quarta-feira, 4 de novembro de 2020

NOVIDADES EDITORIAIS (206)

O RAIO "U" - Edição Asa. Autor: Edgar-Pierre Jacobs.
O saudoso belga Edgar-Pierre Jacobs (1904-1987), praticamente, só é conhecido pela sua empolgante série das aventuras de "Blake e Mortimer"... No entanto, como desenhista e àparte as suas colaborações com Hergé, tem outras obras de apreciável peso. Nestas, o famoso tomo único "O Raio U", publicado na Bélgica em 1943. Foi editado em diversos idiomas e até, em Portugal, com várias edições que sempre se foram esgotando. Aí está agora, corajosamente reeditado.
Antes de "Blake e Mortimer", para "O Raio U", Jacobs ter-se-á inspirado ou influenciado pelas narrativas de "Flash Gordon", factor que é notório nesta obra, o que não deixa de dar aquele toque de maravilha, sobretudo para quem é tenaz admirador das criações deste autor.


LA RANÇON - Edição Casterman. Autores, segundo a série "Lefranc" criada por Jacques Martin: argumento de Roger Seiter, traço de Régric e cores de Bruno Wesel.
Anos 50 do século passado... A acção localiza-se em França, na África do Sul, mais alguns breves momentos em Nova Iorque. Muita cobiça, diversas correntes políticas em confronto e várias outras situações amargas a entusiasmar o leitor. A entusiasmar e a fazer pensar.
Curioso: o personagem José Tavares, um mulato natural de Angola (então ainda colónia portuguesa), num brilhante e honesto apoio ao seu patrão Geert Van Dijck (que é contra a política racista sul-africana) e a Guy Lefranc, que pela força das circunstâncias e do enredo se desloca a este país africano.
"La Rançon" (O Resgate) é um dos melhores álbuns desta série, quase nada editada em português...


BRIGITTE BARDOT - Edição Dupuis. Autores: argumento de Bernard Swysen, traço de Christian Paty, cores de Sophie David, com apresentação de Ginette Vincendeau e um terno prefácio por Mylène Demongeot.
Note-se que Mylène também foi popular estrela de Cinema, mas foi-se afastando paulatinamente da carreira e empenhou-se pelos caminhos editoriais da Banda Desenhada.
Brigitte Anne-Marie Bardot nasceu em Paris a 28 de Setembro de 1934. Começou como cantora e modelo até chegar ao Cinema, com breve passagem pelo Teatro. Foi um estonteante símbolo sexual nos anos 50 e 60, donde apenas uma rival, a norte-americana Marilyn Monroe.
Brigitte Bardot, popularmente conhecida como BB, além de adiante do "seu tempo", e sendo bela e muito sensual, foi também uma actriz com garra, tendo vivido as mais diversas personagens em filmes, como "As Grandes Manobras", "E Deus Criou a Mulher", "Vagabundos ao Luar", "A Mulher e o Fantoche", "Babette Vai à Guerra", "Vida Privada", "O Desprezo", "Viva Maria", "Histórias Extraordinárias", "As Rainhas do Petróleo", etc.
Pelos anos 70, retirou-se da carreira para ser uma destemida defensora dos animais (criou a Fondation Brigitte Bardot) e corajosa activista política, sobretudo contra os perigos da islamização da sua amada França. Sofreu vários processos, mas não pára nem se cala.
Casou quatro vezes: Roger Vadim, Jacques Charrier (donde o único filho, com quem não se relaciona), Günter Sachs e o actual, Bernard D'Ormale. Chegou a ser apelidada de "devoradora de homens", o que ela nunca negou, afirmando mesmo que gostava de homens bonitos.
E registam-se nesta lista, os casos que teve, como Jean-Louis Trintignant, Warren Beatty, Gilbert Bécaud, Sacha Distel, Samy Frey, Bob Zagury, etc, tendo também tido algumas aventuras lésbicas, que ela própria confessa.
Mesmo assim, desabafou (escreveu): "A minha Fundação é o fim e o triunfo da minha vida. Eu dei a minha juventude e a minha beleza aos homens, agora dou a minha experiência e o melhor de mim mesma aos animais". 
Há muitos anos que se tornou vegetariana.
Este álbum biográfico, com alguns temperos de humor, é, sem dúvida, um álbum de leitura obrigatória.
Bravo Éditions Dupuis! Bravo Brigitte Bardot!



O REI MIDAS - Edição Gradiva. Obra: "As Desventuras do Rei Midas". Autores: segundo o orientador/historiador Luc Ferry, tem argumento de Clotilde Bruneau, traço de Stefano Garau, côr de Ruby, capa de Fred Vignaux e tradução de Maria de Fátima Carmo.
Quem tudo quer, tudo perde!... Eis um ditado amargo que, ao fim e ao cabo, sempre acaba por acontecer... É isso: os ditadores, os ricaços, os facínora, etc, também são ou serão castigados.
Nesta narrativa, culturalmente mergulhada na Mitologia Grega, conta-se o drama do ambicioso Midas, rei da Frígia. Ele fez um gesto humano, salvando Sileno, um enviado do Olimpo. E este, grato, oferece-lhe um prémio, a pedido de Midas: tudo o que o rei tocasse, logo se transformaria em oiro. Mas será que alguém come e bebe oiro?!...
Apavorado com o seu poder, o rei suplica ao deus Apolo que o livre de tal dom. O deus acede, mas as orelhas de Midas transformaram-se para sempre em orelhas de burro.
LB

1 comentário:

  1. Bom texto. No entanto, se me permitem, em "Raio U": "No entanto, como desenhista e àparte... as suas colaborações...", "À parte" é uma locução adverbial e significa, "Excepto, sem falar em", e são duas palavras, "à" e "parte". "Aparte", em uma só palavra, é um substantivo e significa: "Observação marginal (em discurso)", "Frase isolada para interromper alguém"... E "Àparte", como está no texto, não existe.

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