Em
1950 iniciei a série na revista Flama, no suplemento «O Papagaio», no
seguimento de uma recolha que fiz dos textos de Wenceslau de Morais sobre
lendas do Japão.
A
primeira foi «Amaterasu, a Deusa da Luz do Sol».
Portanto,
estamos numa situação diferente das outras histórias. Mas por achar curioso o
facto de por mais de uma vez ter estado na iminência de ser editada em livro e
manter-se ainda nessa posição, incluo-a nesta rubrica.
Durante
três anos publiquei nove dessas lendas na Flama. Para que o seu aspecto se
aproximasse mais das publicações japonesas, apresentei-as no sentido vertical.
Mas
o suplemento onde eram inseridas mudou de formato e passei a faze-las com outro
enquadramento e na ordem de leitura normal no Ocidente.
Nessa
altura de mudança fui contactado pela Agência UPI, que me propôs entregar-lhe a
distribuição dos originais, para serem publicados em vários jornais e revistas.A Flama era a primeira a publicar e depois seria em África e noutras paragens.
A ideia era depois reunir em livro toda a série, que estava programada para bastantes títulos. Mas o dono da Agência deslocou-se ao Brasil e nunca mais voltou a Portugal.
Passados uns anos, a minha amiga Catherine Labey que editava os «Cadernos de Banda Desenhada» pediu-me para lhe ceder algumas lendas já publicadas.
Foram publicadas três lendas. Os «Cadernos» também não continuaram e mais uma vez este trabalho voltou à sombra da «gaveta».
Continuei com outros projetos e durante muitos anos não voltei a este tema.
Mas o meu saudoso e estimado amigo Jorge Magalhães de vez em quando insistia para que continuasse essas lendas que eram muito do seu agrado. E quando dirigia a revista «Seleções BD», na sua segunda série, achou ser a ocasião propícia.
Por também ser para mim um assunto com carinho especial, pelo exotismo e conteúdo, resolvi continuar com os títulos que ainda não tinha desenhado, e que são bastantes.
Mas como iniciara o trabalho na Flama, com o título «Amaterasu, a Deusa da Luz do Sol», decidi refaze-la com a técnica e a evolução que entretanto adquirira nas décadas decorridas.
Transformei
também a maneira de narrar, e incluí balões. Saíram a preto e branco, nas
páginas disponíveis da revista.
Foram levadas à estampa duas lendas.
A segunda era inédita, «As Duas Rãs Curiosas».Acontece que a revista suspendeu a sua publicação e as «Lendas» não tiveram seguimento. Mas eu havia já desenhado algumas mais, pois costumo ter um avanço para garantir a cadência no caso de surgir algum impedimento.
Passados uns bons anos, em 2012, o meu amigo Maurício de Sousa, que no Brasil acompanhara nas «Seleções BD» estas «Lendas», falou-me que estava a colaborar numa revista do Japão, mas em português do Brasil, com o título «Alternativa» e que essas histórias faziam lá todo o sentido. Deu-me o endereço do editor.
Para
tirar um melhor partido da apresentação, resolvi colorir as pranchas que se
mantinham até aí a preto e branco.
Pouco
tempo depois tive a resposta.
Mas
a seguir descobri uma coisa estranha quando consultava o Google.
Mas
essa revelação ficará para o próximo artigo.
São umas pranchas muito belas e, não desgostando da cor, a P/B são um regalo para a vista!
ResponderEliminarE tal beleza merece reedição...
Eu não aprecio seriados (tv) pela "ânsia" que me provocava...e agora fiquei "em pulgas" até ao próximo!
Obrigado (pelo artigo...não pelas pulgas)
António Santos, um seu fâ
Obrigado pelas suas palavras, meu caro António Santos. No seu comentário foca um pormenor que acho ser muito importante: o de se «ficar em pulgas» à espera da continuação. Isto passava-se quando as Histórias em Quadrinhos eram apresentadas ao público nos jornais, sempre com «continuação». E aí estava o fascínio, a espera, o idealizar como o «herói» se iria desenvencilhar da situação em suspenso. Agora tem-se o livro completo, muitos irão ver logo o fim e perde todo o encanto. BENDITAS PULGAS, ESSAS. E entretanto... (continua no próximo número). Um pouco de paciência.
ResponderEliminarAbraço amigo
José Ruy