sexta-feira, 28 de março de 2014

HERÓIS INESQUECÍVEIS (26) - BRUNO BRAZIL

A 17 de Janeiro de 1967, na edição belga da revista "Tintin", surgiu a primeira aventura de Bruno Brazilcom argumento de Greg (então assinando como Louis Albert) e arte gráfica de William Vance.
William Vance e Greg, autores de Bruno Brazil
Tratava-se da narrativa em cinco pranchas "Une Fleur Pour Cible", publicada com o título "Objectivo: uma Flor", quando foi editada em 1968 na edição portuguesa da revista "Tintin". Seguiram-se, nesse mesmo ano de 1967, mais quatro histórias curtas, cada uma com sete pranchas: "Piège Sous Globe" (Os Globos da Morte), "Réseau Diamant" (A Rede Diamante), "Le Bouclier de Verre "(O Escudo de Vidro) e "Les Poupées Ont la Vie Dure" (A Vida das Bonecas é Dura).
Bruno Brazil, inspirado em James Bond e com cabelos brancos, tal como o seu "colega" Bernard Prince (desenhado por Hermann), é um agente secreto corajoso, audacioso e atrevido. Trabalha a solo, seguindo de muito perto as instruções do seu enigmático superior, o Coronel L .
O êxito das narrativas é tão grande que, em 1968, vive a primeira grande história (44 pranchas), "Le Requin Qui Mourut Deux Fois" (O Tubarão Que Morreu Duas Vezes).


 
À esquerda, a primeira edição de "Le Requin Qui Mourut Deux Fois" (1968).
À direita, uma reedição da Lombard (1975) 

Mas Brazil, logo a seguir, fica a chefiar uma equipa por decisão do Coronel L: o famoso "Comando Caimão", cuja primeira narrativa tem precisamente este título. Quem são este elementos escolhidos a dedo? Aí vai: o latino-americano e ex-gangster Felipe "Gaúcho" Morales; Whip Rafale, antiga artista de circo e especialista no uso do chicote; Texas Broncorápido pistoleiro que participava em rodeios; Billy Brazilo irmão mais novo de Bruno e acabado de sair da academia militar; e, Lafayette Big Boy, ex-jockey de provas hípicas, exímio no uso de seu io-iô de aço.
O "Comando Caimão"
Seguem-se: "Les Yeux Sans Visage" (Os Olhos Sem Rosto), "La Cité Pétrifiée" (A Cidade Petrificada), "La Nuit des Chacals" (A Noite dos Chacais), "Sarabande à Sacramento" (Sarabanda em Sacramento) e "Des Caïmans Dans la Rizière" (Batalha no Arrozal).

 

 

Greg quis fazer algo diferente nos seus textos, humanizando objectivamente os heróis, que também fracassam, sofrem e morrem. E nesta batalha no arrozal, acontece a primeira baixa: Lafayette Big Boy tem um fim trágico. Este "assassinato" pelo argumentista chocou e revoltou os fiéis bedéfilos da série, mas nada feito!
É ainda neste episódio que Bruno Brazil conta com o apoio do garoto órfão tailandês Maï, que posteriormente virá a adoptar, e que conhece Gina Loudeac, turista-jornalista francesa, por quem se vem a apaixonar e acabará por casar.
Na aventura seguinte, "Orage aux Aléoutiennes" (Tempestade nas Aleutas), um novo elemento vem substituir Big Boy no "Comando": Tony Nomade, de longos cabelos loiros, com aparência de um "hippie"... e que usa uma estranha guitarra que afinal, não é um mero instrumento musical... E, no álbum seguinte (o nono), "Quittte ou Double Pour Alak 6" (Tudo ou Nada: Alak 6), novas baixas no "Comando Caimão"; num acto heróico, morrem juntos, Texas Bronco e Billy Brazil.
A existência da "equipa Caimão" está aparentemente  a chegar ao fim... O próprio Bruno Brazil parece cansado,e desinteressado de aventuras. No entanto, uma décima grande aventura começou a ser elaborada, "La Chaîne Rouge"  (A Corrente Vermelha), mas ficou inacaba. Aqui aparece um novo elemento, a bela loira Cheree Lamour.
A belga Éditions du Lombard, num belo e atento gesto, reeditou na "versão integral" (três tomos) todas as aventuras de Bruno Brazil, incluindo a incompleta "La Chaîne Rouge", a novela "Demandez Papa Confucius" de Jacques Acar (usando os personagens da série e com algumas ilustrações soltas de Vance) e ainda, três histórias curtas: "À Un Poil Près" (13 pranchas), "Ne Tuez Pas Les Immortels (8 pranchas) e "Fausses Manoeuvres et Vraies Embrouilles" (11 pranchas).
Capas dos três volumes da versão integral de Bruno Brazil (Editions Lombard)
Em Portugal, muitas das aventuras de Bruno Brazil foram publicadas na edição portuguesa da revista "Tintin", mas, quanto a álbuns, apenas três (!!!) pela Bertrand: "Batalha no Arrozal", "A Noite dos Chacais" e "Sarabanda em Sacramento". Que pena, da parte editorial portuguesa, esta desfeita a um dos mais encantadores heróis (série) clássicos da Banda Desenhada!..
LB
Prancha de "Sarabanda em Sacramento"
Prancha de "Orage aux Aléoutiennes"
Prancha de "Batalha no Arrozal"




2 comentários:

  1. Que tal o Jornal Publico nas suas iniciativas ( opimas alias) não se aventura na edição da obra completa de Bruno Brazil

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    1. Caro Paulo
      A tua questão é bem pertinente, mas cabe ao entusiasmo dos bedéfilos questionarem este assunto às edições Asa e ao jornal Público, que geralmente trabalham em parceria.
      Um abraço
      Luiz Beira

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