"Espártaco e a Revolta dos Escravos", ilustração de Angus McBride |
Todavia, hoje em dia, relatam-se mais as lendas à sua volta, que as verdades históricas. Mesmo os cronistas mais ou menos da época (Plutarco, Floro, Apiano, Salústio, etc.), têm opiniões divergentes. E nos tempos mais recentes, dois romancista, o norte-americano Howard Fast e o húngaro Arthur Koestler, não fugiram às fantasias, na definição e biografia(?!) deste incrível herói da e pela liberdade.
Também o escritor Toby Brown, com o seu habitual estilo de subtil ironia, escreveu uma biografia de Espártaco, acompanhada de ilustrações humorísticas de Clive Goddard.
Espártaco (Spartacus, no original) nem era o seu verdadeiro nome, mas sim uma alcunha que lhe foi dada quando era gladiador. Nasceu na Trácia, a norte da Grécia, extensa região que hoje se divide pela Macedónia, Grécia, Turquia e Bulgária, então por volta do ano 109 antes de Cristo, e veio a falecer numa violenta batalha, em 71 antes de Cristo, enfrentando os Romanos comandados por Marco Licínio Crasso.
Espártaco foi pastor de ovelhas, depois mercenário, sendo aprisionado, feito escravo e enviado para a "academia" de gladiadores dirigida por Lêntulo Batiato.
Era inteligente e culto e senhor de uma invejável bravura.
Sempre ansiou por justiça e liberdade, aspectos que não existiam nos caprichos de Batiato. Não suportando mais tais crueldades, ele e mais duzentos desses escravos-gladiadores, revoltaram-se e conseguiram escapar. Começava assim a sua épica história.
Era secundado pelos seus companheiros gauleses, Criso e Enomau, ambos falecidos em combate, antes de Espártaco.
Os Romanos, sucessivamente derrotados pelo "exército" de Espártaco, desunhavam-se para o conhecer. Contudo, quando faziam prisioneiros, todos, por si só, diziam que eram Espártaco, o que mais confundia e enraivecia os senhores de Roma.
A Via Ápia onde seis mil revoltosos foram cruxificados. |
Foram cerca de três anos de terríveis batalhas, até que as forças de Crasso venceram o libertador trácio, morto e quase esquartejado pelos Romanos. O seu corpo jamais foi encontrado!... Cruel, Crasso, mandou crucificar seis mil dos revoltosos ao longo da Via Ápia, de Cápua a Roma. Uma barbaridade imperdoável!
Espártaco tem uma estátua, por Denis Foyatier, no Museu do Louvre (Paris) e outra, por Louis-Ernest Barrias, nos jardins do Palácio das Tulherias (também em Paris).
Há também estátuas de Espártaco nas cidades de Moscovo (Rússia), Chichester (Inglaterra), Budapeste (Hungria) e Sandanski (Bulgária), pelo menos.
Estátuas de Espártaco em Paris (esq.) e em Chichester (dir.).
À esquerda, estátua de Espártaco, frente ao Estádio do Spartak de Moscovo.
À direita, a gigantesca estátua de Espártaco em Sandanski, na Bulgária.
"A Queda de Espártaco" por Nikolo Sanesi |
"A Morte de Espártaco" por Hermann Vogel |
Existe uma revista gay com o nome de "Spartacus", assim como existem, ou existiram, vários órgãos de imprensa do Partido Comunista (incluindo o português), com o mesmo nome.
Pelo Bailado, com música de Aram Khachaturyan, registam-se duas notáveis coreografias: uma com o bailarino russo Vladimir Vasiliev, em 1977; e outra, com o cubano Carlos Acosta, em 2008.
No cartune, Espártaco é, volta não volta, utilizado como tema por diversos cartunistas.
Pela 7.ª Arte e afins, há filmes, Cinema de Animação e seriados, todos com especulações e exageradas invenções sobre o herói trácio. Mesmo assim, talvez o mais conseguido, será a realização em 1960, por Stanley Kubrick, e com Kirk Douglas, Tony Curtis, Laurence Olivier, Jean Simons, Peter Ustinov, etc.
O Cinema inventou também, em 1962, com realização de Sergio Corbucci e interpretação de Steve Reeves, "O Filho de Espártaco"!!!...
A revista BD "The Simpsons" inspirou-se na figura de Espártaco para um dos seus episódios...
Pelo Bailado, com música de Aram Khachaturyan, registam-se duas notáveis coreografias: uma com o bailarino russo Vladimir Vasiliev, em 1977; e outra, com o cubano Carlos Acosta, em 2008.
