A 7 de Janeiro de 1355, por sentença régia (D. Afonso IV), Inês de Castro foi executada (degolada) pelo carrasco, pois se não fosse nobre teria sido enforcada. Este justiciamento por "Razão de Estado", está registado no "Livro de Noa de Santa Cruz de Coimbra" e no "Breve Chronicon Alcobacense".
Mas, o fogoso romance de Pedro e Inês, marcou-se mais pelo sensual folhetim do que pela verdade da História. A Literatura, através dos tempos, aquém e além fronteira, tem, praticamente, imposto a vertente novelesca, "ignorando" o contexto da época e de toda a realidade.
Mas, o fogoso romance de Pedro e Inês, marcou-se mais pelo sensual folhetim do que pela verdade da História. A Literatura, através dos tempos, aquém e além fronteira, tem, praticamente, imposto a vertente novelesca, "ignorando" o contexto da época e de toda a realidade.
Ora, D.Inês, não era nada leal, casta e "santinha", pelo que não tem qualquer paralelo com Julieta ou Isolda. Traindo as regras da época (é conveniente sabê-las), não lhe importando se enganava a princesa D. Constança (a esposa de D. Pedro), de quem era "amiga e confidente" dama de companhia, como fazia o jogo ambicioso de seus irmãos Álvaro e Fernando, nobres galegos, que aspiravam conduzir os destinos de Castela e de Portugal.
Por sua vez, D. Pedro, nada tendo a ver com um Romeu ou um Tristão, era um desbragado em todos os sentidos. Constava que era gago e que às vezes tinha ataques de epilepsia, mas perdia-se em folias, na caça, nas bebedeiras e no sexo sem limites (tanto lhe serviam mulheres como homens), donde Inês foi uma caprichosa paixão de honra.
É preciso ler - ou reler - o cronista Fernão Lopes e, entre outros, o biógrafo Mário Domingues e, até, ressalvando certos pareceres na mordacidade acutilante aplicada por Aquilino Ribeiro na biografia de D. Pedro I que escreveu.
O Teatro, o Cinema, a Televisão, a Ópera, o Bailado e um extenso e variado campo da Literatura, não esqueceram este caprichoso caso de amor.
Na Banda Desenhada, ao que nos consta, há apenas três criações:
1 - A RAINHA MORTA, em quatro pranchas, numa adaptação feita pelo espanhol Felicisimo Coria (que actualmente continua a desenhar Bob Morane) do drama teatral homónimo de Henri de Montherlant. Foi editada no "Mundo de Aventuras".
Última prancha de "A Rainha Morta" |
2 - Em nove pranchas pelo norte-americano Robert Ripley, a Western Publishing Company, editou em Dezembro de 1970 na revista "Gold Key", THE SKELETON WHO WAS QUEEN, numa versão "doida" e altamente fantasista com o fantasma de Inês de Castro a assustar os turistas...
3 - Por fim, temos, em álbum que consta estar esgotado, essa criação magistral, INÊS DE CASTRO... A QUE DESPOIS DE MORTA FOY RAINHA, pelo nosso Eugénio Silva. São algumas dezenas de pranchas notáveis com a força gráfica com que este criador sempre nos brinda.
Capa do álbum "Inês de Castro... a que despois de morta foy Rainha", com texto e desenhos de Eugénio Silva |
Prancha 32... |
...e prancha 33 do mesmo álbum. |
Grande "post", caro amigo Luiz Beira.
ResponderEliminarParabéns.
Aliás, quando vi que tinhas criado a etiqueta "BD e História de Portugal", apercebi-me de imediato de que tinhas agarrado um filão que dá pano para mangas.
Abraço,
GL
Caro Geraldes Lino
EliminarMuito obrigado pelas tuas palavras de incentivo. O tema é bem aliciante, dá muito trabalho de pesquisa e, infelizmente, nem sempre encontramos o devido material que aqui será conveniente... Mas, neste tema, já estão para ser colocados, mais dois posts.
Depois, adiante se verá...
Um abraço amigo do
Luiz Beira