terça-feira, 19 de junho de 2018

DE ACTORES A HERÓIS DE PAPEL (20) - JAMES DEAN

James Dean (1931-1955)
Ora vamos lá tentar acertar com este rapazito, que se tornou num ícone eterno através do Cinema/Televisão dos Estados Unidos da América do Norte: James Dean.
Já aqui dedicámos o merecido e devido espaço à grande versão feminina que foi, e é, a encantadora Marilyn Monroe. Na versão masculina, temos agora com a mesma justiça e transparência, o actor que morreu jovem. Mesmo assim, ficou!
James Dean, mesmo involuntariamente, capitaneou uma nova geração de actores “made in Hollywood”, onde vigorava um bom lote de veteranos, como: Humphrey Bogart, Cary Grant, Stewart Granger, Gregory Peck, Robert Taylor, James Mason, Yul Brinner, Gary Cooper, etc. E veio Dean a comandar uma  nova horda!... Seguindo este caminho, logo de imediato mas sem o mesmo impacto, surgiram: o francês Alain Delon, o alemão Horst Buccholz (1933-2003), o russo Oleg Vidov (1943-2017) e, entre outros, a própria América do Norte tentou lançar e afirmar o efémero actor grego Stathis Giallelis, que apenas participou em 12 filmes, com marcante actuação em “América, América” e “Blue”. E uma outra geração mais nova veio a seguir, mas... adiante!
JAMES DEAN, de seu nome completo James Byron Dean, nasceu no estado de Indiana (EUA) a 8 de Fevereiro de 1931 e faleceu num aparatoso desastre de automóvel, a 30 de Setembro de 1955, algures no estado da Califórnia.
Três aspectos o definiram para sempre: era de uma espectacular rebeldia, de um talento firme e marcante e de uma descontrolada e incansável avidez sexual. De tudo sobre a sua vivência, há a história real e há a barafunda das lendas que se foram forjando e que se baralham. Todavia, os aspectos lendários não são de todo errados...
Cedo ele aprendeu a tocar violino e fazer sapateado. 
Jimmy, como era chamado, foi sobretudo criado pelos tios (após a morte de sua mãe), que o apaparicavam com toda a estima. Saltitou dos ambientes familiares e arriscou-se para Nova Iorque, onde cursou no exigente e famoso Actor’s Studio.
Nestas aventuras pelo seu sonho - ser actor - fez de tudo um pouco para sobreviver. E em 1951, estreou-se no Cinema, em dois filmes: apagadamente em “Sailor Beware” e a seguir,em “Baionetas Caladas” (Fixed Bayonets).
Em 1952, participou em “Has Anybody Seen My Gal?” e em 1953, em “Tromble Along the Way”. E por fim e enfim, os “seus” grandes e notáveis filmes: “A Leste do Paraíso” (East of Eden/1955), “Rebelde Sem Motivo” (Rebel Without a Cause/1955) e “Gigante” (Giant/1956)...
Faleceu antes de poder ver estes dois últimos filmes.
Da sua vida sexual que o dominou em absoluto por toda a sua vivência, teve diversos amores, femininos e masculinos, que ele quis ou ousou viver. Fazia-se apetecível e não se negava a encostar-se a celebridades; é o que se poderá dizer, que juntava o útil ao agradável. Nesta permanente corrida sem freios constam, com verdade e alguma lenda, nomes como:
Mulheres: Pier Angeli (a sua grande e frustrada paixão), Liz Sheridan, Marilyn Monroe (que, parece, não foi na conversa das suas investidas), Elizabeth Taylor (que terá sido, talvez, uma amiga-irmã) e Ursula Andrews (que também não cedeu aos seus caprichos);
Homens: Marlon Brando (isto é que foi um caso!...), Sal Mineo, Walt Disney (imaginem só!...), Tab Hunter, Rock Hudson, o biógrafo William Bast e, com dúvidas, as prováveis “aventuras” com Paul Newman e Steve McQueen...
Respiremos e passemos à Banda Desenhada:
Alguns autores serviram-se da fisionomia de Dean para aplicação em personagens de respectivas bandas desenhadas, como por exemplo o italiano Milo Manara em "Click 2"...

...ou nas aventuras de Chris Lean, personagem cujas semelhanças com Dean são bastante evidentes.
"Chris Lean", com texto de Raffaele D'Argenzio (ou "Ledar")
e desenhos de Milo Manara

O português José Pires também usou James Dean como modelo na sua banda desenhada de estreia, "O último prato de Tenton Grant", um "western" publicado no "Cavaleiro Andante".
Pranchas de "O Último Prato de Tenton Gant", por José Pires, in "Cavaleiro Andante" #518

Sob edição Casterman, há o álbum biográfico “Jimmy”, com a arte gráfica de Gamberini...
Capa e prancha de "Jimmy", por Maryse e Jean-François Charles (argumento) e
Gabriele Gamberini (desenho), colecção "Rebelles", Ed. Casterman (2007) 

