A 17 de Janeiro de 1967, na edição belga da revista "Tintin", surgiu a primeira aventura de Bruno Brazil, com argumento de Greg (então assinando como Louis Albert) e arte gráfica de William Vance.
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William Vance e Greg, autores de Bruno Brazil |
Tratava-se da narrativa em cinco pranchas "Une Fleur Pour Cible", publicada com o título "Objectivo: uma Flor", quando foi editada em 1968 na edição portuguesa da revista "Tintin". Seguiram-se, nesse mesmo ano de 1967, mais quatro histórias curtas, cada uma com sete pranchas: "Piège Sous Globe" (Os Globos da Morte), "Réseau Diamant" (A Rede Diamante), "Le Bouclier de Verre "(O Escudo de Vidro) e "Les Poupées Ont la Vie Dure" (A Vida das Bonecas é Dura).
Bruno Brazil, inspirado em James Bond e com cabelos brancos, tal como o seu "colega" Bernard Prince (desenhado por Hermann), é um agente secreto corajoso, audacioso e atrevido. Trabalha a solo, seguindo de muito perto as instruções do seu enigmático superior, o Coronel L .
O êxito das narrativas é tão grande que, em 1968, vive a primeira grande história (44 pranchas), "Le Requin Qui Mourut Deux Fois" (O Tubarão Que Morreu Duas Vezes).
À esquerda, a primeira edição de "Le Requin Qui Mourut Deux Fois" (1968).
À direita, uma reedição da Lombard (1975)
Mas Brazil, logo a seguir, fica a chefiar uma equipa por decisão do Coronel L: o famoso "Comando Caimão", cuja primeira narrativa tem precisamente este título. Quem são este elementos escolhidos a dedo? Aí vai: o latino-americano e ex-gangster Felipe "Gaúcho" Morales; Whip Rafale, antiga artista de circo e especialista no uso do chicote; Texas Bronco, rápido pistoleiro que participava em rodeios; Billy Brazil, o irmão mais novo de Bruno e acabado de sair da academia militar; e, Lafayette Big Boy, ex-jockey de provas hípicas, exímio no uso de seu io-iô de aço.
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O "Comando Caimão" |
Seguem-se: "Les Yeux Sans Visage" (Os Olhos Sem Rosto), "La Cité Pétrifiée" (A Cidade Petrificada), "La Nuit des Chacals" (A Noite dos Chacais), "Sarabande à Sacramento" (Sarabanda em Sacramento) e "Des Caïmans Dans la Rizière" (Batalha no Arrozal).
Greg quis fazer algo diferente nos seus textos, humanizando objectivamente os heróis, que também fracassam, sofrem e morrem. E nesta batalha no arrozal, acontece a primeira baixa: Lafayette Big Boy tem um fim trágico. Este "assassinato" pelo argumentista chocou e revoltou os fiéis bedéfilos da série, mas nada feito!
É ainda neste episódio que Bruno Brazil conta com o apoio do garoto órfão tailandês Maï, que posteriormente virá a adoptar, e que conhece Gina Loudeac, turista-jornalista francesa, por quem se vem a apaixonar e acabará por casar.
Na aventura seguinte, "Orage aux Aléoutiennes" (Tempestade nas Aleutas), um novo elemento vem substituir Big Boy no "Comando": Tony Nomade, de longos cabelos loiros, com aparência de um "hippie"... e que usa uma estranha guitarra que afinal, não é um mero instrumento musical... E, no álbum seguinte (o nono), "Quittte ou Double Pour Alak 6" (Tudo ou Nada: Alak 6), novas baixas no "Comando Caimão"; num acto heróico, morrem juntos, Texas Bronco e Billy Brazil.
A existência da "equipa Caimão" está aparentemente a chegar ao fim... O próprio Bruno Brazil parece cansado,e desinteressado de aventuras. No entanto, uma décima grande aventura começou a ser elaborada, "La Chaîne Rouge" (A Corrente Vermelha), mas ficou inacaba. Aqui aparece um novo elemento, a bela loira Cheree Lamour.
A belga Éditions du Lombard, num belo e atento gesto, reeditou na "versão integral" (três tomos) todas as aventuras de Bruno Brazil, incluindo a incompleta "La Chaîne Rouge", a novela "Demandez Papa Confucius" de Jacques Acar (usando os personagens da série e com algumas ilustrações soltas de Vance) e ainda, três histórias curtas: "À Un Poil Près" (13 pranchas), "Ne Tuez Pas Les Immortels (8 pranchas) e "Fausses Manoeuvres et Vraies Embrouilles" (11 pranchas).
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Capas dos três volumes da versão integral de Bruno Brazil (Editions Lombard) |
Em Portugal, muitas das aventuras de Bruno Brazil foram publicadas na edição portuguesa da revista "Tintin", mas, quanto a álbuns, apenas três (!!!) pela Bertrand: "Batalha no Arrozal", "A Noite dos Chacais" e "Sarabanda em Sacramento". Que pena, da parte editorial portuguesa, esta desfeita a um dos mais encantadores heróis (série) clássicos da Banda Desenhada!..
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Prancha de "Sarabanda em Sacramento" |
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Prancha de "Orage aux Aléoutiennes" |
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Prancha de "Batalha no Arrozal" |
Que tal o Jornal Publico nas suas iniciativas ( opimas alias) não se aventura na edição da obra completa de Bruno Brazil
ResponderEliminarCaro Paulo
EliminarA tua questão é bem pertinente, mas cabe ao entusiasmo dos bedéfilos questionarem este assunto às edições Asa e ao jornal Público, que geralmente trabalham em parceria.
Um abraço
Luiz Beira