Este petiz, Cuto, que ao longo dos anos vai crescendo um pouco, é um herói enternecedor e que nos diverte, pois tanto é um miúdo atrevido e heróico como um fedelho um tanto cagarolas...
Nasceu em 1935, sob criação do grande desenhista catalão Jesus Blasco (aliás, os Blasco eram quatro irmãos, três rapazes e uma rapariga, todos dedicados à Ilustração e à Banda Desenhada). Dos quatro irmãos, Jesus (1919-1995), é o mais famosos junto do público português.
Cuto começou através de pequenos “gags” humorísticos, acompanhado pelos seus amigos Gurripato e Camarilla e, a partir de 1940, é a sua namorada Mary quem mais o acompanha.
Estreou-se em Portugal, em 1944, na revista “O Mosquito”, numa aventura intitulada "O Ardina Detective".
Aí brilha em pleno (entre outras) numa das suas mais entusiasmantes aventuras, “A Ilha dos Homens Mortos”.
Depois, foi editado por diversas publicações, como “Mundo de Aventuras”, “Condor Mensal”, “Zorro”, “Titã”, “Jaguar”, “Riquiqui”, “O Mosquito” (5.ª série), “Yataca”, “Canguru”, “Supergrilo” e “Boletim do CPBD”.
Prancha de "A Ilha dos Homens Mortos", por Jesús Blasco, in "O Mosquito" #1163 (1950) |
Prancha de "A Ilha dos Homens Mortos", por Jesús Blasco, in "O Mosquito" #1166 (1950) |
Prancha de "A Ilha dos Homens Mortos", por Jesús Blasco, in "O Mosquito" #1172 (1950) |
Capa e pranchas de "O Junco de Sing", in Colecção Condor (Vol. 4.º, fascículo 31).
A capa é de Vítor Péon.
Em 1971, surgiu o “Jornal do Cuto” onde, obviamente, foram editadas algumas das suas aventuras, como: “Cuto no Domínio dos Sioux”, “Tragédia no Oriente”, “Crime Mundial Inc.”, “Pesadelo”, etc.
Capa do "Jornal do Cuto" #1 (07.07.1971), com desenho de Jesús Blasco |
Pranchas de "Cuto nos Domínios dos Sioux", por Jesús Blasco,
in "Jornal do Cuto" #11 (15.09.1971)
Pranchas de "Cuto nos Domínios dos Sioux", por Jesús Blasco,
in "Jornal do Cuto" #15 (13.10.1971)
Pranchas de "Tragédia no Oriente", por Jesús Blasco,
in "Jornal do Cuto" #43 (26.04.1972)
Pranchas de "Tragédia no Oriente", por Jesús Blasco,
in "Jornal do Cuto" #46 (17.05.1972)
Capas de "Estrela Negra" (por Carlos Alberto Santos) e "Uma Aventura no Oriente" (por Augusto Trigo).
Jesús Blasco (1919-1995) |
Aguardemos que em memória de Cuto, venham a surgir mais alguns com as suas aventuras plenas de acção e algum salutar humor.
E cremos que o nosso saudoso José Manuel Soares (1932-2017) se inspirou um tanto no Cuto para criar a aventura única do seu Zeca...
LB
Em Espanha, a ECC Comics editou há algumas semanas o primeiro volume da reedição integral das aventuras do Cuto.
ResponderEliminarCaro Pedro Cleto:
EliminarFico-lhe muito grato por esta informação... Contudo, eu (falo por mim), gostaria muito mais que alguma editora do nosso País (que de “jardim à beira-mar plantado, agora mais parece um fedorento pântano... Adiante!) tivesse a coragem, a sensibilidade e o vertical atrevimento para fazer o mesmo, e não só apenas pelo inesquecível Cuto...
Um abraço amigo e bedéfilo do
Luiz Beira
Caríssimo Luiz Beira,
ResponderEliminarMuito folgo por teres dedicado também um artigo a Cuto, o mais carismático herói da minha infância, nesta tua série que tenho seguido com o maior interesse. Mas cumpre-me rectificar a data e o nome da revista em que Cuto se estreou em Portugal: foi no ano de 1944 e no glorioso "O Mosquito", precisamente com a sua 1ª aventura de ambiente realista, intitulada "O Ardina Detective", pois Cuto nesse episódio era um pequeno vendedor de jornais que vivia em Nova Iorque. Seguiram-se, também n'"O Mosquito" e por ordem cronológica, algumas aventuras de maior duração: "Sem Rumo", "Bandidos e Cavalos", "O Mundo Perdido" (a 1ª que eu li naquela revista, tinha apenas 7 anos), "O Rapto de Juanita", "Tragédia no Oriente", "Cuto no Castelo do Terror" e "Cuto nos Domínios dos Sioux". Entre estas duas últimas, surgiram algumas peripécias cómicas com um Cuto mais fantasista, muito diferente do seu perfil aventureiro. No (hoje) raríssimo "Almanaque O Mosquito e A Formiga" de 1945, surgiu também uma curta história intitulada "Cuto Desportista". Dessa 1ª fase ficou apenas por editar em Portugal a aventura "O Pássaro Azul", que continua inédita entre nós e que em Espanha saiu apenas em álbum.
Somente em 1950 é que apareceu n'"O Mosquito" a aventura "A Ilha dos Homens Mortos", porque entretanto "O Gafanhoto" (que ficara com os direitos de Cuto) já tinha acabado.
Quando "O Mosquito" desapareceu de circulação, em 1953, o "Mundo de Aventuras" (coordenado então por Roussado Pinto) não tardou muito a deitar a mão ao famoso herói de Jesús Blasco, e entre outras aventuras, geralmente histórias mais curtas, publicou o longo episódio "Estrela Negra".
Grande parte destas aventuras, como bem assinalaste no teu artigo, seria reeditada nos anos 70 pelo "Jornal do Cuto" e pela "Colecção Jaguar", também sob a égide de Roussado Pinto, grande amigo e admirador de Jesús Blasco. Mais tarde, a Futura reeditou "Tragédia no Oriente" (talvez a melhor de todas as histórias de Cuto) na colecção "Antologia da BD Clássica" (que eu coordenei), aproveitando a vinda de Jesús Blasco ao Festival de BD de Lisboa, organizado pelo CPBD. Foi então que tive o prazer de o conhecer... Blasco deu logo o aval ao projecto de reeditar outras histórias de Cuto no novo "Almanaque O Mosquito", da Futura, cujo 1º número saiu em finais desse mesmo ano (1983).
E é tudo o que me ocorre dizer sobre este assunto. Se fores ao meu blogue "O Voo d'O Mosquito", encontras lá muita informação sobre Cuto, com o historial das suas primeiras publicações em Portugal, trabalho esse que ainda não acabei de publicar.
Um grande abraço, com a minha grande satisfação por te teres lembrado de Cuto, um herói que, pelos vistos, os espanhóis também ainda não esqueceram. E tanto ele como o seu criador Jesús Blasco bem o merecem!
Jorge Magalhães
Caríssimo Jorge Magalhães:
EliminarInfinitamente grato por esta longa e preciosa elucidação, tanto mais que, pela nossa vetusta amizade, sei que o Cuto é um dos nossos “heróis” de sempre. Vou responder-te em brevíssimo tempo para o teu pessoal correio electrónico, pois bem nos sabemos muito conversadores (por escrita ou por voz) e não devo aqui
sobrecarregar este post. Valeu?
Um abração do
Luiz Beira