Por: José Ruy
No post anterior verificámos como os autores de histórias em quadrinhos nos Estados Unidos, eram «obrigados» a estruturar as suas pranchas, de modo a poderem ser publicadas nos jornais dos vários Estados, em formatos diversos.
Podemos verificar que
neste novo arranjo de uma página de Milton Caniff não foi preciso amputar partes de desenhos, devido à estrutura seguida pelo
autor, o que facilitou a paginação.
Pode parecer incómodo para
um autor fazer composições sujeitas a estas regras, mas veja-se como Caniff
conseguiu um perfeito equilíbrio não só nos planos como na maneira de narrar a
história.
Mas conforme o prometido,
vou demonstrar como sofri influência no processo de cor deste notável
desenhador.
Quando observei o efeito
conseguido pela cor, nos desenhos de Milton Caniff, apercebi-me da importância desse
pormenor na narrativa gráfica.
Milton Caniff nas suas
composições tirava partido dos grandes planos, como se pode ver nas duas
vinhetas acima. A aplicação que fazia dos negros conseguia já esse efeito imediato
entre o primeiro plano e os últimos. Mas para acentuar mais essa diferença, ele
manuseava a cor de modo magistral, tornando os quadrinhos decorativos, o que
não lhe tirava a seriedade.
Nesta vinheta, os efeitos de luz bem distribuídos complementam o ambiente dramático da cena.
Repare-se neste
enquadramento, e embora com o jogo de cor pastel, este consegue vincular o
clima criado entre as duas personagens.
Caniff não se limitava a
pintar a história só para lhe dar cor, mas sim que essa cor ajudasse a
«explicar» melhor os desenhos. Não lhe interessava distribuir os tons de carne
em todas as caras e mãos, ou a manter a tonalidade real das vestimentas de cada
personagem.
Foi essa técnica que me
fascinou e passei a utilizar nos meus desenhos quando eram impressos com cor.
Desta maneira separo os
planos por meio de silhuetas de cor, para conseguir um efeito de diferenciação
nas composições, como nestas duas vinhetas da minha história em quadrinhos
«Peregrinação de Fernão Mendes Pinto».
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