Belíssimo cartaz anunciando o espectáculo de bailado dedicado a Espártaco (ou Spartacus) |
Tira da série "Frank and Ernest", por Tom Thaves (2015) |
Tira da série "Ollie and Quentin", por Piers Baker |
Capa e página de "Espártaco e seus Gloriosos Gladiadores", por Toby Brown (texto) e Clive Goddard (ilustrações), in Colecção "Mortos de Fama" - Ed. Companhia das Letras (2009)
Pela 7.ª Arte e afins, há filmes, Cinema de Animação e seriados, todos com especulações e exageradas invenções sobre o herói trácio. Mesmo assim, talvez o mais conseguido, será a realização em 1960, por Stanley Kubrick, e com Kirk Douglas, Tony Curtis, Laurence Olivier, Jean Simons, Peter Ustinov, etc.
Cartaz do primeiro filme de "Spartacus" (1913), com Mario Guaita-Ausonia e realização de Giovanni Enrico Vidale |
Cartazes do filme "Spartacus" (1960)
Storyboard de uma cena do filme "Spartacus" (1960), pelo designer norte-americano Saul Bass |
O Cinema inventou também, em 1962, com realização de Sergio Corbucci e interpretação de Steve Reeves, "O Filho de Espártaco"!!!...
Com este mesmo título, numa fantasia mais suave, Jacques Martin criou um álbum na série "Alix".
Capa e pranchas de "O Filho de Spartacus", por Jacques Martin - Ed. Casterman (1970)
E como chegámos à Banda Desenhada, temos:
O cartunista norte-americano J.P. Arnot (1887-1951) incluiu Espártaco num episódio da série "How do they do it?", em 1916...
Frank Frazetta desenhou uma "Guerra de Gladiadores" onde Espártaco tem o principal papel...
Fred Funcken, criou uma curta de quatro pranchas, história publicada no # 367 do "Tintin" (belga) e no #207 do "Cavaleiro Andante", em 1955.
O cartunista norte-americano J.P. Arnot (1887-1951) incluiu Espártaco num episódio da série "How do they do it?", em 1916...
Espártaco na série "How do they do it?", por J.P.Arnot, in "Sunday Comic Strip" (King, 1916) |
"War of the Gladiators", por Frank Frazetta, in "Real Life Comics" #50 (Outubro de 1949)
Fred Funcken, criou uma curta de quatro pranchas, história publicada no # 367 do "Tintin" (belga) e no #207 do "Cavaleiro Andante", em 1955.
Pranchas de "Spartacus", por Fred Funcken, in "Cavaleiro Andante" #207 (1955)
No México, a revista "Epopeya" publicou uma versão de Javier Peñaloza e Delia Larios, com posteriores reedições...
Capa e pranchas de "La Rebelion de Espartaco", por Javier Peñaloza (texto) e Delia Larios (desenhos),
in "Epopeya" #8 - Ed. Novaro (México, 1959)
Os italianos Tosi e Papini realizaram uma versão que foi publicada nos números 503 e 504 do "Cavaleiro Andante"...
John Buscema e Gaylord Du Bois publicaram uma adaptação do filme "Spartacus" com Kirk Douglas na revista "Dell Movie Classic".
Capa da revista "Dell Movie Classic" #1139 - Ed. Dell Comics (EUA, Nov. 1960) |
Pranchas de "Spartacus", por Gaylord Du Bois (argumento) e John Buscema (desenhos), in "Dell Movie Classic" #1139 - Ed. Dell Comics (EUA, Nov. 1960) |
Capa de uma edição francesa desta mesma história, in Colecção Eléphant Blanc #15, Ed. ODEJ (França, 1965) |
Aqui ao lado, na vizinha Espanha, Espártaco teve direito a uma revista, com desenhos de Claudio Tinoco Caraballo distribuidos por 26 números.
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Capa de "Roma contra Miriades", #4 da revista "Espartaco" - por Claudio Tinoco Caraballo in "Colección Galaor de Literatura y Acción" - Ed. Galaor (Espanha, 1964) |
Esta colecção foi reeditada, também pelas edições Galaor, em apenas seis números, com as histórias remontadas, num formato ao alto.
Capas de "Espartaco" - Ed. Galaor (Espanha, 1968)
Jimmy Olsen, o famoso amigo de Superman, viajou no tempo e viveu como Espártaco em "A arena da Morte", de Leo Dorfman e Kurt Schaffenberger...
