08.1950
Prancha de "Aventura na Selva" (in "Cavaleiro Andante" #352, de 27.09.1958)
Prancha de "Tomahawk Tom" (in "Colecção Audácia" #38 - II volume)

Foi admirador acérrimo de Reg Perrot, Alex Raymond, Will Eisner e Burne Hogarth. 
Descontente com a situação política em Portugal, seguiu o conselho de seu amigo e colega Eduardo Teixeira Coelho e emigrou, em 1958, primeiro para a Escócia, passando depois para Inglaterra.
Aqui, agora num estilo diferente, desta época se demarcam as séries "Simon Crane", "Rumbling Rose" e "O Alegre Flibusteiro" (com um álbum editado entre nós pela Futura). 
Regressou a Portugal em 1965, para tornar a emigrar, agora para França. Desde 1968, e durante três anos, viveu e trabalhou em Paris, donde se salienta em especial a sua arte na série "Yataca". 

Torna definitivamente a Portugal em 1974.
O Clube Português de Banda Desenhada homenageou-o em 1985 e em 1990 (sua última aparição em público). Entretanto, representado por seu filho e com apresentação por mestre José Ruy, foi homenageado no Salão SobredaBD/1989. 
É justamente na Vila da Sobreda que existe uma rua com o seu nome, por indicação do Grupo Bedéfilo Sobredense e gesto da respectiva Junta de Freguesia, que foi inuagurada em 2011 (em simultâneo com a Rua Fernando Bento). 
Em 2004 é editada pelos Correios de Portugal uma colecção de oito estampilhas dedicadas a heróis da BD Portuguesa.
E aqui constam os selos com Tomahawk Tom de Vítor Péon, Pitanga de Arlindo Fagundes, Espião Acácio de Fernando Relvas, Jim del Mónaco de Tó Zé Simões/Luís Louro, A Guarda Abília de Nuno Saraiva/Júlio Pinto, Quim e Manecas de Stuart Carvalhais, A Pior Banda do Mundo de José Carlos Fernandes e Simão Infante de Raul Correia/Eduardo Teixeira Coelho.
Quatro dos oito selos da colecção "Heróis Portugueses de Banda Desenhada",
onde se pode observar "Tomahawk Tom"

Álbuns e/ou mini-álbuns com histórias de Péon: "SOS na Idade da Pedra", "O Neto de Cartouche", "A Casa da Azenha", "A Vingança do Jaguar", "Gesta Heróica" (em dois tomos), "Tormenta", "Tomahawk Tom em O Espírito de Manitu", "O Alegre Flibusteiro", "Nos Mares da China", "O Regresso de Tomahawk Tom" e "O Buda de Marfim".

 
Muitas outras notáveis obras suas aguardam ainda por uma bem-vinda edição em álbum, como " A Reconquista de Angola", "João Davus", "A Palavra de Egas Moniz", "Na Pista da Aventura", "O Rei dos Lobos", etc.
Prancha de "A Reconquista de Angola", publicada no "Mundo de Aventuras"
e depois no "Boletim do CPBD, em 2008
"A Palavra de Egas Moniz" numa capa do "Mundo de Aventuras"
A finalizar esta resumida mas justa evocação, lembramos que Tomahawk Tom é o seu herói-ícone. De notar ainda que Péon, para além de ter editado o álbum "O Regresso de Tomahwak Tom", também editou o "Vítor Péon Magazine" (três tomos) e o efémero jornal satírico-humorístico "O Mariola", de apoio à campanha do almirante Pinheiro de Azevedo à Presidência da República.
LB


Prancha de "A Vingança do Jaguar"
Prancha de "O Buda de Marfim"
Prancha de "Moedas Falsas" (in "Mundo de Aventuras" #340)
À esquerda, capa do fanzine "Vítor Péon e o Western" (um excelente artigo de Jorge Magalhães editado pela Câmara Municipal de Moura, em 2011) e, à direita, a capa original do "Mundo de Aventuras"

2 comentários:

  1. Boa noite. Obrigado por toda esta informação sobre o mestre Vitor Peon. Informo ainda que ilustrou catecismos. Tenho em meu poder um catecismo ilustrado por Vitor Peon. Muito obrigado
    Fernando Costa

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    1. Caro Amigo
      Muito grato por este seu comentário. Um abraço.
      Luiz Beira

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