Miguel Rebelo |
O Cartune e a Caricatura são, sem dúvida, "parentes" próximos da Banda Desenhada e esta, frequentemente, insere estes parentes nas suas pranchas. O Cartune, por sua vez, pode ser apenas uma ilustração ou apresentar-se em tiras ou mesmo numa prancha.
Aqui vos trago (LB) em apresentação e entrevista, um jovem cartunista: Miguel Rebelo. Mais ainda, porque há o "mau hábito" de só se falar dos que residem (desenhistas incluídos) em Lisboa e arredores, o que parece ser um certo tipo de "ostracismo". Acontece que o visado neste post, vive e labora no interior do país. E no Alentejo, há dois notáveis valores: o Luís Afonso e o Carlos Rico, meu parceiro deste blogue. Passemos adiante.
Miguel Rebelo, de seu nome completo Miguel Alexandre de Oliveira Ramos Rebelo, nasceu em Luanda (Angola) a 31 de Maio de 1971.
Reside em Viseu desde 1977, onde colabora para o GICAV (Grupo de Intervenção e Criatividade Artística de Viseu), para o qual logo deu apoio em 1989 para o primeiro Salão-BD de Viseu. Licenciado, foi professor por vários anos, tendo também o mestrado em Ensino de Educação Visual e Tecnológica.
Até hoje, nunca fez propriamente Banda Desenhada, sendo sim, apenas cartunista. Mas também ilustrou livros, criou logotipos, produziu cartazes, decorou montras temáticas e expôs Pintura a óleo. Provisoriamente, deixou o ensino, mantém o seu negócio livreiro (tem uma livraria em Viseu) e é cartunista da revista trimestral "Anim'arte", editada pelo GICAV.
Um tanto desiludido com o ambiente geral em Portugal, não afasta a hipótese de tornar a Angola e aí se dedicar à função editorial. Os seus cartunes são essencialmente de crítica social ou política, mormente em relação à região onde reside. Daí que esteja sempre bem atento ao mundo que o rodeia.
Cartune inédito de Miguel Rebelo |
Publicado na revista "Anim'Arte" #88 |
E aqui vai a nossa conversa:
BDBD - Embora gostes, nunca até hoje, criaste propriamente Banda Desenhada. Porquê?
Miguel Rebelo (MR) - Porque sempre tive outras ocupações que não me deixam tempo para essas acções. E também porque nunca me surgiu o respectivo desafio. Além disso, nos meus tempos livres dedico-me a outras actividades mais... "domésticas".
BDBD - Mas ainda aceitas tal hipótese?
MR - Estou sempre disponível para boas hipóteses, ou seja, para quase tudo... Quase!...
BDBD - Foste professor e depois deixaste a carreira. Houve alguma razão para tal?
MR - Houve! "Eles" não me quiseram lá... A minha área é a Educação Visual e Tecnológica e parece que isso não interessa muito... É uma disciplina que sempre foi desvalorizada. Além disso, tive ocasião de ser colocado para ensinar alunos mais novos, mas não me sinto vocacionado para ensinar nesses escalões etários.
BDBD - Quais os cartunistas portugueses que mais admiras?
MR - Basicamente, o António. Tem um estilo próximo do que eu sigo. E é um crítico bem acutilante.
BDBD - Achas que um cartunista sofre um bocado com as suas críticas?
MR - Acho que sim...
BDBD - Há censura?
MR - Há, há censura. Pode não ser a de cortar o que se faz, mas a de ficarmos com a porta fechada para continuar. Não é uma censura do lápis azul... Há muitas maneiras de se cortar as coisas...
BDBD - Mas o cartune é apenas uma piada...
MR - O cartune é um rabisco, um boneco... Desenha-se um boneco em qualquer pedaço de papel. Mas quando é publicado, ultrapassa tudo. A crítica não é bem aceite em Portugal. Cada vez menos até...
BDBD - Mesmo assim, farias dos cartunes a tua exclusiva carreira profissional?
MR - Da mesma maneira que pego em tudo, para mim nada é definitivo. Faria isso se me desse prazer e sendo, então e também, uma segura fonte de rendimento.
E por aqui se ficou esta nossa primeira entrevista. Força, Miguel Rebelo!
LB
Cartune inédito |
Cartune inédito |
Publicado na revista "Anim'Arte" #92 |
Cartune inédito |
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