Capa (de Nick Cardy) e pranchas de "The Arena of Death",
por Leo Dorfman (texto) e Kurt Schaffenberger (desenhos),
in "Superman's Pal Jimmy Olsen" #159 - Ed. DC Comics (EUA, 1973)
Da Ásia chega-nos uma versão indonésia da qual só conseguimos a capa, com arte do ilustrador Nurmiadi...
"Spartacus", por Nurmiadi (Capa de San) - Ed. Maranatha (Indonésia, 1974) |
Numa técnica semelhante à banda desenhada, Francesco Palma narrou, em imagens sequenciais pintadas em belíssimos quadros a guache, a "História de Spartacus"...
"A História de Spartacus", por Francesco Palma (c. 1975)
Pelas Ed. Soleil, o álbum "Morituri te salutant..." é o primeiro tomo da série "Spartacus Gladiateur", com argumento de Jean-Luc Istin e desenho de Serge Fino. O segundo tomo não chegou a ser publicado até hoje.
Capa e prancha de "Morituri te Salutant..." por Istin (argumento) e Fino (desenho).
Primeiro tomo da série "Spartacus Gladiateur" - Ed. Soleil (2004)
"Blood and Sand" (Sangue e Areia) - publicada em quatro números pela editora norte-americana Devil's Due Publishing, e lançada antes da estreia da série televisiva com o mesmo nome - tem como autores Steven S. DeKnight, Jimmy Palmiotti, Aaron Helbing, Todd Helbing e Miranda Kwok (no argumento), e Adam Archer, Dexter Soy, Guilherme Balbi, Jon Bosco e Alan Jefferson (nos desenhos).
Mais tarde foi também adaptada a uma série de animação.
Capas dos quatro números de "Blood and Sand" - Ed. Devil's Due Publishing (2009/2010)
Prancha de "Blood and Sand" - Ed. Devil's Due Publishing (2009/2010) |
A revista BD "The Simpsons" inspirou-se na figura de Espártaco para um dos seus episódios...
"O Imaginário de Milhouse van Houten", por Pat McGreal (texto) e John Delaney e Andrew Pepoy (desenho e cores), in "Simpsons One-Shot Wonderers" (Maio de 2012) |
Entretanto, desconhecemos o autor desta BD, publicada na revista norte-americana "The Phoenix", onde Espártaco é personagem principal...
Prancha de "Corpse Talk", por autor que, por enquanto, desconhecemos, in "The Phoenix" #85 (17.08.2013) |
Em "La République des Esclaves" Espártaco é, de novo, relembrado e homenageado pela sua coragem, num trabalho de Duval e Pécau...
Prancha de "Spartacus et ses Partisans", por Fred Duval (texto) e
Jean-Pierre Pécau (desenhos), in revista "Jour J" #23 - Ed. Delcourt (2016)
Por fim, registo para a colecção "Xtreme Champion Tournament" (XCT), banda desenhada de Shaun Paulet (criador/editor), Jerry Gaylord (lápis), Alex Sollazo (tintas), Gabriel Cassata (cores) e Przemyslaw R. Dedelis (legendas), entre outros, onde o personagem de Espártaco regressa ao presente sendo forçado a participar num torneio de luta... A edição é da editora online australiana C2M...
Capa e prancha de "Spartacus", por Shaun Paulet, Brendan Halyday, Jerry Gaylord e Gabriel Cassata, in Colecção "Xtreme Champion Tournament" - Ed. Comic2Movie (Austrália, 2019)
Pelo seu ideal, a sua valentia e seu sacrifício, através de aspectos históricos e alguns salpicos de lenda, Espártaco merecerá sempre a nossa absoluta admiração.
LB/CR
Que grande post, este, amigos Luiz Beira e Carlos Rico! É uma autêntica enciclopédia de BD, História e Cinema!
ResponderEliminarÉ caso para dizer que vocês aproveitam, no melhor sentido, o espaço que a blogosfera oferece. E nós agradecemos tal labor, que é pena não ficar também plasmado numa publicação mais palpável e monográfica, em papel.
Abraço aos dois
Santos Costa
Caro Santos Costa
EliminarMuito obrigado pelo teu salutar comentário.
"Posts" como este, acontecem por vezes, mas dão mesmo muito trabalho em pesquisas. E o meu parceiro, Carlos Rico, lá tem a paciência de pôr tudo em ordem. Quanto à tua sugestão, talvez um dia (quem sabe?...) alguns dos temas
do BDBD surjam, cada um por si, reunidos em devidos Cadernos…
Um grande abraço
Luiz Beira