quinta-feira, 28 de novembro de 2019

DE ACTORES A HERÓIS DE PAPEL (21) - AMÁLIA RODRIGUES

Amália (1920-1999)
Após um arrastar de pesquisas consegui, ​por fim, forjar este post para o BDBD.
É o ​segundo nome português que aqui se regista, ​pois o primeiro foi dedicado a Carmen Miranda, a 9 de Fevereiro de 2018. Outros valores da Cena Portuguesa bem mereciam figurar nesta galeria ​como Laura Alves, Vasco Santana, António Silva, etc, ​mas dos nossos desenhistas ainda nenhum a tal se ​arrojou…
​Aqui se firma a nossa grande e única Amália Rodrigues, ​onde há uma imensidão de aspectos a focar, tão vasta, sofredora e gloriosa foi a vida espantosa que a marcou, ​como mulher e como artista. Daí que, obviamente, tudo ​seja aqui focado de um modo reduzido…
​Oriunda de uma família modesta, nasceu em Lisboa em ​1920 (a 1 ou 23 de Julho?...), onde faleceu a 6 de ​Outubro de 1999, estando dignamente sepultada no ​Panteão Nacional.
​Com uma voz única e inimitável, ficou para sempre ​famosa no mundo inteiro.

Sua irmã Celeste, falecida em 2018, também ​foi uma cativante fadista.
Amália adorava ver e rever os filmes ​com Fred Astaire.
Era amiga de todos, incluindo as ​saudosas Hermínia Silva e Laura Alves, como também de ​Edith Piaf e Marlene Dietrich. E o actor-cantor Charles ​Aznavour (1924-2018), criou para ela o tocante primeiro ​fado em francês, "Ay Mourrir Pour Toi".
Se hoje até já se canta o fado em idiomas locais, como ​em Espanha, França, Brasil (com o natural sotaque), no ​Japão, Sérvia, Israel, etc, tal se deve à nossa Amália ​Rodrigues.
No entanto, Amália não cantou só o fado, ​tendo interpretado também em idiomas originais, canções ​em castelhano, francês, inglês, italiano… A sua versão de ​"Summertime" (letra de Dullowe Heywant e música do grande George Gershwin) é um marco sem medida na ​sua carreira.
Num "outro" Moçambique onde, na Cidade ​da Beira, residia Francisco Cruz (seu primeiro marido), ela ​exigia que nas suas actuações nessa cidade fosse ele um ​dos acompanhantes guitarristas.
​Seu segundo marido foi César Seabra. Não resultaram ​filhos de nenhum dos casamentos.
Amália interpretando o fado "Gaivota"

Mas Amália não foi ​apenas cantadeira, pois foi também actriz e poetisa.
​Participou no Cinema e/ou Televisão, em Portugal, Brasil, França, México, Estados Unidos, Alemanha… Principais filmes: "Capas Negras" (1947), "Fado, História de uma Cantadeira" (1947), "Vendaval Maravilhoso" (Brasil, 1949), "Os Amantes do Tejo" (Portugal/França, 1955), "Sangue Toureiro" (1958), "Fado Corrido" (1964) ou "As Ilhas Encantadas" (França/Portugal, 1965).

 
Amália numa cena de "As Ilhas Encantadas" (1965)
Chegou a ser ​noticiado que ela e o malogrado actor Ruy Gomes iriam ​para o palco com "Chá e Simpatia", mas esta ideia do ​saudoso empresário Vasco Morgado "abortou". Que pena!
​Filipe la Féria encenou dois êxitos para o palco - "Amália" e "Uma Noite em Casa de Amália" - e o realizador Carlos Coelho ​da Silva dirigiu a longa-metragem "Amália".
​Depois da "Revolução dos Cravos" (1974), os tão empolgados ​esquerdistas portugueses insultaram Amália com todas as ​fúrias partidárias!... Amália jamais foi política! Mais: secretamente ​até terá financiado o Partido Comunista Português, quando ​clandestino. E defendeu sempre o seu querido compositor ​Alain Oulman, preso pela PIDE.
Para além da Fundação Amália Rodrigues, a nossa grande musa está registada na Caricatura, na Filatelia, na Estatuária, na Street Art e na toponímia de diversas urbes (em Portugal e no Estrangeiro).

Caricaturas de Amália por Fernando Veríssimo e António
Mural de Amália na cidade da Amadora, por Odeith
Imagem de Amália, idealizada por Vhils e desenhada com pedra da calçada, em Alfama, Lisboa. 

E, na Banda Dasenhada, temos: 

"​Tudo isto é Fado", por Nuno Saraiva, banda desenhada publicada por episódios (de quatro pranchas cada) na revista "Tabu" - suplemento do semanário "Sol" - que posteriormente foi reeditada em álbum, numa edição do Museu do Fado, que se julga esgotada.

"Tudo isto é Fado!", por Nuno Saraiva (texto e desenhos), Ed. Museu do Fado (2016)

"Amália Rodrigues", pela francesa Aude Samama, na edição BD/Fado, da FNAC.
Capa e pranchas de "Amália Rodrigues", por Aude Samama (texto e desenhos), Ed. Fnac

André Oliveira (texto) e Pedro Carvalho (desenhos) realizaram para a revista "Zona Monstra" uma BD em cinco páginas...
"Animália, Paris je t'aime", por André Oliveira (texto) e Pedro Carvalho (desenhos),
in revista "Zona Monstra" #6, Edição "Associação Tentáculo" (2011)

E, na capa de um disco da própria Amália, uma banda desenhada autoconclusiva por autor que não conseguimos identificar...
Capa do maxi-single em 45 r.p.m. "O Senhor Extraterrestre" (Columbia Records/Valentim de Carvalho, 1981)
Na colecção de biografias "Chamo-me...", há um tomo dedicado a Amália, pela Didáctica Editora, com texto de Maria Inês Almeida e ilustrações soltas de Sérgio Agostinho e Cláudia Dias.
"Chamo-me... Amália", por Maria Inês Almeida (texto) e Sérgio Agostinho e Cláudia Dias (ilustrações),
Edição Didáctica Editora (2010)


Maria do Rosário Pedreira (texto) e João Fazenda (ilustrações) publicaram "A minha primeira Amália", sob edição "D. Quixote", em 48 páginas... 
"A Minha Primeira Amália", por Maria do Rosário Pedreira (texto) e João Fazenda (ilustrações),
in Colecção "O Meu Primeiro...", Edição D. Quixote (2012)
A terminar, uma bela citação de Amália: "Fala-se tanto de felicidade, mas a felicidade o que é? Não se pode meter a vida toda numa palavra..."
LB

Nota: Agradeço o apoio prestado por Nuno Saraiva.


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