Lança Guerreiro |
António Lança Guerreiro nasceu em Vila Nova da Barquinha (tal como a Isabel Lobinho) a 31 de Julho de 1964.
Casado e pai de uma filha, cursou Línguas e Literaturas Clássicas, residindo em Torres Vedras, onde é professor de Português.
Desenhistas favoritos que, mais ou menos, têm sido seus "guias" na Arte que veio a abraçar: Zé Manel, Artur Correia, Eugénio Silva, Dany, Walthèry e Frank Cho.
É assíduo nos Salões de Beja, Viseu, Amadora e nos encontros texianos em Anadia.
Colaborou para diversos fanzines e revistas da 9.ª Arte, e ilustrou alguns livros de Poesia. Sendo também caricaturista e/ou retratista, tem participado nas exposições organizadas pelo GICAV (Viseu).
Finalmente, em 2018, foi editado no álbum colectivo "Humanus" e no ano seguinte, o seu "verdadeiro" inicial álbum, o primeiro tomo de "Homo Inventor", ambos editados pela Escorpião Azul.
Abreviando, vamos à entrevista:
BDBD - Quando começaste a descobrir em ti a paixão pela Banda Desenhada?
Lança Guerreiro (LG) - Sempre tive uma ligação com as imagens que ilustravam os livros da escola ou da biblioteca escolar, mais tarde a municipal, que frequentava assiduamente para devorar páginas de aventuras, umas ilustradas, outras somente imaginadas e recriadas em imagens, enquanto saboreava a leitura dos "Júlio Verne" ou dos "Salgari".
Mas o meu encontro com as bandas desenhadas das revistas, que então podia ler na escola primária, com autorização especial da professora, foi o momento mais fascinante e o despertar do meu gosto pela 9.ª Arte, que desde então passei a ler e a coleccionar.
Para minha felicidade, nessa altura da minha infância, revistas de BD era coisa que abundava, graças à Agência Portuguesa de Revistas e ao amor incondicional que o editor Roussado Pinto teve pela divulgação de todos aqueles heróis de papel que preencheram esta fase da minha existência e foram motivo de grandes aventuras imitativas, e também alguns ralhetes dos progenitores, quando a Banda Desenhada era ainda vista como uma arte menor e desviante do recto caminho a que um jovemMas o meu encontro com as bandas desenhadas das revistas, que então podia ler na escola primária, com autorização especial da professora, foi o momento mais fascinante e o despertar do meu gosto pela 9.ª Arte, que desde então passei a ler e a coleccionar.
tinha de se dedicar para ser homem. Eram outros tempos...
BDBD - E depois?
LG - Tomei contacto com muitos heróis de papel, dos mais diversos: os personagens da Disney (da Abril), os clássicos americanos do "Mundo de Aventuras", do "Jornal do Cuto" e de "O Grilo", a escola franco-belga com as revistas "Tintin" e "Spirou", e também na revista portuguesa "Pisca-Pisca", onde havia especialmente, as ilustrações de Artur Correia, Zé Manel, José Garcês, Eugénio Silva, José Antunes, José Ruy, etc. E ainda, os "comics" da Marvel e da DC (via Brasil), e também nos italianos "fumetti", com o "Tex", o Zagor" e o "Mister No", que se destacavam de entre aqueles a que chamávamos "os livros de Cowboys", dos muitos que havia.
BDBD - Foi só a leitura de histórias ou também a vontade de as criares?
LG - Talvez tenha sido este meu fascínio pela Banda Desenhada que me tenha levado ao gosto de desenhar "os meus bonecos", que carinhosamente ainda guardo como lembrança desses tempos de juventude. Assim, acho que primeiro foi a leitura, mas, mais tarde, apareceu o desejo de também poder vir a fazer parte daquela miríade de "fazedores de histórias e de sonhos", influenciado por um tal Constantino que também os tinha, para além da sua profissão, facto que hoje acontece comigo.
BDBD - No "AmadoraBD/2019", foi lançado o teu primeiro álbum, "Homo Inventor". É para prosseguir como uma série?
LG - Foi a editora Escorpião Azul que me deu a possibilidade de, ao fim de todos estes anos, editar o primeiro volume do "Homo Inventor", episódios que contam, num traço semi-realista e humorístico, algumas das grandes invenções da Humanidade, que era um dos meus projectos esquecidos na gaveta (como diria o mestre José Ruy no BDBD). Não tinha previsto fazer uma série do "Homo Inventor", mas tão-somente, contar os dez episódios que tinha planeado fazer. Como o primeiro volume tem cinco desses episódios, estou a contar concluir os outros cinco para o segundo volume, para que fique completo este "Homo Inventor".
BDBD - No entanto, já um ano antes, foste incluído pela mesma editora, no colectivo "Humanus", com uma narrativa em seis pranchas, "A Grande Banhoca dos Pergaminhos de Camões". Como te surgiu esta ideia, bem irónica?
Uma homenagem-paródia a Tex |
LG - Tomei contacto com muitos heróis de papel, dos mais diversos: os personagens da Disney (da Abril), os clássicos americanos do "Mundo de Aventuras", do "Jornal do Cuto" e de "O Grilo", a escola franco-belga com as revistas "Tintin" e "Spirou", e também na revista portuguesa "Pisca-Pisca", onde havia especialmente, as ilustrações de Artur Correia, Zé Manel, José Garcês, Eugénio Silva, José Antunes, José Ruy, etc. E ainda, os "comics" da Marvel e da DC (via Brasil), e também nos italianos "fumetti", com o "Tex", o Zagor" e o "Mister No", que se destacavam de entre aqueles a que chamávamos "os livros de Cowboys", dos muitos que havia.
