A imponente estátua de D. Nuno Álvares Pereira, junto ao Mosteiro da Batalha |
O 14 de Agosto devia ser um nosso orgulhoso feriado, mas Portugal - ou quem o (des)governa - parece ter medo de Espanha, corrige-se, de Castela... Tal como o 1.º de Dezembro, outro tocante episódio para glória nossa, em 1640, devia ser também feriado nacional. Mas lá estamos com "medo" de Espanha... Não tarda, ainda mandam destruir o obelisco sito na Praça dos Restauradores em Lisboa... Adiante!
Como nos devemos referir ao maior estratega da História de Portugal?
São vários os respeitosos tratamentos: Nuno Álvares Pereira (com ou sem Dom no princípio), Santo Condestável, Beato Nuno de Santa Maria, São Nuno de Santa Maria ou, simplesmente, Nun'Álvares.
Nasceu a 24 de Junho de 1360, ou em Cernache do Bonjardim (concelho da Sertã) segundo uns ou, segundo outros, em Flor da Rosa (concelho do Crato). Faleceu em Lisboa, no Convento do Carmo, a 1 de Novembro de 1431.
Foi beatificado por Bento XV em Janeiro de 1918.
Em Abril de 2009, foi santificado por Bento XVI.
O terramoto de 1755 destruiu o seu túmulo mas, consta, os seus restos mortais e relíquias foram transladados em 1953 para a Igreja do Santo Condestável, sita em Lisboa no bairro de Campo de Ourique.
Era um dos muitos (32, segundo o cronista Fernão Lopes) filhos ilegítimos de Dom Àlvaro Gonçalves Pereira, Prior da Ordem do Hospital no Crato.
Aos 13 anos ingressou na corte de D. Fernando I de Portugal (este sim, tem o seu túmulo no Convento do Carmo em Lisboa). Hábil no manejo das armas e amante dos livros de cavalaria, queria manter-se virgem mas o pai, que entretanto já o legitimara, obrigou-o a casar-se aos 16 anos com uma jovem e rica viúva (D. Leonor de Alvim), donde nasceram três filhos: os dois rapazes morreram cedo e a filha, D.Beatriz, veio a ser a primeira Duquesa de Bragança ao casar com D. Afonso, filho bastardo mas já legitimado, de Dom João I.
Nun'Álvares esteve sempre ao e do lado do Mestre de Aviz (D. João I), tal como seu irmão Fernão, o mesmo não tendo acontecido com seus irmãos Diogo e Pedro, que se bandearam para Castela, morrendo ambos na Batalha de Aljubarrota.
Extraordinário chefe militar, Nuno Álvares Pereira foi o grande vitorioso das batalhas de Atoleiros, Aljubarrota e Valverde. Fez parte das forças portuguesas na conquista de Ceuta, em 1415, mas não terá chegado a combater.
Entre os muitos títulos que lhe foram atribuídos foi Conde de Barcelos, de Ourém e de Arraiolos.
Quando enviuvou, abdicou da vida militar e entregou-se completamente à vida monástica e de pobreza, recolhendo-se ao Convento do Carmo, por ele fundado.
É o patrono da Infantaria portuguesa.
Camões cita-o várias vezes em "Os Lusíadas", donde e em especial o que regista no Canto VIII, estrofe 32 ao 5.º verso: "Ditosa Pátria que tal filho teve".
Estranhamente, a Cinematografia Portuguesa jamais abordou a sua vida para um filme!... Incapacidade dos nossos cineastas ou também o "medo" de Espanha/Castela?...
Mas, em compensação, os nossos desenhistas não se têm esquecido, cada um no seu estilo, deste herói ímpar da nossa História através da 9.ª Arte. Citam-se abaixo os exemplos que conseguimos apurar:
FERNANDO BENTO E ADOLFO SIMÕES MULLER: são os autores de "História de Nun'Álvares" que se publicou no "Diabrete" (1950 /1951) do n.º 733 ao n.º 785, numa bela versão que, incompreensivelmente, ainda não foi recuperada em álbum.
