sexta-feira, 14 de outubro de 2016

OBRAS RARAS (6)

Fernando Bento
BEAU GESTE
Quando em 1924, o militar e novelista inglês Percival Christopher Wren (vulgo, P.C. Wren, 1885-1941) publicou o seu romance “Beau Geste”, estava então longe de imaginar o sucesso infindável desta sua obra. Traduzida e publicada em diversos países, também tem sido, com frequência, adaptada ao Cinema, à Televisão e à Banda Desenhada.
E é pela 9.ª Arte que nos toca uma certa alegria (e orgulho): com arte de Fernando Bento, “Beau Geste” foi publicado no “Cavaleiro Andante” do #1 ao #52, em 1952; e, em 1982, com capa expressa, foi finalmente editado em álbum, pela Futura.
Esta espantosa criação de Bento foi também editada na Bélgica, em francês e em flamengo, constando que também foi publicada em Espanha...
Segundo a “Lambiek Comiclopedia”, o “Beau Geste” por Fernando Bento, é considerado  como uma das melhores adaptações jamais feitas. No entanto, este álbum está praticamente esgotado e a exigir reedição...
Bibliografia de Fernando Bento, em exemplos soltos da sua obra: “Camões”, “Afonso de Albuquerque”, “As Mil e Uma Noites”, “A Ilha do Tesoiro”, “Revolta na Jamaica”, “O Anel da Rainha de Sabá”, “Serpa Pinto”, “Moby Dick” e “Um Campeão Chamado Joaquim Agostinho”; e, inéditos (ainda?!) em álbum: “Nun’Álvares Pereira”, “As Minas de Salomão”, “O Pagem do Rei”, “Scaramouche”, “A Torre de 7 Luzes”, etc, etc...




Hermann
ABOMINABLE
Pouco conhecido, este álbum extraordinário, é criação do grande desenhista belga, Hermann (1938).
Versando temas de terror e do insólito, foi publicado em 1988, pelas Éditions Glénat.
Feroz e “assustadora”, a obra afasta-se notoriamente dos habituais temas favoritos de Hermann. Não consta que tenha edição em língua portuguesa, o que é pena.
Bibliografia de Hermann, com apenas alguns títulos fundamentais: as séries “Bernard Prince”, “Comanche”, “Les Tours de Bois-Maury”, “Jugurtha” (apenas os dois primeiros tomos), “Jeremiah”, “Nic” e, de entre várias obras na linha “álbum único”: “Caatinga”, “Sarajevo Tango”, “On a Tué Wild Bill”, “Liens de Sang”, “Zhong Guo”, “The Girl From Ipanema”, “Le Diable de Sept Mers”, “Sans Pardon”, etc, etc.




LE CONCILE D’AMOUR
É uma obra de choque, irreverente e impiedosamente sarcástica, tal como foi e é, a original peça teatral homónima, “Das Liebeskonzil” (O Concílio do Amor), do tão controverso alemão Oskar Panizza (1853-1921).
Panizza, que foi psiquiatra, ensaísta, poeta, dramaturgo e romancista, com a sua cruel e frontal mordacidade, coloca aqui o aparecimento da sífilis na Europa, por volta de 1495. A Europa de então anda bem desbragada e o Vaticano, esse então, navega em pleno na devassidão.
Então, Deus-Pai, convoca um concílio para resolver a situação sem recorrer à destruição absoluta da Humanidade... Convocados para tal, o Diabo (dito, Lúcifer) e a Virgem Maria, e, quase como mera presença, o ainda sofredor da cruz, Jesus Cristo. Depois...é um ver se te avias!...
Esta obra em BD, foi belamente (merece atenta apreciação) adaptada à 9.ª Arte por Serge Zubeldia e teve a sua primeira edição em 1987, pelas Éditions Dominique Leroy. E foi um êxito, claro!
E, claro também, os fundamentalistas religiosos (sobretudo os diversos “seguidores” de Cristo), ficaram assanhados e furibundos, tanto com a peça teatral (Panizza chegou a estar preso) como com o álbum-BD.
Infelizmente, até agora, não se conseguiram mais dados biográficos (incluindo foto) sobre o desenhista Serge Zubeldia...
A peça teatral “O Concílio do Amor” teve uma reedição em 1974 pelas edições Estampa.
LB

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