BDBD - Foi só a leitura de histórias ou também a vontade de as criares?
LG - Talvez tenha sido este meu fascínio pela Banda Desenhada que me tenha levado ao gosto de desenhar "os meus bonecos", que carinhosamente ainda guardo como lembrança desses tempos de juventude. Assim, acho que primeiro foi a leitura, mas, mais tarde, apareceu o desejo de também poder vir a fazer parte daquela miríade de "fazedores de histórias e de sonhos", influenciado por um tal Constantino que também os tinha, para além da sua profissão, facto que hoje acontece comigo.
BDBD - No "AmadoraBD/2019", foi lançado o teu primeiro álbum, "Homo Inventor". É para prosseguir como uma série?
LG - Foi a editora Escorpião Azul que me deu a possibilidade de, ao fim de todos estes anos, editar o primeiro volume do "Homo Inventor", episódios que contam, num traço semi-realista e humorístico, algumas das grandes invenções da Humanidade, que era um dos meus projectos esquecidos na gaveta (como diria o mestre José Ruy no BDBD). Não tinha previsto fazer uma série do "Homo Inventor", mas tão-somente, contar os dez episódios que tinha planeado fazer. Como o primeiro volume tem cinco desses episódios, estou a contar concluir os outros cinco para o segundo volume, para que fique completo este "Homo Inventor".
Duas pranchas de "Homo Inventor"
LG - Quando concorri ao "AmadoraBD", o tema do concurso desse ano era "Ser repórter por um dia. Então surgiu-me a ideia de um estilo pseudo-investigativo, tratar de assuntos pseudo-míticos. Como a minha formação é a área da Literatura Portuguesa, achei que o nosso ilustre Luiz de Camões e o seu salvamento do manuscrito de "Os Lusíadas" seria uma ideia gira de trabalhar e que se enquadraria dentro do pretendido. Aliás, depois desta pequena história em BD, surgiu-me a ideia de fazer uma série sobre heróis e casos da nossa história literária, dentro da mesma toada irónica e levemente sarcástica. Mas primeiro, há que acabar o 2.º volume de "Homo Inventor"; depois se verá…
Duas pranchas de "A Grande Banhoca dos Pergaminhos de Camões"
LG - Gosto de fazer histórias com algum humor, seja ele subtil ou até por vezes, um pouco cínico. Acho que as primeiras histórias que criei foram humorísticas, talvez por influências do Artur Correia, embora também as faça num estilo mais realista. Mas terá de haver em todas elas sempre um pouco de humor, porque assim é que tem piada. Julgo que todos os meus projectos que estão "encalhados", têm sempre um tom humorístico, por isso acho que esse toque de humor, com sarcasmo ou sem ele, é o que mais me agrada nas histórias que faço.
BDBD - Que outras séries preparas para eventual edição?
LG - Neste momento, estou a trabalhar numa história de homenagem ao Geraldes Lino, que a editora Escorpião Azul está a pensar editar. Será uma história que fará parte de uma coletânea, à semelhança do que aconteceu com o álbum "Humanus".
BDBD - Também te dedicas a ilustrações soltas, inclusive na base de caricaturas e/ou retratos. Por aqui, no "BejaBD/2019", ofereceste um belo desenho de homenagem ao Dany… Que significou para ti esse encontro?
LG - Esse encontro com o Dany, ainda que breve, foi sublime. Ele é uma das minhas referências gráficas e um autor que eu aprecio desde sempre. Por isso, ter tido o privilégio de lhe oferecer a minha singela homenagem, foi um momento muito importante para mim e que nunca esquecerei.
BDBD - Como vês a importância dos salões de Banda Desenhada?
LG - Os salões de Banda Desenhada são importantes para o encontro com todos aqueles que amam e fazem BD, possibilitando momentos inolvidáveis, como o que aconteceu no "BejaBD/2019" com o Dany, ou outros grandes artistas-BD, nacionais e estrangeiros, da velha geração e da nova geração.
Antes, eu pensava neles unicamente como fã, amante e colecionador de Banda Desenhada; hoje, considero que também estes eventos servem para que eu possa encontrar-me com eventuais leitores das minhas histórias, trocar experiências com outros artistas, e deste modo, também assim poder dar o meu modesto contributo para o todo da grande família da 9.ª Arte.
BDBD - Obrigado amigo Lança Guerreiro por esta tua entrevista.
Dany e Lança Guerreiro em Beja |
LG - Esse encontro com o Dany, ainda que breve, foi sublime. Ele é uma das minhas referências gráficas e um autor que eu aprecio desde sempre. Por isso, ter tido o privilégio de lhe oferecer a minha singela homenagem, foi um momento muito importante para mim e que nunca esquecerei.
À esquerda: o desenho que Lança Guerreiro ofereceu a Dany. À direita: uma homenagem a Eddy Paape
LG - Os salões de Banda Desenhada são importantes para o encontro com todos aqueles que amam e fazem BD, possibilitando momentos inolvidáveis, como o que aconteceu no "BejaBD/2019" com o Dany, ou outros grandes artistas-BD, nacionais e estrangeiros, da velha geração e da nova geração.
Lança Guerreiro conversando com Pedro Massano na exposição dedicada a Viriato, em Viseu (2015) |
BDBD - Obrigado amigo Lança Guerreiro por esta tua entrevista.
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