O jovem e corajoso Alix Graccus é gaulês de origem, mas cedo foi adoptado por um rico cidadão de Roma, Honorus Galla.
Pela arte e saber de Jacques Martin (1921-2010), Alix nasceu na edição belga da revista “Tintin”, a 16 de Setembro de 1948.
Na edição portuguesa desta mesma revista, estreou-se a 11 de Agosto de 1973.
Herói de uma longa e popular série de empolgantes aventuras, cedo tem como seu inseparável amigo o jovem príncipe egípcio Enak. A ambiguidade desta íntima amizade jamais foi confirmada ou negada por mestre Jacques Martin.... E isso pouco importa! O que interessa, isso sim, é o deslumbramento da reconstituição dos usos, costumes e arquitectura dos territórios por onde Alix vai passando. Às vezes, apenas para marcar como então funcionavam tais nações, como por exemplo, em “O Imperador da China”. E Alix e Enak só lá “estão” pela liberdade criativa e imaginativa que a Banda Desenhada permite.
Alix e Enak |
Ao fim de uma boa dose de álbuns, Martin (por problemas de visão) fez-se substituir, na respectiva arte gráfica, por discípulos ou amigos seus: Rafael Morales, Marc Henniquiau, Cédric Hervan, Christophe Simon, Ferry e, mesmo após o seu falecimento, a série continuou com Marco Venanzi, Mathieu Barthélemi, Marc Jailloux, Véronique Robin e Corinne Billon. E até, com novos argumentistas: Michel Lafon, François Corteggiani, Geraldine Ranouil, Mathieu Breda e Pierre Valmour.
Exemplarmente, Jacques Martin sempre afirmou que as suas séries deveriam continuar após a sua morte. E continuam!...
Entretanto, havia já surgido uma preciosa e didáctica série (sem BD, apenas com textos históricos e belíssimas ilustrações soltas): “Les Voyages d’Alix”... sem qualquer álbum em edição portuguesa!... Coisas do nosso lamuriento Fado!
E também, por nobre gesto das Éditions Casterman, surgiu uma espantosa série paralela: “Alix Senator”. Aqui, Alix, já cinquentão, é senador em Roma (agora sob a regência do imperador Augusto). Enak, aparentemente, está desaparecido no Egipto. Alix, em Roma, zela pela educaçã de seu filho Titus e do filho de Enak, o jovem rebelde Khephren...
Pormenor de uma página de "Les Voyages d'Alix" |
Uma majestosa série com argumentos de Valérie Mangin e arte de Thierry Démarez. Claro, sem edição em português. Que birra a da miopia das editoras portuguesas!...
Todavia, da série “Alix”, a maioria das suas narrativas foram editadas entre nós, na versão álbum, primeiro pelas Edições 70 e depois, pelas Edições Asa, em parceria com o jornal "Público". Mas não vemos, nem com um eventual pó a servir de patine, tais álbuns nas prateleiras das nossas livrarias que expõem e vendem Banda Desenhada!... Ele há coisas!...
Alix, na zona francófona, tem sido devidamente homenageado na Escultura e na Filatelia e, quiçá, na Pintura.
Mas, sobre Alix e Enak, há mais:
Estátua de Alix, pelo escultor Jean-Paul Réti (1984) |
1 - Os quatro romances, editados pela Casterman, com texto de Alain Hammerstein e ilustrações de Jean-François Charles: “Alix l’Intrépide”, “Le Sortilège de Khhorsabad” (inédito), “L’Ombre de César” (inédito) e “Le Sphinx d’Or”.
2 - Em 1998, uma série de animação, editada por Carrière-Projet Films-Sipec-Videal, para o canal francês FR3 e o alemão Tele Müchen.
3 - Em 1999, foi realizada com produção francesa, uma série de animação sobre o universo de Alix.
A série “Alix” tem duas séries fortemente concorrentes: “Murena” e “As Águias de Roma”. Cada uma no seu estilo construtivo, todas têm o seu imenso valor!
Desses tempos de antanho, em que tantos povos sofreram o “esclavagismo do Império Romano”, o herói-BD Alix é, sem dúvida, incontornável.
LB
Jacques Martin junto ao busto de Alix |
"O Príncipe do Nilo", in revista "Tintin" #23 (25.10.1975) |
"O Espectro de Cartago", in revista "Tintin" #30 (10.12.1977) |
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