"História de Nun'Alvares", por Adolfo Simões Muller (texto) e Fernando Bento (desenho), in revista "Diabrete" |
CARLOS ALBERTO E JOSÉ DE OLIVEIRA COSME(?): do n.º 375 ao n.º 387, na revista "Mundo de Aventuras", foi publicado "O Santo Condestável", em 1956.
"O Santo Condestável", com desenho de Carlos Alberto e texto (muito possivelmente)
de José de Oliveira Cosme - revista "Mundo de Aventuras" (1956)
JOSÉ RUY: aborda Nun'Álvares em "Os Duzentos Inimigos do Condestável", em prancha única publicada na revista "Camarada", em 1962...
"Os duzentos Inimigos do Condestável", por José Ruy (in revista "Camarada", 1962) |
...e também, na sua briosa adaptação a BD de "Os Lusíadas".
Pranchas 8 a 11 de "Os Lusíadas", por José Ruy - "Editorial de Notícias"
JOSÉ ANTUNES: em duas pranchas, "O Cavaleiro D. Nuno", publicadas na revista "Camarada" (2.ª série, n.º 16) e reeditadas no "Cadernos Moura-BD" n.º 5.
EUGÉNIO SILVA E PEDRO DE CARVALHO: para um livro escolar, publicaram em duas pranchas, "Nuno Álvares Pereira".
"Lições de História Pátria - 3.ª classe", com desenho de Eugénio Silva
e texto de Pedro de Carvalho (Porto Editora, 1967)
ARTUR CORREIA E MANUEL PINHEIRO CHAGAS: obviamente, incluem Nun'Álvares no primeiro tomo de "História Alegre de Portugal"...
"História Alegre de Portugal" (volume 1), com desenho de Artur Correia
e texto de Manuel Pinheiro Chagas (Bertrand Editora, 2008)
JOSÉ GARCÊS: tem "Na Senda do Cavaleiro", publicada na revista "Lusitas" (1950/1951) e reeditada no n.º 1 de "Cadernos de BD " (sob coordenação de Jorge Magalhães)...
Capa e duas pranchas de "Na Senda do Cavaleiro", por José Garcês (in "Cadernos de BD" #1, 1985) |
...e em "A Grande Aventura" (ou "História de Portugal em BD", tomo 2), em 1985.
Capa e prancha do 2.º tomo de "A Grande Aventura - História de Portugal em BD",
por José Garcês e A. do Carmo Reis (Edições ASA, 1985)
O Condestável tem também "aparições" em "Os Sitiados"...
...e em "Os Cavaleiros do Rei", respectivamente com publicações nos n.ºs 302 e 304 da revista "Cavaleiro Andante".
FERRAND: para as Ed. JRS-Publicidade, uma peculiar história curta, com o passado e o presente, sob o título "D. Nuno Álvares Pereira".
PEDRO MASSANO: Nun'Álvares aparece logicamente com frequência no álbum " A Batalha", editado neste 2014 pela Gradiva.
"Os Cavaleiros do Rei", por José Garcês (in "Cavaleiro Andante" #304) |
FERRAND: para as Ed. JRS-Publicidade, uma peculiar história curta, com o passado e o presente, sob o título "D. Nuno Álvares Pereira".
"D. Nuno Álvares Pereira", por Ferrand (Edições JRS-Publicidade)
PEDRO MASSANO: Nun'Álvares aparece logicamente com frequência no álbum " A Batalha", editado neste 2014 pela Gradiva.
"A Batalha", com texto e desenhos de Pedro Massano ("Edições Gradiva", 2014)
Existirão mais exemplos?... Por ora, agradecemos os apoios prestados por José Ruy, Jorge Magalhães, Artur Correia, José Garcês, Eugénio Silva, Carlos Gonçalves e José Manuel Vilela.
LB
Muito bacana, meus parabéns!
ResponderEliminarCaro Sávio :
EliminarUm abraço grato pelo seu amável comentário
Luiz Beira
Belíssimo levantamento bibliográfico.
ResponderEliminarEstimado Juarez
EliminarAquele grato abraço pelo teu amigo e estimulante comentário.
Teu velho amigo
Luiz Beira