Várias publicações róseas aplicaram a sua sensual fisionomia para uma data de meninas suspirarem, via BD's do momento.
Servindo de modelo na capa do #47 de "Girl's Romances", Ed. DC Comics (1957)
Em 1956, nos Estados Unidos, publicou-se "Elvis and Jimmy", revista onde as vidas de Elvis Presley e de James Dean foram reveladas em banda desenhada.
Capa de "Elvis and Jimmy"; pranchas de "The Tragedy & Triumph of Jimmy Dean", 
Ed. "The Girl Friend - The Boy Friend Corporation", New York (1956)   

Jean Graton, um dos melhores desenhadores de automóveis entre os autores de BD, dedicou a James Dean duas histórias. A primeira - "James Dean na Casa de Partida" - relata a corrida que ganhou em 26 de Março de 1955, com o carro #23...
"James Dean na Casa de Partida", por Jean Graton

A segunda - "Acidente na Califórnia: os últimos momentos de James Dean" - relata, como o título deixa antever, os acontecimentos que levaram à sua trágica morte, a 30 de Setembro de 1955.
"Acidente na Califórnia: os últimos momentos de James Dean", por Jean Graton


Jim Beard e Eric Johns produziram "Tributo"...
"Tribute", por Jim Beard e Eric Johns, Ed. Bluewater Comics

R. de Castro publicou "James Dean: a angústia de ser jovem", em 1958.
"James Dean: la angustia de ser joven", por R. de Castro,
Editorial Mateu - Barcelona, (1958)

O jornal "Top Spot" publicou uma mini-biografia de Dean - num misto de banda desenhada e fotografia - em cinco páginas...
"The life and death of James Dean in amazing pictures", cujo autor desconhecemos,
in jornal "Top Spot" (EUA, 19.09.1959)

Carlos Alberto Santos utilizou a fisionomia de James Dean como modelo para uma capa do Mundo de Aventuras.
Capa do "Mundo de Aventuras" #674, por Carlos Alberto Santos
Na Escultura, existe pelo menos, um busto de James Dean em Hollywood.

Na Filatelia, há selos editados, por exemplo, nos Estados Unidos, na República do Benim, em Cuba e na Serra Leoa.

Vês, Jimmy, que ainda há quem te respeite e admire? Por onde quer que andes, que estejas em paz, pois cá pela Terra, os teus filmes registam-te para sempre.
LB
James Dean, durante uma pausa nas filmagens, lendo uma revista de banda desenhada...

Nota: alguns dos exemplos aqui apresentados foram retirados do excelente blogue de Adriana Fernández Reiris (ver aqui), onde pode consultar mais informação sobre este tema.

5 comentários:

  1. Talvez, senão a maior, uma das grandes estrelas da década de 50. Penso que hoje não seria tão lembrado, não fora a sua morte trágica, que enlutou na altura o cinema americano e colocou meio mundo de lágrima no olho. A lembrança deste menino/homem, vai ainda perdurar por muitos e bons anos, pelo menos enquanto a geração do seu tempo por cá andar.E possivelmente até mesmo depois, porque a marca pessoal que nos deixou, foi de facto muito forte. Um caso de estudo.

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    1. Caro Rui Coutinho
      Muito bem, caro Rui, o teu pertinente parecer sobre este fenómeno da 7.ª Arte norte-americana.
      Ele, de facto, marcou muito.
      Um abraço
      Luiz Beira

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  2. Só pelos filmes" rebelde sem causa","a leste do paraíso" e " o gigante " James Dean já figurativa na história de Hollywood .

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    1. Caro Jorge Carvalho
      Tem toda razão, Jorge. Os três últimos filmes do James Dean são para os bons cinéfilos verem e reverem. Desconhecê-los é quase um crime de lesa Cultura... Os anteriores, marcam o Jimmy num período “em rodagem”, onde transparece já a sua notável fúria de viver.
      Um abraço
      Luiz Beira

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  3. Vi o filme de James Dean "Fúria de Viver" (Rebel Without a Cause) quando ainda vivia no Porto, em meados dos anos 1950, e fiquei tão impressionado, identificando-me de tal forma com a personagem de Dean e com os seus traumas, que revi o filme em várias sessões do mesmo cinema. Poucas vezes tive esse tipo de reacção como espectador, mas a actuação de Jimmy, de Natalie Wood, de Sal Mineo e de outros actores, quase da minha idade, marcou-me indelevelmente, durante muito tempo.
    Este teu trabalho, caro Luiz, merece fortes aplausos, extensivos ao Carlos Rico, como responsável técnico do blogue. Estou certo de que a memória de James Dean há-de perdurar durante este século, ou não fosse o cinema um catalisador de emoções, através dos seus maiores ídolos, que se tornam personagens eternas... enquanto a 7ª Arte continuar a atrair o interesse do público (e haverá espectáculo áudio-visual que se lhe compare e que mais se tenha renovado?).
    Abraços,
    JM

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