domingo, 16 de dezembro de 2018

ATÉ BREVE, JORGE!

Jorge Magalhães e eu, durante a inauguração da exposição
comemorativa do Centenário de Caprioli, em Viseu (2012)
A 18 de Janeiro de 1977, no efémero semanário lisboeta “Branco e Negro”, ao qual eu (LB) pertencia ao corpo redactorial, ousei publicar uma reportagem/inquérito englobando duas páginas e versando o desenhista português.
Foi um certo abanão na dispersa hoste da nossa Banda Desenhada!
Parece que nunca alguém fora tão longe... Por aqui, o grande e positivo aspecto foi o facto de o Jorge Magalhães, então coordenador do “Mundo de Aventuras”, ter contactado comigo, pois queria conhecer-me e logo me convidou para ser colaborador dessa saudosa revista.
E assim foi, para além de uma amizade sincera que fomos cultivando até 2018, sempre com pontos de vista maioritariamente convergentes.
Pela Banda Desenhada, fomos sempre mutuamente cúmplices e generosos. Com muita frequência nos telefonávamos ou trocávamos e-mailsIsto, quando não nos encontrávamos nos salões-BD (Sobreda, Amadora, Moura e Viseu) ou, eventualmente, em jantares ou a tomar um café...
A minha colaboração com o Jorge, para além do “Mundo de Aventuras”, prosseguiu em “O Mosquito” (5.ª fase) e algumas publicações das edições Futura.
O Jorge Magalhães e a sua companheira, a desenhista Catherine Labey, desde o princípio eram assíduos nas edições do salão-BD  da Sobreda, que eu coordenava. Aliás, aqui foi homenageado em 1990, tendo mais tarde também sido homenageado em Moura e na Amadora.
Foi argumentista e/ou guionista, focando vários temas, para os mais diversos desenhistas como Augusto Trigo, Catherine Labey, Fernando Bento, João Mendonça, José Projecto, Zenetto, António Carichas, Rui Lacas, João Amaral, Eugénio Silva, Vítor Péon, Baptista Mendes, Artur Correia, José Garcês, José Ruy, José Pires, Ricardo Cabrita, José Abrantes ou Carlos Alberto Santos.
Como ensaísta, digamos assim, registo com a devida notoriedade os quatro
mini-álbuns, todos editados pela Câmara Municipal de Moura, sobre Franco Caprioli, “O Western” na BD Portuguesa”, “Vítor Péon e o Western” e “Banda Desenhada e Ficção Científica” (onde registou para mim uma emotiva dedicatória).

A paixão pelos gatos... No nosso panorama da BD há vários apaixonados por animais, com especial preferência pelos gatos, a saber, para além de mim, do Jorge e da Catherine: José de Matos-Cruz, Carlos Baptista Mendes, Mara Mendes e o Carlos Alberto Santos (também já falecido).
Pelos gatos que teve, no seu cativante blogue “O Gato Alfarrabista”, o Jorge registou também a sua veia poética com ilustrações da Catherine.

Chegado aqui, que mais devo registar? Em especificas ocasiões, o que é o caso, costumo citar um pensamento pertinente do filósofo indiano Krishmamurti: “Palavras significam ideias e ideias não significam nada”.
Exacto: o que importa não são as palavras, mas sim os factos. E o Jorge marcou isso com a sua diversa obra e com a sua amizade.
Por isso, e já que a vida é afinal bem mais curta do que se imagina, resta-me com a mágoa do imenso vazio que ficou desde o último 1.º de Dezembro, uma mensagem sentida para o misterioso Além:
Até breve, Jorge!
L.B.
Maria José Silva (vereadora da C.M. de Moura), Carlos Rico, eu e Jorge Magalhães durante a inauguração
da exposição comemorativa do Centenário de Franco Caprioli, em Moura (Junho de 2012)
Foto de grupo na exposição comemorativa do Centenário de Caprioli, em Moura. Da esquerda para a direita:
eu, João Amaral, Carlos Rico, Catherine Labey, Jorge Magalhães, Miguel Angel Alejo e Rosa Moliné
Carlos Almeida, eu, Carlos Rico, Dr.ª Lidia Ramogida (Adida Cultural da Embaixada de Itália) e Jorge Magalhães,
durante a inauguração da exposição sobre Caprioli em Viseu (Agosto 2012)
Jorge Magalhães, Luís Filipe Mendes e Carlos Almeida (ambos do Gicav), Carlos Rico e eu,
durante o jantar-convívio em Viseu (Agosto 2012)

6 comentários:

  1. Eu pensava que Homens destes nunca morriam...

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    1. Caro João Neves
      Infelizmente, este é o amargo e inquietante enigma da existência: todos morremos! Não há cura nem vacina contra isto!...
      Um abraço
      Luiz Beira

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  2. E nunca morrem verdadeiramente. Restam eternamente na nossa memória e nas tantas coisas que realizaram e nos deixaram para sempre. Um grande abraço.

    Letrée

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    1. Caro Letré
      Muito obrigado por este amável e sentido comentário.
      Um abraço amigo do
      Luiz Beira

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  3. Que bela e tão merecida homenagem. E assim será mais fácil suportar a ausência física.

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    1. Grato por este teu Comentário. Quis escrever mais e melhor, mas...
      Um abraço amigo do
      Luiz Beira

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